TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A GRAÇA DE DEUS


I.         DEFINIÇÃO DE GRAÇA

A graça de Deus é um dos temas dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento e mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorrem dezenas de vezes mediante palavras sinônimos, como o amor divino, Sua misericórdia e bondade.

A palavra grega traduzida por graça “Charisno hebraico hessed, e no latim; gratia”, tem um sentido de ser “favor imerecido”, “cuidado ou ajuda graciosa”, “benevolência”, concedido por Deus à humanidade. Esta envolve outros assuntos tais como: o Perdão; a Salvação; a Regeneração; o Arrependimento; e o Amor de Deus. É traduzida centenas de vezes como “misericórdia” e dezenas de vezes como “bondade, longanimidade”, etc. Portanto a graça é um favor desmerecido da parte de um superior a um inferior, ou seja é a benevolência de Deus em favo do homem.

Imerecido, porque, na verdade, por causa do pecado o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu Criador. Diz a Bíblia que “...o salário do pecado é a morte...” (Rm 6.23). Deus, contudo, sem qualquer mérito humano, mas unicamente, pela sua graça, quis prover um meio de salva-lo. E proveu.

Graça é um favor imerecido ou algo concedido livremente por DEUS, estendido livremente a pecadores indignos de recebê-lo, ou seja, para aquela pessoa que não merece. A graça é oferecida a todos nós por meio de Jesus Cristo, independentemente do nosso desempenho moral ou espiritual. Podemos dizer que graça é o amor de DEUS agindo em nosso favor, dando-nos livremente o seu perdão, a sua aceitação e o seu favor (imerecido) e sua misericórdia. A graça é motivada unicamente pelo amor e misericórdia de DEUS para conosco, e não por causa de dignidade ou merecimento de nossa parte.

A graça pode ser definida como sendo o perdão imerecido que recebemos mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas vezes significa mais do que isto. Pode ser definida como sabendo o desejo e o poder de fazermos a vontade de Deus. Somente através desta graça que nos é dada é que podemos cumprir a vontade de Deus (1ª Co 15.10).

A graça é a resposta divina a toda deficiência humana e resulta em benefícios para todos nós. Esses benefícios são expressos através de salvação, misericórdia, benevolência, livramento, paz e alegria.

A graça é o amor de Deus em ação, trazendo-nos bênçãos em vez de castigo pelos nossos pecados. A graça divina opera amor e a misericórdia, justificando o homem diante de Deus. Portanto, devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.14).

A graça de Deus envolve dois aspectos. Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os pecadores. O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de Deus que refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes segundo aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando uma força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.

II.      A GRAÇA É IMERECIDA

1. A graça de Deus não está associada aos nossos méritos.
Na epístola aos Romanos o apóstolo Paulo diz: “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6).

2. Igualmente, a graça não depende da obediência da lei.
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).

3. Uma forma segura para destruir a graça de Deus, é misturá-la com algum mérito qualquer que seja.
“Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl 2.21).
“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).
“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém” (Gl 6.18).

III.   GRAÇA É ETERNA

“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2ª Tm 1.9).

A graça de Deus se originou na Eternidade, antes da criação do mundo (Ef 1.4). Eternidade é o tempo Kairós, o tempo de Deus. É um tempo sem dimensão onde Deus habita. A graça se originou ali, além do controle humano.

IV.   A GRAÇA SALVADORA

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
A graça e a misericórdia tem duas distinções importantes. Primeiro, a misericórdia é universal, a graça salvadora é particular. A misericórdia se baseia no mandamento universal de Deus para que se arrependamos (At 17.30). Mediante a este mandamento conclui-se que o pecador arrependido será perdoado. Existe uma oferta divina de misericórdia a toda a humanidade. Por esta razão, Deus nunca pode ser acusado de injusto por que alguns alcançaram a graça especial. Deus nunca rejeita um pecador arrependido.

A graça não é uma oferta, mas um presente de DEUS que recebemos sem o nosso merecimento.

É difícil descrever resumidamente um assunto tão amplo e maravilhoso como este, mas um ponto que bem completamente a ideia da benção de Deus para nossas vidas é o fato mencionado por Paulo de que Cristo, além de pagar nossas dívidas (pecados), “cravou –as na cruz” (Cl 2.14). Esse fato retrata um costume entre os orientais.

V.      GRAÇA COMUM

Jesus trouxe uma palavra que exemplifica muito bem o significado da graça comum: “porque Ele [Deus] faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mateus 5.45). O estado de pecado do ser humano o faz não merecedor de nenhuma bênção de Deus. Se Deus não derramasse sequer uma bênção sobre o ser humano não estaria sendo injusto e nem mau. Porém, observamos que não é assim que Deus age. Observamos claramente que Deus age com sua graça mesmo entre os maus como disse Jesus. Mas Deus faz muito mais do que fazer o sol nascer e a chuva cair para abençoar justos e injustos! A graça comum de Deus é muito amplamente derramada no mundo.

A graça comum é vista basicamente em três aspectos:
1. Provisão graciosa de Deus nas coisas naturais, tais como sequência das estações, semeadura e colheita (Mt 5.45).
2. Governo ou controle divino da sociedade humana como poder restrito do mal (Rm 13.1ss).
3. A consciência interna no homem entre o certo e o errado, entre a falsidade e a verdade, entre a justiça e a injustiça A graça comum ou geral ou universal é assim chamada porque toda a humanidade a recebe em comum. Seus benefícios são usufruídos pela totalidade da raça humana, sem distinção entre uma pessoa e outra.

Devido a natureza depravada do homem, ele é incapaz de por si mesmo procurar ou agradar a Deus. Por este motivo, Deus tem concedido a graça universal a todo o homem. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 211).

Esta “graça comum” não salva automaticamente o homem, mas revela-lhe a bondade de Deus e restaura a cada ser humano a capacidade de responder favoravelmente ao amor de Deus. À luz desta graça comum, correspondemos que nenhum homem pode se esconder atrás da desculpa de que ele não teve oportunidade de um encontro com Deus.

“Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2.4).

“Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se lhes o coração insensato” (Rm 1.19-21).

A “graça comum” concede a cada homem a capacidade de buscar a Cristo. A medida que o homem responder afirmativamente a esta graça que o atrai a Deus, ele concede aquela pessoa uma “graça especial”, que o ajuda a chegar cada vez mais perto dele. Então podemos dizer que nenhuma pessoa pode vir ao Pai sem este poder adicional (esta graça especial), que vence a escravidão decorrente da sua natureza humana depravada. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44).

Entretanto, devemos deixar claro que esta graça especial não garante a decisão da parte do homem, quanto à sua comunhão com Deus. A aproximar-se de Deus o homem recebe mais graça que o encoraja e o incentiva a aceitar a salvação. Uma experiência paralela temos na cura dos dez leprosos, mencionada em Lucas 17.14. A Bíblia declara: “Indo eles, foram purificados”. Assim opera a graça. Quanto mais o homem responde à graça de Deus. Porém a qualquer momento, o homem pode escolher resistir à graça de Deus, que naturalmente cancela a provisão de mais graça (At 7.51).

A quantidade de graça que o homem recebe, depende totalmente da sua própria decisão, e não do interesse ou vontade de Deus, (que já é manifesta).  Por esta razão, o apóstolo Pedro diz:


“Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2ª Pe 3.18).

Pr. Elias Ribas

sábado, 3 de dezembro de 2016

ASPECTOS DA PROVISÃO DE CRISTO QUANTO A SALVAÇÃO


I.         SALVAÇÃO

A palavra salvação no grego soxo, significa salvação, libertação e cura. Jesus veio a este mundo para nos salvar, libertar e curar as almas necessitadas.

O que o apóstolo João viu testificou e escreveu na sua carta: “E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo” (1ª Jo 4.14). Jesus veio ao mundo com este propósito de salvar o homem, e livrá-lo de uma condenação eterna. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3.16-17). Paulo declara: “Que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores dos quais eu sou o principal” (1ª Tm 1.15) No evangelho segundo Lucas Jesus diz: “Pois o Filho do homem veio buscar e salvar que se havia perdido” (Lc 19.10).

“E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado” (Jo 3.14).

No versículo acima Jesus faz uma antítipo (figura representada por outra; personagem tipificada no Novo Testamento), onde Ele compara-se a serpente levantada por Moisés no deserto.

No livro de Números capítulo 21, a Bíblia descreve o motivo porque Moises levantou no a serpente de bronze em uma haste. O tempo em que Israel peregrinou no deserto o povo murmurou contra Deus e Moises dizendo: “Por que nos fizestes subir do Egito, para que morramos neste deserto, onde não há pão nem água? E a nossa alma tem fastio deste pão vil” (v.5).

A consequência desta atitude repreensível e descontentamento, Deus enviou serpentes que mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel. Após a repreensão de Deus, eles reconheceram o seu pecado e pediram misericórdia a Moisés dizendo: “Havemos pecado, porque temos falado contra o SENHOR e contra ti; ora ao SENHOR que tire de nós as serpentes. Então, Moisés orou pelo povo” (v.7). Após a intercessão de Moisés, disse o Senhor: “Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá” (v.8). E procedeu Moisés como Deus lhe mandará: “Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava” (v.9).

Adão e Eva ao serem atingidos pelo veneno da serpente no jardim do Éden, ficaram infetados pelo vírus chamado pecado, e assim toda a raça humana ficou contaminada.

A passagem acima, então tipifica Jesus sendo levantado em uma cruz; e aqueles que fossem contaminados pelo veneno da serpente (o pecado), olhando para Cristo fossem salvos e curados e livres da maldição.

A serpente é símbolo de maldição. Cristo Jesus ao ser pendura na cruz tornou-se maldito por nós, para que fossemos ricos em glória com Ele. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3.13).

Era necessário que o Filho de Deus fosse morto numa cruz para cumprir os desígnios do Pai e também para cumprir o que fora dito pelo profeta Isaías “Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades...” (Is 53.5).

Cristo não tendo pecado se fez pecado por nós. A cruz que seria para o pecador ele mesmo levou. Por amor Jesus Cristo se doou por nós.

1.        O recebimento da salvação.
1.1. A salvação é um dom de Deus (Ef 2.8).
1.2. O Espírito Santo (Jo 16.8-9), e a Palavra de Deus (Rm 10.8; 14.17), operam no interior do homem.
1.3. Para receber a salvação o homem precisa crer em Jesus (Jo 1.12-13; At 2.21).
1.4. Com a boca se confessa para a salvação (Rm 10.9-10; Sl 51.12).

II.      RESSURREIÇÃO


1.      O que significa a palavra ressureição.
A palavra ressuscitar tem origem no termo grego anistemi, do latim resuscitare, que por sua vez derivou da palavra resurgere, que literalmente significava “levantar-se dentre os mortos; erguer-se outra vez; retornar a vida.

A doutrina da ressurreição tem sua base essencialmente sobre o fato da ressurreição de Cristo. Segundo a Bíblia, Jesus ressuscitou várias pessoas e foi o primeiro a ressuscitar entre os mortos.

Verdadeiramente, quando Cristo morreu e ressurgiu dentre os mortos, raiou um novo dia, teve início a uma nova era. Esse novo dia é o “dia da salvação” (2ª Co 6.12), e as bênçãos “de grande salvação” (Hb 2.3) as tão ricamente diversas que não podemos defini-las adequadamente.

Sem a ressurreição, a cruz teria feito de Cristo o maior mártir do mundo. Mas a cruz, com a ressurreição, fez d’Ele o único Salvador do mundo.

A morte vicária de Cristo removeu todos os obstáculos legais para o recebimento da vida espiritual, mas somente o poder da ressurreição poderia levar os homens para alcançar esta nova vida.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1ª Pe 1.3).
Paulo reconhecia a importância tanto da cruz como do túmulo vazio. Declarou que seu velho “eu” pecador fora morto mediante a identificação com o Salvador crucificado e que lhe fora concedida vida nova mediante a comunhão com o Salvador vivo.

“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19-20).

A ressurreição de Cristo é muito mais que um mero evento histórico. A ressurreição é a prova de que Cristo vive para elevar aqueles que n’Ele creem, de um estado de morte espiritual para uma vida espiritual.

“Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.5-6).

O poder de Cristo que nos ressuscita da morte espiritual, nos dá a esperança da vida eterna. É uma força sobrenatural que nos capacita a viver abundantemente em Cristo cada dia. Este poder aumenta cada vez, à medida que conhecemos a Cristo profundamente. À medida que temos mais intimidade com Ele, ficamos cada vez mais conformado a uma vida de santidade.

“Para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte” (Fl 3.10).

A Bíblia não promete que os crentes serão poupados da morte física. O que a Bíblia promete é a nossa vitória sobre a morte.

“O último inimigo a ser destruído é a morte. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Co 15.26, 55-57).

A ressurreição de Cristo é a garantia da vitória sobre a morte. Cristo foi o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, para nunca mais morrer, e todos os salvos seguirão o Seu exemplo.

“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1ª Co 15.20).

Como ressuscitou e está vivo, ele pode absolver a todos os que, verdadeiramente arrependidos, creem e o recebem como Senhor e Salvador de suas vidas (Jo 1.11 e 12; Ap 3.20).

III.   SUBSTITUIÇÃO

Um dos pontos mais importantes da doutrina da Salvação é a substituição. Pelo simples motivo Deus condenou o pecado com a morte (Rm 6.23). Em Ez 18:4 Deus usou o seu servo e decretou “A alma que pecar morrera” E foi confirmada Ez 18:20, dizendo que cada um seria responsável pelo seu próprio pecado. Caso não fosse aceito Cristo como nosso substituto todos estaríamos mortos. Mas através de Cristo podemos estar vivos (Ef 2.1).

Satanás foi taxativo quando disse para Eva Gn 3.4 “Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis” Eva pensava em um tipo de morte, Satanás falava de outro, ou seja entendia o que Deus havia determinado. Muitas pessoas estão vivendo vegetalmente. Estando o homem no pecado ele não poderia livrar-se do castigo por isso foi necessário a substituição.

1.      O Homem Como Réu.
Quando Deus reuniu as partes Satanás, Adão, Eva, e a Serpente foi determinado para cada um uma sentença Gn 3.11-16. Para o homem Deus determinou o trabalho etc. Gn 3:17-18. Não precisava mais Deus falar que Adão estava morto pois já era uma evidencia objetiva tinha pecado estava morto Gn 2.17. Preste atenção essa ordem foi dada antes da criação da mulher. Provavelmente foi Adão quem contou para Eva.

É importante relembrar novamente as causas do pecado pois sem este ponto de partida seria impossível compreender o porquê da substituição. Com o pecado o homem estava literalmente arrasado, é como o sub título “O Homem Como Réu” no tribunal falam os advogados, os promotores, as testemunhas o juiz, de uma só pessoa o réu, mesmo todos falando dele mesmo assim ele continua calado.

2.      O Deus da condenação.
Sendo Deus justo Is 45.21. Deus determinou uma ordem “Não comeras” se o homem comeu Deus sendo justo tinha que julgar o erro do homem. Foi julgado considerado culpado veio a punição (Rm 2.6-8). Naquele momento o homem estava prestando contas a Deus pelo seu erro (Tg 1.15). O Senhor Deus não poderia naquele momento tomar outra iniciativa (Is 59.2).

Deus tomava uma posição de justiça, quem condena o homem não é Deus mas os nossos pecados, pecado quer dizer transgressão. A palavra de Deus está a disposição de todos para examinar, obedecer, ter como regra de fé, mas a humanidade não Deus ouvido, e tudo isso está diante de Deus, quando comparecerem perante o Senhor será essa iniquidade quem vai condenar o homem ímpio.

3.      O Deus da Salvação.
Deus é justo e justificador, por causa disso Ele providenciou a Salvação para o homem Gn 3.15. Naquela época seria impossível entender. Deus deu dois parâmetros para essa palavra “feriras o calcanhar” 1) coletivo a raça humana esmagaria o Diabo. 2) No singular o nascimento de Jesus (1º Jo 3.8). Deus lançou o homem fora do Jardim Gn 3.23. Mas a promessa de restabelecer ao homem foi dado para Abraão (Gn 12.1-2).

Deus é um ser inigualável, no mesmo momento que Ele estava condenado, o próprio Deus arruma uma atenuante para o homem sair da enrascada que ele havia entrado, isso chama-se graça de Deus (Tt 2.11). O apóstolo aos Romanos 5.15 diz que pelo pecado morreram muitos mas por Jesus a graça abundou.

Movido pela perfeição do Seu santo amor, Deus enviou Seu Filho Jesus para substitui-se por nós, pecadores. Jesus nos leva agora a nos voltarmos aos acontecimentos realizados na Cruz e para as consequências que ela alcançou em nosso favor.

O pecado colocou o homem num dilema horrível. Sendo incapaz de viver uma vida perfeita, seu pecado o condena à morte; contudo há uma solução para esta situação crítica: a substituição vicária de Cristo em seu lugar, que satisfaz a penalidade da lei mediante Sua morte, a qual cumpriu a existência divina da retidão humana através da sua vida de obediência.

O resultado da substituição que Cristo, em obediência e amor, realizou por nós, é o seguinte: Se um carregou a maldição por todos, satisfazendo assim a justiça e a santidade de Deus, então os outros foram libertos da maldição por meio d’Ele, legalmente resgatados por meio do preciosos sangue de Cristo, reconciliados através da morte do Filho de Deus. Tão perfeito quanto foi a intervenção de Jesus em favor dos homens, tão suficiente e completa, válida para todos os tempos e para todos os homens foi também a expiação. No Gólgota toda a dívida da humanidade foi paga, e a manhã do primeiro dia da semana deu testemunho de que “o escrito de dívida, que era contra nós” fora cancelado (Cl 2.14; cf. Rm 4.25).

O que Deus fez em Cristo por meio da cruz é salvar-nos, revelar-se a si mesmo e vencer o mal. Quem recebeu a reconciliação por meio de Cristo tem a certeza que está reconciliado e justificado através de seu sangue, não precisa temer nenhum juízo condenatório (Rm 5.5ss; 8.1). “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.34).

4.      A penalidade pela culpa do homem.

O homem não somente está excluído do céu por causa do seu pecado, mas além disto, está sentenciado à morte (Ez 18.4). Deus não pode mentir, Ele proferiu esta sentença, portanto, terá que julgá-lo.

Deus sendo santo não poderia contemplar o pecado na vida do homem. Mesmo o homem estando separado de Seu Criador pelo pecado, Ele O amava e queria que todos os homens tivessem uma oportunidade de salvação. Por isso Ele enviou Seu Filho Unigênito, que morreria vicariamente no lugar de todos os homens, promovendo assim, a salvação para todos aqueles que escolhessem aceitar pela fé esta obra redentora. Na cruz do Calvário Jesus Cristo apagou os nossos delitos e pagou nossa dívida. Nenhum favor da graça divina poderia ter lugar até que a dívida de toda a transgressão do pecado fosse paga totalmente.

A Bíblia diz que: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Co 5.21). Não quero dizer que Cristo tornou-se pecador, mas, sim explicar que Ele tomou sobre si a plena responsabilidade pelos nossos pecados.


5.        A insuficiência do homem para salvar-se.
A morte vicária de Cristo satisfez as exigências da lei quanto a morte pelo pecado. Há porém, uma segunda exigência que precisa ser cumprida para levar o homem ao céu. A obediência perfeita a Santa Palavra de Deus (Rm 10.5; Gl 3.12).

Jesus pagou nossa dívida com Sua morte na cruz do Gólgota, e com Sua morte Ele abriu o Caminho para o céu. Agora todos são chamados para entrar por este caminho (Mt 11.28). Esse Caminho é Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Ele é o novo Caminho: “Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.20).

IV.   REDENÇÃO

Redenção do verbo “Redimir” quer dizer “comprar de volta”. Há três palavras gregas que são traduzidas por redenção. A primeira é “agorazo”, que significa comprar no mercado de escravo. Esta palavra é sempre usada para destacar o preço pago pela nossa salvação (Ap 5.9). A segunda palavra “exagorazo”, é semelhante, mas acrescenta a ideia de retirar a pessoa do mercado de escravo após a transação. Esta palavra é usada para destacar a libertação do crente das reivindicações jurídicas que a lei tem contra ele (Gl 3.13; 4.5). A terceira palavra é “lutroo”, que significa comprar o escravo e dar-lhe plena liberdade. Esta palavra é usada para descrever a redenção como a liberdade da escravidão ao pecado (Tt 2.14; 1ª Pe 1.18). Entretanto, criado com tanto carinho, o homem continuou sendo alvo do amor divino. Condenado à morte e ao inferno, o homem não possuía meios de salvar-se, embora Deus quisesse a sua salvação (Rm 6.23; Sl 49.7,8). Assim Jesus veio ao mundo enviado pelo Pai a fim de ser o nosso Redentor (Lc 19.10; Mc 10.45).

Ao desobedecer a Deus, o homem entrou num processo de flagelação e debilidade. Por sua própria força era impossível erguer a cabeça e recuperar-se. Humanamente não havia alternativa: o homem está debaixo da maldição do pecado (Gl 3.10-13; Rm 7.10). O homem escravizou-se ao pecado (Is 52.3; Rm 6.20; 7.14-15). Algo teria de vir da parte de quem retém todo o poder – O Deus misericordioso.

Toda a humanidade se encontra “vendida à escravidão do pecado” (Rm 7.14), e precisa de um redentor que possa resgatá-la. O preço elevado de tal redenção é a morte. Foi por isso que para nos resgatar, Jesus morreu em nosso lugar. A quem é devido o preço da redenção? Evidentemente não é Satanás. Ele simplesmente escraviza aqueles que escolhem uma vida de pecado. O preço do resgate é devido à santidade de Deus; e foi Deus, não Satanás quem aceitou o “pagamento” mediante o vicário sacrifício de Cristo. O resultado disso a derrota eterna de Satanás.

A redenção significa um grande negócio efetuado pelo Filho de Deus. Significa que temos sido transferidos de propriedade. Antes pertencíamos ao pecado e a Satanás, agora pertencemos a Deus. O preço pago foi o sangue do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).

Entregando-se à crucificação (Jo 10.17,18), Jesus submeteu-se a maldição da cruz (Gl 3.13), sofreu o vexame (Hb 12.2) e as dores que o pecador merece (Is 53.4) suportando a separação do Pai (Mt 27.46) que deveríamos curtir eternamente. Assim, o Senhor Jesus tomou o nosso lugar, sendo castigado em substituição a nós, pagando, desta forma, o nosso resgate, redimindo-nos da culpa e da condenação (1ªPe 2.22-24).

Jesus se declarou Redentor da humanidade quando disse que Sua missão era a de “... dar a Sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). Fomos comprados com Seu sangue:

“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas de sua graça” (Ef 1.7). Pelo precioso sangue de Jesus somos resgatados, tirados duma condenação, livres para uma vida abundante e cheia de benção.

Na carta do apóstolo Pedro ele fala do preço da nossa redenção. “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados... mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1ª Pe 1.18-19). Só um ser imaculado (sem mancha) poderia redimir (resgatar) outro indivíduo pecador. Por morrer a mais desprezível morte segundo a lei judaica (Dt 21.22-23), morte de cruz. Cristo pode redimir todo o ser humano, até o mais pecaminoso que vier a crer n’Ele.

A redenção sempre envolve a libertação de algum tipo de escravidão. A primeira escravidão que subjuga o homem pecaminoso é a escravidão do poder da culpa. O cristão deve regozijar-se no fato de que Deus não somente livrou-o da penalidade do seu crime, mas também pagou o preço da sua penalidade. Visto que foi pago preço dos seus pecados, o crente não precisa sentir culpado, nem condenar-se.

Eterna redenção pelo sangue: “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hb 9.12-14).

Isto é semelhante ao propósito da substituição e da reconciliação. Cada aspecto, no entanto, dá uma perspectiva diferente da morte de Cristo. A substituição vê o sacrifício do ponto de vista da lei, a reconciliação o vê do ponto de vista de Deus, e a redenção vê a cruz do ponto de vista do homem que agora está livre da lei e da culpa pessoal (Gl 3.13).

Sem o poder redentor da morte de Cristo não haveria esperança alguma para a humanidade; estaríamos totalmente escravizados pelo poder das trevas. Porém, mediante a provisão de Cristo, todo o homem pode ser libertado do poder das trevas.

“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1.13-14).

Em Cristo já não estamos escravizados ao poder de Satanás. Este fato, porém não anula a necessidade de constante cautela e perseverança para resistir aos ataques do maligno. A melhor defesa contra Satanás é o uso constante das armaduras espirituais descrita em Efésios 6.11-17.

A redenção operada por Cristo não somente nos redime da culpa do pecado, como também do poder do pecado.

“O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tt 2:14).

A morte de Cristo dotou o homem do poder de servir a Deus fielmente. É possível haver crentes fracos, mas é impossível haver crentes sem poder quando se habilitam a usar o poder do céu que está a sua disposição na luta contra o pecado.

A redenção se completará quando, na volta do Senhor, os que estiverem vivos forem transformados, e os mortos em Cristo ressuscitarem (1ª Co 15; 1ª Ts 4.13-18).

V.      EXPIAÇÃO

A palavra “expiação” vem do termo hebraico cofer. Trata-se de um substantivo do verbo caufar, cobrir. O cofer ou a cobertura era o nome da tampa ou cobertura da arca da aliança e constituía o que era chamado propiciatório. A palavra grega traduzida por expiação é katallage. Isso significa reconciliação com o favor ou, mais estritamente, os meios ou condições para que haja reconciliação com o favor; de katallasso, “mudar ou trocar”. O significado estrito do termo é substituição. Um exame dessas palavras originais, no contexto em que se apresentam, mostrará que a expiação é a substituição governamental da punição dos pecadores pelos sofrimentos de Cristo. São os sofrimentos de Cristo cobrindo os pecados dos homens.

A palavra é empregada 77 vezes no Antigo Testamento, sendo usada pela primeira vez em Êxodo 29.33 por Moisés. A palavra propiciação é o sinônimo de expiação que no hebraico tem o mesmo significado. Expiação implica cobrir as culpas, mediante um sacrifício exigido, cobrir, purificar, fazer expiação, fazer reconciliação. No verbo (Piel) encobrir, pacificar, propiciar, expiar pelo pecado e por pessoas através de ritos legais.

No Novo Testamento a palavra expiação do grego “hilasterion”, embora tenha o mesmo significado com o sacrifício do Antigo Testamento, porém no N.T., trata-se do sacrifício vicário de Cristo em expiação pelos nossos pecados.

Hilasterion” é aquilo que se relaciona com uma conciliação ou expiação, obter aplacamento ou poder expiador, expiatório; forma de conciliação ou expiação, propiciação, aspergida com o sangue da vítima expiatória no dia anual de expiação (este rito significava que a vida do povo, a perda merecida por causa de seus pecados, era oferecida a Deus através do sangue da vítima (sangue simbolizava vida), e que Deus por esta cerimônia estava apaziguado e os pecados do povo expiados; um sacrifício expiatório; uma vítima expiatória. Por isso o escritor aos Hebreus explica dizendo que: “Quase todas as coisas, segundo a lei, se purificaram com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9.22).

VI.   PROPRIAÇÃO

A palavra grega (hilasmos) traduzida “propiciação” significa a remoção da ira mediante a oferta de algum presente. Era um ato presente na política internacional no Oriente antigo, quando um rei de alguma nação, para se manter seguro, enviava presente a outro rei, de uma nação mais forte. Era um gesto destinado a cultivar boas relações. O verbo hebraico que traz a ideia de propiciação é kipper, com a ideia de fazer amizade, de juntar partes opostas e até mesmo em conflito. No Novo Testamento, a ideia mais próxima é “reconciliação”. A ideia do Novo Testamento se entende bem em 2ª Coríntios 5.21. O sentido do texto é que Deus ofereceu Cristo como presente ao mundo para fazer as pazes com o mundo. É um conceito que nos parece estranho, mas mostra que, no Novo Testamento, Deus toma a iniciativa, em Jesus, de propor as pazes ao homem.

Propiciação é alguma coisa que leva alguém a perdoar uma ofensa recebida, ou a proceder misericordiosamente para com o ofensor. Duas vezes é Jesus chamado por João (1ª Jo 2.2 e 4.10) ‘a propiciação pelos nossos pecados’ – e Paulo fala da ‘redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs,... como propiciação’ (Rm 3.24-25). Deste modo, a propiciação requerida pela justiça de Deus é manifestada em Cristo Jesus pela misericórdia de Deus. A palavra usada em Rm 3.25 significa ‘lugar ou instrumento de propiciação’, e em Hb 9.5 é traduzida por ‘propiciatório’. Na versão Septuaginta geralmente se usa esse termo a respeito da cobertura de ouro por cima da arca.

“Propiciar” alguém significa apaziguar ou pacificar a sua ira. Devemos realmente crer que Jesus, mediante Sua morte, propiciou a ira do Pai, induzindo-o a abrir mão dela, e olhar para nós com favor em vez ira.

Já o profeta Isaías vaticina que toda a iniquidade cairia sobre Jesus; “...mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante seus tosquiadores, Ele não abriu a sua boca” (Isaías 53.6). E no vv. 10 deste mesmo capítulo o Senhor diz: “Quando der Ele a Sua alma como oferta pelo pecado”. Por isso o percussor João Batista O chama: “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós, para que n’Ele fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Co 5.21). Isto nos diz que Cristo, o perfeito Filho de Deus, que nunca cometeu pecado, de acordo com a vontade do Pai, tomou sobre si toda a nossa culpa para que nós pudéssemos receber por intermédio d’Ele a justiça de Deus, como se essa fosse a nossa própria justiça. Este ato de reconciliação agradou em tudo o Pai.

Cristo tornou-se sacrifício numa só pessoa. Ele se deu a si próprio como sacrifício, em plena obediência à vontade do Pai (Hb 7.27; 9.28; 10.7), e isso não ao pelo fato de toda sua vida ter sido um sacrifício de amor pelos homens (Mt 8.17; 17.17; 20.28). Na verdade Jesus veio e viveu para morrer por ele. Desde seu aparecimento em público, encontramos em Jesus não somente uma clara consciência da necessidade de seu sofrimento e morte, mas também um claro testemunho do valor salvício de sua futura morte (Jo 3.14; 6.51; 10.12, 17; Mt 16.21; 17.12; 20.18, 28; Lc 24.46). Sua morte não casualidade, triste destino, morte de mártir, mas sim, morte expiatória. Mártires podem morrer em alegre fé, Cristo morreu sob severas tentações e sofrimentos íntimos (Lc 22.44; Mt 27.46). Deus teve que levar a sério a condenação do pecado e Jesus levou a sério a obediência. Deus teve que suportar o pecado dos homens por milhares de anos, agora o tempo havia se cumprido, o Mediador aparecera, e o ajuste de contas com o pecado da humanidade deveria, finalmente acontecer, na própria pessoa desse mediador. Esse era o santo plano do Pai, e essa era a livre e espontânea vontade do Filho. Ao identificar-se, em obediência e amor, com a humanidade culpada, Jesus passou a ser, ao mesmo tempo, objeto tanto do agrado quanto do castigo de Deus. Objeto do agrado divino por causa de sua obediência, pois “...se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave” (Ef 5.2). Objeto do castigo divino por causa de seu papel como substituto da humanidade; pois o juízo caía agora, não sobre os milhões de pecadores, mas sobre aquele que se colocava no lugar deles.

Jesus como nossa “propiciação” significa que Ele tomou sobre si o castigo dos nossos pecados e satisfez o justo juízo de Deus contra o pecado. O perdão agora é oferecido a todos, no mundo inteiro, e é recebido pelos que voem a Cristo, com arrependimento e fé (4.9, 14; Jo 1.29; 3.16; 5.24).

VII. RECONCILIAÇÃO

Reconciliação do latim reconciliatio, significa reatamento de relações entre partes litigantes. O Senhor Jesus com a sua morte vicária, reconciliou-nos com Deus de maneira definitiva, clara e eficiente: “E reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade” (Ef 2.16). “E que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl 1.20).

No grego “reconciliasse” do verbo aoristo apokatallasso, tem o significado de: reconciliar completamente, reconciliar outra vez, trazer de volta um estado de harmonia anterior.

Reconciliação no gr. “hilascomai” significa propiciação. Esta Palavra significa: reconciliar, aplacar, meios de tranquilizar propiciar, conciliação.

A palavra expiação no Velho Testamento está ligada ao cobrir dos pecados. Propiciação é uma palavra do Novo Testamento referente a obra de Cristo.

A. Propiciação no hebraico kaphar, significa: cobrir, expiar pelo pecado; purificar, fazer expiação, fazer reconciliação, apaziguar ou pacificar a sua ira. No grego hilaskomai, significa: entregar-se, sujeitar-se, conciliar consigo mesmo; ser propício, ser gracioso, ser misericordioso; tornar-se propício, ser apaziguado ou tranquilizado.

No Antigo Testamento, Deus “cobriu” os pecados dos crentes, até o tempo em que a morte de Cristo os cancelasse. “A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.25).

Ato realizado para aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e a sua justiça, tendo como resultado o perdão do pecado e a restauração do pecador à comunhão com Deus.
No Antigo testamento, a propiciação era realizada por meio dos SACRIFÍCIOS, os quais se tornaram desnecessários com a vinda de Cristo, que se ofereceu como sacrifício em lugar dos pecadores (Êx 32.30; Rm 3.25; 1ª Jo 2.2).

Propiciar é aquele que oferece sacrifício em nosso favor. Cristo foi dado pelo Pai como propiciação pelos pecados daqueles que tivessem fé no seu sangue derramado. “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixando impune os pecados anteriormente cometidos, tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para Ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.24-26).

A propiciação relembra a morte de Cristo solucionando o problema do pecado (Rm 3.23; 1ª Jo 2.2). A morte de Cristo providenciou a reconciliação entre o homem e Deus. Na Cruz Cristo carregou a responsabilidade pelos pecados da humanidade. No momento da Sua morte, Cristo exclamou triunfante: “Está consumado”. No grego Tetelestai (João 19.30). Foi uma das últimas palavra falada por Jesus antes da sua morte (Lc 23.46).

Tetelestai é uma exclamação de que a obra de reconciliação entre Deus e o homem estava completa. Cristo tinha realizado a provisão da salvação, e assim destruiria para sempre a separação entre Deus e o homem (Is 59.2).

A reconciliação fala da comunhão restaurada com Deus, para o pecador que d’Ele se aproxima através do sacrifício reconciliador de Seu Filho. Isto também não significa que todos os homens estejam bem com Deus. Este processo de reconciliação não depende exclusivamente da obra do Mediador, mas depende da disposição da parte alienada de se reconciliar com o outro. Portanto depende do homem aceitar e crer no sacrifício de Jesus.

“Tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava com Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra de reconciliação. De sorte que somos embaixadores de Cristo, como se Deus exportasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que nos reconcilieis com Deus” (2ª Co 5.18-21).

Cristo não constrangeu o Pai a nos amar mais: pelo contrário, Ele promoveu o meio pelo qual o obstáculo entre Deus e o homem (o pecado), fosse removido.

Pelo pecado o homem estava desligado do Seu Criador, mas Cristo veio com este objetivo de reconciliar, ou seja, harmonizar as relações interrompidas entre duas pessoas, promovendo o mútuo entendimento e restaurando a comunicação entre ambos. “E pela cruz reconciliou ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef 2.16). Na cruz do Calvário Jesus reconciliou o homem com Deus, restabeleceu a amizade que outrora fora perdida; é por isso que em João 15.15, Jesus nos chama de amigos. Jesus veio reconciliar com Deus não os justos, mas os pecadores e necessitados.

 “Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo Seu sangue, seremos por Ele salvos da ira. Porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados seremos salvos pela Sua vida; e não isto apenas, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem acabamos agora de receber a reconciliação!” (Rm 5.8-11).

Antes de aceitarmos a Cristo como nosso Redentor, éramos chamados inimigos de Deus, mas ao aceitamos a Cristo como nosso Salvador somos reconciliados o Pai celeste, e tornamos filhos de Deus por adoção, (conforme Jo 1.12).

A expiação através da morte de Cristo, e a reconciliação como seu fruto e consequência, são colocados de forma especial clara nas passagens de Hebreus 9.11ss e 13.11ss, através da comparação com o sacrifício pelo pecado no grande dia da expiação (Lv 16). “A partir das prefigurações que encontramos na lei, podemos conhecer da melhor maneira o poder e a eficácia da morte de Cristo” (Calvino).

No Antigo Testamento tudo era incompleto, devendo, por isso, ser repetido os sacrifícios de novo (Hb 9.25). O que Cristo fez, no entanto, vale de uma vez por todas. Na expiação por ele realizada nada há de defeituosos, nada de incompleto; não resta nenhuma lacuna a ser preenchida por nós, nenhum resto de pecado a expiar. Pelo contrário, pela morte de Cristo não só é anulada a morte como consequência da queda, como também se manifesta ainda da parte de Cristo uma grande sombra de vida (cf. As três vezes repetido “muito mais” no trecho de Romanos 5.15-21, onde Paulo compara a significância de Cristo à de Adão).

VIII.      PURIFICAÇÃO

A palavra purificação no grego é katharizo, e significa: tornar limpo, remover pela limpeza, limpar, livrar da contaminação do pecado e das culpas, num sentido moral, consagrar pela limpeza ou purificação.

“Mas se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus purifica de todo o pecado” (1ª Jo 1.7).

O pecado é uma transgressão ao nosso Deus, que torna impura a nossa alma ao praticá-lo. O único meio de purificação é o sangue de Jesus mediante nossa confissão de fé. O sangue de Jesus vertido na Cruz, purifica a nossa alma manchada pelo pecado. Por isso João diz: “E da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap 1.5).


O homem ao pecar ficou contaminado pelo pecado. O único meio de purificação exigido pelo Pai, seria o sangue de Seu Filho Jesus derramado na cruz em favor da humanidade. Este sangue precioso purifica e liberta o homem da culpa do pecado. Assim o homem que aceita esta oferta expiatória é declarado limpo perante Deus.

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A PROVISÃO DE CRISTO

Pois agora já sabemos que a fonte da nossa salvação é a graça de Deus. Entretanto, não se deve confundir graça com tolerância. Apesar de Deus nos amar e querer a nos salvar, Ele não pode simplesmente nos declarar inocente. Pois Ele é não somente um Deus de Amor, mas é também de justiça e santidade. Ele não pode nos declarar-nos inocente sem nossa conversão, seria uma ofensa à Sua justiça. Seria um conflito com Sua santidade e uma contradição ante a Sua declaração que diz: “A alma que pecar, essa morrerá” (Jr 18.4).

Então como poderia Deus ser perfeitamente justo e ainda salvar pecadores não arrependidos? A resposta está no fato de que Deus não desculpou o pecado, antes Ele o removeu. Para ajudar o homem compreender o assombroso alcance do Seu repúdio ao pecado, Deus nos deu a ilustração de um cordeiro expiatório. Esse cordeiro simboliza o verdadeiro cordeiro de Deus, o único que pode remover o pecado.

“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

I.         UM CORDEIRO IMACULADO


“Foi levado como ovelha ao matadouro; e como um cordeiro, mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abre a sua boca” (Atos 8.2).

Jesus é chamado Cordeiro a fim de revelar Sua natureza ao mundo. Um cordeiro representa inocência e pureza. Jesus é verdadeiro homem em todas as coisas: “...antes foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado”. Que de fato Ele se tornou um homem de carne e sangue como todos os outros, isso reconhecemos na revelação da Sua profunda humanidade: derramou lágrimas, teve fome, teve sede, se sentiu cansado, foi tentado por Satanás - mas não pecou! Por isso Ele é chamado Cordeiro de Deus. Porque Jesus era puro, Seu sangue - única e exclusivamente Seu sangue purifica de todo pecado.

Ele é chamado Cordeiro de Deus a fim de nos mostrar o Seu caminho. Ele veio a esta terra com a clara finalidade dada por Deus de morrer pelos nossos pecados: “Digno é o Cordeiro, que foi morto”. Ele não foi surpreendido pela Sua execução, mas disse com santa firmeza: “...precisamente com este propósito vim para esta hora”. Ele entregou Sua vida voluntariamente, e com isso, revelou Sua índole como cordeiro, que pressente e sabe quando será morto.

A ilustração do sacrifício no Antigo Testamento começa com a escolha de um cordeiro. Tinha que ser um cordeiro sem mancha. Somente um cordeiro perfeito poderia ser apresentado como sacrifício a Deus.

Do mesmo modo, o perfeito sacrifício pelo pecado, poderia ser feito somente por um homem que fosse perfeito. Um pecador não poderia morrer por outro pecador. O resultado disso seria martírio, não redenção. Somente Cristo satisfez os requisitos dum Cordeiro perfeito para suficientemente realizar um sacrifício perfeito pelo pecado.

“Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hb 9.14).

II.      A IMPOSIÇÃO DE MÃOS

O crente do Antigo Testamento ao oferecer um sacrifício pelo seu pecado, colocava suas mãos na cabeça da vítima, transferindo simbolicamente assim seus próprios pecados para o animal substituto. Semelhantemente, Cristo carregou o fardo do pecado de todos aqueles chegam a Ele para remoção dos seus pecados.

“Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si” (Is 53.10-11).

Esse antigo ritual do sacrifício tinha que ser repetido continuamente, à medida que o povo pecava. Mas o sacrifício único de Cristo foi suficiente, não somente por todos os pecados do passado mas também para qualquer pecado futuro que possa atingir a vida do crente.

“Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado” (Hb 10.18).

“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro (1ª Jo 2.1-2).

III.  A MORTE

O terceiro passo dado nos antigos sacrifícios era a imolação do cordeiro, que representava a substituição da sua vida pela vida do ofensor. Do mesmo modo, Cristo tornou-se o sacrifício expiatório pelo mundo: “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Rm 5.18).

A morte de Cristo não somente envolveu a separação temporária entre Seu corpo e a sua alma. Cristo entregou Sua vida por nós, suportando a morte, a morte de cruz, mas ressuscitou ao terceiro dia para trazer vida para aqueles que nele creem.

IV.  COMENDO O SACRIFÍCIO

Na oferta dos sacrifícios do Antigo Testamento, o passo final era cozinhar parte da sua carne, que então era comida pelo ofensor. A participação no sacrifício indicava que o ofensor tinha restabelecido a sua comunhão com Deus.

Cristo falou disto várias vezes. A multidão que o ouvia à margem do mar da Galileia Ele desafiou: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.54). Para Seus discípulos na última ceia Ele disse: “tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (1ª Co 11.24).

Referindo-se a parte simbólica do sacrifício do Antigo Testamento, Cristo enfatiza a importante verdade que tão logo o pecador ou o ofensor se identifica com o sacrifício pelos seus pecados (que é Cristo) ele passa a ter comunhão com o Pai.


“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19-20).

Pr. Elias Ribas