TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A ALMA HUMANA



A definição da alma se resume da seguinte forma: Alma do lat. anima, animo, energia, essência, é a parte imaterial do ser humano; no hebraico nephesh e no grego psyche. Ambos podem referir-se ao fôlego de vida, ou a vida biológica. Também podemos entender como: “alma, ser vivente, vida, pessoa, desejo, emoção, paixão”. O que a palavra designa deve ser julgado totalmente pelo contexto. Em Is 10.18 e Dt 12.23, por exemplo, quer dizer aquilo que respira, e como tal é distinguido da carne ou corpo.

Os vários sentidos da palavra alma na Bíblia, como sangue, coração, vida animal, pessoa física; devem ser interpretados segundo o contexto da escritura em que está contida a palavra “alma”. De modo geral, em relação ao homem, a alma é aquele princípio inteligente que anima o corpo e usa os órgãos e seus sentidos físicos como agentes na exploração das coisas materiais, para expressar-se e comunicar-se com o mundo exterior.

Teologicamente, podemos estabelecer o seguinte: O homem é composto por uma parte material e outra imaterial. Quando esta encontra-se em relação com Deus, recebe a designação de espírito; e, quando em relação com o mundo físico, de alma.

1. A alma vem de Deus. Gênesis 2.7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. (Outras ref. Zc 12.1; Ec 12.7).

Do pó da terra Deus formou o corpo do homem. Contudo, este corpo não tinha vida. Somente foi formado, sem vida. Assim, a Palavra de Deus nos diz que Deus “soprou em suas narinas o fôlego da vida e o homem foi feito alma vivente”. Portanto, o que é alma? Alma é o que dá vida ao corpo. Deus criou o corpo e depois deu vida ao corpo.

2. As funções da alma.
A palavra de Deus aponta-nos a alma como composta de três partes, são elas: a mente, a vontade e a emoção. Estas três faculdades constitui a personalidade humana. A alma é a sede da nossa personalidade, é o nosso “EU”. É por esse motivo que a Bíblia, em alguns textos, chama o homem de “alma”. A alma concentra as principais características do homem, tais como: amor, ideias, pensamentos, etc.

2.1. Função da Mente.
Mente é a sede do entendimento racional, nossa “central de processamento de dados”. É onde reside nossa capacidade intelectual, nossa habilidade para pensar, ponderar sobre informações e chegar a conclusões lógicas a partir das mesmas, através do pensamento.

A mente é a função mais importante da alma. Se a nossa mente for obscurecida, jamais chegaremos ao pleno conhecimento da Verdade. A renovação da mente nos possibilita experimentar e entender a vontade de Deus, que é revelada em nosso espírito.

2.2. Função da Vontade.
Buscar – 1º Cr 22.19: “Disponde, pois, agora o coração e a alma para buscardes ao SENHOR, vosso Deus”. Buscar é uma função da vontade e ela está na alma.
Recusar - Jó 6.7: “Aquilo que a minha alma recusava tocar”. Recusar é uma função da vontade.
Escolher - Jó 7.15: “pelo que a minha alma escolheria, antes, ser estrangulada; antes, a morte do que esta tortura”. Escolher também é uma função da vontade.
A vontade é o instrumento para nossas decisões e indisposições. Sem a existência da vontade seriamos semelhantes a um robô. O pecar ou não pecador está relacionado à vontade.

3.3. Função da emoção.
A emoção é extremamente importante, ela traz “cor” à vida humana, no entanto, jamais podemos nos deixar guiar por ela. As emoções se manifestam de muitas formas, entre elas: amor, ódio, alegria, tristeza, pesar, saudade, desejo, etc.

“Então, disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor” (Lc 1.46). “A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas pelo romper da manhã” (Sl 130.6).

4. Os cinco sentidos da alma.
4.1. Imaginação. A imaginação é muito poderosa, através dela podemos voltar a qualquer lugar do passado, podemos imaginar lugares onde nunca fomos. A imaginação pode nos tornar vencedores ou derrotados, tudo depende do que criamos em nossa mente.
- Imaginação Reprodutora: Aquela que produz as imagens guardadas.
- Imaginação criada: É aquela que faz de uma imagem guardada, uma nova imagem com as que vão surgindo.
- Imaginação da alma: É aquela que é formada pela própria alma.

4.2. Consciência. No campo filosófico, a consciência psicológica e a função pela qual conhecemos nossa vida interior.

A consciência é estar ciente das coisas, saber o que é certo ou errado. É uma ligação entre o ser humano e o mundo. Consciência é uma capacidade de conhecimento dos valores morais e aplicar em diferentes situações.

- A consciência é uma instância, um poder implantado em nós que avalia moralmente os nossos atos, nossos pensamentos, nossos planos e opiniões (Bíblia de Estudos de Genebra).
- A consciência é aquela voz interior que impele a pessoa a fazer o que ela considera correto (Charles Ryrie).
- A consciência, segundo desígnio divino, deve ser o nervo central de nosso ser que reage ao valor moral intrínseco de nossos atos (Oswald Sanders).

A alma nos leva a um exame de consciência (1ª Co 11.28).
A alma na moral e na religião. A Bíblia menciona a consciência em diversas passagens, por exemplo:
Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos...” (Jo 8.9).

Romanos 2.14-16: (“De fato, quando os gentios, que não têm a lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a lei; 15 pois mostram que as exigências da lei estão gravadas em seus corações. Disso dão testemunho também a consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os). 16 Isso acontecerá no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, mediante Jesus Cristo, conforme o declara o meu evangelho”.

Através da consciência a Lei de Deus está inscrita em nossos corações.
- Testifica no homem (Rm 2.15).
- Acusa do pecado não perdoado Mt 27.3; At 2.37. Devemos buscar a aprovação da consciência para servir a Deus, e depois dizer como Paulo, em At 24.16 e Rm 9.1.Devemos confessar e deixar o pecado, como fez Salomão.
A consciência pode ser classificada de duas formas:
·         Boa: 1ª Tm 1.9.
·         Pura: 1ª Tm 3:9.
·         Sem ofensa: At 24.16.
Ou:
·         Fraca: 1ª Co 8.10-12.
·         Má: Hb 10.22.
·         Cauterizada: 1ª Tm 4.2.

Somos também advertidos a não ofender a consciência alheia, Rm 14.21, 1ª Co 10.28-32.
·       
  O Sangue de Jesus nos purifica da má consciência Hb 9.14, 10:2-10, 1ª Jo 3.20.

A consciência é a voz secreta da alma! É a voz que fala em silêncio.

4.3. Raciocínio. É a capacidade de pensar, de colocar as coisas em ordem, de calcular. Através do raciocínio analisamos, comparamos e chegamos a conclusões lógicas.

4.4. Afeição. Sentimentos de carinho, afeto e amor, apego as coisas. Quando nos afeiçoamos a alguma coisa quer dizer que nos apegamos a ela.

4.5. Memória. Na memória armazenamos e recuperamos as lembranças das coisas que aconteceram no passado.  É o local aonde guardamos todas as informações adquiridas ao longo da vida.

5. A imortalidade da alma.

A alma possui natureza espiritual, é muito conhecido como a consciência do homem, e por isso entendemos que a alma é eterna, não existe extinção da alma, o pensamento mais popular que diz “Morreu, acabou” (1ª Coríntios 15.32), não é a expressão da verdade, pois não se pode matar a alma, a alma pode se separar do corpo no momento da morte física, mais matar a alma, isto é impossível. Em Apocalipse 20.4 fala sobre a alma daqueles que foram degolados por amor a Cristo, o corpo foi degolado, mas a alma ainda vive.

A alma é a parte intelectual do homem, é a alma que possui os poderes de decisão dentro do corpo, é ela que obedece ou não a Deus, é ela que decide consagrar se a Deus, ou menosprezar os conselhos do Espírito, e por esta razão a alma receberá julgamento pelos atos e decisões que tomou enquanto ainda vivia o corpo.

Na Bíblia encontramos o exemplo da Parábola do Rico e Lazaro no evangelho de Jesus segundo Lucas 16.19 a 31, ambos viviam no mesmo mundo, e na mesma época, eram separados pela classe social em que viviam, e pela fé que possuíam, e quando morreram, ambos continuaram separados, o corpo se desfez, mas a alma continuou a viver fora do corpo, não neste mundo, mas num mundo espiritual, notemos agora alguns pontos nesta passagem bíblica:

5.1. Após a morte do corpo a alma continua a viver.
Após a morte do Rico e de Lazaro, ambos ainda podiam pensar, apreciar, viver bem ou mal, Lazaro de acordo com os ensinamentos bíblicos, tanto Lazaro como rico, estavam bem conscientes, tinham lembranças de suas vidas antes da morte, sabiam onde estavam, o rico demonstrou conhecer a Abraão e também a Lazaro, e também demonstrou arrependimento.

5.2. A alma não pode voltar ao corpo.
Esta história mostra que a alma é imortal, mesmo havendo a morte do corpo, o homem continua a possuir o poder de pensar, enxergar, conversar, falar, arrepender, porém mesmo havendo arrependimento a alma não tem o poder de voltar a viver no corpo, mesmo que seja em um outro corpo qualquer, isto não lhe é possível, o Rico pediu a Abraão que lhe permitisse voltar a vida, que ressuscitasse, afim de que pudesse avisar seus irmãos para não cometem o mesmo erro que ele, porém isto não é possível a alma.

5.3. O destino da alma.
Enquanto Lázaro estava no seio de Abraão, o paraíso de Deus, que também Jesus prometeu ao ladrão na cruz, Lucas 23.43, o Rico que neste mundo teve uma vida em desobediência, estava no Hades, um lugar de tormento, de angustia, e de muita dor, lá a sede é imensa, e as lembranças dos erros desta vida são constantes, o desejo de voltar ao passado estão ao todo momento, porém isto não é possível.

Existem dois destinos para a alma, um para os salvos em Cristo, e outro para aqueles que rejeitaram o amor de Cristo.

6. A alma e o coração.
Tanto as Escrituras como a própria ciência, dizem que o coração é o “centro de uma coisa”. A palavra ocorre 820 vezes na Bíblia.

No hebraico “lebh” que traduz por coração e significa: parte interior, ser interior, mente, vontade, coração, inteligência, consciência, lugar dos desejos, emoções e paixões.

O termo denota vários significados e aplicações: Às vezes, depende do contexto, podendo ser é apenas um órgão físico do corpo humano, ou as vezes refere-se a sede da alma. Na Bíblia encontramos poucas passagens e de algum modo especificadas. Dentre as mais claras é a de 1ª Samuel 25.37: “...se amorteceu nele o seu coração, e ficou ele como uma pedra”. Isaías 1.5 também dá a luz sobre o significado do pensamento: “...toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco”.

No Novo Testamento o mesmo emprego é feito da palavra grega “kardia” em sentido geral e no hebraico “lebh”. Duas palavras mais são denotadas para o significado do pensamento principal: “nous” (mente), e “syneidesis” (consciência) que também focaliza-se como sendo sinônimos daquilo que chamamos: “coração”.

A Bíblia como fonte geral apresenta o coração como representante legal da vida e de outras atividades e acrescenta: “sobretudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23).

Em provérbios 15.13, o coração aparece como sede da alegria (presenciada no rosto). Já em outras passagens, o coração é encarado como órgão do corpo e como tal é a sede da vida física (Sl 38.10-11; Is 1.5). Quando o coração é fortalecido pelo alimento, o homem inteiro se revivifica (Gn 18.5; Jz 19.5; 1º Rs 21.7).

Outros escritores apresentam o coração como a sede das emoções, seja da alegria (Dt 28.47), ou da dor (Jr 4.19), da tranquilidade (Pv 14.30), e da excitação (Dt 19.6, etc.). Pode também ser visto como a sede do entendimento e do conhecimento, das forças e poderes racionais (1º Rs 3.12; 4.20), bem como de fantasias e visões (Jr 14.14). De outro lado, a estultícia (Pv 10.20, 21) e os maus pensamento (Mt 15.19).

O coração sempre está em foco em qualquer atividade, ou seja, vida física ou vida espiritual. Cabe o interprete ler o contexto bíblico, analisar o hebraico e o grego para fazer uma boa interpretação.

7. A alma e o sangue.
No conceito geral das Escrituras, a ordem divina é: “Estatuto perpétuo será durante as vossas gerações, em todas as vossas moradas; gordura nenhuma nem sangue jamais comereis” (Lv 3.17).

No presente texto está a ordem divina de não comer “sangue”. Um estatuto perpétuo para os filhos de Israel. “Portanto, tenho dito aos filhos de Israel: nenhuma alma de entre vós comerá sangue, nem o estrangeiro que peregrina entre vós o comerá” (Lv 17.12)

Não apenas segundo se depreende como prescrição higiênica, mas altamente religiosa, pois pretender aumentar a própria vitalidade comendo sangue dalgum animal lesa o direito de Deus, único dispensador da vida.

Todo o animal beneficiado deve ser sangrado e seu sangue recoberto com pó (Lv 17.13). Esta interdição divina, segundo é entendido, entrou em regra para os cristãos gentios de Antioquia (At 15.19-21), embora apenas consideração aos cristãos judeus, pois Cristo foi feito de já Senhor dos vivos e dos mortos (Rm 14.1-9).

Quando se alude ao sentido da proibição do sangue como sendo a vida, devemos ter em mente o termo usual hebraico “nephesh” = shamah em Isaías 57.16 que significa: respiração, fôlego.

“Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida” (Lv 17.11).

Conforme gênesis 2.7 deixa claro, seu significado primário é “possuidora da vida”. Por esse motivo é aplicado frequentemente aos animais como seu equivalente. Mas isso não quer dizer que a alma dos animais seja da mesma substância da que foi feita a alma humana.

Quando nos referimos a “que a alma é o sangue, nos referimos a uma “alma psychê” (a substância espiritual racional do homem), e sim, a “nefphesh” (o princípio da vida limitada – vida sensitiva).

Algumas vezes a alma é identificada com o sangue como essencial à existência física (Gn 9.4; Lv 17.10). Num contexto geral, até certo ponto, o sangue é a vida (vida limitada que termina com a morte), mas a vida não é o sangue (vida ilimitada da alma que continua além-túmulo). O sangue é que anima a carne, assim a Bíblia usa certas expressões similares dentro do assunto em foco, tais como “a alma de toda a carne é o seu sangue” (Lv 17.14).

Certas pessoas entendem que a alma é o sangue. Mas dentro de um contexto bíblico podemos concluir que não. Deus é espírito (Jo 4.24), mas também possui uma alma que são os Seus sentimentos: “a minha alma se aborrecerá de vós” (Lv 26.30). “Porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma não vos aborrecerá” (Lv 26.11). Aqui Deus está falando num sentido literário e não figurado “e a minha alma não vos aborrecerá”.

Sendo Deus Espírito e como já vimos possui também uma alma, então a alma não é o sangue. Conforme Paulo ensina o homem possui corpo, alma e espírito (1ª Ts 5.23), mas o corpo e o sangue não herdarão o reino de Deus (1ª Co 15.50).

Se para alguns a alma está no sangue, como pode Deus ter uma alma? Como já vimos a alma e o espírito são imateriais e sendo assim somos a semelhança de Deus.

Se a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus e se alma é o sangue, como pode Deus ser contrário a Sua própria Palavra? Deus não tem sangue, mas tem alma:

“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios” (Is 42.1).

Aqui o Deus Pai quando diz: “ao meu servo”, refere-se a ao Seu Filho Jesus Cristo, que foi ungido pelo o Espírito Santo. Aqui Deus diz “...em quem a minha alma se compraz...”. Com base neste versículo e outros, podemos afirmar que a alma não tem sangue. E como já dissemos o sangue não está na alma. Mas o sangue é a vida limitada que termina com a morte, ou seja, o sangue é a vida terrena e a alma é a vida após morte.

O apóstolo Paulo em vários de seus elementos doutrinários emprega o termo psychê (parte imortal) por doze vezes nas suas epístolas. No Novo Testamento, o vocábulo “psychê” ocorre de onze vezes com sentido especial. Sendo que em alguns casos denota a existência “além-túmulo”.

No Antigo Testamento, especialmente em Levítico (17.11), faz-se distinção entre a alma dos animais (o sangue) e a alma dos homens (psychê).

“Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida” (Lv 17.11).

O sangue é a vida limitada pela morte. Tanto o animal como um ser humano ao morrer o seu coração para de bater. A vida para os animais acaba ali na sua morte. Mas para o homem é diferente, ou seja, a vida continua após a morte. Pois a morte não faz cessar a existência da alma humana.


É evidente que, quando as Escrituras aludem que o sangue é a “vida” ou vice-versa, significa: vida limitada ou vida sensitiva e não vida racional. O sangue, portanto, é a vida para que seja vivida através do corpo enquanto que a vida natural da alma é a vida para ser vivida aqui e na eternidade.

Pr. Elias Ribas

sábado, 27 de fevereiro de 2016

O ESPÍRITO HUMANO


1. Definição do termo.
A palavra “espírito” vem de uma raiz hebraica: “ruach”, do qual se deriva o vocábulo grego “pneuma”; e no lat. spiritus. Nas três línguas clássicas, o termo espírito comporta o mesmo significado: sopro, hálito, vento, princípio de vida. O seu significado teológico, porém, vai muito além. Espírito é a parte imaterial que o Supremo Deus insuflou no ser humano, transmitindo-lhe a vida, o movimento e a semelhança com a divindade. O espírito é o âmago e a fonte da vida humana. É a sede das qualidades espirituais do indivíduo, ao passo que os traços de personalidade residem na alma. Maria cantou para Deus e estabeleceu diferença entre espírito e alma (Lc 1.46-47).

Em geral os escritores bíblicos, especialmente os do Antigo Testamento, não se preocupam em distinguir o espírito da alma ou vice-versa. A distinção entre espírito e alma é decorrente da revelação progressiva de Deus no Novo Testamento.

Quando nos referimos ao “homem interior”, a Bíblia emprega vários termos: alma, espírito, coração, e mente. Destes termos, os dois – alma e espírito, são dadas proeminente especial.

Números 16.22 e 27.16, dizem que Deus é o Criador do espírito humano, e que Deus o fez de forma individual. Ele está na parte interior da natureza do homem, e é capaz de renovação e de desenvolvimento. O Espírito é a sede da imagem de Deus no homem, imagem perdida com a queda, mas que pode ser restabelecida por Jesus Cristo (Cl 3.10; 1ª Co 15.49; 2ª Co 3.18).

2. O espírito humano é obra do Criador.
O Senhor Deus soprou o espírito de vida no corpo inanimado “e o homem foi feito alma vivente”.

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente” (Gn 2.7).

Habitando no ser humano, existe o espírito dado por Deus em forma individual (Nm 16.22 e 27.16).

O espírito foi formado pelo Criador, na parte interna da natureza humana, capaz de renovação e desenvolvimento. Este espírito é o centro e a fonte da vida humana. A alma por sua vez possui e usa essa vida, e lhe dá expressão por meio do corpo.

Segundo Myer Parlmam “A alma é um espírito encarnado”.
Somos uma alma que habita num corpo e possui um espírito (Gn 2.7 e Sl 51).
O espírito fez o homem diferente de todas as demais coisas criadas, é dotado de vida humana e inteligência, e isto distingue da vida dos irracionais, (Jó 32.8).
O espírito é a lâmpada de Deus dentro de nós.

3. O espírito do homem e o Espírito Santo.
3.1. Deus é Espírito. Jo 4.24: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.

Entende-se que, para que possamos ter contato com a matéria precisamos ser matéria, da mesma forma, para que possamos ter contato com Deus que é Espírito, precisamos ser um espírito também. Não ouvimos a voz de Deus com os nosso ouvidos físicos e tão pouco o veremos com os olhos da carne. Mas, a Bíblia afirma que é possível conhecer a Deus e este contato é possível apenas através de nosso espírito

Assim como o espírito humano foi divinamente inspirado no primeiro homem, assim também o Espírito Santo foi soprado aos primeiros discípulos: “E havendo dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22). Adão foi feito vivo pelo sopro de Deus e nós, como “novas criaturas” em Cristo, somos feitos espiritualmente vivos pelo “sopro de Deus”, o Espírito Santo (2ª Co 5.17, João 3.3, Romanos 6.4). Após a aceitação de Jesus Cristo, o Espírito Santo de Deus se une com o nosso próprio espírito de maneiras que não podemos compreender. O apóstolo João disse: “Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós: por ele nos ter dado do seu Espírito” (1ª João 4.13). Esse Espírito Santo é o Espírito de Deus. E ele não é o mesmo do espírito do homem. Deus dá o Espírito Santo a quem Ele quer, “Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas sim a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo” (1ª Ts 4.8).E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20.22).

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.

A Bíblia explica que se você não tiver esse Espírito Santo, você não vai entender as coisas espirituais de Deus. O Espírito Santo de Deus é que nos dá a capacidade de entender as coisas de Deus. Sem esse Espírito é impossível tentar entender qualquer coisa espiritual.

Deus exige de você uma condição para Ele lhe dar Seu espírito, “E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”, Atos 5.32.

“O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm. 8.16).

O espírito do homem regenerado é o lugar onde o homem opera junto com Deus. Nosso espírito é regenerado e renovado e Aquele que habita neste novo espírito é o Espírito Santo. Os dois dão testemunho juntos.

5. Os cinco sentidos do espírito.

5.1. Fé. Significa confiança, crença. Logo a fé vem pelo ouvir, e o ouvir vem pela Palavra de Cristo (Rm 10.17).
Então de acordo com a Bíblia posso garantir que a fé está ligada ao ouvir, mas ela também está ligada ao imaginar. Ao ouvir a Palavra ficamos mais fortes e confiantes e imaginamos o que queremos atingir com a nossa fé. Em Hebreus 11.1 diz que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem. Podemos dizer também que a fé sem ação é uma fé morta, então não adianta nada ter fé e não por ela em ação. Para agir usamos nosso corpo e nossa mente, ou seja corpo e alma.

5.2. Esperança. É quando desejamos muito que aconteça alguma coisa na nossa vida e por mais que demore esperamos que aconteça. A esperança está ligada a nossa mente, ela nos fortalece para que possamos seguir em frente, mesmo quando tudo da errado. A esperança está ligada a fé, pois mesmo quando tem tudo para dar errado continuamos confiantes e esperançosos.

5.3. Devoção. É uma dedicação a Deus, as pessoas tem canalizado a devoção para o lado errado. Então devoção é um encontro diário com Deus, é um momento intimo entre você e o criador. Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava. A devoção está ligada a fé e a esperança, devemos nos dedicar, crer e esperar em Deus.

5.4. Reverência. Sentimento de respeito, amor e humildade. Quando reverenciamos Deus de joelhos demonstramos nossa gratidão, pois sem a presença dele somos vazios, solitários e inúteis. De joelhos em reverencia demonstramos nossa fé, nossa esperança e nossa devoção.

5.5. Adoração. A adoração verdadeira é a honra prestada a Deus, a adoração exige amor, honra e respeito. A adoração é espiritual, pois Deus é espirito. A verdadeira adoração exalta a grandeza e a gloria de Deus. A adoração verdadeira está descrita na oração que Jesus deixou, o pai nosso, basta seguir e será um verdadeiro adorador. A Bíblia diz que Deus habita nos louvores, então cante e exalte ao senhor. Atribuam ao Senhor a glória que o seu nome merece; adorem o Senhor no esplendor do seu santuário.

6. Os animais tem espírito e alma?
Os animais não tem espírito. Eles somente possuem alma (Ec 3.21, Jó 32.8). Os irracionais não podem conhecer Deus, (1ª Co 2.11; 14.11; Ef 1.17; 4.23, e não tem relações pessoais com Ele.

Os animais têm uma nephesh (Gênesis 1.20), mas os seres humanos têm uma neshamah. Neshamá é a consciência e intelecto do homem que é uma parte da Divindade e, portanto imortal, por isso quando lemos no relato das Escrituras Hebraicas que D’us assoprou nas narinas do homem o Fôlego da vida, em hebraico lemos a palavra neshamá.
Deus fez o homem diferente dos animais por ter nos criado “à imagem de Deus” (Gênesis 1.26-27). Portanto, o homem é capaz de pensar, sentir, amar, projetar, criar e desfrutar de música, humor e arte. E é por causa do espírito humano que temos um “livre-arbítrio” que nenhuma outra criatura na terra tem.

7. O Espírito tem vida própria?
Efésios 2.5: “Estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”.

Sem Jesus o homem está morto espiritualmente é o que diz o apóstolo Paulo. Estávamos mortos em nossos pecado, mas quando aceitamos a Cristo como nosso Salvador, somos vivificados nascemos de novo pela Sua graça.

Portanto, para mantermos nosso espírito vivos precisamos alimentá-lo, pois ele necessita basicamente de três “alimentos”, que são: LOUVOR, PALAVRA E ORAÇÃO. Ele deve buscar renovação constante no Espírito de Deus.

8. O espírito do homem representa a natureza suprema do homem, e a qualidade de seu caráter.

Há dois pecados que o homem pode cometer no seu espírito. Orgulho e rebeldia.
Aquilo que domina o espírito torna-se tributo de seu caráter. Por exemplo:

8.1. Orgulho. Arrogância de viver, orgulho, jactância, insolência, presunção; o homem que pensa e fala muito de si mesmo e seus bens e benefícios, suas riquezas, seus feitos, sendo estes quase sempre falatórios e exageros seus; um petulante convencido e vaidoso.

- Pv 16.18:A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda”. Isto reflete a queda do caráter, vejamos a seguir, outros espíritos que podem levar-nos a queda de caráter.

8.2. Espírito rebelde. Rebelde é um adjetivo para qualifica alguém que não obedece ninguém e nem escuta conselhos, que acredita que possui uma autoridade legítima.

1ª Samuel 15.22-23: “Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros.
Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”. Jeremias 5.23: “Mas este povo é de coração rebelde e pertinaz: rebelaram-se e foram-se”.

Números 20.10: “E Moisés e Arão reuniram a congregação diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós”?

Salmo 78.8: “E não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel a Deus”.

Quando o espírito luta, mas perde, o homem torna-se vítima de seus sentimentos e apetites naturais (é carnal). Esse estado de vida é descrito como morte espiritual, então faz-se necessário um novo nascimento (Ez 18.31; Sl 51.10).

Is 19.14. Espírito impaciente - Sl 106.33. Espírito de servidão - Pv 14.29 e Rm 12.15, e outros. Porém, em Ez 18.31, nos fala sobre o arrependimento que renova o espírito.

9. A fusão do espírito com a alma após a morte.

“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7).

O homem interior “espírito e alma” se desintegram do homem exterior “corpo físico” e seguem o seu destino: Céu ou Inferno, dependendo do contexto (cf. Lc 16.31). Esse é o momento em que se descreve o momento da morte. A morte é, então, a separação da alma e espírito do corpo, e através dos quais (alma e espírito) são introduzidos no mundo invisível.


Mas o corpo foi formado do pó da terra (Gn 2.7). A herança do pecado é a morte física: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19).

Pr. Elias Ribas

sábado, 30 de janeiro de 2016

A TRÍPLICE NATUREZA DO HOMEM


Quando passamos a analisar o homem do ponto de vista de sua constituição, a antropologia teológica passa a descrevê-la como um trino, isto é, composto de três partes: corpo, alma, e espírito. Porém, quando o analisamos do ponto de vista de sua natureza, então ele é visto como um ser portador de duas naturezas: a humana (ligada com o corpo) e a divina (ligada com a alma e o espírito). No início, quando Deus criou o homem, Ele o formou do pó da terra e depois soprou o “fôlego de vida” em suas narinas. Tão logo o fôlego de vida, que se tornou o espírito do homem, entrou em contato com o corpo do homem, a alma foi simultaneamente produzida. Portanto, a alma é a combinação do corpo e do espírito do homem.

Segundo está declarado, o homem é formado de corpo, alma, e espírito. Isso significa que, etimologicamente falando, ele se compõe de duas partes: material e imaterial.

A primeira parte, o corpo - fala daquilo que é material; a segunda, porém, composta da alma e do espírito – fala daquilo que é espiritual.

O homem sendo uma criatura de Deus, possui mente, emoções e vontade, para que possa comunicar-se espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo e servi-lo com fé, lealdade e gratidão.

O corpo é o veículo usado pela alma e o espírito. A consciência é o órgão que discernente que distingue entre o certo e o errado. A fé é a crença em um Deus; é o ato de confiar e crer em Deus.

Seria bom reconhecer que, quando necessário, a Bíblia dá aos dois termos um significado distinto e, quando nenhuma diferença especifica está sendo considerada, a Bíblia dá entender tanto a dicotomia (duas partes) como a tricotomia (três partes).

Mas quando há necessidade especifica, a Bíblia define com precisão a distinção de ambos e, evidentemente, o significado do pensamento que se fizer necessário.

Somente a Palavra de Deus estabelece a diferença real entre a alma e espírito: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).

Assim como no início da criação a Palavra de Deus operou na modificação caótica, separando a luz das trevas, assim também agora ela opera dentro de nós, como a espada do Espírito, penetrando até a divisão da alma e do espírito.

Daí, a mais nobre habitação de Deus; nosso espírito. A alma e o espírito, assim distinguidos, não podem se não as duas substâncias imortais da natureza imaterial do homem, entre as quais as Escrituras, ao contrário do que muitos pensam, sempre distingue.

O homem é comparado a um templo, especialmente ao antigo templo judaico. A primeira parte (o corpo) representa o átrio exterior. A segunda parte (a alma) figura o Santo lugar. Enquanto que a terceira parte (o espírito) prefigura o Santo dos Santos.

Para que se tivesse a aproximação dos dois últimos (o Santo e o Santíssimo), se fazia necessário algum sacrifício. O sacerdote dividia o sacrifício, assim também agora o Sumo Sacerdote divide nossa alma e espírito.

A faca sacerdotal era de tal agudeza que fazia com que o sacrifício fosse cortado em dois – sempre no expressivo: “aquelas metades” (Gn 15.10-17).

Essa divisão da alma e do espírito não significa apenas sua separação, mas também uma fenda aberta na própria alma. Visto que o espírito está envolvido pela alma, ele não pode ser alcançado antes que a Palavra da Cruz de Cristo penetre abrindo um caminho (o da obediência) à vontade divina. Quando assim sucede, Deus atravessa as duas camadas anteriores (corpo e alma), alcançando “...com poder, pelo Seu Espírito, no homem interior” (Ef 3.16). Agora, a ação poderosa de Deus opera em nós, não de “fora para dentro” (do corpo para o espírito), e sim, de “dentro para fora” (do espírito para o corpo) e é isso que diz Paulo, por amor de seu argumento: “...todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis...” (1ª Ts 5.23).

O homem é composto, então, de dois elementos: um material e um imaterial. Ao material chamamos corpo. Nele são exercidas as relações do imaterial, tais como intelecto, consciência, alma. Ao imaterial chamamos de alma e espírito. Esta parte imaterial do homem torna-se uma personalidade espiritual. Nesta condição imposta pelo Criador, o homem difere bastante dos outros seres criados.

Sobre o conjunto completo que denominamos ser “o homem”, diz o doutor C.I. Scfield: “sendo o homem espírito, e capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com Ele; sendo alma, ele tem conhecimento de si mesmo; sendo corpo, ele tem através dos sentidos, conhecimento do mundo em que vive”. Portanto, é através do conhecimento do corpo físico que o homem entra em contato com o mundo material. Assim, podemos classificar o corpo como aquela parte que nos dá “consciência do mundo”. A alma inclui o intelecto, que nos ajuda no presente estado de existência e as emoções, que procedem dos sentidos. Visto que a alma pertence ao próprio ego do homem e revela sua personalidade, ela é denominada a parte da “autoconsciência”.


O espírito é aquela parte pela qual nós temos comunhão com Deus e somente pela qual nós podemos compreendê-lo e adorá-lo. Por indicar nosso relacionamento com Deus, o espírito é denominado o elemento da consciência de Deus.

Pr. Elias Ribas

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

ANTROPOLOGIA BÍBLICA




I.         INTRODUÇÃO

Etimologicamente, Antropologia significa ciência do homem; ciência que estuda o homem, suas obras e seu comportamento desde seu aparecimento sobre a Terra.

Homem do heb. Adam, gênero humano; do gr. anthropos, aquele que olha para cima; do lat. homo, originário de humus, chão, terraaquele que veio da terra. Ser racional composto de: espírito, alma e corpo (1ª Ts 5.23).

Essa ciência pode ser examinada de dois ângulos totalmente diferentes, a saber, o da filosofia humana e o mandamento da Bíblia. Razão por que a antropologia meramente humana distingue-se como ciência que estuda o homem do ponto de vista físico-somático e do ponto de vista histórico, sua origem e seus princípios.

Evidentemente, no estudo em foco, vamos destacar o homem segundo a Bíblia, por se tratar da doutrina da salvação. Portanto, iremos estudar cada tema e assunto à luz de cada texto e contexto.


E, neste vasto mundo de ideias, tomamos como fonte principal a Bíblia, a imortal Palavra de Deus.

II. A ORIGEM DO HOMEM
 

Gn 1.26-27: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.

Gn 2.7:E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente”.

A Bíblia nos apresenta um duplo relato da origem do homem, o primeiro relato está em Gênesis capítulo 1, versículos 26 e 27; e o segundo está no capítulo 2, versículos 7, 21-23, do mesmo livro. A primeira narrativa contém o relato da criação de todas as coisas na ordem em que ocorreu, enquanto que a segunda agrupa as coisas em sua relação com o homem, sem nada implicar com respeito à ordem cronológica do aparecimento do homem na obra criadora de Deus, e indica claramente que, tudo que o precedeu, serviu para preparar uma adequada habitação para o homem, como rei da criação. As Sagradas Escrituras nos mostra como o homem foi criado, rodeado pelo mundo animal, vegetal e como iniciou a sua história.

1.      Deus formou o homem do pó da terra.
Para formar o corpo do homem, Deus utilizou de matéria existente. Deus tomou o pó da terra e com ele modelou o ser que chamou de “homem”.

A frase hebraica que traduzimos como “pó da terra” é “apar min-hadamah”. APAR significa “poeira” e MIN-HADAMAH significa “do solo”. APAR é o mesmo nome usado na frase muito conhecida de Gênesis 3.19: “pois tu és pó e ao pó tornarás.

A expressão hebraica significa claramente “terra solta que encontramos no chão”.

O homem foi feito do pó da terra, sendo, portanto, da terra (Salmos 10.18). Seu corpo consiste dos elementos da terra, cujas exatas proporções são conhecidas. Segundo as melhores autoridades, foram encontrados 34 elementos químicos no corpo humano. Os principais são:
Oxigênio: 66,0 %.
Carbono: 17,5 %.
Hidrogênio: 10,2 %.
Nitrogênio: 2,4 %.
Cálcio: 1,6 %.
Fósforo: 0,9 %.
Potássio: 0,4 %.
Sódio: 0,3 %.
Cloro: 0,3 %.
Enxofre: 0,2 %.
Magnésio: 0,105 %.
Ferro: 0,005 %.
Há ainda outros elementos que, apesar de importantes, aparecem em quantidades bastante reduzidas. É o caso do manganês, cobalto, iodo, flúor, cobre, alumínio, níquel, bromo, zinco, silício e outros.

Todos estes elementos estão contidos na terra. É, portanto, estritamente e literalmente verdade que o homem é formado do pó da terra.

2.      O significado de Adão.
“Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará” (Gn 3.19).

Segundo a Bíblia no Livro de Genesis, Adão e Eva foram o primeiro casal criado por Deus.
Adão (do heb. אדם relacionado tanto a adamá, solo vermelho ou do barro vermelho, quanto a adom, “vermelho”, e dam “sangue”) é considerado dentro da tradição judaica-cristã o primeiro ser humanos criado por Deus. Teria sido criado a partir da terra à imagem e semelhança de Deus para domínio sobre a criação terrestre.

3.      O homem como um ser físico.
O físico é o aspecto pelo qual o homem é melhor conhecido.
O homem é composto por: Cabeça; tronco e membros.
O corpo humano possui 13 elementos, sendo 8 sólidos e 5 gasosos.

4.      A criação do homem foi precedida por um solene conselho divino.
Antes de mencionar a criação do homem, Moisés nos leva a conhecer o conselho de Deus, relacionado à criação do homem nas seguintes palavras: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26).

5.      A criação do homem foi um ato imediato de Deus.
Algumas das expressões utilizadas na narrativa da criação do homem indicam que ela acontece de uma forma imediata, ao contrário do que aconteceu na criação dos demais seres e coisas criadas em geral. Observem as seguintes expressões:

Criou Deus a relva. “E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que deem semente, e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim foi...” (Gn 1.11).

Criou Deus a demais coisas. “Disse também Deus: Povoem-se as águas de enxames de seres viventes; e voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus” (Gn 1.20). “Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez” (Gn 1.24-ARA) Compare estas expressões com a simples declaração:

“Criou Deus, pois, o homem” (Gn 1.27). Ele criou as várias espécies e então as deixou para que se desenvolvessem e propagassem segundo as leis do seu ser. Deus planejou a criação do homem, imediatamente o criou.

6.        O home foi criado segundo um tipo divino.
Com respeito aos demais seres vivos, tais como os peixes, aves do céus e dos seres marinhos inexistente na declaração da criação do homem. Isto é, Deus planejou a criação do homem e imediatamente a efetuou.

7.        O homem foi feito coroa da criação.
O homem é mostrado na Bíblia como alguém que está no ponto mais elevado de todas as coisas criadas por Deus. Foi coroado como rei da criação e recebeu o domínio sobre todas as criaturas. Como dominador, foi dever do homem fazer com que toda a natureza e todos os seres criados, que foram colocados sob o seu governo, servissem à sua vontade e ao seu propósito, para que ele e todos os seus gloriosos domínios, magnificassem o Todo-poderoso criador e Senhor do Universo (Gn 1.26-28; Sl 8.4-9).

8.      O s elementos da natureza humana se distingue.
Em Gênesis 2.7, vemos a distinção clara entre a origem da alma. O corpo foi formado do pó da terra, material preexistente. Na criação da alma, no entanto, não foi usado material preexistente, mas sim a formação de uma nova substancia. Isto quer dizer que a alma do homem foi usada uma nova criação de Deus.

A Bíblia diz que o Senhor soprou nas narinas do homem “...o folego de vida e o homem passou a ser alma vivente”. (Gn 2.7).

III.         QUE É O HOMEM

O patriarca Jó foi o primeiro dos homens mencionados na Bíblia a interrogar o homem.
“Que é o homem, para que tanto o engrandeças, e ponhas sobre ele o teu pensamento, 18 e cada manhã o visites, e cada momento o proves”? (Jó 7.17-18).

Depois foi a vez do salmista indagar: “Que é o homem, que dele te lembres?” (SI. 8.4), “Senhor, que é o homem para que dele tomes conhecimento? E o filho do homem para que o estimes?” (Sl. 144.3).

Se quisermos conhecer o homem, temos de ir além do que ensina a filosofia e as demais ciências humanas, temos de tomar posse das Escrituras, pois só elas respondem satisfatoriamente toda e qualquer indagação quanto ao passado, presente e futuro do homem.

Alguém definiu o homem nas seguintes palavras: “O homem é um embrulho postal que a parteira despachou ao coveiro”. A Bíblia fala acerca do homem como um ser cuja a existência física está limitada aos poucos anos que Deus lhe deu na terra.
A. Os dias de um jornaleiro (Jó 7.1).
B.  Uma lançadeira (Jó 7.6).
C. Uma sombra (Jó 8.9).
D. Um corredor rápido (Jó 9.25).
E. A extensão de alguns palmos (Sl 39.5).
F. A urdidura de um tecelão (Is 38.12).
G. A neblina passageira (Tg 4.14).

Pr. Elias Ribas