TEOLOGIA EM FOCO

domingo, 24 de abril de 2016

A DOUTRINA DO PECADO


I.  A DEFINIÇÃO DO PECADO

Pecado do hebraico hattah; do grego harmartia e do latim peccatum. O pecado é um mal moral; é violência, corrupção. Errar ou desviar-se do caminho de retidão e honra, fazer ou andar no erro. Pecado significa “errar o alvo”, como um arqueiro que atira, mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o alvo final da vida. É também “errar o caminho” como um viajante que sai do caminho certo. Pecado é uma falta de integridade e retidão, uma saída da vereda designada. É uma revolta ou uma recusa de sujeição à autoridade legítima, uma transgressão da lei divina. O pecado é uma fuga ímpia e culposa da lei de Deus; é também culpa, infidelidade, falsidade, engano, dívida, desordem, iniquidade, queda, obstinação, desobediência, falta, derrota, impiedade, erro, morte; pecado, uma ofensa, uma violação da lei divina em pensamento ou em ação etc. (Gn 6.11; Êx 20.1-17; Sl 1.1; 12.2; 24.4; 37.38; 41.6; 51.13; 58.3; Pv 1.22; 19.5, 9; Is 14.13,14; 53.12; Ez 7.23; Mt 6.2; 7.26; Jo 8.44; Rm 1.18; 2ª Tm 2.16; Hb 2.1-3; 3.13; 1ª Jo 3.4).

O pecado nos separa de Deus. O pecado nos tira do meio em que devemos viver. O pecado converte luz em trevas, a alegria em tristeza, o céu e no inferno, a vida: em morte. Pecado é violar a lei moral de Deus. O pecado é o maior e o mais terrível inimigo da alma humana. Ele destrói as promessas, mata as esperanças, dá-nos serpentes em vez de peixes, pedra em lugar de pão, tormento em lugar de prazer. O pecado sempre destrói e nunca edifica; promete, mas nunca cumpre a promessa. Como dizem as Escrituras: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). O autor da epístola aos Hebreus nos exorta a estarmos sempre vigilantes sobre “o pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1). Existe o pecado por comissão (Tg 1.15) e o pecado por omissão (Tg 4.17).

II. O PECADO ORIGINOU-SE NO MUNDO ANGÉLICO

Para se conhecer a origem do pecado, devemos retomar a queda do homem descrita em Gn 3; e olhar atentamente algo que aconteceu no mundo dos anjos. O Senhor Deus criou um número enorme de anjos e todos estes eram bons (Gn 1.31). Porém, Lúcifer e legiões deles rebelaram contra Deus, pelo que caíram em condenação. A época exata dessa queda não é indicada na Bíblia, mas em Jo 8.44, o Senhor Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio. O apóstolo João, na sua primeira epístola diz que “o diabo peca desde o princípio” (1ª Jo 3.8). Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda dos anjos. Mas, quando da exortação de Paulo a Timóteo, a que nenhum neófito fosse designado bispo, “para que não se ensoberbeça e caia na condenação do diabo” (1ª Tm 3.6-AEC).

Atualmente há milhões de pessoas que ousam negar a existência do Diabo. A bíblia porém ensina que ele é real; é um ser pessoal e maligno (Ap 12.10; 1ª Pe 5.8; Is 27.1; Ap 20.2; 2ª Co 4.4).

Podemos concluir com toda convicção, que foi o pecado do orgulho (soberba), de desejar ser como Deus em poder e autoridade (Is 14.12-15).

III.   O HOMEM FOI CRIADO UM SER SANTO

O homem foi criado com um caráter moral e foi lhe dado a capacidade de se tornar santo ou ímpio. O homem foi criado um ser livre e racional. Ele era justo e não injusto, santo, mas não pecador. Ele tinha simplesmente a capacidade de continuar santo ou desobedecer a ordem divina e tornar um pecador. Sendo dotado com razão e livre arbítrio, seu caráter dependia do uso que ele faria daqueles dotes. Se agir certo, ele era justo, mas se agir errado se tornaria injusto. O homem, quando foi criado era certamente inocente de erro. A Bíblia diz em Eclesiastes 7.29: “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.

Deus criou o homem “reto” (yaschar), que quer dizer: moralmente bom, e possuindo a capacidade de escolher e seguir o que é justo e reto.

Adão era um ser reto e possui vida espiritual reta, isto é, era nascido do alto. Deus soprou o fôlego de vida nele que envolveu com vida espiritual. A Bíblia diz que no dia em que ele pecou morreu espiritualmente (Gn 2.15-17). Ao desobedecer a Deus deixou de desfrutar de união espiritual com Deus. E para que ele morresse espiritualmente, era necessário que possuísse vida espiritual, que seu espírito fosse ligado a Deus.

Durante o período indeterminado no qual Adão viveu antes da queda, ele cumpriu a vontade de Deus. Por isso ele estava envolvido espiritualmente com Deus (Gn 2.15). Adão recebia conselho e direção de Deus (Gn 3.8). Mas uma proibição foi imposta a ele: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Na realidade isto foi numa proporção extremamente inferior a todas as graciosas instruções que vieram de Deus.

Os resultados seriam: ou o favor continuo de Deus, por motivo da sua obediência; ou a imposição da penalidade da morte por motivo de sua desobediência.

Adão estava no começo do caminho, e não possuía os privilégios mais altos que Deus tinha para ele. Eles nunca haviam confrontado uma situação ética onde estava clara a necessidade de escolher entre o bem e o mal. Ele ainda não estava acima da possibilidade de escolher entre o bem e o mal. Foi lhe dado um teste exterior e visível que podia determinar se estava disposto a obedecer a Deus em tudo. Ele podia crescer em santidade, maturidade e ter o gozo dessa vida.

A penalidade infligida a ele se transgredisse o mandamento positivo de Deus mostra que ele podia experimentar a morte física, espiritual e eterna – separação da sua fonte de vida, Deus, e a resultante miséria e tristeza. Mas por outro lado, Adão só podia desfrutar da vida espiritual com Deus, se continuasse na obediência a Sua palavra.

IV.   A NATUREZA DO PECADO

1.      O pecado separa o homem de Deus.
O pecado tira o homem do meio em que deve viver. O pecado converte luz em trevas, a alegria em tristeza, a vida em morte. O pecado é o maior e mais terrível inimigo do homem. Ele destrói as promessas, mata as esperanças, dá serpentes ao invés de peixes, pedra em lugar de pão, tormento em lugar de prazer. O pecado sempre destrói e nunca edifica; promete e jamais cumpre a promessa. Como dizem as Escrituras: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

O autor da epístola aos Hebreus exorta à vigilância sobre “o pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1). Existe o pecado deliberado (Tg 1.15) e o pecado por omissão (Tg 4.17).

Infelizmente existem seitas que induzem a prática da imoralidade dizendo que: “a prostituição purifica a alma e o espírito”. Pecar significa transgredir, ferir a lei moral imposta por Deus, ferir a santidade do Criador.

2.      Satanás é quem seduz o homem a pecar.

Satanás é quem seduz o homem ao pecado. Ele é o agente da tentação (Gn 3.1-6). Teologicamente o pecado pode atingir estas três dimensões humanas: corpo, alma e o espírito. Adão ao pecar corrompeu as três partes do homem.

A experiência somente confirma o testemunho das Escrituras: “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1ª João 2.16).

1. Nos apetites malignos da carne - a concupiscência da carne.
2. No materialismo avarento e transitório - a concupiscência dos olhos.
3. No orgulho da vida sem Deus - a soberba da vida.

Concupiscência da carne: Qualquer pecado da carne; desejo da carne: paixões carnais, imoralidades, glutonaria, bebedice, materialismo manifesto pelos prazeres extravagantes, pelos sentimentos, pelo endeusamento das gratificações mundanas e perversas (Gl 5.19-21).

Concupiscência dos olhos: Cobiça, avidez, ambição desenfreada por riquezas, desejo incontido por aquilo que vê, convicto que ficará plenamente satisfeito quando tiver o objeto da sua avareza, sendo isso um engano.

Soberba da vida: Arrogância de viver, orgulho, jactância, insolência, presunção; o homem que pensa e fala muito de si mesmo e seus bens e benefícios, suas riquezas, seus feitos, sendo estes quase sempre falatórios e exageros seus; um petulante convencido e vaidoso.

Analisamos o texto de Gênesis 3.6, veremos os danos que o pecado causou no ser humano.
“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu”.

1. No Corpo: “... a concupiscência da carne...”. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer...”.
2. Na alma: “... a concupiscência dos olhos...”. “... agradável aos olhos...”.
3. No espírito: “... e a soberba da vida...”. “... e árvore desejável para dar entendimento...”.

O Filho de Deus quando estava nesta Terra também foi tentado foi tentado pelo diabo. Tentando no ESPÍRITO, ALMA, E CORPO, mas venceu o pecado e o tentador. Compare a tentação de Jesus:

Lc 4.1-13                                                                     1ª Jo 2.16
Pedras em pães                                                           “Cobiça da carne”.
 Reinos da terra                                                           “Concupiscência dos olhos”.
Pináculo do templo                                                     “Orgulho da vida”.

A causa da alta média de fracassos dentre os líderes cristãos é que estes pensam ser imunes ao pecado. Todo líder sábio que não exercitar o autocontrole poderá cair numa armadilha. Estes são, sem dúvida, alguns dos pecados que tão de perto envolvem os ministros do Senhor (Hb 12.1).

De acordo com 1ª João 2.15, a falta de amor para com Deus abre espaço para que se desenvolva amor pelo mundo, que deixa o crente especialmente vulneráveis a áreas de ataque do inimigo. Se caminhar com fé e firmeza na Palavra, não sentirá inseguro, conseguirá evitar as armadilhas do pecado sexual, da cobiça, e do orgulho. Estas três áreas de pecados acontecem quando há insegurança, falta de fé e confiança no Senhor.

3.      O homem é tentado pela cobiça.

“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta”. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. “Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz ao pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1.13-15).

Na queda do homem Satanás usou a sedução. A sedução é sempre querida e determinada por um inimigo que deseja o mal. Eva declara ter seduzida pela sombria serpente (Gn 3.13; 1ª Tm 2.14). Nesse sentido, a sedução possui a intenção de desviar alguém da obediência devida a Deus (Dt 13.6; Ef 5.6).

Influenciado por ela, o homem pode enganar-se a si mesmo (Jr 17.9) e deixar seduzir põe seu próprio coração, pelo amor ao dinheiro, pela cobiça, pelo orgulho e por outros males grosseiros (Mt 13.22; Hb 3.13; Tg 1.26; 1ª Jo 1.8). A sedução deve ser relacionada com a cobiça, por ocasião do tropeço, com o escândalo: destino de tudo isso é a “queda”; o “mal” daquele que assim avisa.

As três áreas de queda de qualquer cristão são: o amor pelo sexo oposto (imoralidade sexual), o amor pelo dinheiro (o desejo de se tornar rico), e o amor por posições e proeminência (orgulho).

A. Amor pelo dinheiro.

No grego clássico Pleonexia Pleonexia, significa “uma ganância arrogante”, e o espírito que procura tirar proveito do seu próximo. O verbo correspondente, pleonektein, significa “defraudar” ou “burlar”, é um pecado que o N.T., condena sem poupá-lo, repetidas vezes. A palavra ocorre em Mc 7.22; Lc 12.15; Rm 1.29; 2ª Co 9.5; Ef 4.19; 5.3; Cl 3.5; lª Ts 2.5; 2ª Pe 2.3, 14. A “tradução regular da ARC é” “Avareza”. Uma vez, em Ef 4.19, a ARC a traduz por “avidez”. A ARA mantém “avareza” na maioria das passagens, mas traduz por “avidez” em Ef 4.19, “cobiça” em Ef 5.3, e “intuito ganancioso” em lª Ts 2.5. Tem “cobiça” em Lc 12.15, mas sua tradução regular é “concupiscência”, que usa em sete das passagens. Uma vez, em lª Ts 2.5, usa “egoísmo”. A BV traduz Mc 7.22: “desejo de possuir o que pertence aos outros”.

Políbío, o historiador grego, tem um uso sugestivo da palavra. Pleonexia está ligada com conduta “totalmente desavergonhada”, com “ambição que se excede”, com “violência”, com “injustiça”, com “cupidez” pela qual o homem nos seus melhores momentos sentirá tristeza, com a “capacidade” de um oficial desonesto que está resoluto no sentido de despojar o distrito sobre o qual tem autoridade.

Os moralistas latinos o definem como amor sceleratus habendi, “o maldito amor de possuir”. Teodoreto, o comentarista primitivo, descreve-a assim: “sempre visando obter mais, procurando apanhar as coisas que não são apropriadas ao homem possui”. Cícero definiu avaritia, que é o equivalente latino, como injuriosa appetitio alienorum, “o desejo ilícito pelas coisas que pertencem aos outros”.

Em Lc 12.15 é o pecado do homem que avalia a vida em termos materiais, que pensa que o valor da vida acha-se no número de coisas que o homem possui, o homem cujo único desejo é obter e que nunca sequer pensa em dar.


Em Cl 3.5 é identificada com a idolatria. Pleonexia é a adoração aos objetos em lugar de Deus. Uma moeda é um objeto pequeno, mas se for colocada diante do olho cobrirá a vastidão do sol. Quando um homem tem pleonexia no seu coração, ele perde Deus de vista num desejo louco de obter.
Os moralistas latinos o definem como amor sceleratus habendi, “o maldito amor de possuir”. Teodoreto, o comentarista primitivo, descreve-a assim: “sempre visando obter mais, procurando apanhar as coisas que não são apropriadas ao homem possui”. Cícero definiu avaritia, que é o equivalente latino, como injuriosa appetitio alienorum, “o desejo ilícito pelas coisas que pertencem aos outros”.

Em Lc 12.15 é o pecado do homem que avalia a vida em termos materiais, que pensa que o valor da vida acha-se no número de coisas que o homem possui, o homem cujo único desejo é obter e que nunca sequer pensa em dar.

Em Cl 3.5 é identificada com a idolatria. Pleonexia é a adoração aos objetos em lugar de Deus. Uma moeda é um objeto pequeno, mas se for colocada diante do olho cobrirá a vastidão do sol. Quando um homem tem pleonexia no seu coração, ele perde Deus de vista num desejo louco de obter.

B. O amor por posições e proeminência.


Em lª Ts 2.5 e em 2ª Pe 2.3 descreve o pecado do homem que usa sua posição por vantagem própria, para aproveitar-se das pessoas a quem deve servir, o homem que vê seus vizinhos como criaturas a serem explodidas e não como filhos de Deus que devem ser servidos.

Pleonexia é o pecado do homem que deu livre vazão ao desejo de ter o que não deve, que pensa que seus desejos, apetites e concupiscências sãos as coisas mais importantes do mundo, que vê outras pessoas como objetos a serem explorados, e que não tem outro deus senão ele próprio e os seus desejos.

            Estes pecados entristecem e afastam o Espírito Santo do ser humano. Onde há concupiscência e soberba no coração, não há lugar para o amor do Pai. O homem terá de escolher um ou outro. A mensagem de João é: se alguém ama o mundo, o amor do pai não está nele (Jo 2.15).

C. O Orgulho: A essência do pecado.
Sintomas do orgulho. Os sutis sintomas do orgulho são bem fáceis de perceber, eis alguns exemplos:

 Sou mais importante: Achar que certas pessoas, ou tarefas estão abaixo da sua dignidade, ou pensar que você é o mais importante que os outros porque você tem uma posição de liderança.

Quero ser servido: Aceitar uma honra especial como líder e ser servido pelos outros, ao invés de dedicar-se a servi-los.

 Sou melhor: Paulo exorta conta o “considerarmo-nos mais importante do que deveríamos” (Rm 12.3). O orgulho começa a nos dominar quando se consideramos mais importante do que devíamos.
Deus odeia o orgulho porque ele é a essência do pecado. Satanás caiu por causa do orgulho (Ez 28.17).
  • D. O pecado sexual.
“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt 5.27-28).

Adulterar para o judeu, observando-se a letra de Êx 20.14, seria deitar com a mulher do próximo. Mas no tempo da graça, é isto e ainda mais. Se apenas tiver um pensamento impuro é adultério, embora não se pratique o ato (Mc 7.22; Rm 1.29; Ef 4.19; 5.3; 2ª Pe 2.14).

 Aqui está à própria essência da palavra. A essência não é o pecado sexual. A essência é o desejo de ter aquilo que é proibido, o desejo de tomar aquilo que não se deve tomar, o não refrear os apetites e desejos contrários às leis de Deus e dos homens.

E. O que levou o rei Davi pecar no seu palácio?
No livro de 2º Samuel a Bíblia relata o pecado de Davi dizendo: “E aconteceu, à hora da tarde, que Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa à vista. E enviou Davi e perguntou por aquela mulher; e disseram: Porventura, não é esta Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu? Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele, se deitou com ela (e já ela se tinha purificado da sua imundície); então, voltou ela para sua casa. E a mulher concebeu, e enviou, e fê-lo saber a Davi, e disse: Pesada estou”. (2º Sam 11.1-5).

O que levou Davi ao pecado foi: A concupiscência dos olhos, a ociosidade e a concupiscência da carne. Davi era o rei de Israel, era casado, mas quando olhou para a beleza da mulher, não se preocupou em saber como era sua vida se era casada ou não e sim em satisfazer o desejo de seus olhos e de sua carne; e fez com que ela viesse á sua presença e deitou-se com ela, e cometeu adultério.

O pecado de Adão e Eva; de Davi e do próprio Lúcifer e muitos outros que a Bíblia relata, são pecados da concupiscência da carne, dos olhos e da soberba da vida.

4. O pecado é um tipo específico de mal.

Nos dias atuais fala-se muito do mal, e relativamente lemos e ouvimos muito pouco a respeito do pecado; esta é uma verdade enganosa. Apesar de todo o pecado ser um mal, nem tudo o que consideramos mal é pecado. Não se deve confundir o pecado com o mal físico que produz prejuízos e calamidades. Existem muitas coisas neste mundo que os homens consideram um mal e que não é pecado. Os ciclones, furacões, as enchentes, os terremotos, as nevasca, secas, etc., são males, mas nenhum deles é pecado. Da mesma maneira, dizemos de animais selvagens, lunáticos perigosos, crianças malvadas, sem querer dizer que são pecadores (Jo 9.1-3). Nossa definição limita o pecado à criatura racional. Como o homem é uma criatura racional, ele sabe que quando faz o que não deveria fazer, ou é o que não deveria ser, é culpado de pecado. O pecado não é uma calamidade que sobreveio inesperadamente ao homem, que envenenou sua vida e arruinou sua felicidade; mas é uma direção que o homem decidiu seguir deliberadamente e que leva consigo miséria inacreditável. Essencialmente, o pecado, não é uma coisa como uma fraqueza, um defeito ou uma imperfeição pela qual não podemos ser responsabilizados, mas é uma verdadeira oposição a Deus. É uma verdadeira transgressão da lei de Deus, constituindo culpa. O pecado é o resultado de uma escolha livre, porém má, do homem. Este ensino é claramente exposto nas Sagradas Escrituras (Gn 3.1-24; Is 48.1-8; Rm 1.16-32).

Nós nos tornamos culpados quando pecamos conscientemente, quando sabemos que certo ato é pecado e ainda assim o praticamos. A Bíblia afirma categoricamente que todos os homens optam pelo pecado (Is 53.6), quando todos decidem fazer o mesmo que Adão fez (Mt 7.13-14). Todos nós, logo que atingimos a idade do discernimento, pecamos voluntariamente. Em outras palavras, nós endossamos o pecado de Adão, pecando. Tornamos-nos voluntariamente transgressores da lei, e conseqüentemente nos achamos sob condenação. Ninguém é condenado pelo pecado de Adão. Isso não seria justo, e Deus não pode ser acusado de injustiça. Ser tentado não é pecado, mas quando cedemos à tentação é que nos tornamos transgressores voluntariamente, e nos colocamos sob condenação. Nós mesmos somos responsáveis pelos nossos pecados e não podemos culpar a ninguém mais. Alguns chegam ao ponto de dizer que nós somos pecadores porque pecamos, mas eu acho que nós pecamos porque cedemos ao pecado.

5. O pecado sempre é dirigido contra Deus.

Não se pode ter uma correta concepção do pecado sem vê-lo em relação com a vontade e a pessoa de Deus. Compreendendo assim, o pecado pode ser interpretado como “falta de conformidade com os preceitos de Deus”. Esta é, sem dúvida, uma correta definição formal do pecado. A grande e central exigência da lei é o amor a Deus. E se, a santidade consiste em amar a Deus, o mal moral, isto é, o pecado consiste no oposto. Pecado é a separação de Deus, a oposição a Deus, o ódio a Deus, e isto se manifesta em constante transgressão da lei de Deus, em pensamentos, palavras e atos. A Bíblia vê o pecado em relação a Deus e sua lei (Rm 1.32; 2.12-14; Tg 2.9; 1ª Jo 3.1).

6. O pecado e essencialmente egoísmo.

A Bíblia Sagrada ensina que a essência da santidade é amar a Deus; o oposto se consiste em que a essência do pecado é amar ao próprio ego. Adão primeiro se inclinou para seu próprio ego, ao invés de obedecer a Deus. O que queremos dizer, é um amor próprio exagerado, que coloca os interesses próprios acima dos interesses de Deus. O egoísmo é a essência do pecado, isto é evidenciado pelo fato de que todas as formas de pecado podem ser traçadas até o egoísmo, que é sua fonte. Assim, os apetites naturais do homem, sua sensualidade, ambições e paixões egoístas brotam de seu ego. O Senhor Jesus ensinou o verdadeiro altruísmo: “Não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou” (Jo 5.30-ARA). Paulo disse que Cristo “morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2ª Co 5.15-ARC). A Bíblia ensina que nos últimos dias os homens seriam “egoístas” (2ª Tm 3.2-ARA). Quando o egoísmo é considerado como uma preferência indevida de nossos interesses aos interesses de Deus, temos no egoísmo à essência do pecado.

Esse juízo teológico implica uma experiência e uma compreensão prévia geral de diversos aspectos do pecado. No capítulo primeiro aos romanos, Paulo pressupõe a desordem humana como experiência antropológica fundamental. O discurso paulino supõe, pois, como óbvio, que todos conhecem a diferença entre o que deve ser e o que é. Paulo esclarece esse ponto, acrescentando dois fenômenos especial impressionantes: apresenta a consciência como o lugar onde se detectam as falhas da conduta humana; onde a acusação subseqüente a falta (“eu não devia”) e a reação de defesa (“não posso ser acusado disso…”) (Rm 2.15). Ao lado dessa experiência interna, ele coloca a experiência interpessoal, segundo a qual o homem usa imagens hostis para si, exaltando a si mesmo e rebaixando os demais. Isso ocorre, por exemplo, quando se mede o outro a partir de uma forma, que recusa aplicar a si mesmo (Rm 2.17-24).

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 13 de abril de 2016

A DOUTRINA DO CORPO HUMANO


1. Definição do termo.
No hebraico, a palavra corpo é basar, no grego a palavra corpo é somma. A palavra sarx traduz, também, a palavra hebraica basar. A tradução mais comum da palavra sarx é “carne.” A marca distintiva de sarx é a transitoriedade e denota o corpo de animais e seres humanos. Neste sentido, pode ser um sinônimo de soma. Na literatura paulina, a palavra é usada tanto para o aspecto físico do homem (Gl 4.12) como as suas inclinações carnais e pecaminosas. Para Paulo, nada de bom reside na sua carne que pode ser instrumento de pecado (Rm 7.18).

Quando falamos de corpo, biblicamente falando, estamos falando da parte visível para habitar no mundo físico; é a parte física do ser humano. O corpo é a parte que se separa na morte física.

Mas o corpo físico pode também ser considerado um “veículo”, que pode servir tanto para santidade quanto para o pecado. Como assim? Em gênesis 3: 1, Satanás utilizou não de um corpo humano, mas de um corpo animal, mais especificamente de uma serpente, para poder se comunicar com Eva para tentá-la. Em contrapartida, Deus precisou do corpo humano de Jesus (Filipenses 2:6 - 11) para se manifestar como Salvador. Jesus teve de nascer de um corpo físico (virgem, é claro) para assim se manifestar. A Bíblia, aliás, é bem enfática ao dizer que Jesus em tudo se fez homem, mas também era 100% espírito. Mas para Deus, o corpo é a sua morada, ou santuário, ou tabernáculo de carne.

O homem física do ser humano é diferente de todos os demais seres vivos, embora alguns cientistas tentam afirmar na semelhança com o macaco, mas também o homem não se parece com seu criador no aspecto físico, visto que Deus é espírito, e espírito não possui forma, a natureza física do homem foi criada única e especialmente para o homem, nem Deus, nem os anjos, nem os animas deste planeta possuem características parecidas.

O corpo: É como o átrio externo do homem, ocupando assim uma posição externa e visível a todos.

2. O corpo do homem segundo a Bíblia.
A Bíblia usa alguns nomes para figurar o corpo do homem enquanto ele viver nesta vida terrena.

2.1. O corpo é o instrumento, o tabernáculo, a oficina do espírito. O corpo é órgão dos sentidos e o laço que une o espírito ao universo material. Pelo corpo o homem pode ver, sentir e apalpar o que está ao seu redor.

As impressões vêm do exterior pelo corpo, porém elas só têm significado quando reconhecidas e atendidas pelo espírito. A consciência própria, a direção própria, o poder de pensar, querer e amar, pertencem exclusivamente ao espírito. Diante disto se entende que o espírito é o agente, enquanto o corpo é a agência.

2.2. O corpo é um vaso de barro. Paulo escreveu que nosso corpo é vaso de barro (2ª Co 4.7), evidentemente o corpo é terreno (1ª Co 15.47), e como tal, um corpo de humilhação (Fl 3.21), sujeito às enfermidades e à morte (1ª Co 15.53), de maneira que gememos por um corpo celestial (2ª Co 5.2). Mas, nunca devemos nos esquecer de que o nosso corpo é também “santuário do Espírito Santo” (1ª Co 6.19) e “membros do corpo de Cristo” (1ª Co 6.10; 12.27). E o Espírito Santo fortalecerá o nosso tabernáculo terrestre para que possamos corresponder às necessidades da obra de Deus e para que nem nossa vida, nem o reino de Deus sofram por causa das fraquezas do corpo.

2.3. Templo do Espírito Santo.
Mediante o corpo o homem é um ser social religioso e por meio do corpo é que ele será julgado. O corpo é o Templo do Espírito Santo (1ª Co 3.16), o homem também é Templo de Deus, e da mesma maneira tem três partes: CORPO, ALMA e ESPÍRITO.

Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá porque templo de Deus que sois vós é santo” (1ª Co 3.16-17).

O apóstolo está assim doutrinando os crentes da igreja de Corinto para que eles soubessem analisar o que eram eles em relação a Deus. Os Coríntios antes de serem cristãos tinham sido da religião pagã. No paganismo os deuses eram adorados através de imagens que não tem espírito nem vida; mas Jesus disse: “Deus é Espírito”, portanto o apóstolo estava dizendo aos Coríntios que eles podiam ser morada de Deus em Espírito. Esta morada fazia referência à existência da presença contínua de Deus na vida dos membros da igreja.

O Senhor, pelo Seu Espírito, habita em nosso corpo. O nosso corpo não é simples invólucro orgânico de notável composição: é templo do Espírito Santo. Paulo lembra aos cristãos que o corpo dos salvos é também consagrado templo do Espírito Santo, que de Deus já havia recebido. Isso implica dizer que onde quer que estejamos, somos portadores do Espírito Santo, templos em que apraz a Deus habitar. Em função disso, toda a forma de conduta que não seja apropriada para o templo de Deus deve ser eliminada, pois nada que seja inconveniente no templo de Deus é decente no corpo do filho de Deus.

Corpo consagrado, ou seja, nosso corpo só será totalmente santificado depois de transformado (Rm 8.23 – Fl 2.21 – 1ª Co 15.50-53). Até que isto aconteça, a santificação do corpo é o processo contínuo de sujeitar a carne (1ª Co 9.27), guardar-se da imoralidade (1ª Co 6.13-20; 1ª Ts 4.1-8) e usar adequadamente os membros do corpo. A santificação do corpo abrange ainda a nossa forma de falar e de vestir (Ef 4.25,29; 1ª Tm 2.9-10).

3. Os cinco sentidos do corpo.
3.1. Audição. Através da audição percebemos os sons, a orelha humana possui mecanorreceptores[1] que captam as ondas sonoras. Na orelha interna fica a cóclea que é uma estrutura em forma de cone, nesse tubo cônico ficam localizados os receptores.

3.2. Visão. Os olhos tem a presença de fotorreceptores, eles respondem aos estímulos luminosos. A retina do olho é o lugar onde os receptores estão localizados, eles são classificados em bastonetes e cones.  Os bastonetes tem sensibilidade a luz, mas não percebem cores. A visão em cores é possibilitada pelos cones que não são muito sensíveis a luz.

3.3. Olfato. Através dele temos a capacidade de perceber odores, a estimulação do epitélio olfatório que fica no teto da cavidade nasal e é rico em células nervosas que garante essa percepção dos odores.
3.4. Paladar. Este unido ao olfato é responsável pela percepção dos sabores e da textura dos alimentos. A boca tem as papilas gustatórias, essas papilas percebem sensações táteis além dos sabores, doce, amargo. etc..
3.5. Tato. Através do tato percebemos vibrações, somos capazes de captar a pressão, de perceber a dor e a mudança de temperatura. Esse sentido é diferente de todos os outros, pois os receptores estão localizados na pele.
Concluímos que o espírito é o canal de comunhão com Deus e comunhão com ele; a alma é a sede da personalidade e tem conhecimento de si próprio e o corpo é o tabernáculo, a casa da alma onde ela se comunica com o mundo físico através do corpo.
[1]. Mecanorreceptores é um receptor sensorial que responde a pressão ou outro estímulo mecânico. Incluem-se neste grupo os sensores que nos ouvidos são capazes de captar as ondas sonoras, os sensores táteis e os que são responsáveis pelo equilíbrio postural, ou propriocepção.


Portanto, a alma está dentro do corpo no lugar Santo, relacionada aos sentimentos, desejos, ansiedades, consciência, é a vida interior do homem. Tal é o lugar Santo de uma pessoa regenerada, pois seu amor, pensamentos, desejos estão iluminados, para que possam servir a Deus como os sacerdotes no passado. E o espírito No mais interior, além do véu, já o Santo dos Santos no qual nenhuma luz humana jamais penetrou, ele é o esconderijo do Altíssimo, a habitação de Deus. O homem não pode ter acesso a ele a menos que Deus queira rasgar o véu como fez por ocasião da morte de Jesus (Mt 27.51). Ele é o espírito do homem, este espírito jaz além da consciência própria do homem e acima de suas sensibilidades. Aqui o homem une-se a Deus e tem comunhão com ele sempre através do corpo (1ª Rs 8.12; Sl 104.2; 1ª Tm 6.16).

Pr, Elias Ribas

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A ALMA HUMANA



A definição da alma se resume da seguinte forma: Alma do lat. anima, animo, energia, essência, é a parte imaterial do ser humano; no hebraico nephesh e no grego psyche. Ambos podem referir-se ao fôlego de vida, ou a vida biológica. Também podemos entender como: “alma, ser vivente, vida, pessoa, desejo, emoção, paixão”. O que a palavra designa deve ser julgado totalmente pelo contexto. Em Is 10.18 e Dt 12.23, por exemplo, quer dizer aquilo que respira, e como tal é distinguido da carne ou corpo.

Os vários sentidos da palavra alma na Bíblia, como sangue, coração, vida animal, pessoa física; devem ser interpretados segundo o contexto da escritura em que está contida a palavra “alma”. De modo geral, em relação ao homem, a alma é aquele princípio inteligente que anima o corpo e usa os órgãos e seus sentidos físicos como agentes na exploração das coisas materiais, para expressar-se e comunicar-se com o mundo exterior.

Teologicamente, podemos estabelecer o seguinte: O homem é composto por uma parte material e outra imaterial. Quando esta encontra-se em relação com Deus, recebe a designação de espírito; e, quando em relação com o mundo físico, de alma.

1. A alma vem de Deus. Gênesis 2.7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. (Outras ref. Zc 12.1; Ec 12.7).

Do pó da terra Deus formou o corpo do homem. Contudo, este corpo não tinha vida. Somente foi formado, sem vida. Assim, a Palavra de Deus nos diz que Deus “soprou em suas narinas o fôlego da vida e o homem foi feito alma vivente”. Portanto, o que é alma? Alma é o que dá vida ao corpo. Deus criou o corpo e depois deu vida ao corpo.

2. As funções da alma.
A palavra de Deus aponta-nos a alma como composta de três partes, são elas: a mente, a vontade e a emoção. Estas três faculdades constitui a personalidade humana. A alma é a sede da nossa personalidade, é o nosso “EU”. É por esse motivo que a Bíblia, em alguns textos, chama o homem de “alma”. A alma concentra as principais características do homem, tais como: amor, ideias, pensamentos, etc.

2.1. Função da Mente.
Mente é a sede do entendimento racional, nossa “central de processamento de dados”. É onde reside nossa capacidade intelectual, nossa habilidade para pensar, ponderar sobre informações e chegar a conclusões lógicas a partir das mesmas, através do pensamento.

A mente é a função mais importante da alma. Se a nossa mente for obscurecida, jamais chegaremos ao pleno conhecimento da Verdade. A renovação da mente nos possibilita experimentar e entender a vontade de Deus, que é revelada em nosso espírito.

2.2. Função da Vontade.
Buscar – 1º Cr 22.19: “Disponde, pois, agora o coração e a alma para buscardes ao SENHOR, vosso Deus”. Buscar é uma função da vontade e ela está na alma.
Recusar - Jó 6.7: “Aquilo que a minha alma recusava tocar”. Recusar é uma função da vontade.
Escolher - Jó 7.15: “pelo que a minha alma escolheria, antes, ser estrangulada; antes, a morte do que esta tortura”. Escolher também é uma função da vontade.
A vontade é o instrumento para nossas decisões e indisposições. Sem a existência da vontade seriamos semelhantes a um robô. O pecar ou não pecador está relacionado à vontade.

3.3. Função da emoção.
A emoção é extremamente importante, ela traz “cor” à vida humana, no entanto, jamais podemos nos deixar guiar por ela. As emoções se manifestam de muitas formas, entre elas: amor, ódio, alegria, tristeza, pesar, saudade, desejo, etc.

“Então, disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor” (Lc 1.46). “A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas pelo romper da manhã” (Sl 130.6).

4. Os cinco sentidos da alma.
4.1. Imaginação. A imaginação é muito poderosa, através dela podemos voltar a qualquer lugar do passado, podemos imaginar lugares onde nunca fomos. A imaginação pode nos tornar vencedores ou derrotados, tudo depende do que criamos em nossa mente.
- Imaginação Reprodutora: Aquela que produz as imagens guardadas.
- Imaginação criada: É aquela que faz de uma imagem guardada, uma nova imagem com as que vão surgindo.
- Imaginação da alma: É aquela que é formada pela própria alma.

4.2. Consciência. No campo filosófico, a consciência psicológica e a função pela qual conhecemos nossa vida interior.

A consciência é estar ciente das coisas, saber o que é certo ou errado. É uma ligação entre o ser humano e o mundo. Consciência é uma capacidade de conhecimento dos valores morais e aplicar em diferentes situações.

- A consciência é uma instância, um poder implantado em nós que avalia moralmente os nossos atos, nossos pensamentos, nossos planos e opiniões (Bíblia de Estudos de Genebra).
- A consciência é aquela voz interior que impele a pessoa a fazer o que ela considera correto (Charles Ryrie).
- A consciência, segundo desígnio divino, deve ser o nervo central de nosso ser que reage ao valor moral intrínseco de nossos atos (Oswald Sanders).

A alma nos leva a um exame de consciência (1ª Co 11.28).
A alma na moral e na religião. A Bíblia menciona a consciência em diversas passagens, por exemplo:
Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos...” (Jo 8.9).

Romanos 2.14-16: (“De fato, quando os gentios, que não têm a lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a lei; 15 pois mostram que as exigências da lei estão gravadas em seus corações. Disso dão testemunho também a consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os). 16 Isso acontecerá no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, mediante Jesus Cristo, conforme o declara o meu evangelho”.

Através da consciência a Lei de Deus está inscrita em nossos corações.
- Testifica no homem (Rm 2.15).
- Acusa do pecado não perdoado Mt 27.3; At 2.37. Devemos buscar a aprovação da consciência para servir a Deus, e depois dizer como Paulo, em At 24.16 e Rm 9.1.Devemos confessar e deixar o pecado, como fez Salomão.
A consciência pode ser classificada de duas formas:
·         Boa: 1ª Tm 1.9.
·         Pura: 1ª Tm 3:9.
·         Sem ofensa: At 24.16.
Ou:
·         Fraca: 1ª Co 8.10-12.
·         Má: Hb 10.22.
·         Cauterizada: 1ª Tm 4.2.

Somos também advertidos a não ofender a consciência alheia, Rm 14.21, 1ª Co 10.28-32.
·       
  O Sangue de Jesus nos purifica da má consciência Hb 9.14, 10:2-10, 1ª Jo 3.20.

A consciência é a voz secreta da alma! É a voz que fala em silêncio.

4.3. Raciocínio. É a capacidade de pensar, de colocar as coisas em ordem, de calcular. Através do raciocínio analisamos, comparamos e chegamos a conclusões lógicas.

4.4. Afeição. Sentimentos de carinho, afeto e amor, apego as coisas. Quando nos afeiçoamos a alguma coisa quer dizer que nos apegamos a ela.

4.5. Memória. Na memória armazenamos e recuperamos as lembranças das coisas que aconteceram no passado.  É o local aonde guardamos todas as informações adquiridas ao longo da vida.

5. A imortalidade da alma.

A alma possui natureza espiritual, é muito conhecido como a consciência do homem, e por isso entendemos que a alma é eterna, não existe extinção da alma, o pensamento mais popular que diz “Morreu, acabou” (1ª Coríntios 15.32), não é a expressão da verdade, pois não se pode matar a alma, a alma pode se separar do corpo no momento da morte física, mais matar a alma, isto é impossível. Em Apocalipse 20.4 fala sobre a alma daqueles que foram degolados por amor a Cristo, o corpo foi degolado, mas a alma ainda vive.

A alma é a parte intelectual do homem, é a alma que possui os poderes de decisão dentro do corpo, é ela que obedece ou não a Deus, é ela que decide consagrar se a Deus, ou menosprezar os conselhos do Espírito, e por esta razão a alma receberá julgamento pelos atos e decisões que tomou enquanto ainda vivia o corpo.

Na Bíblia encontramos o exemplo da Parábola do Rico e Lazaro no evangelho de Jesus segundo Lucas 16.19 a 31, ambos viviam no mesmo mundo, e na mesma época, eram separados pela classe social em que viviam, e pela fé que possuíam, e quando morreram, ambos continuaram separados, o corpo se desfez, mas a alma continuou a viver fora do corpo, não neste mundo, mas num mundo espiritual, notemos agora alguns pontos nesta passagem bíblica:

5.1. Após a morte do corpo a alma continua a viver.
Após a morte do Rico e de Lazaro, ambos ainda podiam pensar, apreciar, viver bem ou mal, Lazaro de acordo com os ensinamentos bíblicos, tanto Lazaro como rico, estavam bem conscientes, tinham lembranças de suas vidas antes da morte, sabiam onde estavam, o rico demonstrou conhecer a Abraão e também a Lazaro, e também demonstrou arrependimento.

5.2. A alma não pode voltar ao corpo.
Esta história mostra que a alma é imortal, mesmo havendo a morte do corpo, o homem continua a possuir o poder de pensar, enxergar, conversar, falar, arrepender, porém mesmo havendo arrependimento a alma não tem o poder de voltar a viver no corpo, mesmo que seja em um outro corpo qualquer, isto não lhe é possível, o Rico pediu a Abraão que lhe permitisse voltar a vida, que ressuscitasse, afim de que pudesse avisar seus irmãos para não cometem o mesmo erro que ele, porém isto não é possível a alma.

5.3. O destino da alma.
Enquanto Lázaro estava no seio de Abraão, o paraíso de Deus, que também Jesus prometeu ao ladrão na cruz, Lucas 23.43, o Rico que neste mundo teve uma vida em desobediência, estava no Hades, um lugar de tormento, de angustia, e de muita dor, lá a sede é imensa, e as lembranças dos erros desta vida são constantes, o desejo de voltar ao passado estão ao todo momento, porém isto não é possível.

Existem dois destinos para a alma, um para os salvos em Cristo, e outro para aqueles que rejeitaram o amor de Cristo.

6. A alma e o coração.
Tanto as Escrituras como a própria ciência, dizem que o coração é o “centro de uma coisa”. A palavra ocorre 820 vezes na Bíblia.

No hebraico “lebh” que traduz por coração e significa: parte interior, ser interior, mente, vontade, coração, inteligência, consciência, lugar dos desejos, emoções e paixões.

O termo denota vários significados e aplicações: Às vezes, depende do contexto, podendo ser é apenas um órgão físico do corpo humano, ou as vezes refere-se a sede da alma. Na Bíblia encontramos poucas passagens e de algum modo especificadas. Dentre as mais claras é a de 1ª Samuel 25.37: “...se amorteceu nele o seu coração, e ficou ele como uma pedra”. Isaías 1.5 também dá a luz sobre o significado do pensamento: “...toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco”.

No Novo Testamento o mesmo emprego é feito da palavra grega “kardia” em sentido geral e no hebraico “lebh”. Duas palavras mais são denotadas para o significado do pensamento principal: “nous” (mente), e “syneidesis” (consciência) que também focaliza-se como sendo sinônimos daquilo que chamamos: “coração”.

A Bíblia como fonte geral apresenta o coração como representante legal da vida e de outras atividades e acrescenta: “sobretudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23).

Em provérbios 15.13, o coração aparece como sede da alegria (presenciada no rosto). Já em outras passagens, o coração é encarado como órgão do corpo e como tal é a sede da vida física (Sl 38.10-11; Is 1.5). Quando o coração é fortalecido pelo alimento, o homem inteiro se revivifica (Gn 18.5; Jz 19.5; 1º Rs 21.7).

Outros escritores apresentam o coração como a sede das emoções, seja da alegria (Dt 28.47), ou da dor (Jr 4.19), da tranquilidade (Pv 14.30), e da excitação (Dt 19.6, etc.). Pode também ser visto como a sede do entendimento e do conhecimento, das forças e poderes racionais (1º Rs 3.12; 4.20), bem como de fantasias e visões (Jr 14.14). De outro lado, a estultícia (Pv 10.20, 21) e os maus pensamento (Mt 15.19).

O coração sempre está em foco em qualquer atividade, ou seja, vida física ou vida espiritual. Cabe o interprete ler o contexto bíblico, analisar o hebraico e o grego para fazer uma boa interpretação.

7. A alma e o sangue.
No conceito geral das Escrituras, a ordem divina é: “Estatuto perpétuo será durante as vossas gerações, em todas as vossas moradas; gordura nenhuma nem sangue jamais comereis” (Lv 3.17).

No presente texto está a ordem divina de não comer “sangue”. Um estatuto perpétuo para os filhos de Israel. “Portanto, tenho dito aos filhos de Israel: nenhuma alma de entre vós comerá sangue, nem o estrangeiro que peregrina entre vós o comerá” (Lv 17.12)

Não apenas segundo se depreende como prescrição higiênica, mas altamente religiosa, pois pretender aumentar a própria vitalidade comendo sangue dalgum animal lesa o direito de Deus, único dispensador da vida.

Todo o animal beneficiado deve ser sangrado e seu sangue recoberto com pó (Lv 17.13). Esta interdição divina, segundo é entendido, entrou em regra para os cristãos gentios de Antioquia (At 15.19-21), embora apenas consideração aos cristãos judeus, pois Cristo foi feito de já Senhor dos vivos e dos mortos (Rm 14.1-9).

Quando se alude ao sentido da proibição do sangue como sendo a vida, devemos ter em mente o termo usual hebraico “nephesh” = shamah em Isaías 57.16 que significa: respiração, fôlego.

“Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida” (Lv 17.11).

Conforme gênesis 2.7 deixa claro, seu significado primário é “possuidora da vida”. Por esse motivo é aplicado frequentemente aos animais como seu equivalente. Mas isso não quer dizer que a alma dos animais seja da mesma substância da que foi feita a alma humana.

Quando nos referimos a “que a alma é o sangue, nos referimos a uma “alma psychê” (a substância espiritual racional do homem), e sim, a “nefphesh” (o princípio da vida limitada – vida sensitiva).

Algumas vezes a alma é identificada com o sangue como essencial à existência física (Gn 9.4; Lv 17.10). Num contexto geral, até certo ponto, o sangue é a vida (vida limitada que termina com a morte), mas a vida não é o sangue (vida ilimitada da alma que continua além-túmulo). O sangue é que anima a carne, assim a Bíblia usa certas expressões similares dentro do assunto em foco, tais como “a alma de toda a carne é o seu sangue” (Lv 17.14).

Certas pessoas entendem que a alma é o sangue. Mas dentro de um contexto bíblico podemos concluir que não. Deus é espírito (Jo 4.24), mas também possui uma alma que são os Seus sentimentos: “a minha alma se aborrecerá de vós” (Lv 26.30). “Porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma não vos aborrecerá” (Lv 26.11). Aqui Deus está falando num sentido literário e não figurado “e a minha alma não vos aborrecerá”.

Sendo Deus Espírito e como já vimos possui também uma alma, então a alma não é o sangue. Conforme Paulo ensina o homem possui corpo, alma e espírito (1ª Ts 5.23), mas o corpo e o sangue não herdarão o reino de Deus (1ª Co 15.50).

Se para alguns a alma está no sangue, como pode Deus ter uma alma? Como já vimos a alma e o espírito são imateriais e sendo assim somos a semelhança de Deus.

Se a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus e se alma é o sangue, como pode Deus ser contrário a Sua própria Palavra? Deus não tem sangue, mas tem alma:

“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios” (Is 42.1).

Aqui o Deus Pai quando diz: “ao meu servo”, refere-se a ao Seu Filho Jesus Cristo, que foi ungido pelo o Espírito Santo. Aqui Deus diz “...em quem a minha alma se compraz...”. Com base neste versículo e outros, podemos afirmar que a alma não tem sangue. E como já dissemos o sangue não está na alma. Mas o sangue é a vida limitada que termina com a morte, ou seja, o sangue é a vida terrena e a alma é a vida após morte.

O apóstolo Paulo em vários de seus elementos doutrinários emprega o termo psychê (parte imortal) por doze vezes nas suas epístolas. No Novo Testamento, o vocábulo “psychê” ocorre de onze vezes com sentido especial. Sendo que em alguns casos denota a existência “além-túmulo”.

No Antigo Testamento, especialmente em Levítico (17.11), faz-se distinção entre a alma dos animais (o sangue) e a alma dos homens (psychê).

“Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida” (Lv 17.11).

O sangue é a vida limitada pela morte. Tanto o animal como um ser humano ao morrer o seu coração para de bater. A vida para os animais acaba ali na sua morte. Mas para o homem é diferente, ou seja, a vida continua após a morte. Pois a morte não faz cessar a existência da alma humana.


É evidente que, quando as Escrituras aludem que o sangue é a “vida” ou vice-versa, significa: vida limitada ou vida sensitiva e não vida racional. O sangue, portanto, é a vida para que seja vivida através do corpo enquanto que a vida natural da alma é a vida para ser vivida aqui e na eternidade.

Pr. Elias Ribas