TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A GRANDE TRIBULAÇÃO


Mt 24.21 “Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais.” 

I. O QUE É A GRANDE TRIBULAÇÃO 

1. O significado do tremo. A expressão Grande Tribulação (do grego θλιψις - thilipsisq e μεγαλη - grande) é um termo que encontramos na Palavra como a descrição do tempo que antecede a volta do Rei Jesus.

A palavra “tribulação” significa literalmente “cumprir com força”, como se faz com as uvas no lagar, ou com a cana de açúcar na moenda; “colocar uma carga sobre o espírito das pessoas”. A Grande Tribulação será um período de maior angústia da história humana, em que os ímpios serão obrigados a reconhecer quão terríveis é cair nas mãos do Deus vivo. De acordo com a profecia da Bíblia, ela vai acontecer nos “últimos dias”, ou no “tempo do fim” (2ª Tm 3.1; Dn 12.4).

A Grande Tribulação é um termo bíblico que descreve o tempo de julgamentos e provações, sem precedentes,
pouco antes do retorno de Cristo à terra.
 

2. A grande tribulação é também chamada de:

·           Dia do Senhor     Sf 1.14.

·           Ira do Cordeiro                            Ap 6.16.

·           Última semana de Daniel            Dn 9.24-27.

·           Tempo de angústia de Jacó          Jr 30-7; Sf 1.15.

·           Ira futura                                      1ª Ts 1.10; 5.9; Ap 6.16-17.

·           Tempo de destruição                   1ª Ts 5.3.

·           Tempo de Eclipse (escuridão)     Is 24.10-23; Am 5.18.

·           Tempo de castigo                        Ez 20.37-38.

·           Tempo de choro (pranto)             Am 5.16-17.

·           Tempo de aflição                         Mt 24.21.

·           Dilúvio de açoites                        Is 28.15-18. 

3. As três teorias acerca do arrebatamento da igreja e a grande tribulação.

existem três interpretações principais:

Existem três teorias acerca do arrebatamento da igreja:

1.      O Prétribulacionismo. Ensina que o arrebatamento da igreja (tanto os santos vivos quanto os mortos) ocorrerá antes do período de sete anos da tribulação, ou seja, antes do início da 70º semana de Daniel 9.24-27. É necessário dizer “antes do período de sete anos de tribulação” (RYRIE 2004, p. 563). 

2.      O Mesotribulacionismo. A visão do arrebatamento mesotribulacionista defende que o arrebatamento da igreja ocorrerá no meio dos sete anos e meio. Segundo esta visão, a tribulação é somente a segunda metade da 70º semana de Daniel. (RYRIE 2004, p. 579). 

3.       O Pós-Tribulacionismo. Ensina que o arrebatamento e a Segunda Vinda são facetas diferentes de um único evento, que ocorrerá no final da Grande Tribulação, quando Cristo voltar. A Igreja estará na Terra durante a tribulação para experimentar os eventos desse período. (RYRIE 2004, p. 582). 

II. QUAL A DIFERENÇA ENTRE TRIBULAÇÃO E GRANDE TRIBULAÇÃO? 

João 16.33 “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo! 

1. O que significa tribulação. A palavra tribulação na língua grega aparece como thilipsis que significa: pressão, aflito, angustia, sobre carregado, pressionado, perseguição e tribulação.

Na tradução da Vulgata Latina, a palavra é tribulum, e se refere a uma espécie de grade para debulhar o trigo. Um instrumento que o lavrador usa para separar o trigo da sua palha. A ideia figurada, aqui, é a de afligir, pressionar. A expressão é essencialmente escatológica. 

“No mundo tereis aflição, mas coragem!” Quando os discípulos de Jesus lhe perguntaram sobre os sinais que indicariam a Sua vinda e fim do mundo (Mt 24.3), Ele foi bem sincero, ao predizer que eles enfrentariam dificuldades, como injustiça e perseguições (Mt 10.17-25; Mt 24.9; 2ª Tm 3.12). Mesmo nas cartas do Apocalipse Jesus falou à igreja de Smirna que eles teriam uma perseguição de dez dias (Ap 2.10).

Isso se cumpriu quando Pedro e João foram levados ao conselho, (At 4.5-7). Marcos acrescenta que eles deveriam ser entregues às sinagogas e prisões a serem espancados e levados perante governantes e reis por causa de seu nome (Mc 13.9). Tudo isso já se cumpriu. Pedro e João foram presos (At 4.3); Paulo e Silas foram presos (At 16.24), e também espancados (At 16.23); Paulo foi levado antes de Gálico (At 18.1, antes de Félix (At 24.24) e antes de Agripa (At 25.23).

Muitas vezes o cristão até pode passar pelo “vale da sombra e da morte” em sua vida (Sl 23.4). Situações na área da saúde, finanças, família, trabalho e relacionamentos. O crente, não está isento de enfrentar obstáculo e dificuldade na caminha cristão. Pois, o próprio Senhor Jesus nos advertiu sobre isso em João 16.33. O apóstolo Paulo diz no livro de Atos: “Pois que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus.” (At 14.22). E na carta aos Romanos 8.18, Paulo fala da tribulação do tempo presente; isto porque refere-se aos momentos difíceis do dia-a-dia. Entretanto, não vamos sozinhos, Ele vai conosco em nossa caminhada.

Vivemos em um mundo com situações que nos afligem, assim como afligiram homens e mulheres no passado.

Deus ouve nossas súplicas e nos livras. O salmista Davi no Salmo 143, descreve a situação de seu coração dizendo, que as adversidades são muitas e não há paz ao seu redor. No Salmo Salmos 18.4-6 Ele clama por misericórdia, dizendo: “As cordas da morte me enredaram; as torrentes da destruição me surpreenderam. 5- As cordas do Sheol me envolveram; os laços da morte me alcançaram. 6- Na minha aflição clamei ao Senhor; gritei por socorro ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a minha voz; meu grito chegou à sua presença, aos seus ouvidos.”

Por meio da oração, Davi assegura que os justo que clamam com fé ao Senhor, serão ouvidos: Salmo 34.17 “Os justos clamam, o Senhor os ouve e os livra de todas as suas tribulações.”

O Senhor atende o clamor daqueles que estão atribulados: Salmos 34.6 “Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias.”

A palavra “pobre” aqui não significa “pobre” no sentido de falta de riqueza, mas “pobre” no sentido de ser afligido, esmagado, abandonado, desolado. Quando Davi estava no maior estreito de Gate, como estando em perigo de destruição se ele ficasse lá, e ainda não sabia como escapar; mas Deus ouviu seu clamor e o libertou. de todos eles.

Quando olhamos para a história da Igreja não temos dúvida dessa realidade. A Igreja de Cristo tem sempre passado perseguições aflições, provas e tribulações em lugares diferentes, em épocas diferentes, por motivos diferentes. São batalhas espirituais que enfrentamos contra o inimigo de nossas almas (Satanás). Todavia, essas aflições são formas que Deus usa para corrigir o seu povo nesta terra. O apóstolo Paulo fala da tribulação do tempo presente (Rm 8.18), isto porque refere-se aos momentos difíceis do dia-a-dia.

Foi assim nos três primeiros séculos da Igreja no Império Romano. Foi assim após a Reforma Protestante. Foi assim no século XX sob os governos comunistas. Tem sido assim ao longo da história.

Todas essas passagens bíblicas nos mostram as aflições e tribulações que passamos em nossa vida, porém, isso tudo são tribulações, e nada comparado com a Grande Tribulação que virá no tempo do fim (Mt 24.31). 

2. Grande Tribulação. Mateus 24.21 “Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver.” 

A Grande Tribulação no grego da Septuaginta θλίψις μεγάληthlipsis megalē, é, na escatologia cristã, o período de grande sofrimento anunciado por Jesus Cristo no Sermão da montanha. Ele marca o fim dos tempos ao preceder a parusia e o advento do Reino de Deus na terra. Tradução: sofrimento; carga; trabalho forçado. Essas duas palavras são compostas por um adjetivo (GRANDE) e um substantivo feminino (TRIBULAÇÃO). 

2.1. Análise da palavra Tribulação no hebraico. Para melhor compreensão, vamos analisar algumas palavras no hebraico relacionadas a TRIBULAÇÃO.

1º A palavra סבל – sevel, significa sofrimento; carga; trabalho forçado.

2º A palavra é בִּעוּת - bi'ut, significa espanto, horror, terror; angústia, susto.

3º A palavra דְּאָבָה - d'avah, significa tristeza, pesar, angústia, aflição.

4º A palavra דָּחַס – dachas, significa pressionar, comprimir, compactar.

5º A palavra בּוֹשֵׁם – boshem significa pisar, pisotear; oprimir.

6º A palavra צער tsarah significa lamentar. 

2.2. Análise da palavra GRANDE no hebraico. A palavra Grande no hebraico é גָּדוֹל, Gadol que significa grande, denotando um rabino que se presume ser ainda maior do que os outros.

As duas palavras μεγαλη e θλιψις – thilipsisq no grego e גָּדוֹל, Gadol דְּאָבָה d'avah no hebraico é traduzido como “angústia, aflição, adversidade, tribulação de angústia, aperto”.

A palavra “tribulação” significa literalmente “cumprir com força”, como se faz com as uvas no lagar, ou com a cana de açúcar na moenda. A Grande Tribulação é o período de maior angústia da história humana, em que os ímpios serão obrigados a reconhecer quão terríveis é cair nas mãos do Deus vivo.

A Grande Tribulação é chamada na Bíblia como o “Dia do Senhor” o qual Deus entrará em juízo com o mundo altivo, rebelde e impenitente que não ouviram e nem obedeceram a Sua Palavra (Is 13.9-11; Ml 4.1).

A Grande Tribulação, thlipsis megalē é o futuro período de tempo na história da Terra, quando o sofrimento e a guerra se tornarão comuns. Ela foi prevista acontecer pelos profetas de Deus e Seus apóstolos e pelo próprio Jesus (Mt 24.1-51, Mc 13.1-37, Jo 16.1-33), e no livro das revelações apocalítica (Ap 2.22; Ap 7.14), entra em detalhes precisos sobre os eventos que irão acontecer durante a Grande Tribulação.

A “Grande Tribulação” é muito mais do que uma mera perseguição à Igreja. É um período sem precedente na história do mundo, um período de ira divina. Embora alguns teólogos digam que a Grande Tribulação já aconteceu por ocasião da destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C., e que o Anticristo teria sido o imperador Nero, a maioria dos historiadores dizem que Apocalipse foi escrito no fim do século I, nos últimos dias de Domiciano (90-95 d.C.). Ademais, em Mateus 24.21 há duas características da Grande Tribulação pelas quais se evidencia que ela ainda não aconteceu. Primeira: “haverá, então, grande aflição como nunca houve desde o princípio do mundo até agora”. Segunda: “nem tampouco haverá jamais.” (Mt 24.21).

Em todas essas passagens bíblicas expressam que a Grande Tribulação não é o mesmo que falar de tribulações e aflições da vida. Houve e haverá sempre perseguições para a verdadeira Igreja de Jesus. Mas a Grande Tribulação está determinada somente para o povo Judeu, e não se destina à Igreja a noiva do Cordeiro (Ap 19.7-9) 

III. AS SETENTA SEMANAS

Daniel 9.24-26 “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos. 25- Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26- E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações.” 

Nos livros do Pentateuco temos a base para entender a duração das 70 semanas do profeta Daniel. Quando Deus instituiu o descanso no sétimo dia para o povo judeu, Ele criou também um ciclo de 7 anos.

De acordo com o livro Levítico 25.8, o povo de Deus tinha um ciclo de 7 anos, ou seja, uma semana. A cada 7 anos a terra deveria descansar da agricultura para que o solo pudesse repor seus nutrientes. Quando os judeus não pararam de cultivar a terra no sétimo ano por setenta ciclos, eles acabaram como escravos na Babilônia por 70 anos.

No cativeiro babilônico, o profeta Daniel lendo a mensagem do livro de Jeremias, descobriu que a profecia determinava um tempo de setenta anos de cativeiro para os judeus. Logo este tempo marcado pelo sofrimento chegaria ao fim (Jr 25.11-13; 2º Cr 36.21; Dn 9.2). Por isso, na Bíblia, o número setenta ganhou um sentido profético.

O termo original traduzido por “semana” em Daniel 9.24 é literalmente “setenário”, isto é, sete anos. Portanto, as setenta semanas não se refere a “semanas de dias” e sim “semanas de anos”, onde cada semana equivale a 7 anos, totalizando 490 anos. 

A contagem das “setenta semanas” compreende, portanto, a um período de 490 anos: (70 ciclos de 7 anos, cada, considerando o ano profético de 360 dias). 70 x 7 = 490. Assim, cada dia da semana pode significar um ano; cada semana, um período de sete anos. Então, as setenta semanas compreendem o período de 490 anos, setenta multiplicado por sete.

As setentas semanas = 490 anos, divididos em:

·         07 Semanas                         Dn 9.25                         49 anos - da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém.

·         62 Semanas                         Daniel 9.25                   434 anos.

·         01 Semana                          Daniel 9.26                   7 anos. 

1º O primeiro período. O primeiro grupo de “sete semanas”, é equivalente a 49 anos, ou seja, sete períodos de sete anos. O início desta profecia começou a partir da ordem para reconstruir Jerusalém (v. 25). Os principais estudiosos do assunto concordam que se trata do decreto de Artaxerxes, baixado em 445 a.C. (cf. Ne 2). 

2º O segundo grupo. O segundo período seria de sessenta e duas semanas. Subtende-se que se trata de 62 x 7= 434 anos. Essas sessenta e duas semanas, somadas às sete primeiras semanas, chegariam ao tempo da restauração de Jerusalém até a vinda do Messias (vs. 25,26). Neste tempo o Ungido (que em hebraico é Messias) viria e seria morto no fim desse tempo, depois Jerusalém seria destruída até que o tempo dos gentios se completasse.

Lc 21.24 E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” 

3º O terceiro período. Esta semana ainda não aconteceu (v. 27). Compare o versículo 27 de Daniel com Mateus 24.15 e veja como se trata de uma profecia que ainda não se cumpriu. Esta última semana, ou seja, sete anos, quando haverá uma invasão do Anticristo e se iniciará um tempo de tribulação para Israel. É o período denominado como o da “Grande Tribulação” (9.27).

Segundo a Bíblia Sagrada, a Grande Tribulação ocorrerá em um período de sete anos ou pares de sete anos, cada. Sabemos isso porque o profeta Daniel já as considerou como anos.

Quando Israel rejeitou seu Messias, Deus suspendeu temporariamente o Seu plano para Israel. Assim, há um intervalo de tempo indeterminada entre a 69ª e a 70ª semana-ano. Jesus fala de eventos futuros, inclusive a destruição de Jerusalém e Seu retorno, Ele diz que “Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem.” (Lucas 21.24). Paulo escreve na sua carta aos Romanos dizendo que “até que a plenitude dos gentios haja entrado. (Rm 11.25).

As 70 semanas de Daniel são uma profecia sobre o futuro de Jerusalém e a vinda do Messias. Portanto, podemos verificar que a última semana que equivale o período de sete anos será cumprida perto do fim dos tempos. 

IV. A ÚLTIMA SEMANA

1. A Grande Tribulação terá duração de sete anos e equivale a última semana de Daniel. 

3. As três divisões da profecia.

A. Profecias cumpridas. Jerusalém foi reconstruída quando os israelitas voltaram do exílio; Jesus, o Messias veio e foi morto; Jerusalém foi destruída novamente em 70 d.C. 

B. Profecias que não foram cumpridas. O povo do príncipe, “governante que virá”, ainda não veio, nem se já fez uma aliança com Israel, nem o que é o “sacrilégio terrível”. 

C. Profecias ainda por cumprir. O pecado ainda não acabou, a justiça ainda não foi estabelecida em toda parte e nem toda visão e profecia foram cumpridas.

A profecia das 70 semanas resume o que acontece antes que Jesus estabeleça o Seu reino milenar (Ap 20.6). De especial nota é o terceiro na lista de resultados: “expiar a iniquidade.” Jesus realizou a expiação pelo pecado por Sua morte na cruz (Rm 3.25 e Hb 2.17). 

4. Quando começou a contar a 70 semanas? As 70 semanas-ano ou 490 anos, começou a contar no dia 5 de março de 444 a.C., quando o rei Artaxerxes, da Pérsia, emitiu a ordem, permitindo que os judeus, liderados por Neemias, retornassem à sua terra para reconstruir a cidade de Jerusalém (Ne 2.1-8). 

5. A Semana final das 70 semanas. Das 70 semanas, 69 já foram historicamente cumpridas. Isso deixa mais uma semana, ou seja, sete anos ainda a ser cumprido. A maioria dos estudiosos acredita que agora estamos vivendo um enorme intervalo entre a semana 69 e a semana 70. O relógio profético foi pausado, por assim dizer. A final semana de Daniel é o que normalmente chamamos do período de Grande Tribulação. 

6. Como entender as divisões da última semana. No estudo sobre as 70 semanas de Daniel, podemos verificar que a última semana que equivale o período de sete anos que ainda não se cumpriu e é exatamente a Grande Tribulação que terá uma duração de sete anos, divididos em duas partes de três anos e meio. 

Para compreensão desta profecia, a matemática divina é a seguinte:

·         um tempo equivale a um ano ou 360 dias proféticos;

·         dois tempos equivalem a dois anos ou 720 dias proféticos;

·         metade de um tempo equivale a meio ano ou 180 dias proféticos. 

Os três anos e meio (360 + 720 + 180) totalizam 1260 dias proféticos. Considerando que cada dia corresponde a um ano literal (Números 14.34; Ezequiel 4:6), o resultado é 1260 anos. É interessante que o mesmo período profético é mencionado em outras passagens bíblicas.

·                    Mil duzentos e sessenta dias – Ap 11.11; 12.6.

·                    Quarenta e dois meses – Ap 13.5.

·                    Um tempo e tempos e metade de um tempo. (Dn 7.25; Ap 12.14). 

Daniel 7.25 “E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues nas suas mãos por um tempo, e tempos, e metade de um tempo. 

“um “tempo” é modo hebreu de expressão para um ano. Daniel 11.13b “...ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e com muita fazenda.” 

“de tempos”. A interpretação desse versículo nós encontramos no livro de Daniel 4.32ª. que diz: “E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.” 

“sete tempos sobre ti”. Na versão NVI: “Passarão sete anos até que admitas que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer.” 

A punição determinada por Deus ao rei Nabucodonosor, por causa de seu orgulho, durou sete anos. Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor. O terrível teste chegara ao fim. A temível experiência de sete anos finalmente terminou.

Com base nesse versículo podemos entender que um tempo, significa 1 ano, e tempos, são dois tempos igual a 2 anos e metade de um tempo a 6 meses: total de três anos e meio, que literalmente são 1260 dias ou três anos e meio.

Outro texto é Apocalipse 11.2-3, no Novo Testamento que diz: “E foi-me dada uma cana semelhante a uma vara; e chegou o anjo e disse: Levanta-te e mede o templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram. E deixa o átrio que está fora do templo e não o meças; porque foi dado às nações, e pisarão a Cidade Santa por quarenta e dois meses.”

42 meses = 1260 dias = 3 anos e meio. Portanto, podemos interpretar “um tempo, tempos e metade de um tempo” e também “quarenta e dois meses”, que representam nas profecias bíblicas o período de 1260 dias.

Em síntese: Nas passagens proféticas (Dn 7.25; Ap 11.2; 12.4 e Ap 13.5), 1260 dias ou 42 meses, equivale a representação numérica exata para 3 anos e meio. 

“E proferirá palavras contra o Altíssimo”. Note que em Daniel 7.25, a ponta pequena (o Anticristo) profere palavras contra o Altíssimo e faz guerra aos santos do Altíssimo por 1260 dias. O apóstolo João em Apocalipse 13, confirma dizendo que o mesmo Anticristo profere grandes coisas e blasfêmias contra Deus, e recebe poder para agir por “quarenta e dois meses”. (Ap 13.5). Também no Apocalipse 11, o mesmo Anticristo pisará a cidade santa por “quarenta e dois meses.” (Ap 11.2).

A profecia de Daniel7.25, se cumpriu em partes na vida do Imperador Epifânio um tipo de Anticristo, mas ao dizer “e não terá respeito ao Deus de seus pais?” (Dn 11.37), Daniel descreve a nacionalidade do Anticristo, isto é, ele será um Judeu apóstata, verdadeiro ateísta, que não respeitará o Deus de seus pais (referindo-se ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e contra o Senhor falará coisas espantosas) e não a Epifânio como alguns afirmam. É muito importante sabermos que o Anticristo nunca poderia apresentar-se como Messias, ainda que falso, se não fosse um judeu; porque, de outro modo não seria aceito por Israel. 

6.1. A Grande Tribulação será dividida em duas fases.

1ª Fase. Já entendemos a divisão dos tempos, que os sete anos serão divididos em duas partes de 3 anos e meio.

Os primeiros três anos e meio, será de uma falsa paz que o Anticristo trará para o mundo. Neste período o mundo o receberá como grande solucionador dos problemas da humanidade.

A primeira metade da semana será marcada pelo reinado absoluto do Anticristo, liderará uma coalizão de nações ocidentais naqueles dias, fará também uma aliança com Israel em Jerusalém trazendo paz aos Judeus. Devido a essa paz, o Templo de Salomão será reconstruído na primeira parte da Tribulação (Dn 9.27) prevê que na primeira metade da Tribulação haverá “sacrifícios” em Israel, atividade feita exclusivamente no Templo.

O período citado de 42 meses (v. 2), confere exatamente com 1.260 dias (v. 3) e também com os três anos e meio anunciados pelo profeta Daniel, se referindo ao período da Grande Tribulação (Dn 9.27 e Ap 12.14), confirmados por Jesus (Mt 24.15) dizendo que seria um “tempo abreviado” (Mt 24.22). Então, esta duração abrange a meia semana, três anos e meio, pois de acordo com Daniel 9.27, o Anticristo, o príncipe no qual Israel então terá feito uma aliança, interromperá no meio da semana o serviço do sacrifício. Então dar-se-á o início da segunda fase. 

6.2. Acontecimentos que ocorrerão na primeira fase da Grande Tribulação. A primeira fase da Grande Tribulação que são três anos e meio terá os seguintes acontecimentos:

·           Israel terá pleno domínio de Jerusalém (Dn 9.24).

·           Israel fará acordo com o Anticristo por sete anos (Dn 9.27; Jo 5.43; Is 28.15-18).

·           Israel irá construir o templo derrubado por Roma em 70 d.C. (2ª Ts 2.4).

·           O livro com os sete selos será aberto Ap 6.1-17; 8.1).

·           As duas testemunhas darão as suas profecias (Ap 11.1-12). 

2ª Fase. Os primeiros os três anos e meio, terminarão com o “homem da iniquidade” declarando ao mundo sua divindade e se “assentando no santuário de Deus” (2ª Ts 2.4), uma referência ao novo Templo de Israel. Então termina a falsa paz, e dar-se-á início a segunda fase da Grande Tribulação que são os três anos e meio que faltam para completar os 7 anos. Nessa última parte da Grande Tribulação, são determinados os juízos de Deus onde Ele irá derramar as pragas do Apocalipse sobre os homens e haverá pestilências em todo o mundo, fazendo assim o Senhor estará frustrando o reinado do Anticristo. 

6.3. Acontecimentos que ocorrerão na segunda fase da Grande Tribulação.

·           O Anticristo vai romper o pacto com Israel, fazendo cessar o sacrifício (Dn 9.27) e vai assentar-se no trono para ser adorado como deus (abominação desoladora (Dn 9.27; Mt 24.15 2ª Ts 2.4);

·           Israel é invadida pelo Anticristo (Ap 12.6);

·           O Anticristo sentará no templo exigindo adoração (2ª Ts 2.3-4; Dn 9.27. Jo 5.43Is 28.15-18).

·           As duas bestas (O falso profeta e o Anticristo) (Ap 13).

·           As sete trombetas do juízo de Deus (Ap 8.2-12; 9.1-13; 11.15).

·           As sete taças (Ap 15 e 16).

·           O espírito do demônio controlará os reis da terra (Ap 16.13-14).

·           Os reis do oriente marcham rumo a Israel (Ap 16.12-16).

·           Uma chuva de meteoro de até um talento que equivale a 34 quilos (Ap 16.21; Mt 24.29).

·           A batalha do Armagedon: grande guerra e perseguição dos exércitos do Anticristo contra a nação de Israel (Is 28.15-18; Zc 14.12-13; Ap 19.19).

·           A Volta de Cristo com Seus santos para livrar Israel (Ap 19.11-26; 1.7; Judas 1.14; Mt 24.30-31).

No final da Grande Tribulação, quando o Anticristo entrar com seus exércitos na terra de Israel, o Senhor descerá do céu montado num cavalo branco, e Seus olhos como chama de fogo, para julgar (Ap 19.11-12). Ele destruirá os exércitos da Besta com o esplendor da Sua vinda. Jesus Cristo, a Pedra cortada sem mãos (Dn 2.34,35,44,45), esmigalha os dez dedos da estátua – o Império Romano restabelecido pela Besta. 

7. A finalidade das 70 semanas. Em Daniel 9.24, o Senhor Deus tinha seis objetivos para esses 490 anos. Os três primeiros se referem ao pecado do homem e os últimos três, à justiça de Deus: 

·                    “para fazer cessar a transgressão”;

·                    “para dar fim aos pecados”;

·                    “para expiar a iniquidade”;

·                    “para trazer a justiça eterna”;

·                    “para selar a visão e a profecia”;

·                    “para ungir o Santo dos Santos”.

Por ocasião da Sua primeira vinda, a morte de Cristo na cruz trouxe o perdão dos pecados, mas Israel somente reconhecerá esse sacrifício quando o Seu povo estiver em contato com a Sua segunda vinda e demonstrar arrependimento, ao final das 70 semanas-ano. Os últimos três objetivos relacionados em Daniel 9.24 projetam o olhar sobre o vindouro Reino de Cristo. 

8. Propósitos da Grande Tribulação. Dois principais propósitos de destacam: Levar Israel a receber o seu Messias e trazer juízo sobre todo o mundo, especialmente, sobre as nações incrédulas.

1. Repreender, castigar e educar Israel com vara de Juízo, preparando os Judeus para enfim aceitarem a Jesus Cristo como o Messias prometido (Ezequiel 20.37; Dt 4.30; Mt 23.37-39).

2. Separar os judeus fiéis a Deus (Zc 13.8-9; Ap 14.1-3).

3. Castigar os ímpios que rejeitaram o maior presente de Deus que é o amor de Cristo, e não se converteram dos seus pecados, pois recusaram a luz de Cristo para viver em trevas (2ª Ts 2.11-12) e preferiram crer nas trevas e na mentira do diabo.

4. Trazer aflição e angústia porque rejeitaram a Jesus como salvador da humanidade.

5. Derramar a ira de Deus (Ap 6.16-17; 2ª Ts 1.7-9).

6. Destruir o império do Anticristo (Ap 16.10).

7. Desestabilizar o atual sistema mundial (Dn 2.34-35).

8. Implantar o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo (Dn 2.44). 

Finda-se aqui as 70 semanas de Daniel. Israel reconciliar-se-á com Deus. Ter-se-á cumprido o tempo determinado por Deus, para a execução da transgressão, o fim do pecado, a expiação da iniquidade, para que venha a justiça eterna.

Com o fim das 70 semanas, a visão e a profecia estarão seladas (Dn 9.24). Jesus, então, instalará o Milênio. Israel, agora salvo, estará ao lado de Seu Messias, como a nação líder, tanto política como espiritualmente. 

V. PARA QUEM ESTÃO DETERMINADAS AS SETENTA SEMANAS 

Daniel 9.24“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade....”. 

1. “...estão determinadas sobre o teu povo”. As 70 semanas, ou os 490 anos, estão determinada para a nação de Israel. As Escrituras Sagradas afirmam que este período de tempo irá cumprir-se sobre o povo Judeu (o teu povo) e sobre a cidade de Jerusalém (a tua cidade), sendo assim, “não deve-se confundir Igreja com Israel.”

O anjo Gabriel disse a Daniel que esse tempo estava determinado “...sobre o teu povo (Israel) e sobre a tua santa cidade (Jerusalém), e na oração de Daniel ele diz: “teu santo monte” (v. 16), a “cidade que é chamada pelo teu nome” (v. 18), o “teu santuário assolado” (v. 17) e a “tua cidade e o teu povo” (v. 19). Portanto, a revelação a respeito das setenta semanas foi direcionada para os judeus exilados na Babilônia.

Esta profecia de Daniel 9.24-27, está determinada as seguintes condições para seu fiel cumprimento: Quando Deus rejeitou Israel, por ter desprezado o Messias, parou a contagem do tempo, uma vez que as 70 semanas estavam determinadas para os Judeus. Resta, ainda, uma semana, a última. Os Judeus necessitam estarem em Jerusalém (cidade Santa), e a Igreja já arrebatada. Portanto em 1948, o povo israelita foi reconhecido com nação e os Judeus voltaram para sua terra.

2. Israel não é a Igreja. Romanos 11.25-26 “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. 26 E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades.” 

A Carta aos Romanos é o fundamento da nossa fé, e é justamente nesse texto que Paulo esmiuça com detalhe sobre Israel.

Paulo apresenta diversos argumentos, provando que Deus não desistiu de Seu povo. Deus escolheu o povo israelita com um propósito de abençoar toda a humanidade: revelar Seu poder, Sua Palavra e enviar o Salvador ao mundo. Porque Israel não seguiu o caminho da fé, mas o das obras, e por isso tropeçou (v. 32). Israel tropeçou por haver rejeitado o seu Messias (v. 33).

A rejeição judaica da justiça pela fé em Cristo Jesus, abriu espaço para um número muito grande de gentios a serem enxertados na árvore enraizada na antiga aliança de Deus com Abraão. 

3. “...até que a plenitude dos gentios haja entrado.” As palavras de Jesus registradas no Evangelho de Lucas revelam que a destruição de Jerusalém não traria o fim da era presente, pois Cristo afirmou que os judeus sobreviventes seriam levados cativos para todas as nações e disse ainda: “até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles.” (Lc 21.24)

Jesus menciona uma época em que Jerusalém estava sob o domínio da autoridade gentia. A profecia diz respeito tanto ao início quanto ao fim da “destruição de Jerusalém”. A conquista de Jerusalém por Nabucodonosor em 588 a.C. começou esse período e continua até os dias de hoje, e define este período como “os tempos dos gentios” (v. 24).

Deus decretou que completaria a redenção messiânica dos judeus e de Jerusalém (incluindo os dois adventos de Cristo) em 70 semanas (490). Porém, a restauração completa de Israel não se cumprirá com o retorno de um remanescente dos exilados depois dos setenta anos de cativeiro na Babilônia.

Jesus usou a profecia de Daniel para predizer eventos futuros, de modo que nós também devemos interpretá-la desta forma.

Os autores do Novo Testamento usaram a profecia do profeta Daniel para predizer eventos futuros, de modo que nós também devemos interpretá-la de forma futurista.

Paulo estava convencido de que no futuro Israel será salvo. Para ele, isso terá seu cumprimento quando se completar a “plenitude dos gentios”. A rejeição dos judeus trouxe a justificação ao mundo gentílico. Quando Deus cumprir seu propósito para com os gentios cumprirá também suas promessas de restauração para todo o Israel. 

4. Há uma distinção entre Israel e a Igreja. Romanos 11.17-24 “E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, 18- Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. 19- Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. 20- Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. 21- Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também. 22- Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado. 23- E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. 24- Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!” 

4.1. Israel é os ramos da Oliveira. A oliveira era um símbolo da nação de Israel. Ela é usada por Paulo nessa seção como uma ilustração ou alegoria dos tratos de Deus com judeus e gentios.

Paulo explica nos versos 17-24, que o zambujeiro é uma referência aos cristãos de origem gentílica e a oliveira é uma alusão a Israel, aos que herdaram as promessas estabelecidas na antiga aliança de Deus com Abraão (Gn 12.1, 2; 17.7, 8; Os 14.6).

Os ramos da Oliveira (Israel), foram quebrados por que rejeitaram o Messias. A Igreja como um zambujeiro foi enxertado na Oliveira pela fé em Jesus Cristo. Enxertado em lugar deles. Paulo estende a analogia para o enxerto com o propósito de comunicar aqui que os gentios foram sobrenaturalmente ligados à família de Deus. Mas, também ele mostra Deus não rejeitou os israelitas, porém, a incredulidade do seu coração levou Deus a cortar da Oliveira Verdadeira, e Deus nos enxertou pela fé na promessa da videira, sendo agora, a Igreja o Seu povo.

Paulo ele explica que os judeus tropeçaram na pedra de tropeço que era Cristo, mas, ele enfatiza que o plano de salvação de Deus sempre incluiu os judeus, e que a rejeição de Cristo tornou a salvação disponível para os gentios.

As promessas terão seu fiel cumprimento através dos judeus remanescentes, dos gentios que abraçaram a fé e do Israel que será restaurado no futuro. Embora a palavra remanescente signifique “o que resta”, particularmente o que pode permanecer após uma batalha ou uma grande calamidade. Em Romanos 11.5, Paulo fala sobre o remanescente escolhido pela graça de Deus, isto é, “uma pequena parte ou porção”. Da grande multidão de israelitas, restarão tão poucos que será apropriado dizer que era um mero remanescente.

No Dia do Senhor, no final da Grande Tribulação (7 anos), quando Israel estiver cercado pelo exército do Anticristo na guerra do Megido (Ap 7-9; Ap 19.11-21; 14.1; 16.21), Jesus aparecerá no céu para salvar outra vez e resto do seu povo” (Is 11.11; Zc 14.1-4). Os pecadores serão julgados e o remanescente fiel de Israel será separado para sempre como o povo santo de Deus (Zc 13.8; 14.21).

No capítulo 7.1-8 de Apocalipse, João vê 144 mil selados de todas as tribos de Israel, com a missão de proclamar o evangelho na Grande Tribulação, Diferenciando-os da “grande multidão: “....de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 1.1; 7.4-10). Mas ambos os grupos foram salvos pela graça, pela fé no Cordeiro de Deus. É como o cumprimento da promessa apontada pelo apóstolo Paulo sobre o remanescente de Israel que será salvo depois da plenitude dos gentios (Rm 9.27; 11.25).

As promessas de Deus feitas a Israel ainda serão mantidas no futuro. Podemos ter certeza de que tudo o que Deus disse é verdade e acontecerá por causa do Seu caráter e consistência. A Igreja não substitui Israel e não deve esperar uma realização simbólica das promessas da Antiga Aliança. Ao ler as Escrituras, é necessário manter Israel e a Igreja separados.

Para concluir desejo dizer que há uma grande diferença entre a Igreja e Israel. Os Judeus os ramos cortados da Videira que é Cristo Jesus, estarão na Terra no período da Grande Tribulação, mas a Igreja a Noiva estará no céu participando das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). 

5. O Anticristo abominação desoladora. Daniel 9.27 “E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.”

O evento notável que leva à conclusão do programa messiânico para Israel na segunda metade da septuagésima semana é a “abominação desoladora”.

Muitos intérpretes consideram que a abominação desoladora se cumpriu durante a guerra dos Macabeus quando Antíoco Epifânio interrompeu o culto judaico e profanou o santuário.

Jesus e Paulo apontam o cumprimento desta profecia no futuro. Jesus fala que a futura profanação do Templo seria o sinal inevitável para Israel no tempo da Grande Tribulação.

Mateus 24.15 “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda. 16- Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; 17- E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa; 18- E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes. 19- Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias! 20- E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado; 21- Porque haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver.”

Veja que Jesus aponta a abominação desoladora para os dias da tribulação como um dos sinais que antecedem a Sua vinda. Portanto, não pode ter se cumprido se não ele teria falado, mas veja que o Senhor aponta para o futuro, afirmando que a abominação desoladora surgirá dentro da tribulação.

O apóstolo Paulo também vai citar uma profanação feita pelo Anticristo: 2ª Ts 2.4 “O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.”

O momento de maior triunfo de Satanás será introduzir o seu representante no Santo Templo em Jerusalém.

O assolador de Daniel 9.27 é o Anticristo, que fará um concerto com Israel por sete anos (uma semana), (Jo 5.43 e Is 28.15-18), e na metade da semana (três anos e meio), fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares, assentará, no templo de Deus exigira adoração como se fosse Deus. Ap 13.6, João escreve dizendo: ⁸ E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra...”.

Jesus advertiu que alguém o “abominável da desolação”, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda.” Assim também escreveu o apóstolo Paulo, pois quando, virdes que o homem da iniquidade profanar o templo.

“Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora” (Dn 11.31). “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias” (Daniel 12:11).

Quando isto acontecer, será deflagrada toda a ira de Deus tanto sobre o Anticristo como sobre os seus adoradores. Mostrará Deus, uma vez mais, que não dividirá a sua glória com ninguém. 

5.1. Uma visão profética com duplo sentido. Daniel 12.1-2, nos apresenta uma outra passagem importante sobre a Tribulação: “Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro. Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”.

Nesse tempo”. A profecia se cumpriu em partes, quando o rei Antíoco Epífanes, (Dn 12.11 com Dn 11.31), em seu reinado resolveu investir contra a Terra Santa, especialmente, Jerusalém. Ele tinha um ódio enorme de Israel. Por isso, partiu para a profanação do Templo e fez cessar os sacrifícios diários (11.30,31).

Ao invadir Jerusalém, Antíoco Epifânio desrespeitou valores morais e éticos da sociedade israelita. Estabeleceu regulamentações contra a circuncisão, a observância do sábado e outras práticas dietéticas do povo hebreu, ele ordenou o sacrifício de porcos sobre o altar sagrado para profanar o Santuário. O versículo 31 fala da “abominação desoladora”, quando Epifânio construiu um altar a Zeus, deus grego, sobre o altar dos holocaustos no Templo. 

“....naquele tempo”. tipicamente, para o fim do reinado de Antíoco; antitpicamente, o momento em que o Anticristo será destruído na vinda de Cristo.

Quando Jesus disse: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel...”, Ele está agora falando de um personagem da história que representa o rei futuro no final dos tempos. O Anticristo, que provocará o grande conflito com Israel e fará tudo para destruir a nação, até que venha o Senhor para aniquilar o seu poder. Reunindo assim em uma visão resumida os dois grandes períodos de aflição.

Antíoco Epifânio, prefigura o Anticristo revelado em o Novo Testamento (Mt 24.15; 2ª Ts 2.3-12). Jesus fala desse personagem em um tempo futuro, assim como o apóstolo Paulo (2ª Ts 2.3). 

5.2. “...e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve...”. O tempo de angústia a que se refere o profeta Daniel envolverá principalmente a nação de Israel depois de seu renascimento. Esse tempo é descrito pelo profeta Jeremias como “angústia de Jacó” (Jr 30.7). A nação de Israel nesse tempo, estará sendo vítimas do cerco por parte dos exércitos do Anticristo, previsto em Joel e pelo apóstolo João no livro das revelações:

Joel 3.1-2 “Porque, eis que naqueles dias, e naquele tempo, em que removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém, 2- Congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e repartiram a minha terra.”

Ap 16.16 “E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom.”

A destruição de Jerusalém e a dispersão do povo judeu no ano 70 d.C, foi organizada apenas por uma nação, isto, é, o Império Romano, mas a grande batalha do Armagedon, as nações do mundo no comado do Anticristo estarão no vale de Josafá para a peleja final contra os judeus. Portanto há evidencias que são períodos totalmente diferentes.

Nesse tempo as nações estarão interligadas através do processo da globalização, na liderança do Anticristo, para a batalha do vale do Megido. Israel já passou por muitas angustias, (no cativeiro babilônico, e no cerco de Jerusalém pelo general Tito no 70 d.C., porém, agora, será uma batalha para a destruição total do povo Judeu, portanto, será uma angustia qual nunca houve (Dn 12.1 Mt 24.21).

No Apocalipse 7.14, um dos anciões fala ao profeta João dizendo: “Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”

O castigo de Deus virá sobre os moradores da terra, conforme descrito no livro Daniel como “um tempo de angústia qual nunca houve” (Dn 12.1). Jesus foi ainda mais enfático quando Ele falou dizendo: “porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais” (Mt 24.21). Logo, este momento histórico é inigualável como nunca ouve na face da Terra e nunca amais se repetirá. Mesmo porque, este período também é o derradeiro, pois logo depois desses dias se seguirá o retorno de Cristo (Mateus 24.29, 30). 

No capítulo 30 de Jeremias, vemos que o Senhor está falando ao profeta Jeremias sobre Judá e Israel dizendo: 30.3-6 “Porque eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei voltar do cativeiro o meu povo Israel, e de Judá, diz o Senhor; e tornarei a trazê-los à terra que dei a seus pais, e a possuirão. 4- E estas são as palavras que disse o Senhor, acerca de Israel e de Judá. 5- Porque assim diz o Senhor: Ouvimos uma voz de tremor, de temor mas não de paz. 6- Perguntai, pois, e vede, se um homem pode dar à luz. Por que, pois, vejo a cada homem com as mãos sobre os lombos como a que está dando à luz? e por que se tornaram pálidos todos os rostos? 7- Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante; e é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela.”

No capítulo 30, Jeremias descreve as aflições e angustias de Judá e que a miséria no cativeiro babilônico até seu “tremor” e “medo” surgindo da aproximação do exército medo-persa de Ciro contra a Babilônia. 

V. 6 “Perguntai, pois, e vede, se um homem pode dar à luz.” O Senhor faz uma analogia dizendo que os homens serão vistos com as mãos pressionadas nos lombos, como as mulheres reprimem suas dores. A metáfora é frequentemente usada para expressar a dor anterior, seguida pela repentina libertação de Israel, como no caso de uma mulher no parto (Is 66.7-9). 

V. 7 “..é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela.” Pela desobediência dos judeus, estavam passando por grande aflição no Cativeiro Babilônico, mais tarde sofreram também nas mãos do Antíoco Epifânio, no ano 70, passaram por uma grande aflição, no cerco de Jerusalém pelo general Tito, porém

A angustia de Jacó em que escreve Jeremias, é uma profecia tri partida, ou seja, em três partes: primeira já estava se cumprindo no Cativeiro Babilônico, a segunda parte se cumpriu na destruição de Jerusalém pelo general Tito, no ano 70, mas a terceira parte dessa profecia ainda não se cumpriu. Portanto, a libertação parcial na queda da Babilônia prefigura a libertação final e completa de Israel, literal e espiritual, na queda da Babilônia mística (Ap 18.1 à 19.21), no final dos tempos.

Jeremias 30.8-9, O Senhor falou dizendo: “Porque será naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, que eu quebrarei o seu jugo de sobre o teu pescoço, e quebrarei os teus grilhões; e nunca mais se servirão dele os estrangeiros. 9- Mas servirão ao Senhor, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhes levantarei.”

Se a profecia de Jeremias fosse só para o tempo do cativeiro babilônico teria algo errado. Note que o Senhor disse: “e nunca mais se servirão dele os estrangeiros.” Porém Israel voltou a viver em novo cativeiro a partir do ano 70. E o que dizer da 2ª guerra mundial onde Adolf Ritler matou mais de 6 milhões de Judeu?

“Os estrangeiros não mais farão dele seu servo” (Jr 25.14). Depois da libertação de Ciro, Pérsia, Alexandre, Antíoco e Nero, fizeram de Judá seu servo. O pleno da libertação significa que, portanto, ainda é futuro teu pescoço – o dele, isto é, o de Jacob (Jr 30.7). 

V. 9 “Mas servirão ao Senhor, seu Deus...”. A tribulação culminará na salvação física e espiritual (cf. Zc 12.10-14; Zc 13.1) que será tal que Israel nunca mais será subjugado por nenhuma nação. Isso não pode ser dito de qualquer salvação que tenha ocorrido até hoje. A promessa, “ele será salvo dela”, refere-se a um tempo ainda futuro.

Todas as passagens bíblicas deixadas por Jesus, Daniel, Jeremias Paulo e João, nos provam que as 70 semanas foram determinadas para Israel e não para a Igreja. É os israelitas que que sentir a angústia de Jacó, por terem rejeitados a Jesus como o Messias. 

VI. A IGREJA PASSARÁ PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? 

Cristo foi para o céu e a mulher, que representa a igreja, encontrou proteção divina no deserto durante o período de tempo profético de 1.260 dias. Neste tempo, ela aguarda o retorno de Cristo e o estabelecimento do reino eterno de Deus, mas não pode se manifestar publicamente por causa da intensa perseguição. 

1. A Igreja Passará Pela Grande Tribulação? Essa é uma pergunta que certamente já tirou o sono de muita gente. Muitos afirmam que a Igreja não passará pela Grande Tribulação e defendem um Arrebatamento Pré-Tribulacionista, outros que a Igreja será arrebatada no meio da tribulação Meso-Tribulacionistas, enquanto outros afirmam exatamente o contrário e defendem um Arrebatamento Pós-Tribulacionista.

Todos os crentes concordam que os juízos de Deus sobre Israel e o mundo naqueles dias só terão início depois que a Igreja for retirada da Terra. Até o capítulo 5 de Apocalipse se fala da Igreja, mas no capitulo 6, quando se iniciam os juízos, a Igreja não mais aparece, senão no capítulo 19.

Existem várias razões lógicas para acreditarmos que esse evento ocorrerá antes da Tribulação.

Primeiro, precisamos compreender que o principal propósito do período da Tribulação (“O Dia do Senhor”) é punir e refinar a nação de Israel e não a igreja de Jesus Cristo que é sua amada noiva.

Torna-se, pois, bem claro, à vista da Palavra de Deus, que há dois aspectos distintos da segunda vinda de Jesus.

Vejamos alguns fatos que ocorreram livramento antes da tribulação:

·         Enoque foi levado ao céu antes do Dilúvio; a Bíblia diz na carta de Hebreus para não ver a morte (Hb 11.5).

·         Elias foi levado ao céu antes do aparecimento das duas ursas que mataram os 42 rapazes (2ª Reis 2.1, 23, 24).

·         Ló foi tirado de Sodoma antes da destruição (Gênesis 19).

·         Deus não destinou a Igreja para a ira (1ª Ts 5.9).

·         João foi arrebatado ao céu logo após o relato da última carta à igreja de Laodiceia (Ap 4.1-2).

·         Se orarmos e vigiarmos escaparemos das coisas que sucederão (Lc 21.36).

·         Versículos bíblicos que nos mostram o grande livramento que o Senhor nos dará: (Salmos 32.7; Salmos 27.5- 6; Salmos 33.19; Pv 11.8; Ec 8.5; Isaías 65.13 e 1ª Ts. 1.10). 

E isso é confirmado ainda na primeira Epístola – “quando disserem: Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição (...) e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão” (1ª Ts 5.3,4).

Conforme o texto acima são os que estão “em trevas” que não escaparão da destruição. Os filhos da luz (1ª Ts 5.5) já terão sido arrebatados (1ª Ts 4.16-18). Por isso, mais adiante, Paulo reafirma que os salvos escaparão da ira futura: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Ts 5.9). 

2. A igreja estará nos céus. Apocalipse 19.1-3 “Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, 2- porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos. 3- Segunda vez disseram: Aleluia! E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos.

O capítulo 19 começa com esta expressão: “Depois destas coisas”, ou seja, depois dos juízos e catástrofes da Grande Tribulação, ele começa a tratar da vinda de Jesus Cristo em glória, para julgar as nações e estabelecer o Seu reino eterno.

Depois, João vê o céu aberto e narra o que viu: o Rei dos reis e o Senhor dos Senhores. Ele também um coral incontável de santos que cantam aleluia e dão glória a Deus, junto aos 24 anciãos e aos quatro seres viventes.

Os vinte quatros anciãos simbolizam os salvos, antes e depois de Cristo. Juntos ele vê a noiva (esposa) e o Noivo prontos para as Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-8). Essa referência temos a Igreja reunida a Cristo nas bodas do Cordeiro no céu. Portanto, após as bodas do Cordeiro, Jesus vem em glória com os Seus, para julgar as nações (Ap 19.11-21). 

3. A ira do Cordeiro. Ap 6.16-17 “E disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”

A ira (gr. orge), é uma expressão da justiça. É a indignação pessoal de Deus e Sua reação imutável diante de todo o pecado (Ez 7.8-9; Ef 5.6; Ap 19.15) causada pelo comportamento iníquo do ser humano (Êx 4.14; Nm 12.1-9; 2º Sm 6.6-7), e pela apostasia e infidelidade do povo (Nm 25.3; 32;10-13; Dt 29.24-28). 

3.1. A Grande Tribulação será um tempo de julgamento para as nações rebeldes Ap 6.16-17“Eles gritavam às montanhas e às rochas: “Caiam sobre nós e escondam-nos da face daquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro! Pois chegou o grande dia da ira deles; e quem poderá suportar?”A ira do Cordeiro descrito neste capítulo do verso 6 ao 19, é uma manifestação da vingança divina contra os transgressores da Sua Palavra e para quem não há manifestação da Sua misericórdia (Dt 32.39-43; Êx 22.23-24).

Escondei-nos daquele que assenta no trono e da ira do Cordeiro. Mesmo num mundo cheio de todo tipo de sofrimento, “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31). O sexto selo claramente representa um castigo divino, identificado aqui com o poder do Pai que se assenta no trono (Ap 4.2-3) e com a ira do Cordeiro que recebe e abre o livro (5.6-7). Para aqueles que se submetem ao Cordeiro, Ele é o Salvador “que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Mas para os inimigos que o perseguem e que matam os seus servos, Ele mostra ira e poder irresistível. Ele é, ao mesmo tempo, o Cordeiro e o Leão. 

“Porque chegou o grande Dia da ira deles”. O dia aqui é identificado claramente como um dia de castigo divino.

A ira é o ódio de Deus contra o pecado, a imoralidade e a iniquidade impenitente. É o mesmo que a ira de Deus (cf. Ap 15.7; ver Rm 1.18; Hb 1.9). Os fiéis da igreja de Cristo não estão destinados à ira de Deus (1ª Ts 5.9), pois Jesus prometeu que virá para livrá-los da ira vindoura (Ap 3.10; 1ª Ts 1.10). Paulo usou a mesma expressão para identificar o dia “do justo juízo de Deus” em que ele fará separação entre os justos e os perversos (Rm 2.4-8).

O sexto selo não identifica um dia específico de castigo, mas promete a justiça de Deus que traria o devido castigo sobre os perversos. Nada tem a ver com a Igreja de Cristo. 

Pela face daquele que está sentado no trono. Eles agora viram que todos esses terríveis julgamentos vieram do Todo-Poderoso; e que Cristo, o autor da nossa fé, estava agora julgando, condenando e destruindo-os por suas cruéis perseguições a seus seguidores. 

Quem é que pode suster-se? Olhando para o que vem, esta pergunta se torna especialmente importante. Depois de ver os primeiros seis selos abertos, chegando ao sofrimento terrível do sexto, só pode se esperar que o sétimo seja pior ainda. 

VII. QUEM PASSARÁ PELA GRANDE TRIBULAÇÃO 

Há dois grupos distintos que passarão pela Grande Tribulação: 

1. Os judeus que não tiverem aceitado a Cristo. João 5.43 “Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis.” 

Israel o povo escolhido por Deus para trazer o Messias para a salvação da humanidade, mas, lamentavelmente, não foi fiel aos pactos e, por isso, os ramos da oliveira foram cortados e houve a mudança no plano divino. Eles esperavam um messias que fosse um rei e que viesse libertas do jugo do império de Roma. Eles não esperavam um rei humilde, montado em um jumento e pregando amor aos inimigos.

A última semana sete anos de aflição, está determinada para os judeus (Dn 9.24). 

Jesus falou dizendo: “se outro vier em seu próprio nome...”..., fingindo ser o seu messias predito pelos profetas, surgira um rei que estabelecerá uma aliança de paz com os judeus e muçulmanos. 

Daniel 9.24“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade....”. 

Os 144 mil judeus selados. Apocalipse 7.1-8, João vê quatro anjos, nos quatro cantos da terra, retendo quatro ventos. Isso significa que um juízo de Deus estava para ser derramado na Terra de modo que ninguém seria capaz de escapar. Em seguida João contempla 144 mil, selados das tribos de Israel. Esses são judeus convertidos pela pregação das duas testemunhas na primeira fase da Grande Tribulação, e serrão selados pelo Espírito Santo (Ef 1.13), o que significa que eles têm a proteção especial de Deus e mantidos a salvo dos julgamentos divinos e da ira do Anticristo, para cumprir livremente sua missão evangelizadora na Terra. Já havia sido profetizado que Israel se arrependeria e voltaria para Deus (Zc 12.10; Rm 11.25–27). Portanto, os 144.000 judeus, são as primícias salvos e arrebatados desse Israel redimido, porque Apocalipse 14.4, João os vê no céu no com o Cordeiro. Com o resultado da pregação evangelizadora, “uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos.” (Ap 7.9).

Após o arrebatamento dos 144 mil selados o diabo irá perseguir os remanescentes de Israel.

Apocalipse 12.17, “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar.”

Quando o Dragão foi lanço para Terra (Ap 12.13), perseguiu a mulher (Igreja). Porém, Deus arrebatou-a para o céu fora da vista da serpente (Ap 12.14).

O dragão não se dá por vencido e continua a sua perseguição. Agora ele sai para fazer guerra contra o restante do povo de Deus, ou seja, os remanescentes de Israel. Por fim, o remanescente israelita será absolvido pelo Justo Juiz e estará seguro, enquanto o Inimigo ficará parado sobre a areia do mar sem poder prosseguir com seus intentos (Ap 12.16-18, ARA).

Israel será julgado, repreendido pelo Senhor por ter rejeitado a Jesus como Messias e Salvador. O profeta Jeremias chamou esse período de “angústia para Jacó” (Jr 30.7).

“Ah! Porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! E é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela” (Jr 30.1-7; leia também Apocalipse 12.1-7). Nesta passagem, Israel é tipificado pela mulher que, perseguida pelo dragão, vai procurar refúgio no deserto. E o dragão, que é o próprio Diabo, buscando sempre arruinar os planos de Deus, sai para fazer guerra aos descendentes da mulher que se acham espalhados pelo mundo.

Os Judeus serão enganados pelo Anticristo e sofrerão os horrores do tempo da “Angustia de Jacó”. O período da Grande Tribulação será o tempo de angústia para Israel, onde Deus enviará os seus juízos para os desobedientes.

“No momento que seriam esmagados pelas nações do mundo, no fim deste período, passarão debaixo do cajado de Deus” (Ez 20.37), que simboliza uma aproximação de Deus. Na grande Tribulação, após sofrerem, os justos clamarão o nome do Senhor, em profundo arrependimento. Os rebeldes serão destruídos e o remanescente fiel entre eles tornar-se-á o único núcleo de um Israel renovado espiritualmente, então dirão a Deus: “Mas agora, o Senhor, Tu és nosso Pai; nós o barro, e Tu o nosso Oleiro; e todos nós obra de suas mãos” (Js 64.8); (Zc 12.10; 13.1).

Será nesta hora que a nação, em sua totalidade, reconhecerá Jesus como seu Messias, sendo por Ele convertido. “Quem jamais ouviu tal cousa? Quem viu cousas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos” (Is 66.8).

No final da Grande Tribulação quando Israel estiver cercado pelo Anticristo então virá o Senhor em glória e irão dizer: “E se alguém lhe disser: Que feridas são essas nas tuas mãos? Dirá Ele: São as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos” (Zc 13.6). 

2. Os gentios. A grande tribulação é um tempo de julgamento divino sobre um mundo ímpio que rejeitou a Cristo, mas também um tempo de ira e perseguição satânica contra os que recebem a Cristo e a sua Palavra.

“Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas mãos” (Ap 7.9, 13, 14).

Será baixado um decreto ordenando a morte de todos que se recusarem a adorar o governante mundial e sua imagem. Noutras palavras, muitos que resistirem ao anticristo e permanecerem fiéis a Jesus, selarão sua fé com suas vidas (Ap 6.9; 14.12,13; 17.9-17). 

VIII. HAVERÁ SALVAÇÃO DURANTE A GRANDE TRIBULAÇÃO? 

Quando se estuda a Grande Tribulação, a pergunta é inevitável: “haverá salvação neste período?” É claro que sim. O livro de Apocalipse mostra dois grupos distintos de salvos: os israelitas e os gentios:

“Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos” (Ap 7.9).

Este grupo incontável compõe-se todos os salvos de todas as nações. Quando João pergunta quem são, um dos anciãos responde-lhe dizendo: “São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7.4-14).

Atribulação será um tempo de grande angústia para os ímpios por causa dos juízos de Deus. Também será um tempo de grande perseguição para os crentes que ficarem e também para a nação de Israel por causa da perseguição do Anticristo (Ap 13.7). Daniel viu o Anticristo, o qual “fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles” (Dn 7.21).

Quando a primeira fase da Grande Tribulação (três anos e meio) passarem, os santos serão perseguidos pelo Anticristo e serão martirizados para defenderem sua fé.

Ap 20.4 “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.”

João vê as almas daqueles que foram decapitados pelo testemunho de Jesus Cristo e pela fidelidade a Sua Palavra e não adoraram a besta e nem sua imagem (Ap 13.15) e puderam “viver e reinar com Cristo por mil anos”.

Esta Tribulação tem uma dimensão diferente de qualquer outra que já houve na história da Igreja. No fim dos tempos da Grande Tribulação, todos os santos defenderão sua fé através do seu martírio, eles servirão ao seu Senhor Jesus Cristo no meio de um ambiente desesperado. No entanto, em sua morte, eles venceram: “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12.11). Mesmo quando Deus está cumprindo Sua justa punição em um mundo incrédulo, Ele restaurará Israel à fé e estenderá a graça a todos os que creem, tanto judeus quanto gentios. Deus sempre esteve no negócio de salvar as pessoas, e essa salvação ainda estará disponível durante a tribulação.

Isto significa que, apesar da oposição do Anticristo, a Bíblia continuará a ser divulgada em escala mundial. Enganam-se aqueles que afirmam que após o arrebatamento da Igreja, as Escrituras perderão sua inspiração sobrenatural e única. Tal ensinamento não conta com qualquer respaldo bíblico. Afirma o profeta Isaías: “seca-se a erva, e caem as flores, mas a palavra de Deus subsiste eternamente” (Is 40.8).

Precisamos entender que a salvação é pela graça. A graça é manifestada a todos os homens que se arrependem de seus pecados. Na Velha Aliança, o povo era salvo pela fé no Redentor Prometido. Na Nova Aliança, somos salvos pela fé no sacrifício de Jesus no Calvário. Porém, na grande tribulação o povo será salvo por guardar a fé. Isto é também salvação pela graça (At 15.11; Ef 1.4; 1ª Pe 1.19-20).

Eles também tinham o Evangelho (Gl 3.8; Hb 4.2). Em Ap 14.1-5 vemos uma multidão de judeus salvos da terra na Grande Tribulação. Em Ap 6.9 e 7.9-11, vemos uma multidão de gentios salvos no céu, porém saídos da terra, após sofrerem martírio.

Apocalipse 22.17, “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.”

Quem houve diga vem...”. O evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, está sendo anunciada a toda a humanidade, para aqueles que ouvem e aceitam vivem uma esperança de saber que Jesus está vivo (Ap 1.18) e tem uma eternidade preparada (Jo 14.1-3), para aqueles que recebem Jesus no seu coração (Ap 3.20). 

Pr. Elias Ribas 

Bacharel em Teologia Seminário Gilgal – Cruz Alta RS.

Mestrado em Teologia – SEAMID – Cascavel PR.

Dr. Em Teologia - SEAMID – Cascavel PR.

Especialização em Apologética – ICP - São Paulo.

Grego e Hebraico - Faculdade Batista Pioneira – Ijuí RS.

Exegese Grego 

sábado, 20 de dezembro de 2014

A DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO




I. O QUE É RESSUREIÇÃO 

A palavra ressuscitar tem origem no termo grego αναστασις anistemis, do latim resuscitare, que por sua vez derivou da palavra resurgere, que literalmente significava levantar-se, despertar dentre os mortos, erguer-se outra vez, retornar a vida. É a junção de duas palavras gregas ανα - ana que significa: para o meio de, no meio de, em meio a, entre (duas coisas), no intervalo de, e a outra palavra sendo ιστημι - histemi que significa causar ou fazer ficar de pé, colocar, pôr, estabelecer. Portanto, a ressurreição é o ato do levantamento daquilo que havia estado no sepulcro.

A doutrina da ressurreição tem sua base essencialmente sobre o fato da ressurreição de Cristo. Ele foi o primeiro a realizar tal obra, teve a primazia nisso, como em todas as coisas. Jesus destruiu esse inimigo, que é chamado na Bíblia de o último inimigo: “O último inimigo a ser destruído é a morte” (1ª Co 15.26).

Cristo ressuscitou, e é esta a base da nossa fé e da nossa pregação (1ª Co 15.14). Ele foi o primeiro a morrer e ser ressuscitado para ter imortalidade no reino celestial de Deus.

A Bíblia afirma que os salvos ressuscitarão com um corpo transformado e glorioso (1ª Co 15.35-53), enquanto que os ímpios ressuscitarão com um corpo desprezível e vergonhoso (Dn 12.2), em que sofrerão pela eternidade (Mt 10.28). Os não salvos farão parte da segunda ressurreição, a qual abrange todos os ímpios mortos, e ocorrerá ao findar o Milênio.

A palavra ressurreição implica em transformação do corpo que morreu e foi sepultado. Se o corpo ressurreto não fosse o mesmo, isto não seria ressurreição. Seria uma nova criação e o termo na Bíblia seria um absurdo.

O apóstolo Paulo afirma que o mesmo Espírito que ressuscitou Cristo (Rm 8.11), de fato ressuscitará também nossos nossos corpos, que doutra sorte, estão destinados a morrer.

O Senhor Jesus é o Primogênito porque ressuscitou para nunca mais morrer (Rm 6.9). Na Sua vinda, os corpos dos santos que jazem em seus sepulcros irão ressuscitar no dia em que ressoar a trombeta de Deus, à semelhança de Cristo, ressuscitarão para nunca mais morrer. É por isso que o Senhor Jesus é o Primogênito.

 “E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.” 

II. RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS E A DOS INJUSTOS 

Daniel 12.2 “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” 

Há na Bíblia, duas ressurreições: a dos justos e a dos injustos, havendo um intervalo de mil anos entre elas (Dn 12.2; Jo 5.28-29; Ap 20.5). A expressão bíblica “ressurreição dentre os mortos”, como em Lucas 20.35 e Filipenses 3.11, implica numa ressurreição em que somente os justos participarão, continuando sepultados os ímpios. Esta expressão é no original “ek ton nekron ressurreição dentre os mortos. Sempre que a Bíblia trata da ressurreição de Jesus ou dos salvos, emprega estas palavras. A expressão nunca é usada em se tratando de não-salvos.

A ressurreição dos mortos é obra exclusiva do poder de Deus. A Bíblia ensina claramente sobre a ressurreição dos salvos e a dos ímpios. Ela é prova de nossa fé, que os que agora morrem não deixam de existir. No livro das revelações, João vê os mortos diante do Grande Trono para serem julgados segundo suas obras (Ap 20.11-15).

Na verdade, os vivos nunca morrem. Atos 24.15 “Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos.” 

A ressureição de Jesus é a base da doutrina.

No Domingo bem cedo as mulheres Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, foram ao túmulo com a intenção de levar especiarias para ungir o corpo de Jesus. Quando chegaram lá viram que a pedra da entrada do túmulo tinha sido removida e entrando viram que o corpo do Senhor não estava ali. Mas de repente lhe apareceram dois anjos que declaram: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galileia, dizendo: convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras. (Lc 24.5,8).

A ressurreição do corpo, como todo o cristianismo, está fundamentada em Cristo, está baseada na Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Senhor Jesus participou da mesma carne e sangue conosco, e prometeu ressuscitar a humanidade dos mortos através de sua ressurreição, se os mortos não ressuscitarem, também Cristo não ressuscitou, e é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” (1ª Co 15.13,14).

Se Cristo não ressuscitou, então a pregação apostólica da ressurreição era vã, a fé dos coríntios era vazia e os apóstolos eram falsas testemunhas. Aqui “fé” se refere ao conteúdo da mensagem do evangelho e equivale a “conjunto de crenças”. 

III. A RESSUREIÇÃO DOS JUSTOS 


Nos dias de Jesus, havia um grupo de religiosos chamados saduceus que não criam na ressurreição mortos, contradizendo essa corrente, o Senhor afirma dizendo: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25).

As palavras de Jesus revelam o poder e a autoridade sobre a morte e a vida. Como a ressurreição, Ele tem o poder de trazer à vida aqueles que estavam mortos espiritualmente, trazendo-os à salvação e ao relacionamento com Deus. 

1. A ressureição dos justos se divide em três grupos. Há uma ideia entre o povo de Deus que a ressurreição dos justos será em um só momento. Mas na realidade não será assim. Segundo a Bíblia, a ressurreição dos justos se divide em três grupos distintos.

A primeira ressurreição ocorre em vários estágios:

1º O primeiro grupo foi inaugurada por Jesus Cristo, que é as primícias dos que dormem (1ª Co 15.20; Cl 1.18), abriu o caminho para a ressurreição de todos os que creem n’Ele. Houve uma ressurreição dos santos de Jerusalém (Mateus 27:52-53), a qual deve ser incluída em nossa consideração da primeira ressurreição.

2º Seguindo a sequência os que são de Cristo por ocasião de Seu retorno (1ª Co 15.23; 1ª Ts 4.16).

3º E sete anos depois os mártires da Grande Tribulação (Ap 6.9-11; 20.4). Portanto a primeira ressurreição abrange da ressurreição de Cristo até os mártires da Grande Tribulação.

As Festas do Senhor se relacionam com o início e o término da colheita dos frutos de Israel. A partir do conhecimento desta relação, se tem a confirmação do Plano Profético apontado pelas Festas do Eterno.

Levítico capítulo 23 é a história da Igreja escrita de antemão. Temos aí entre outras coisas a ressurreição prefigurada. 

1.1. As primícias da primeira ressurreição. 1ª Coríntios 15.20 “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.”

Mas cada um por sua ordem. O termo τάγμα “tagma”, no original grego, significa dispor em ordem, fileira, grupo, turma”, como numa formatura militar ou escolar.

Este grupo é formado por Cristo e os santos que ressuscitaram por ocasião de sua morte na cruz. “E Jesus clamando outra vez com grande voz entregou o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto abaixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras. E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiram foram ressuscitados. E saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mt 27.50-52). Só Mateus narra este acontecimento. Foi um pequeno grupo que ressuscitou com Cristo e representa um sinal da vida eterna para os fiéis. Só depois da ressurreição de Cristo foram vistos estes santos.

Cristo é o princípio dentre os mortos (Cl 1.18). Portanto, à ressurreição de Cristo e de muitos santos do Antigo Testamento, identificados como as “primícias dos mortos” (1ª Co 15.20; Mt 27.52,53).

Este grupo representa as primícias da colheita de grão no Velho Testamento. “Guardarás a Festa da Sega, dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a Festa da Colheita, à saída do ano, quando recolheres do campo o fruto do teu trabalho” (Êxodo 23.16).

A festa das Primícias em Levítico 23.10-12 tipifica isto, quando um molho das primícias era trazido para o sacerdote mover perante o Senhor. Molho implica um grupo, o que de fato aconteceu. Esta festa tipificava Jesus ressuscitando com um pequeno grupo.

Desse modo a ressurreição dos fiéis começou, pois com Cristo, as primícias da ressurreição (At 26.23), isto é, que Cristo devia padecer e sendo o primeiro da ressurreição dos mortos. 

1.2. A colheita geral da ressurreição. 1ª Coríntios 15.23 “Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.”

O primeiro grupo “Cristo as primícias” (1ª Co 15.22), representa as primícias da colheita; “depois os que são de Cristo, na sua vinda”, representa a colheita geral do povo israelita.

Este grupo é formado pelos santos que ressuscitarão no momento do arrebatamento da Igreja (1ª Ts 4.16). São todos os mortos salvos desde o tempo de Adão.

Este grupo representa a colheita geral de cereais do Velho Testamento: “Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara, começarás a contar as sete semanas. Depois, celebrarás a festa das semanas ao Senhor, teu Deus” (Dt 16.9-10).

A festa das semanas era celebrada no fim da colheita de trigo, isto é, da colheita geral, e que durava sete semanas. Mais tarde recebeu o nome grego de pentecostes, visto cair cinquenta dias depois da Páscoa.

O primeiro dia de Tishrei, que é o primeiro dia de Rosh Hashaná, com o primeiro raio da lua nova, o sacerdote ficava em pé no parapeito do Templo e soava o shofar para que fosse ouvido em todo o vale ao redor e assim que o sacerdote tocava o shofar, todos os agricultores israelitas interrompiam imediatamente a colheita, mesmo que ainda ficasse mais para ser colhido. Eles deixavam tudo lá mesmo no campo. Era o fim da colheita de trigo e eles paravam tudo e se dirigiam para o Templo para a adoração do dia de ano novo, a Festa das Trombetas.”

Paulo associa claramente o “soar das trombetas” com a Segunda Vinda de Cristo sobre as nuvens (1ª Ts 4.16-17; 1ª Co 15.51-52). Isaías associou o uso do Shofar com a vinda do Messias (Is 51.9; 60.1). Paulo associou o despertamento estrondoso com o Shofar e com o arrependimento dos pecados e citou Isaías 60.1 em Efésios 5.14-17.

As Escrituras compara o trigo com a Igreja de Cristo, podemos entender que ao tocar a última trombeta, “Senhor descerá do céu... e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (1ª Ts 4.16-17). Com o arrebatamento da Igreja, a colheita do trigo é interrompida, e a Igreja estará reunida no céu para Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9).

A colheita geral do Velho Testamento tipifica o arrebatamento da Igreja quando Cristo voltar: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos” (Ap 20-6). Esta Bem-aventurança é aplicada a “ressurreição dos justos”. O bem-estar e a felicidade dos justos advêm deste acontecimento. 

1.3. Os rabiscos da colheita. Deuteronômio 24.19 “Quando vocês estiverem fazendo a colheita de sua lavoura e deixarem um feixe de trigo para trás, não voltem para apanhá-lo...”.

A terceira fase da primeira ressurreição refere-se àqueles mortos no período da Grande Tribulação, os quais são chamados de “mártires da Grande Tribulação”. São os restolhos da ceifa, isto é, as respigas da colheita (Ap 6.9-11; 7.9-17; 14.1-5; 20.4,5).

“....e deixarem um feixe de trigo para trás...”. A palavra deixarem no original hebraico aponta para o sentido de “deixar por esquecimento”, ou seja, os feixes de trigo que serão deixados para trás.

A prática de respigar (colher as sobras da colheita) também é conhecida como rabiscos. O Eterno determinou, assim, que o segador não deve voltar ao campo para buscar a sobra da colheita do trigo, mas deve deixá-la para o estrangeiro, o órfão e a viúva.

Os remanescentes de Israel também farão parte dos rabiscos da colheita: “Porém ainda ficarão nele alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos seus ramos mais frutíferos, diz o Senhor Deus de Israel.” (Isaías 17.4-6).

Ficarão alguns remanescentes (Is 10.20), ainda que em número muito reduzido. E um erro, portanto, insistir nas tribos perdidas de Israel.

Observou-se, no tópico anterior, que a colheita é interrompida e não encerrada, pois haverá no campo ainda a sobra da colheita. Isto é, ama pequena parte da colheita do trigo é deixada para trás, de forma que esta parte não será colhida pelos segadores, mas por outras pessoas que podem não ter o mesmo cuidado que os segadores ao realizarem a colheita.

Na verdade, enquanto a Igreja estará na festa das trombetas no céu (Bodas do Cordeiro - Ap 19.7-9), os deixados para trás estarão que enfrentar o Anticristo.


Apocalipse 7.9,13-14 “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; 13- E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? 14- E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”

Este último grupo são os rabiscos da colheita formado pelos, mártires da Grande Tribulação (Ap 7.9, 13-14; Ap 20.4), as duas testemunhas (Ap 11.1-12) e os 144 mil selados das 12 tribos de Israel (Ap 7.1-8; Ap 14.1-5), os quais ressuscitarão antes do milênio, isto é, onde Cristo reinará nesta terra por mil anos.

O primeiro grupo que João viu que serão salvos, são os mártires da Grande Tribulação que foram mortos pela besta:

Ap 20.4 “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram decapitados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.”

João vê no céu as almas daqueles que foram decapitados pela besta. Na língua grega a palavra decapitado αποκεφαλίζω é: decapitar, degolar, guilhotina. Eles foram degolados, porque foram fiéis a Jesus e não se curvarão a besta e nem sua imagem, por isso terão o direito de reinar com Cristo no milênio. Esse grupo são os rabiscos da colheita. Os poucos que ficaram para trás. 

IV. A RESSURREIÇÃO DOS INJUSTOS SÓ TERÁ LUGAR DEPOIS DO MILÊNIO 

Apocalipse 20.5 “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição.” 

As Escrituras mostram que há pelo menos um espaço de mil anos entre o fim da ressurreição dos justos, chamada de primeira, e a ressurreição dos ímpios, chamada de segunda ressurreição, isso significa que são dois momentos distintos.

Na verdade, o tempo da segunda ressurreição acontecerá no fim de todas as coisas, após o período do Milênio na Terra, quando haverá o Juízo Final (Hb 4.13).

No evangelho de João, Jesus falou de duas ressureições. A ressurreição da vida e a ressurreição do juízo (Jo 5.28,29). A Daniel também foi revelado acerca destes dois eventos “uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” (Dn 12.2).

Os outros mortos (os homens que desde Adão morreram nos seus delitos e pecados) não reviveram. Eles estão hoje em tormento no estado intermediário, mas ainda não estão no lugar definitivo do castigo final. Mas depois do milênio eles irão ressuscitar (no mesmo corpo) depois do milênio e dela só farão parte os ímpios.

A Bíblia revela que os ímpios ressuscitarão para serem julgados segundo suas obras (Ap 20.12), diante do Grande Trono Branco, e lançados no lago de fogo (Ap 20.12-13), que é a segunda morte. Isso não significa aniquilados, mas banidos da presença de Deus (2ª Ts 1.9). Na verdade, o “Lago de Fogo” (Mt 25.41,46), que arde continuamente com fogo inapagável – o tormento eterno (Ap 14.10,11).


Pr. Elias Ribas
Dr. Em Teologia
Assembleia de Deus
Blumenau - SC

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

VISÃO DO TRONO DA MAJESTADE DIVINA APOCALIPSE - 4

João fora banido para a Ilha de Pátmos, por ordem do imperador Domiciano, “por causa da Palavra de Deus e pelo Testemunho de Jesus Cristo” (Ap 1.9). Na solidão da ilha, foi presenteado com um dos mais altos privilégios que um mortal pode obter. Deus deu a João revelações maravilhosas, que em seu bojo, constituem o clímax do Apocalipse.

Foi nesta Ilha que João teve a estupenda visão do Cristo glorificado (Ap 1.9-20).

“Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas” (Ap 4.1).

Jesus convida o apóstolo João a subir ao Seu Trono para revelar os acontecimentos vindouros. Através das revelações deste livro queremos agora fixar os acontecimentos que ocorrerão após o arrebatamento da Igreja fiel de Jesus Cristo.

João vê uma porta aberta no céu e recebe um convite para que entre por ela, entrando contemplou o Trono do Rei dos reis (comp. 1ª Rs 22.19-23; Jo 1.6; 2.1). Ali é o lugar onde os eventos decretados por Deus, antes de sua execução.

O quarto capítulo começa com “Depois destas coisas, olhei....” Para entendermos este “Depois”, é necessário analisar a revelação dos três primeiros capítulos onde o Senhor Jesus ordena o apóstolo João:

1. Escreve, pois, as coisas que viste (1.19). Onde João vê o Senhor Jesus glorificando e estava voltando (1.20). Esta visão foi tão majestosa que João caiu como morto a Seus pés.

2. Escreve... as que são (1.19). As cartas destinadas as sete igrejas (capítulos 2 e 3).

3. Escreve... as que hão de acontecer depois destas” (1.19c). Ele devia, portanto, escrever também o que aconteceria na terra após o arrebatamento da Igreja.

1.      João é arrebatado ao céu.

[...] João não somente vê, mas também ouve, “...como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo”, dizendo: “sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas”. É interessante que João reconhece a voz, que já havia ouvido uma vez na terra (Ap 1.10). Foi o apóstolo João que em seu evangelho transmitiu as palavras de Jesus: “as ovelhas ouvem a sua voz...., mas de modo nenhum seguirão o estranho” (Jo 10.3-4). Ao ouvir a voz do Seu Senhor como de trombeta, ele é arrebatado da terra em espírito. O seu arrebatamento é uma analogia ao futuro do arrebatamento da Igreja, que acontecerá “num momento... ao ressoar da última trombeta” (1ª Co 15.52), quando o Senhor aparecer com “sua palavra de ordem” (1ª Ts 4.16). Agora João é chamado ao céu com a trombeta de Deus, como ouvirá a Igreja, no arrebatamento. Há poder nesta voz para ressuscitar os mortos (Jo 5.28-29). Ele foi arrebatado ao céu como Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5), a Igreja será arrebatada, invisível, silenciosa e milagrosamente, num abrir e fechar de olhos (1ª Co 15.52) [WIM MALGO. P. 106].

2.      A visão do Trono de Deus.

“Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado” (v. 2).

A primeira coisa que João vê no céu é um Trono. João não pode descrever a pessoa de Deus, mas ele conta o que vê:

“E esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda” (v.4).

Abundância de luz que procede d’Ele, reflete o caráter de Deus, representa o Senhor na Sua glória e poder. O Salmo 104.2 descreve o Senhor assim: “coberto de luz como de um manto”. Com a abundância de luz, ou seja, com o esplendor de cores das pedras preciosas.

A pedra jaspe era resplandecente e representa o Senhor na Sua glória. A pedra de sardônia é igual ao rubi, uma pedra cor de sangue, que representa o Senhor na Sua obra redentora. “Duas pedras preciosas, iguais, havia no peitoral do sumo sacerdote” (Êx 28.17-26). “...ao redor do trono, há um arco semelhante, no aspecto, a esmeralda” (v.3b). A pedra esmeralda revela a Nova Aliança de Deus com o homem através de Seu sacrifício na cruz do Calvário.

3.      Vinte quatro Anciãos.


“Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro” (v. 4).

Os vinte quatro anciãos não são anjos, pois cantavam o cântico de redenção (Ap 5.8-10), estão coroados, já vencedores (1ª Co 9.25), assentados sobre tronos, mostrando um tempo depois da vinda de Jesus (2ª Tm 4.8). Os anciãos representam os remidos, que foram levados ao Tribunal de Cristo e coroados logo após o arrebatamento.

Os doze primeiros anciãos deste turno de vinte quatro, são “os doze patriarcas” de Israel, que estão ao lado de Cristo, representando todos os remidos da “dispensação da lei” focalizada no Antigo Testamento (cf. Nm 13.2-3; 17.1-6; Hb 8.5 e 9.23). Os outros doze, representam “os doze Apóstolos do Cordeiro”, pois em alguns casos eles são chamados de “anciãos (cf. 1ª Pe 5.1; 2ª Jô v.1 e 9; Jo v.1). Estão ao lado de Cristo representando todos os remidos da dispensação da graça no Novo Testamento (cf. Mt 19.29; Ap 21.12, 14) Estes tronos não estavam vazios, mas estavam assentados sobre eles vinte e quatro anciãos, com vestidos brancos que representam as justiças dos santos (Ap 21.12-14), e coroas de ouro em suas cabeças. “...em cujas cabeças estão coroas de ouro”. Está aqui já o início do cumprimento da promessa do Senhor em (Mt 19.28). O Senhor prometeu coroar a Sua Igreja “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10). “Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus” (4.5). Atualmente, Deus está assentado sobre o trono da graça (Hb 4.16). Porém, neste tempo, Deus estará sobre o trono de Juízo. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e diante do trono ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus, pois eles são citados no capítulo 1.4 e 3.1 de Apocalipse, e no capítulo 5.6 os encontramos mais uma vez. Eles também são encontrados no Antigo Testamento, nas sete lâmpadas da Menorá (Zc 4.2). Que procede do trono de Deus uma atividade grandiosa e ininterrupta. Assim João observa as sete lâmpadas diante do Trono, que são interpretadas como a plenitude do Espírito Santo.

“Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Ap 5.6).

O Cordeiro é o mesmo Leão que aparece no verso 5. Ele é na qualidade de um “Cordeiro” na sua mansidão em tratar com Sua Noiva, mas como o Leão, no Seu poder irresistível para executar juízo contra os pecadores. João vê no trono de Deus o Cordeiro que havia sido morto, mas ao terceiro dia ressuscitou. João vê “...sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus”, que simboliza o Espírito Santo em toda Sua plenitude, pois ele convence, ouve, salva, julga, humilha, exalta e governa. O número sete não somente descreve a plenitude da terceira pessoa da divindade, mas é também um sinal da glória completa de Deus, pois sete é o número da plenitude divina.

“Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando. Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4.10).

Sinal de adoração e respeito supremo, a que se segue o lindo cântico de vitória, que mostra o verdadeiro culto no céu ao supremo Criador. Temos a adoração mais profunda da parte dos anciãos, que prostram diante do Trono, e lançam suas coroas, num gesto de submissão e respeito, ao que vive para sempre. É a oração inteligente dos remidos que compreendem a santidade e o amor do Senhor. E num gesto de magnífica adoração prostram-se cantando o lindo hino de louvor: “digno és, Senhor, de receber glórias, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.

4.      O mar de vidro.
“Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal...” (Ap 4.6).

O apóstolo João descreve o que vê “um mar de vidro”, ou seja, um grande espelho diante do trono do Eterno.

O mar representa povos e nações agitadas no tempo do fim. Porém, aqui o mar é tranqüilo e sem ondas. Ele não está agitado, mas sim imóvel diante do trono em contraste com a situação do mar dos povos sobre a terra: “Calai-vos perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as suas forças; cheguem-se e, então, falem; cheguemo-nos e pleiteemos juntos” (Is 41.1).

O mar de vidro, lembra a pia de cobre feita por Moisés (Êx 30.18-21), e o mar de bronze do templo terrestre (1º Rs 7.23-26), que era para purificação. Aqui a purificação está consumada, não há mais necessidade de água. O mar que João vê representa a pureza, pois ali tudo é puro, calmo e de perfeita paz.
 5.      As criaturas viventes.

“... e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4.6-8).

Há várias interpretações, mesmo sem sentido de dogmatizar, referente aos quatro seres viventes. Aos olhos de João, eram criaturas estranhas, porque são desconhecidas dos homens, mas lindas.“Eram cheio de olhos”. Penetração intelectual, vigilância e prudência. Estas criaturas viventes não representam a Igreja nem uma classe especial de santos, mas são os seres sobrenaturais visto no Velho Testamento, que estão sempre em conexão com o Trono de Deus e a presença de Jeová. São os querubins de Ezequiel, capítulo 1 e 10 (cf. Sl 80.1; 99.1; Is 37.16).

Todo o simbolismo dessa passagem é inspirado no profeta do Antigo Testamento. Esses seres vivos são os 4 anjos responsáveis pelo governo do mundo (Ezequiel 1,20). Eles andam em todas as direções, numa perfeita visão, cada um tinha quatro rostos, como também quatro asas, a forma de seus rostos era como o de homem; à direita, os quatro tinham rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e também rosto de águia, todos os quatro. O aspecto dos seres viventes era como carvão em brasa, à semelhança de tochas; tinham quatro rodas em vez de pés, e o aspecto das rodas era brilhante como pedra de berilo e o espírito dos seres viventes estava nas rodas, e, sem cessar glorificam a Deus: Santo, santo, santo (Ez 1.6-21). Lembrando os serafins de Isaías capítulo 6.

João não soubera descrever o que viu, portanto, ele os chama de “quatro animais”, que são os querubins da visão descrita pelo profeta Ezequiel.

Se analisarmos profundamente este assunto veremos que o profeta Elias foi separado do profeta Elizeu, por estes seres (querubins), mas subiu num redemoinho: “Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (2º Rs 2.11).

Eliseu, foi o único a ver o profeta Elias ser arrebatado. Foi elevado ao céu com grande impulsão, portanto, ele também não soube descrever minuciosamente a cena que viu. Os carros de fogo são as rodas dos querubins, cor de brasas, os cavalos de fogo no nosso entendimento é o rosto dos querubins.

João ao ver os quatro seres no céu não descreu com suas minúcias, mas os chama de quatro animais ou quatro seres viventes, conforme o verso 6.

São representados com 4 formas. Cada uma delas tem o seu próprio significado. O leão é símbolo do que há de mais nobre na criação; o touro é símbolo de força; o homem significa sabedoria; a águia simboliza a agilidade.

[...] Na tradição cristã os quatro seres viventes estão no meio do trono, segundo o santo Tomás de Aquino que a doutrina do evangelho de Cristo em Ezequiel nos foi mostrada pelos quatro seres viventes. Ele atribui à aparência quadriforme do viventes um ensinamento simbólico sobre Cristo, que se tornou verdadeiro homem, foi imolado como um boi em sacrifício, ressuscitou com a própria força como um leão e subia ao céu como uma águia, onde se assentou a direita do Pai como Deus e homem. Também João chama Jesus no apocalipse de cordeiro de Deus e leão de Judá [Homiliae in Hiezchielem prophetam, 4].

Pr. Elias Ribas


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE APOCALIPSE


Para compreendermos melhor a Escatologia Bíblica (doutrina das últimas coisas), é necessário fazermos uma introdução apocalíptica, assim entenderemos melhor os acontecimentos a respeito do fim dos tempos.

O termo apocalipse do grego “apokalypsis”; no latim é “Revelatio”, que significa ação de tirar para fora, revelar o que está oculto. (De “Apo”, longe de, e “Kalyptõ”, ocultar).


A Bíblia é um livro cuja interpretação é considerada difícil. Muitos estudiosos a utilizam para edificação; outros, porém, para apresentar teses contraditórias. Esta confusão deve-se em grande parte, ao fato de não se levarem em conta os gêneros literários existentes no Livro Sagrado e também sabermos que ela foi revelada a seres humanos que embora iluminados pelo Espírito Santo, utilizavam os meios de expressão de sua época e de suas regiões. È necessário, portanto, para o interprete contemporâneo retroceder no tempo e procurar ambientar-se com as circunstancias nas quais os autores bíblicos receberam a revelação, ao comporem seus escritos.

O Apocalipse traz a “revelação de Jesus Cristos” para os últimos dias. Portanto Seu verdadeiro autor é o Filho de Deus. Ele é o testemunho apocalíptico. As palavras proféticas (1.3) deste livro (22.7, 18, 19) contêm o testemunho de Jesus, que o “pneuma” (espírito) da profecia (19.10).

Deus é o Senhor de todo espírito de profecia (22.6); sendo assim, Cristo é o possuidor dos sete espíritos de Deus (3.1). Diante deste testemunho do Apocalipse, podemos observar que o instrumento escolhido por Deus para receber a revelação foi o seu servo João, que obteve o testemunho através de anjos (1.1), quando estava na prisão na Ilha de Patmos (1.9).

O Apocalipse, por sua natureza histórico-profética, é dos mais fascinantes livros até hoje divulgados. O fato de tratar-se de uma “revelação de Jesus Cristo” indica que com todos os fatos e acontecimentos ali expostos estão na pessoa de Cristo, como motivo central do livro. Portanto, faz-se necessário o estudo sistemático a fim de conhecerem a linguagem simbólica e as predições de uma catástrofe que alcançará os pecadores, nestes últimos dias, ao mesmo tempo em que descobrirão no plano sobrenatural para os fiéis seguidores de Cristo.

Observemos ainda que cada grupo de sete é precedido por uma introdução. As perícopes do autor (ex. 8.3) devem ser consideradas pelo leitor com trechos intermediários. Notemos ainda que os grupos de sete são homogêneos; somente dois são interrompidos em seu desenvolvimento: precisamente a visão dos selos, num só caso (Ap 7.1-17) e a visão das trombetas duas vezes (8.13; 10.1-11).

O algarismo sete representa o número da perfeição, deparamos ainda com outros registros de sete, como: sete espíritos de Deus, isto é, sete lâmpadas que ardiam diante do trono, representando o Espírito Santo em Sua operação sétupla (4.5), sete cabeças da besta que o autor viu subir do mar e que representam os sete montes, os sete personagens e os sete reis (13.1; 17.9-10); e ainda as sete bem-aventuranças, a primeira das quais está no primeiro capítulo (1.3) e a última no capítulo (22.14). O simples registro do uso do número sete demonstra que Deus tem um plano para cada figura e para cada símbolo que aparece nas páginas do livro de Apocalipse.

Pr. Elias Ribas