TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 25 de junho de 2014

OS SINAIS DA VINDA DE JESUS



Nos dias atuais, estamos sendo privilegiados por Deus, pois temos acompanhado e certamente participado do cumprimento de diversas profecias, proferidas há séculos e referentes aos “tempos do fim” e “a volta de Jesus” a este mundo. É visível o que Deus tem feito, bem como, a ação do homem e do diabo, transformando em realidade a Palavra Bíblica.

Um dos mais enfáticos ensinamentos do Senhor Jesus foi que Ele um dia retornaria a esta terra e que os Seus fiéis saberiam quando seria.

No versículo 12 do capítulo 22 de Apocalipse: “Eis que cedo venho”. O Senhor nos prometeu que Ele voltaria nos últimos dias, então Ele já retornou? Essa pergunta realmente é muito importante para nós cristãos, então como, exatamente, podemos saber se o Senhor realmente retornou ou não? Encontraremos a resposta aprendendo sobre os sinais da volta de Jesus.

Os sinais relativos à volta de Nosso Senhor Jesus Cristo estão alinhados numa série de profecias, cujo principal objetivo é alertar a Igreja de Cristo a estarem convenientemente preparados para o arrebatamento da Igreja. No sermão profético, faz-nos o Senhor esta advertência: “Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que Ele está próximo, às portas.” (Mt 24.33).

Ao todo, podemos apontar mais de trezentos sinais e profecias referentes ao aparecimento iminente de Cristo. Sendo o tema de maior relevância das Sagradas Escrituras, assim devemos considerar os referidos sinais.

Apesar de parecerem sem importância aos olhos dos incrédulos, todos os sinais relativos à vinda de Jesus têm de ser bíblica e teologicamente considerados. 

I. O QUE É O FIM DOS TEMPOS 

“Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mt 24.3b).

O fim dos tempos refere-se aos eventos que antecedem à segunda vinda de Jesus Cristo a esta terra. A primeira Ele veio como Messias e salvador, mas a segunda vinda Ele virá para arrebatar Sua noiva e recompensar os salvos pela sua fidelidade: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.” (Ap 22.12).

A Igreja sabe que toda a Bíblia é escrita em torno do Senhor Jesus, o verdadeiro Messias e que Seu reinado será instalado no tempo do fim. Sabemos que Deus revelou aos profetas do Velho Testamento os adventos tanto da primeira quanto da segunda vinda de Jesus Cristo e os finais dos tempos.

Há ainda outras expressões ao longo da Bíblia que também fazem menção a este mesmo período, por exemplo:

O fim - Mateus 24.14 “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”.

Últimos tempos – Judas 18 “Os quais vos diziam que nos últimos tempos haveria escarnecedores, que procuram gratificar seus próprios desejos irreverentes, que andariam segundo as suas ímpias concupiscências”.

O tempo do fim - Daniel 12.9 “E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim”.

Última hora – 1ª João 2.18 “Filhinhos, é já a última hora, o fim desta era; e, como ouvistes que vem o anticristo, aquele que se oporá a Cristo disfarçando-se de Cristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora (o fim)”.

Há ainda, inúmeras outras referências dentro da Palavra de Deus acerca deste mesmo período.

A última hora mencionada por João é todo o período entre a primeira vinda de Cristo e o seu retorno. O prefixo “anti” aqui significa “oposto” a Cristo.

Os anticristos são mencionados por João como um anúncio da chegada do Anticristo. Os anticristos que o precedem são todos aqueles que se opõem à verdade, pregando o contrário de Cristo, distorcendo Suas palavras, mesmo estando no meio dos que se dizem cristãos. Todo aquele que prega heresias é um anticristo (2.19; 2ª Jo 7).

Há ainda, inúmeras outras referências dentro da Palavra de Deus acerca deste mesmo período. Só a carta de João denota aqueles que simulam e se opõe a Cristo (cf. 2ª Ts 2). 

II. O SERMÃO PROFÉTICO 

Jesus continuou a última semana do Seu ministério em Jerusalém ensinando Seus apóstolos sobre os eventos futuros. Seu discurso é conhecido como o sermão profético no monte das Oliveiras, chamado assim porque era lá que Cristo se sentava para ensinar (Mt 24.3).

O Sermão Escatológico de Jesus também é conhecido como O Sermão do Monte das Oliveiras, devido ao local em que foi proferido. Esse sermão pode ser encontrado nos Evangelhos de Mateus (cap. 24), Marcos (cap. 13) e Lucas (cap. 21 e algumas referências no capítulo 17).

Para muitos estudiosos o Sermão Escatológico de Jesus, principalmente o relato do Evangelho de Marcos, é como um “Pequeno Apocalipse”. A verdade é que qualquer estudo escatológico que seja coerente com as Escrituras, obrigatoriamente, precisa considerar o Sermão Escatológico de Jesus. De forma resumida vamos analisar esse importante sermão de Cristo.

O discurso pronunciado no Jardim das Oliveiras aconteceu na terça-feira depois que se acabaram as controvérsias com os líderes judeus nos átrios do templo. 

III. DISCURSO DE DESPEDIDA DE JESUS 

1. Um discurso de despedida. Foi proferido, portanto, no seu tempo de paixão. 

2. Cristo despede-se, porque vai em direção ao Seu calvário, ao Seu martírio e à Sua morte. Não fala somente de Sua crucificação, mas do fim, da finalidade de toda a humanidade, quando acontecer a sua segunda vinda. 

3. O nascimento, a morte, a ressurreição, a ascensão e pentecoste fazem parte da primeira vinda de Cristo. A segunda está por vir, os seja, Ele vai voltar! “Eis que cedo venho” (Ap 22.12). O Senhor nos prometeu que Ele voltaria nos últimos dias, então Ele já retornou? Essa pergunta realmente é muito importante para nós cristãos, então como, exatamente, podemos saber se o Senhor realmente retornou ou não? Encontraremos a resposta aprendendo sobre os sinais da volta de Jesus. 

IV. A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM E DO TEMPLO 

Mateus 24.1-3 “E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. 2- Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada. 3- E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?”

Embora em alguns versículos existam profecias que se referem a dois períodos, podemos fazer um esboço do Sermão Escatológico de Jesus em Mateus 24 da seguinte forma: 

1. O discurso acontece fora do templo. “E, quando Jesus ia saindo do templo...”. O texto registrado em Mateus, ocorre fora do templo, no Monte das Oliveiras, segundo o comentário de Hendriksen, no fim da terça-feira da semana em que o Cordeiro Pascal seria imolado. Os discípulos mostram para Jesus, enquanto este se afastava do templo, a beleza monumental do Santuário. 

2. As perguntas dos discípulos Vs. 1-2. “E, saindo ele do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras, e que edifícios! 2- E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada.”

Os discípulos não pedem sinais para a destruição de Jerusalém por exemplo, eles pedem sinais para Sua volta e para o fim dos tempos. Deste modo poderíamos colocar todos os sinais como resposta a essas duas questões sem grandes problemas com o texto, pois foi essa a pergunta e poderia bem ser esta a resposta. Também possível a existência nesse texto de profecias de duplo cumprimento, um cumprimento “típico” apontando para o cumprimento final, isso é bem característico no verso 15, onde o abominável da desolação pode muito bem ser identificado anteriormente como Antíoco IV, e agora novamente poderá ser identificado como Tito e o poderá futuramente ser identificado no próprio anticristo, que seria o cumprimento último da profecia, para onde os “tipos” apontavam. 

3. A reforma do de templo de Jerusalém. Este era o templo que Herodes o Grande iniciou sua restauração desde 20 a.C. Este Herodes não era o mesmo dos dias da crucificação de Cristo (ano 30). O primeiro foi o responsável pela matança dos inocentes em Belém, o segundo, seu filho Herodes, Antipas, participou de seu julgamento.

Este templo não era tão grande e glorioso quanto o de Salomão, mas com muito ouro, prata, mármore. Herodes, o Grande, era idumeu, e não havia comprovação genealógica de que descendesse dos judeus, então, para ser agradável aos judeus, tomou algumas medidas populares como a construção do templo, porque isto trazia ganhos políticos. 

3.1. Herodes não poupou recursos. O muro que cercava o templo era de enormes pedras brancas que pesavam uma tonelada. Os viajantes viam de longe a beleza do templo.

A empolgação dos discípulos com as pedras e os edifícios do templo era uma reação natural diante de sua arquitetura esplêndida e majestosa; cada uma de suas pedras pesava toneladas. As descrições de Josefo (Antiguidades judaicas) expressam sua magnificência. Não havia nada como ele em todo o mundo. Belíssimas pedras de mármore branco com ornamentação de ouro compunham a estrutura de mais de 30 m de altura que começou a ser construída por Herodes em 20 a.C. e foi completada por seu descendente em 66 d.C. 

4. Jesus profetiza a destruição do templo. “...não ficará pedra sobre pedra...” Quando Jesus disse que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada, isso certamente chamou muito a atenção. Porém, essa profecia se cumpriu em 70 d.C., quando o general romano Tito saqueou a cidade. Até hoje existe em Roma o Arco de Tito, erguido pelos romanos para comemorar esse evento, onde é retratado em ilustrações o templo sendo saqueado. Bíblia de Genebra.

Jesus usou a forte construção negativa dupla dos gregos duas vezes neste versículo a fim de negar que ficaria pedra sobre pedra. Era positivamente certo que o Templo seria completamente destruído, um fato confirmado pela história quando em 70 d.C. O Templo e a cidade foram deixados em ruínas, sob o comando de Tito.

Os discípulos na certa não queriam acreditar que o Templo de Deus seria destruído e arrasado outra vez eles estavam impressionados com a arquitetura do templo e sua grandeza, mas Jesus não está nem um pouco impressionado com sua imponência e profetiza sua destruição em termos fortes (Mc 13.2). 

5. Como seria destruída Jerusalém e o templo? No ano de 64 d.C, os judeus se rebelaram contra a autoridade romana por causa dos altos impostos cobrados, quatro legiões foram levadas pelo imperador Tito para sufocar a revolta.

No ano 70, seis anos depois de sua reforma, o templo foi destruído por uma rebelião de soldados romanos que se revoltaram contra os judeus que não assimilaram a fé que defendiam.

Mesmo dividindo o sermão da forma apresentada acima, existem referências à destruição de Jerusalém e do Templo em outras seções, principalmente em profecias de duplo cumprimento, ou seja, Jesus também usa a destruição de Jerusalém para tipificar os momentos associados à Sua Segunda Vinda. De forma resumida podemos pontuar esse evento da seguinte forma: 

5.1. Jerusalém seria sitiada. Esse cenário era bastante improvável para qualquer habitante da época por que se tratava de um momento de grande paz com o Império Romana garantindo a tranquilidade. 

5.2. Jerusalém seria destruída. A cidade seria queimada e sua população dizimada. Esse evento seria o juízo de Deus sobre aquela geração. Após pouco mais de três anos de cerco, o exército romano invadiu Jerusalém e à destruíram. Estima-se que mais de 600 mil judeus foram massacrados. 

5.3. O Templo seria destruído. Herodes havia começado a reconstruir o templo, e nessa época ele estava em fase de acabamento, com abundância de ouro, mármore e madeiras finas entalhadas. Era uma construção realmente imponente (vers. 1), mas Jesus afirma: “Não ficará pedra sobre pedra”. No ano 153 a.C. o templo já tinha sido profanado com Antíoco IV Epifânio, porém nesta profecia de Jesus, o templo seria profanado e destruído. 

5.4. Dispersão. Os sobreviventes desse momento terrível seriam espalhados pelo mundo todo e ficariam dispersos. 

V. O PRINCÍPIO DAS DORES

1. A preocupação dos discípulos era com o fim. “E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração.” (1ª Pe 4.7).

A frase “o fim de todas as coisas” se referiria naturalmente ao fim do mundo; a dissolução dos assuntos humanos.

Nós só estaremos preparados para o fim se mantivermos uma relação íntima com Deus, sendo sóbrios e vigiando em oração; e também se tivermos o que a versão ARA chama de um amor intenso uns para com outros (v. 8, que é explicado nos v. 9,10).

Jesus pode vir trazendo consigo Seu juízo a qualquer momento. Por essa razão, todos precisam estar preparados para dar conta do que fizeram em sua vida. Sóbrios. Os cristãos devem controlar seus desejos pecaminosos porque não tarda a volta do Senhor.

Vigiai. Pedro exorta seus leitores para que sejam prudentes e estejam empenhados em buscar a Deus em oração. 

2. O princípio das dores é o tempo em que estamos vivendo. “E, assentando-se ele no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, e Tiago, e João e André lhe perguntaram em particular: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir.” (Mc 13.3,4).

“...quando serão estas coisas...” A pergunta dos discípulos tem em vista a destruição do templo. A resposta de Jesus parece incluir tanto este evento específico como o tempo que conduz à vinda do Filho do Homem (v. 26; cf. Mt 24.3). Os eventos em torno da destruição do templo parecem anteceder e tipificar aqueles momentos associados à segunda vinda. [Bíblia de Genebra].

“... que sinal haverá...” Jesus deixa claro que perturbações como guerras, rumores de guerra e desastres, são os “sinais” ou indicadores do tempo em que Ele retornará. Eles não nos dizem quando Ele voltará, mas que Ele voltará. [Andrews Study Bible].

“... cuidado... vigiem...”

V. 5 “E Jesus, respondendo-lhes, começou a dizer: Olhai que ninguém vos engane.”

“... Olhai...” Vigiai! Esteja alerta! Esteja de guarda! O maior foco deste capítulo. Existe o perigo da decepção e o perigo da complacência. [Andrews Study Bible].


Pr. Elias Ribas
Assembleia de Deus
Blumenau SC





quarta-feira, 18 de junho de 2014

ESCATOLOGIA BÍBLICA

DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

 Ao contrário do que muita gente pensa, a Doutrina das Últimas Coisas não constitui um emaranhado de enigmas ou um quebra-cabeças. Ele é um conjunto de verdades cristalinas e bem estabelecidas a respeito do que Deus está para fazer nestes últimos dias.

 I.  O QUE É A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

Afirmou o apóstolo Paulo: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1ª Co 15.19). Mas como esperamos em Cristo também na outra vida, não podemos ignorar o plano de Deus para o final dos tempos? Daí a necessidade e a urgência de compreender a “Doutrina das Últimas Coisas”.

1.       Definição do termo.

Doutrina das últimas coisas é o estudo dos eventos que estão para acontecer segundo as Escrituras. Estes eventos fazem parte do plano divino e eterno através dos séculos, conforme Ef 3.11 e Is 46.11.

A doutrina das últimas coisas, por conseguinte, são as verdades da Bíblia Sagrada referente aos últimos dias da história da humanidade. Em Teologia Sistemática recebe o nome de Escatologia, em grego significa literalmente, “Estudo das últimas Coisas”.

Escatologia – O termo escatologia deriva-se de dois vocábulos gregos:
“Eskatos” = último.
“Logia” = estudo ou tratado – significa estudo das últimas coisas, doutrinas futuras.

Jesus ensinou muito sobre este assunto nos Seus Evangelhos, e para o profeta João quando revelou o Apocalipse, temos também referências nos livros dos profetas.

A escatologia é o ponto alto do estudo teológico. A teologia só pode ser completa quando apresenta uma doutrina escatológica com uma interpretação fiel e harmônica.

Na escatologia vemos Deus revelando aos homens algo sobre os tempos e estações que estabeleceram pelo Seu próprio poder (At 1.7). Para os salvos, estão reservadas maravilhosas e surpreendentes coisas dentro de um futuro breve. Para os pecadores, que não se arrependerem, o futuro será dramático, triste e lamentável.

2.      No Antigo Testamento.
A escatologia do Antigo Testamento tem como pilares os seguintes pontos:
A. A salvação e a restauração completa do remanescente fiel do povo judeu (Ez 36.17-38; Sf 3.13).
B. O aparecimento glorioso e visível do Messias, que levará Israel à conversão nacional (Zc 12.10).
C. O Dia do Senhor e o julgamento (Is 12.2; 13.9; Ob 1.15).
D. O estabelecimento do Reino de Deus na terra (Is 11.1-16).
E. A ressurreição e o Juízo final (Dn 12.2).
F. O aparecimento do novo céu e da nova terra (Is 65.17).

3.      No Novo Testamento.
A escatologia do Novo Testamento trata, basicamente, dos seguintes assuntos:
A. O arrebatamento da Igreja (1ª Ts 4.13-17).
B. O aparecimento do Anticristo (2ª Ts 2.1-12).
C. A grande tribulação (Mt 24.15-28).
D. O reino milenar de Cristo (Ap 20.1-6).
E. O julgamento final (Ap 20.11-15).
F. A inauguração do perfeito estado eterno, tendo a Nova Jerusalém Celeste (Ap 21.1-27).

II.  O OBJETIVO DA DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

A Doutrina das últimas coisas tem o seguinte objetivo:
1.      Mostrar o que está prestes a acontecer (Ap 22.6).
2.      Preparar o crente para encontrar-se com Deus (1ª Jo 3.3).
3.      Tranquilizar o povo de Deus para os últimos acontecimentos (Jo 14.1-2).
4.      Alertar a todos que o Noivo está chegando (Ap 22.17-20).


A fim de estudarmos com proveito a doutrina das últimas coisas, observemos alguns procedimentos importantíssimos.
1.        Reconhecer primeiro a Bíblia.
2.        Orar com profunda reverência.
3.        Evitar especulações e vãs sutilezas da falsa hermenêutica.
4.        Esperar com alegria a manifestação do Senhor da glória.


1.       Falta de afinidade com o Espírito Santo.
Isso traz confusão espiritual (1ª Co 2.10-14).
2.       Falsa aplicação do texto bíblico nos seus variados aspectos.
A. Quanto ao povo (Mt 24.14). Judeu, gentio e igreja.
B. Quanto ao tempo (Mt 24.3). Escatológico.
C. Quanto ao lugar (At 2.17-20; Mt 24.29). Só Israel.
D. Quanto ao sentido do texto (Ez 37). Com o povo de Israel.
E. Quanto à mensagem do Texto (Jo 3.5).
F. Quanto à procedência da mensagem existem três fontes: de Deus, do homem e do Diabo.

A Bíblia diz “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2ª Tm 2.15).

Manejar: é o mesmo que aplicar corretamente o texto bíblico quanto aos elementos acima. É um dever de todo o obreiro do Senhor “saber manejar a Palavra da verdade”.

Não podemos , de forma alguma, ser omissos ou corromper a sã doutrina.

3. Conhecimento bíblico desordenado:

Há crentes portadores de um admirável conhecimento bíblico, porém, de forma solta e desordenada, sem examinar a hermenêutica bíblica.

4.  Conhecimento que é apenas especulação do raciocínio humano (1ª Co 2.14).

Neste tipo de conhecimento que muitos crentes têm não há qualquer intenção de consagração ao Senhor, e muito menos humildade e obediência a Sua vontade. 

A DIVISÃO DA HUMANIDADE

 Como se há de entender a Igreja a respeito do Novo Testamento e o Antigo Testamento? Como se poderá entender a natureza e Missão da Igreja entre as nações gentílicas se não estudarmos o que é a verdadeira Igreja e o que é o mundo, segundo a Bíblia?

Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gentios, nem a igreja de Deus” (1ª Co 10.32).

Para estudarmos escatologia é necessário aprendermos a divisão da humanidade em três grupos, conforme o texto acima:

A.  Os Judeus: São os descendentes de Abrão, Isaque e Jacó, Is 51.2; Jo 8.39. Também são chamados de hebreus, israelitas, filhos de Israel e naturalmente de Israel.

B.  Os Gentios: São todos  aqueles que não são Judeus.
C.  A Igreja de Cristo: São todos os judeus e gentios convertidos a Cristo.

I. CONTRASTE ENTRE ISRAEL E A IGREJA
1)     Escolha de Deus.
A.   Deus escolheu Israel para a sua glória na terra (Gn 15.7; Êx 32.13; Js 11.23).
B.   Deus escolheu a Igreja para Sua glória no céu (Ef 2.4-7).

2.   Escolha.
A.  Israel foi escolhida através do chamado de Abrão (Gn 12.1-3).
B.  A Igreja foi escolhida antes da fundação do mundo (Ef 1.4).

3. Propósito de Deus.
A.    Fazer de Israel uma nação diferente de todas (Gn 12.2; 46.3).
B.     Fazer da Igreja um corpo diferente de todos (Ef 1.15-23; 2ª Co 11.2).

II.  O CHAMADO
·   Deus chamou uma pessoa para dela formar uma nação (Is 51.2).
·   A Igreja chamada entre muitas para se tornar um só corpo (Ef 2.11-26).

1.       Encontro com Cristo.
A.    Os Judeus serão chamados de volta à sua pátria (Jr 33.7-9).
B.     A Igreja será chamada aos céus (1ª Ts 4.13-15).
2.      Relação com Cristo.

A.    Cristo será Rei de Israel (Zc 14-17).
B.     Cristo é a cabeça do corpo, e Noivo da Igreja (Ef 1.22; 4.15).

3.      Herança.
A.    A herança de Israel é a terra (Gn 12.7).
B.     A herança da Igreja é o céu (Ef 1.3).

O propósito de Deus com Israel é um e com a Igreja é outro, totalmente diferente.


Com esta pequena introdução às formas de interpretação das Escrituras Sagradas, seguidas de alguns exemplos para demonstrar a forma utilizada para interpretar este estudo, guiado e inspirado pelo Espírito Santo, empenhemos ao máximo para esclarecer de forma fidedigna este assunto.

Pr. Elias Ribas

sexta-feira, 6 de junho de 2014

A ASCENSÃO DE CRISTO



 Usamos o termo “ascensão” como referencia àquele evento da vida de Jesus Cristo já ressurreto, em que Ele foi visto visivelmente transladado para o céu na presença dos Seus discípulos.

I. A ASCENSÃO NAS PROFECIAS

A ascensão de Cristo vaticinada no Sl 110.1 “Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro, recebeste homens por dádivas...”. Cristo várias vezes vaticinou Sua ascensão. Em Jo 6.62 Jesus diz: “Que serás, pois, se virdes o filho do homem subir para o lugar onde primeiro estava?”.

II. O REGISTRO BÍBLICO DA ASCENÇÃO DE JESUSregistro da ascensão de Jesus

Em At 1.9-11, lemos: “Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem O encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles, e lhes perguntaram: Varões galileus, porque estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir”.

“Então, os levou para Betânia e, erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu” (Lc 24.50-51).

É interessante notar que, em contraste com o frequente e repentino aparecimento do Senhor Jesus no intervalo de quarenta dias após Sua ressurreição, a Sua ascensão deu-se lentamente. Este evento ficou permanentemente gravado na mente dos discípulos que o contemplaram quando subia para o céu, onde iria ficar até a Sua segunda vinda. Ascensão constitui marco divisório na vinda de Cristo. O período do seu ministério terreno se estende do seu nascimento até sua ascensão. Após a ascensão, Ele entra na segunda etapa do Seu ministério, intercedendo por nós no céu e mostrando-se o Cristo da experiência espiritual através da operação do Espírito Santo na vida dos crentes aqui na terra.

III. A NATUREZA DO CORPO RESSURRETO DE CRISTO

Jesus ressurreto: “E, retirando-se elas apressadamente do sepulcro, tomadas de medo e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos. E eis que Jesus veio ao encontro delas e disse: Salve! E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés e o adoraram. Então, Jesus lhes disse: Não temais! Ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galiléia e lá me verão” (Mt 28.8-10).

“Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor” (Jo 20.19-20).

“Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco! Eles, porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito. Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados? E por que sobem dúvidas ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés” (Lc 24.36-40).

Em primeiro lugar a natureza do corpo ressurreto de Cristo exigia Sua ascensão ao céu. O Seu corpo glorificado já não estava sujeito às leis e limitações terrenas, sendo já vivificado pelo Espírito Santo e pronto para Sua reentrada no céu.

IV. A PERSONALIDADE DE CRISTO

A personalidade de Cristo também exigia Sua ascensão. Como foi de ordem sobrenatural. Sua entrada neste mundo, mediante a encarnação no ventre de Maria, assim também devia ser de ordem sobrenatural Sua partida da terra para o céu.

V. A COROAÇÃO DA OBRA DA COROAÇÃO

A ascensão coroa a obra da redenção no céu. O plano de redenção foi posto em marcha quando Cristo deixou Seu lar celestial, habitando em excelsa glória com o Pai, para assumir forma humana mediante a encarnação. A obra de redenção efetuada por Jesus através da Sua morte e ressurreição é declarada completa ao voltar Ele ao Seio do Pai, evidenciando a plena realização do Seu ministério na terra. À destra do Pai, Jesus reassumiu sua posição de autoridade, para em seguida enviar sobre a Igreja o consolador prometido: o Espírito Santo (Jo 16.7), o que ocorreu no dia do Pentecostes (At 2.4).

Pr. Elias Ribas

pr.eliasribas2013@gmail.com.br

domingo, 1 de junho de 2014

O PODER DA EXPIAÇÃO



Is 53.10 – Todavia ao Senhor agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar: quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias; e o bom prazer do senhor prosperará na sua mão.

Expiação significa cobrir o pecado: isto é, não escondê-lo ou ocultá-lo de Deus, mas tem o sentido de pagar a dívida contraída.

“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto” (Sl 32.1). 
“Logo muito mais agora, sendo justificado pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5.9).
 “Sendo justificado gratuitamente pela graça, pela redenção que há em Cristo. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus” (Rm 3.24 e 25).

A expiação opera 3 efeitos distintos: sobre o pecado, sobre o pecador e sobre o mundo.

I.      Seu efeito sobre o pecado

A. Remove o pecado através do sangue de Jesus: Nem por sangue de boda e nem de bezerros, mas pelo próprio sangue” (Hb 9.12).

“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis como prata ou ouro, que foste resgatado da vossa vã maneira de viver que por tradição recebeste dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo como de um Cordeiro imaculado, e incontaminado” (1ª Pe 1.18-19).

B. Cancela o pecado e justifica o pecador: Havendo riscado a cédula que era contra nós e atirando do meio de nós cravando-a na cruz (Cl 2.14).

“E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus” (Cl 1.20).

II. Seu efeito sobre o pecador


A expiação veste o pecador com o sangue do Cordeiro que é Jesus.

Romanos 3.22 o apóstolo Paulo diz que a expiação é a justiça de Deus para com os que nele creem.

“Cristo efetuou a expiação do pecado, tornando-se pecado por nós. Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que fossemos feito justiça de Deus” (2ª Co 5.21).

III. Seu efeito sobre o mundo

A expiação teve um duplo efeito em relação ao pecador: Individual e Universal.
Individual – Ex. salvação a Zaqueu, o publicano, conforme Lc 19.
Ao Mundo – 2ª Co 5.21 Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo.
Jo 1.29 Um efeito vindo de Jesus, que é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

A obra expiatória de Cristo no calvário foi completa, se ela não fosse o mundo estaria sob o peso da condenação Eterna. Hoje pregamos a Cristo crucificado que morreu por nossos pecados, mas ressuscitou para nossa vida. A expiação que Jesus realizou foi para redenção de nossos pecados e para nossa justificação.

Pr. Elias Ribas

pr.eliasribas2013@gmail.com.br

sexta-feira, 16 de maio de 2014

CRISTO REVELADO NA TIPOLOGIA


O termo “tipologia bíblica” se refere às pessoas, eventos e instituições do Antigo Testamento que serve de sombra ou prefiguração de pessoas e eventos do Novo Testamento. A representação inicial se chama “tipo”, e a realização dela, “antítipo”.

Podemos compreender melhor o livro de Hebreus, se estivermos cientes do fato de que o autor revela muitos antítipos de tipologia do livro de Levíticos no Antigo Testamento. Lemos em Hb 10.1 Diz: “Visto que a lei tem a sobra dos bens vindouros, mas não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente eles oferecem”.

Temos aqui um exemplo: o “tipo” é a antiga aliança, ou seja, a Lei; sua realização, ou “antítipo” é a nova aliança proporcionada pela morte de Cristo no Calvário.

Seria incompleto este o estudo da Cristologia sem algumas referências às muitas fontes textuais que prefigura no Antigo Testamento, a pessoa e obra de Cristo.

Hb no capítulo 4, nos mostra que tanto Arão como Melquisedeque foram “tipos de Cristo” no que diz respeito ao seu sacerdócio.

Hb no capítulo 3, mostra que Moisés foi um “tipo” de Cristo no seu papel de libertador: nesta função aparece também Josué. Devemos lembrar, que o “antítipo” se manifesta bem superior ao “tipo” que prefigura. Não há, por exemplo, na vida de Cristo, aquelas fraquezas e falhas humanas nos indivíduos que lhe serviram de “tipo”.

Em Números capítulo 21 relata como Moisés levantou a serpente de bronze no deserto, e como todos os israelitas que contemplavam ficavam curados da picada das cobras vivas. Em Jo 3.14-15 Jesus diz: “do modo porque Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que n’Ele crê tenha a vida eterna”. Este tipo cumpriu-se no Calvário, quando Jesus foi feito pecador por nós, conforme 2ª Co 5.21; Gl 3.13.

Os três dias e três noites passados por Jonas no ventre do peixe servem de “tipo” do intervalo entre a crucificação de Cristo no Calvário e Sua ressurreição no terceiro dia. Em Mt 12.40 Jesus diz: “Assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra”.

No capítulo 22 de Gn, a prontidão de Abraão para sacrificar seu filho Isaque, serve de “tipo” de Deus, que deu Seu filho unigênito em sacrifício por nós, pecadores.

Vejamos a seguir algumas instituições do Antigo Testamento cuja realização se encontra em Jesus Cristo: os sacrifícios de animais, o sacerdócio, o tabernáculo e templo, e lei Mosaica. No que diz respeito ao sacrifício de animais para expiação de pecados, lemos em Hb 9.13-14: “Se o sangue de bodes e de touros, e a cinza de uma novilha, aspergida sobre os contaminados, os santifica, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito Santo, A si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas para servimos ao Deus vivo!”.

Acerca do sacerdócio, lemos em Hb 7.26-27 “Com efeito nos convinha um sumo sacerdote, assim como este, santo, inculpável, sem mácula, separados dos pecadores, e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de pecados, depois pelo do povo, porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu”.

Pr. Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com.br


domingo, 4 de maio de 2014

SOFRIMENTOS DE CRISTO


 “Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. 6 As minhas costas dei aos que me feriram, a minha face aos que me arrancaram os cabelos; não escondi a minha face dos que me afrontaram, e me cuspiam. Zc 13.6 Está escrito E se alguém lhe disser: Que feridas são essas nas tuas mãos? Dirá ele: são as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos” (Is 53.5).

“E a hora nona exclamou Jesus com alta voz: Eloi, Eloi, lama sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.34).


“Em agonia, orava mais intensamente. O seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até o chão” (Lc 22.44).

I. Jesus padeceu para nos levar a Deus
“Pois Cristo padeceu uma única vez pelos pecados, o justo pelo injusto, para levar-nos a Deus. Ele, na verdade, foi morto na carne, mas vivificado pelo Espírito” (1ª Pe 3.18).
“Convinha que aquele por quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o autor da salvação deles” (Hb 2.10).
“E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta” (Hb 13.12).

II. Jesus era um Varão de Dores
 “Era desprezado, e o mais indigno entre os homens, homem de dores, e experimentado no sofrimento. Como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum” (Is 53.3).

III. Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém
(E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela (Lc 19.41).

IV. Na morte de Lázaro
“Jesus, vendo-a chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham moveu-se muito em espírito, e perturbou-se. Diz a Bíblia: Jesus chorou” (Jo 11.33).
“Agora o meu coração está angustiado, e que direi? Pai salva-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim” (Jo 12.27).

V. Jesus foi desprezado (na sua Pátria)
“Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama a sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?” (Mt 13.55).
“Os que passaram, blasfemavam dele dizendo: Ah! Tu que destrói o templo, e em três dias o edifica” (Mc 15.29).
 “Muitos diziam: Está possuído por um demônio, e está fora de si. Por que ouvis?” (Jo 10.20).
“Os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas as coisas e zombavam dele” (Lc 16.14).
“Salva-te a ti mesmo, desce da cruz. E da mesma maneira também os principais dos sacerdotes, com os escribas, diziam uns para os outros, zombando: Salvou os outros, e não pode salvar-se a si mesmo. O Cristo, Rei de Israel, desça Agora da cruz para que o vejamos e acreditemos” (Mc 15.30-32).

VI. Suportou humilhações
“E foram crucificados com Ele dois assaltantes, um à direita e outro à esquerda” (Mt 27.38).
 “E ela deu a luz a seu filho primogênito, envolveu-o em panos, e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2.7).
“Na sua humilhação negaram-lhe justiça. Quem contará sua geração? Sua vida é tirada na terra” (At 8.33).
“Pois já conheceis a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, por amor de vós, se fez pobre, para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos” (2ª Co 8.9).
“Mas a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. 8 E, achando na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2.7).

Deus enviou Seu Filho ao mundo para resgatar o homem; Ele pagou com sua morte no calvário o preço da minha e da tua salvação. Hoje a porta está aberta e Jesus está a convidar: “Vinde a mim todos os cansados e oprimidos que Eu vos aliviarei”.

Pr. Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com.b

domingo, 27 de abril de 2014

JESUS LAVA OS PÉS DOS DISCÍPULOS


Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim. E, acabada a ceia, tendo já o Diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse. Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus. Levantou-se da ceia, tirou os vestidos, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos. Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos. Depois que lhes lavou os pés, e tomou os seus vestidos, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.  Ora se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.1-15).


A narrativa da paixão de Cristo tem o seu início neste capítulo 13 do Evangelho de São João, quando o Mestre começa a preparar os discípulos para entenderem a morte sacrifical que Ele, brevemente, sofreria na cruz (Jo 13.1). Pedro, naquele momento, não compreendeu o significado do ato de Cristo, em lavar os pés dos seus discípulos, mas pouco depois veio a compreender a lição de humildade que o Senhor queria que aprendessem (Jo 13.7). Cabe a nós, como Igreja de Cristo, buscar o entendimento divino (Ef 4.22-24), para que possamos compreender a medida do amor de Cristo (Ef 3.18-19), e, principalmente, o significado espiritual deste ato de humildade, praticado pelo Senhor Jesus, que é o tema desta lição. 

I. O MESTRE LAVA OS PÉS DOS DISCÍPULOS 

Conforme diz o Texto Bíblico Básico (Jo 13.2), podemos verificar que esta ceia era particular, pois dela participaram somente o Mestre e seus discípulos; conforme podemos constatar em Mt 26.12 e Lc 22.14. Cremos que não havia ali escravos para lavar os pés dos discípulos, como era costume da época (Lc 7.44), e que nenhum dos discípulos tivera a ideia ou a delicadeza de providenciar as condições necessárias para a realização desta tradição, o lava-pés, que além de aliviar as dores dos pés dos caminhantes, era, também, um ato de higiene. Por isso, certamente, o Mestre esperou que todos acabassem de cear para tomar a posição de servo e lavar-lhes os pés, demonstrando, assim, todo o seu amor e humildade (Fl 2.6-7), ensinando-lhes, e a nós, também, o quanto temos que crescer no conhecimento do evangelho, através da humildade (Gl 5.15; Sl 110.125).

1. A hora do Calvário está próxima. Conforme o versículo primeiro do texto bíblico em foco, Jesus sente em seu espírito que é chegada a hora da obediência suprema ao Pai, mas ainda necessita preparar os seus discípulos, afim de que eles possam continuar a obra de “pescar” os pecadores para o Reino de Deus. Certamente, observando-os ao redor da mesa, Ele sentiu a dor humana da separação física que logo iria ocorrer entre eles, e “amou-os até o fim”. Agora, a luta passaria para outro campo, onde seria travada uma batalha espiritual, nas regiões celestiais (Ef 4.8-10; 6.12), que culminaria na morte de Cristo na Cruz, mas, também, na sua ressurreição no terceiro dia, vencendo a morte e Satanás (Is 25.8; 2ª Tm 1.10; Hb 2.14). A hora do supremo sacrifício estava, já, próxima, o Cordeiro de Deus estava pronto para ser imolado e oferecido sobre o altar – a cruz, no Calvário.

2. Cristo despoja-se dos vestidos. Consideremos, agora, a atitude de Jesus Cristo, conforme registrou o discípulo amado: “Levantou-se... tirou os vestidos... tomou a toalha e cingiu-se” (Jo 13.4). Para os discípulos, no momento, era difícil entender esta atitude do Mestre (Jo 13.7); mas, para nós, que temos a Palavra de Deus escrita, podemos compreender o significado deste ato de amor e humildade.

Cristo sabia que todas as coisas estavam em suas mãos (Jo 13.3); mas ao tirar os vestidos mostrava, figuradamente, o despojar de todas as suas virtudes divinas, para cumprir a missão do servo sofredor, da ovelha muda, que seria levada ao matadouro, como disse Isaías, “para dar a sua vida em resgate de muitos” (Is 53.3; Mc 10.45).

3. Os elementos usados por Jesus. Era costume dos orientais, sempre que recebiam um visitante, dar-lhe água para lavar os pés e limpá-los do pó e do barro das estradas. Isto servia, também, para aliviar as dores dos pés cansados da jornada, pois naqueles dias era costume andar quase sempre a pé. Esta era uma tarefa humilde, realizada apenas por escravos, que não fossem judeus, os quais deveriam lavar os pés dos viajantes (1º Sm 25.41). Mas, para o Senhor dos senhores, e Mestre dos mestres, não representava uma tarefa humilhante, mas, sim, uma demonstração de humildade e amor. Isto nos mostra que devemos ter humildade para alcançarmos a plenitude e estatura completa de Cristo (Ef 4.13).

Vejamos então, alguns elementos que Cristo utilizou, para realizar este ato de amor, de humildade, de abnegação, como ensinamento para seus discípulos e para nós, hoje, como Igreja que somos e que buscamos seguir suas pegadas (1ª Pe 1.19-25).

A. A bacia. A bacia era o recipiente que continha à água. Está relacionada com a pia do tabernáculo (Êx 30.20,21), um dos objetos usados no ritual da purificação, da santificação.

B. A água. A água é um dos símbolos da Palavra de Deus, que nos lava, nos purifica e nos santifica (Jo 17.17).

 II. O PROPÓSITO DO MESTRE

Temos que estudar estes fatos, relacionando-os com os acontecimento do capítulo anterior (Jo 12.27-33), onde, no versículo 31, Cristo diz que é chegada a hora da expulsão do príncipe deste mundo. Ele está revelando aos discípulos que a hora da sua morte está próxima, e através dela consumar-se-á o plano divino da redenção do homem, conforme a promessa de Gn 3.15. É o início da grande vitória sobre Satanás, o pecado e a morte.


Agora, reunido com os discípulos, após a ceia, Cristo passa a demonstrar todo o seu amor a eles, lançando as bases para sua Igreja, que deve ser edificada sobre a fé, o amor, a paciência e a humildade. Tomando o lugar de servo, o Senhor aproxima-se dos discípulos para lavar-lhes os pés. Podemos imaginar o espanto que se apoderou dos discípulos, quando o viram aproximar-se deles para cumprir uma tarefa somente atribuída aos anônimos serviçais. Pedro não entendeu, e não quis permitir que o Senhor Jesus lavasse os seus pés, dizendo: “Senhor, tu lavas-me os pés a mim”? E insiste: “Nunca me lavarás os pés” (Jo 13.6-8a). Mas o Mestre, humildemente, ensina a Pedro a grande verdade: “Se eu te não lavar os pés, não tens parte comigo”. Pedro reconhece então e diz: “Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça” (Jo 13.8,9). Pacientemente o Mestre responde: “Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo” (Jo 13.10).

Embora tenhamos sido libertos deste mundo, ainda estamos nele, e é necessário que a terra, o pó, o barro, a sujeira, que são as concupiscências deste mundo (1ª Jo 2.15-17), que por vezes nos atingem, sejam lavadas pelo sangue de Jesus, para que possamos crescer, para que tenhamos perfeita comunhão com Ele. Se dissermos que não pecamos, que não nos sujamos com a poeira, com a lama deste mundo, estaremos mentindo (1ª Jo 1,5-7): Necessitamos de “lavar os nossos pés”, e devemos “lavar os pés uns dos outros” (1º Jo 4.7), amando-nos uns aos outros, em perfeita comunhão, como ordenou o Senhor (Jo 13.14,34). Este é o Seu propósito. Aleluia!

III. A Lição e a Ordem do Mestre

Diz-nos a Palavra, que após este ato, Cristo colocou seus vestidos e se assentou à mesa novamente e perguntou aos discípulos: “Entendestes o que vos tenho feito?” (Jo 13.12).

1. O exemplo do Mestre. “Vós me chamais de Mestre e Eu o sou, mas eu, Senhor e Mestre vos laveis os pés, vós também deveis lavar os pés uns dos outros, Eu vos dei exemplo, para que assim façais, porque o servo não é maior do que o seu senhor” (Jo 13.13-16).

Esses ensinamentos mostram a verdadeira posição daquele que serve a Cristo e faz a sua obra, com amor, em verdade e justiça; sem hierarquias, sem privilégios, sem posições de destaque, onde ninguém é senhor de alguém, pois o próprio Filho de Deus veio para servir e não para ser servido
(Mc 10.45; Lc 22.27).


2. Lavar os pés uns dos outros. Esta é a ordem do Senhor e Mestre (Jo 13.17). Para que possamos crescer espiritualmente, para que tenhamos comunhão uns com os outros e com Cristo, temos de nos despir de toda a nossa roupagem de arrogância, de vaidade, de hipocrisias, e nos lavar e purificar com a água da verdade, da justiça, da humildade e da santidade que é a Palavra de Deus (Jo 17.17), santificados na verdade (Jo 17.19), para que todos sejamos um, como o Filho é um com o Pai (Jo 7.21) Amém.




Pr. Elias Ribas

sábado, 26 de abril de 2014

O MUNDO QUANDO CRISTO NASCEU



   Dois mil anos atrás, um homem chamado Jesus foi sentenciado à morte e crucificado em uma colina nos arredores de Jerusalém. No terceiro dia, acreditam mais de 2 bilhões de cristãos, ele ressuscitou para subir aos céus – evento comemorado todos os anos no domingo de Páscoa.

Segundo a fé cristã, Jesus ressuscitou por ser Deus feito homem. Como era de esperar, esse aspecto divino deixou na sombra seu lado humano. Mas o fato é que Jesus trabalhou, comeu, dormiu, conversou e se divertiu em uma época e em um lugar específicos, com costumes e tradições próprios. No texto a seguir, GaúchaZH promove uma incursão a esse mundo em que Jesus viveu.

A GEOGRAFIA

Império.
A Galileia, onde Jesus nasceu, integrava o Império Romano, que abrangia todo o entorno do Mediterrâneo, incluindo partes da Europa, da África e da Ásia, somando 50 milhões de habitantes.

Principais cidades.
Roma 1 milhão de habitantes
Alexandria 700 mil
Antióquia 300mil

Imperadores. Augusto era o imperador quando Jesus nasceu. Ele foi sucedido por Tibério. É a efígie deste governante que Jesus observa em uma moeda, em uma passagem do Novo Testamento:

"Dai-me um dinheiro para o ver. E eles lho trouxeram. Então disse-lhes: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe: De César. Então, respondendo Jesus, disse-lhes: Dai, pois, o que é de César a César, e o que é de Deus, a Deus".

Reprodução do rosto de Augusto


Moeda com a efígie do imperador Tibério, "filho de Augusto"

A província.
A Judeia foi conquistada pelos romanos em 63 a.C e virou um reino semi-autônomo. Quando o rei Herodes morreu, o território foi dividido entre seus três filhos: Felipe (leste do Rio Jordão), Arquelau (Judeia, Samaria e Idumeia) e Herodes Antipas (Galileia). Arquelau revelou-se tão brutal que foi deposto. Seu reino foi convertido em província, sob os cuidados de um governador romano. Na época de Jesus, esse governador era Pôncio Pilatos.

 
Jerusalém. Principal cidade da Judeia, com 25 mil habitantes, recebia 100 mil peregrinos para festas como a Páscoa. Sua importância devia-se ao Templo, uma colossal construção que ocupava um quinto da cidade e era o centro do judaísmo. Jesus foi levado ali oito dias depois de nascer, para que seus pais fizessem a oferenda obrigatória de um casal de pombos.

A Galileia.
Jesus nasceu nos confins do império, na Galileia, um reino de 200 mil habitantes. Por estarem fora da Judeia, galileus como Jesus eram tidos pelos outros judeus como broncos e caipiras. A Galileia não era árida e rochosa como outras terras da região. Ali havia muita chuva e se produziam cereais, azeite de oliva, vinho e frutas.

Nazaré. O Novo Testamento relata a pergunta feita por um homem chamado Natanael quando lhe contaram de que povoado vinha Jesus: "Pode algo bom sair de Nazaré?". Nazaré era pouco mais do que uma aldeia, segundo algumas fontes com não mais de 20 casas, a 115 quilômetros de Jerusalém.


Inscrição dos primeiros tempos do cristianismo

AS LÍNGUAS DE JESUS

Três idiomas eram amplamente usados na Palestina, conforme o contexto:
Aramaico.  Língua que se aprendia na primeira infância e se usava no dia-a-dia e em família. A estrutura das frases e o vocabulário de Jesus indicam que ele pregava nesse idioma.
Hebraico. Idioma litúrgico judaico, que as crianças aprendiam na escola da sinagoga, estudando as escrituras. Pelo conhecimento dos textos da Torá, Jesus sabia hebraico.
Grego. O Império Romano tinha dois idiomas, latim e grego. A oriente, o grego era a língua franca, com papel semelhante ao que o inglês tem hoje, sendo usado em documentos e contratos legais. Permitia falar com gente de todas as regiões. Os pais queriam que seus filhos o aprendessem, para subir na vida. Essa foi provavelmente a língua que Jesus usou ao falar com Pilatos.

ECONOMIA

A maior parte das pessoas tirava o sustento da agricultura. As famílias costumavam viver em povoados e cultivar um pedaço de terra nas redondezas. As propriedades da Galileia tinham em média sete hectares. Plantava-se grãos, oliveiras e legumes. Vinhedos eram comuns. As árvores frutíferas tinham de ser vigiadas, por causa de ladrões.

Outros ofícios.
Pastoreio. Quase sempre de animais menores, como ovelhas e cabras. Gado bovino era raro. Algumas famílias criavam galinhas ou pombos, usados em sacrifícios

Pesca. Existia uma importante indústria pesqueira na Galileia. Essa é a razão para haver pescadores entre os discípulos de Jesus
Apicultura. Havia criadores de abelhas, para produção de mel
Ofícios manuais. Eram transmitidos de pai para filho. Existiam ferreiros, oleiros, tecelões, marceneiros, pedreiros e curtidores (que trabalhavam fora do povoado, por causa do cheiro)

As classe sociais.
Classe alta: formada pela nobreza sacerdotal e por altos funcionários, latifundiários e grandes comerciantes
Classe média: incluía pequenos proprietários rurais, artesãos e comerciantes
Classe inferior: eram os escravos e os jornaleiros, que trabalhavam na terra dos outros

Quadro mostra o milagre da pescaria


Carga tributária.
Os romanos ficavam com 12,5% da produção agrícola. O Templo, somando diferentes tributos, arrecadava outros 22%. Como um quinto do que se colhia era reservado como semente, sobrava menos da metade da colheita para o agricultor.

Jesus era pobre?
A situação econômica de Jesus era confortável. Apesar de não fazer parte dos 2% de aristocratas, também não estava entre os 80% que viviam na pobreza. José, seu pai, era um "tékton", palavra que costuma ser traduzida como "carpinteiro", mas que pode ser entendida como "empreiteiro". Acredita-se que ele construía edifícios. Pesquisadores entendem que Jesus exerceu o ofício. Em uma passagem de Lucas, ele demonstra seus conhecimentos:

"Porque qual de vós, querendo edificar uma torre, não faz primeiro, sentado, a conta dos gastos necessários, para ver se tem com que acabar? Para que, depois de ter assentado o fundamento e não a puder terminar, todos os que virem não comecem a fazer zombaria dele."

VIDA NAS CIDADES

As cidades da Galileia e da Judeia que Jesus percorreu eram locais insalubres, barulhentos e perigosos. Como muralhas cercavam essas povoações, o espaço era restrito. Quase não havia praças, quintais ou árvores. Todo terreno costumava ser ocupado por construções, que compartilhavam paredes. As portas abriam direto na rua. A violência era epidêmica, e não existia polícia. Logo, ninguém se arriscava na rua depois do anoitecer.

Higiene.
A imundície era generalizada, porque lixo e dejetos eram despejados na rua. Havia latrinas públicas em algumas cidades, mas elas eram evitadas pelas condições repulsivas. Os moradores tinham penicos _ que despejavam pela janela, não raro sobre a cabeça de alguém.

Casas.
Ricos viviam em mansões com água corrente. Havia prédios de apartamentos na Judeia, mas as pessoas mais pobres moravam em casas pequenas, de um ou dois aposentos. Em uma passagem de Mateus, Jesus dá a entender que uma única lamparina a óleo era suficiente para iluminar um lar. O teto das residências era achatado, porque quase não chovia. Como faltava espaço nas ruas, os judeus usavam a laje para tomar sol ou ar fresco. Nas noites quentes, dormiam no telhado.

A casa de Jesus.
Um trecho de Marcos, segundo pesquisadores, demonstra que a casa de Jesus não seria pequena, porque nela cabiam várias pessoas:

"Logo se espalhou a notícia de que Jesus estava em casa.  E tanta gente se reuniu aí que já não havia lugar nem na frente da casa."


COSTUMES

Divisão do dia.
Não havia relógios nem medição precisa do tempo _ as pessoas sequer sabiam direito sua idade. O dia começava com o raiar do sol. A manhã era destinada ao trabalho. Depois do almoço, mais ou menos entre as 13h e as 16h, vinha o momento de relaxar: era comum dormir ou ir ao banho público. Quando o sol se punha, todos estavam em casa, porque as ruas eram perigosas.

Hora grega. Os gregos desenvolveram a ideia de que o dia era dividido em 12 horas, sendo que cada hora correspondia a um duodécimo do período de luz solar. Como o tempo diário de sol variava conforme as estações, a duração da hora não era fixa. Jesus estava familiarizado com esse sistema, conforme o Evangelho de João:

"Jesus respondeu: Não são 12 as horas do dia? Aquele que caminhar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo."

Roupas.

As roupas da Palestina no tempo de Jesus seguiam a moda do mundo greco-romano:

Túnica. Roupa casual, feita de linho ou algodão, era colocada pelo pescoço e tinha mangas. Existiam modelos diferentes para homens e mulheres. As peças coloridas eram mais difundidas entre as mulheres.

Manto. Enrolado no corpo, por cima da túnica, em ocasiões formais ou nos dias frios. Incômodo, era removido para atividades físicas. Por ser caro, era alvo de ladrões. Só os abastados possuíam mais de um.

Roupa de baixo. Os homens às vezes usavam uma espécie de tanga, feita de algodão ou lã. No trabalho sob o sol quente, essa podia ser a única vestimenta. As mulheres vestiam uma peça desse tipo quando menstruadas.

Cinto. Um cinto era colocado ao redor da túnica, permitindo baixar ou elevar a altura do traje conforme a necessidade.

Beleza.
Perfumes, pentes, espelhos, cosméticos e depilações eram comuns no mundo em que Jesus viveu:
Cosméticos _ Eram amplamente usados pelas mulheres, que almejavam uma tez pálida. Na Palestina, a maquiagem ao redor dos olhos e do nariz prevenia o ressecamento provocado pelo clima árido.
Cabelos _ De forma geral, os homens usavam cabelo curto. Entre os judeus, no entanto, podiam ser mais longos, acompanhados de barba. As mulheres mantinham o cabelo comprido, arranjado em penteados elaborados, envolvendo coques, tranças e enfeites, conforme a moda do momento.
Salões de beleza _ Havia barbeiros e cabeleireiros, que também prestavam serviços de manicure e pedicure.

Casamento.
Função _ O casamento era a condição natural para homens e mulheres. Um adulto solteiro era tão raro quanto um homem com várias esposas. Não se tratava de uma união romântica, mas de um acerto entre famílias. Na época de Jesus, era normal haver o consentimento da noiva.
Idade _ As mulheres casavam logo após a puberdade, raramente após os 15 anos. Maria era adolescente quando teve Jesus. Os homens contraíam matrimônio mais tarde, mas antes dos 25 anos.
Viuvez _  Por causa da diferença de idade entre os noivos, havia muitas viúvas jovens. Como as escrituras não fazem menção a José depois dos 12 anos de Jesus, presume-se que ele já estava morto.
Filhos _ A maioria dos casais tinha dois ou três filhos. Não eram comuns famílias numerosos. Métodos de prevenção a gravidez e abortivos eram bem conhecidos.

Educação.
A escola ficava na sinagoga e era só para meninos. Eles aprendiam a ler, escrever e fazer contas. Também recebiam algumas noções de geografia.

Prostituição.
No Império Romano, a prostituição era disseminada. Chegava a ser exercida em cabines portáteis instaladas nas ruas. As várias menções a meretrizes no Novo Testamento indicam que Jesus estava familiarizado com ela. Não havia preocupação com doenças sexualmente transmissíveis: sífilis e gonorreia não eram conhecidas.

Morte.
A mortalidade infantil era elevada. Metade das crianças não chegava á idade adulta. As mulheres morriam frequentemente no parto ou depois dele, por falta de higiene. Também morria-se muito por acidente, epidemias e falta de assistência médica.

A JUSTIÇA.

A condenação de Jesus à morte na cruz seguiu os trâmites legais da época:

Delação. Judas agiu de forma aceitável para a época. Havia um exército de informantes, responsáveis por denunciar quem representava perigo para a sociedade. Os delatores inclusive atuavam como promotores no julgamento.

Sinédrio. Os romanos concediam certa autonomia aos judeus. O órgão judaico máximo era o Sinédrio, um tribunal aristocrático composto pelo Sumo Sacerdote e por nobres. Jesus foi interrogado por esse conselho sobre questões de doutrina e considerado culpado. O Sinédrio não podia aplicar a pena de morte. Por isso, o caso foi levado ao governador romano, Pôncio Pilatos.

Pilatos. Diante do governador, os sacerdotes acusaram Jesus. Na época, o julgamento consistia em discursos do acusador e do acusado. Por isso, um réu que se recusasse a responder, como Jesus, desperdiçava a chance de absolvição. Era um comportamento desconhecido, que deixou Pilatos atônito, conforme o de Marcos:

"E os príncipes dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas. E Pilatos interrogou-o novamente, dizendo: Não respondes coisa alguma? Vê de quantas coisas te acusam. Mas Jesus não respondeu mais nada, de sorte que Pilatos estava admirado."

Punição.
No Império Romano, não havia a ideia de prisão como punição. Quando alguém estava detido, era à espera de ser punido. As penas envolviam multa, para pequenos crimes, ou exílio, trabalho forçado e morte, para outros de maior monta. Para réus pobres, era permitida uma execução cruel, com sofrimento.

CULTURA GREGA

A Judeia e a Galileia eram regiões periféricas, mas não estavam intocadas pela influência estrangeira. A cultura greco-romana influenciava todas as esferas da vida, cumprindo papel similar ao da norte-americana hoje. Judeus devotos davam nomes helênicos aos seus filhos, por exemplo. A cultura grega era tão forte que alguns judeus se submetiam a uma arriscada e dolorosa cirurgia de reversão da circuncisão. Assim, podiam tirar a roupa sem constrangimento nos banhos públicos.

Uma cidade grega ao pé de Jesus

Nos evangelhos, Jesus aparece em muitos povoados, mas não há menção a Séforis, uma importante metrópole de cultura grega. No entanto, é muito provável que tenha estado lá, porque a cidade ficava a apenas uma hora de caminhada de sua casa.
Séforis foi reconstruída por Herodes Antipas, segundo o modelo grego, para ser capital da Galileia. Com 30 mil habitantes, tinha circo, pista de corrida, ginásio, escola de luta, banho público e teatro _  pela forma como Jesus se expressava, pesquisadores acreditam que ele foi influenciado por performances de teatro.

A MENTALIDADE

Desconhecimento científico.
Muita gente acreditava que a Terra fosse plana e que o céu consistisse em uma espécie de bacia virada sobre ela. Se alguém conseguisse atravessá-lo, entraria no paraíso.
_ Em verdade, em verdade, vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem _ disse jesus

Doenças.
A ignorância sobre as doenças levava o povo a atribuí-las a demônios. A cura de males como epilepsia, surdez e paralisia passava por expulsar os espíritos ruins. Jesus era visto como um curandeiro com o dom do exorcismo.

Fim do mundo.
Entre os judeus, previa-se que o mundo estava para acabar, e que um rei do fim dos tempos seria enviado por Deus. Esse messias derrotaria os romanos e restauraria a glória de Israel. Essa esperança era exacerbada pela situação de opressão em que os judeus viviam.

FONTES CONSULTADAS: Pelos Caminhos de Jesus, de Peter Walker; Tiago, Irmão de Jesus, de Pierre-Antoine Bernheim; Exploring the New Testament World, de Albert A. Bell Jr; A Palestina no Tempo de Jesus, de Christine Saulnier e Bernard Rolland; Assim viviam os contemporâneos de Jesus, de Michael Tilly; Jesus, Um Retrato do Homem, de A.N. Wilsos; Eu Encontrei Jesus, de José Hildebrando Dacanal; Um Judeu Marginal, de John P. Meier; Biblie Family, de Claude-Bernard Costecalde.