TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A LIBERDADE CRISTÃ



“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. 2 Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. 3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. 4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes. 5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. 6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor. 7 Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade? 8 Esta persuasão não vem daquele que vos chama. 9 Um pouco de fermento leveda toda a massa. 10 Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento; mas aquele que vos perturba, seja ele quem for, sofrerá a condenação. 11 Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo sendo perseguido? Logo, está desfeito o escândalo da cruz. 12 Tomara até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia” (Gl 5.1-12).

I. O TEMA DA EPÍSTOLA

1. Cristo nos libertou. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (v.1).

Este versículo é o tema da epístola aos Gálatas. Juntamente com o capítulo 2.16 e demais passagens estritamente paralelas são o fundamento bíblico cristão.

O apóstolo Paulo escreve para várias igrejas na região da Galácia para adverti-las de sua perda de Cristo.
Em virtude da tendência de os Gálatas retornarem à escravidão da lei, o apóstolo dá muita ênfase à permanência nessa liberdade, pois até então eles ainda não tinham compreendido a liberdade em Cristo e por isso estavam à mercê da escravidão. O sentido da passagem é que Cristo nos libertou para a liberdade, portanto, não devemos retroceder à escravidão.

Se alguém lhe dá alguma coisa, ele quer que você a desfrute e aproveite. O que foi que Cristo fez por nós? O que ele quer que desfrutemos? Ele nos libertou. Quer que aproveitemos ao máximo esta liberdade.

São poucos os cristãos que têm uma vida cheia de alegria, de gozo e de paz. Foram libertos, mas não querem sair do cativeiro das tradições da lei e experimentar uma vida em liberdade em Cristo Jesus.

2. O que seria o “jugo de escravidão”?
O apelo apostólico é que o cristão liberto não se torne a ser presa dos homens ou de qualquer sistema religioso legalista. O apóstolo escreveu essa exortação porque há sempre o risco de o cristão tornar ao legalismo, voltando-se novamente à escravidão, e para que cada um tenha uma comunhão com o Cristo ressuscitado (Gl 2.20).

A tentativa de seguir a lei de Moisés. Liberdade é libertação da escravidão ou cativeiro. É a libertação do poder e da culpa do pecado, da condenação eterna e a libertação da autoridade satânica e demoníaca.

Quando estávamos no mundo éramos escravos do pecado e de Satanás, mas libertos em Cristo Jesus, fomos despertados para a sua graça, ele proveu libertação para este tipo de escravidão ao pecador.

Junto com isto Ele trouxe também uma gloriosa liberdade da maldição da lei do medo da condenação diante de Deus, assim como de uma consciência acusadora. O apóstolo Paulo dá muita ênfase à permanência nesta liberdade, pois até então eles ainda não tinham compreendido a liberdade em Cristo e por isto estavam à mercê da escravidão.

Quando aceitamos a Cristo nascemos de novo (Jo 3.3.). O Espírito de Deus recria seu homem interior e faz morada nele. Agora somos livres para caminhar fora da nossa cela de prisão, ou somos livres para nela continuar, ou seja, a liberdade está completamente em nossas mãos. “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade...” (Gl 5.13).

Os crentes da Galácia haviam recebido a Cristo, porém os falsos mestres não queriam sua liberdade.

Jesus disse que veio proclamar liberdade aos cativos. Mas os judeus conheceram a verdade, mas rejeitaram o Seu Messias. Ao conhecermos a verdade as portas da prisão se abrem para a liberdade, mas poucos os que saem da prisão. As portas estão abertas, mas os prisioneiros estão sentados lá dentro. Não querem gozar desta liberdade. Por quê? Porque prisões oferecem comida, suas roupas são pagas para você. Você não tem nenhuma responsabilidade com a verdade do evangelho.

II. A LEI E ANALOGIA DO CASAMENTO

“Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida? (Rm 7.1).

1. Princípio. O princípio apresentado pelo apóstolo é que a lei tem domínio sobre o homem enquanto este viver. O pecado foi abolido na morte de Cristo e com ele morremos (2ª Co 5.14). Diante disto não há como servir a um tirano destronado nem obedecer a um sistema caído. Portanto a morte isenta o homem de suas obrigações. Esse princípio era bem conhecido tanto dos judeus quanto aos romanos, pois era também comum a legislação romana.

2. Ilustração. “Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias” (Rm 7.2-3).

O apóstolo Paulo, para ilustrar essa doutrina, usa a regra geral e absoluta da indissolubilidade do casamento. Assim como a lei tem domínio sobre o homem, da mesma forma a mulher está ligada à lei do marido.

Por essa razão, ela não poderá ser de outro homem enquanto o marido viver. Se isso vier acontecer, ela tornar-se-á adúltera “...será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem” (v.3). Morrendo o marido, contudo ela estará livre para contrair novas núpcias.

3. Aplicação. “Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (Rm 7.4-6).

A ilustração mostra que os cristãos estão mortos para a lei. Ou seja: estão livres dela, pois a lei só tem domínio sobre o homem enquanto este vive (v.1).

Nós já morremos com Cristo, por isso estamos livres da lei (Gl 5.1), e sepultados com ele na sua morte (Rm 6.4).

Paulo mostra-nos que, mortos para a lei somos servos voluntários de Jesus. Isso evidencia que não estamos mais sobre o domínio da lei. Pois o Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5.17-18), e morreu por nossos pecados (1ª Co 15.3).

Como Cristo já fez todas as exigências da lei, não estamos mais sob a tutela da lei, mas debaixo da graça (Rm 6.4).

III. A CIRCUNCISÃO

1. Circuncisão e a fé são coisas excludentes.
“Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes. Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gl 5.2-6).

O ex-fariseus Paulo estava cônscio de que a circuncisão era o selo da fé de seu povo (Rm 4.11). Ele circuncidou a Timóteo, para não escandalizar os judeus (At 16.3), mas se recusou circuncidar Tito por duas razões:

1º Ele era judeu.

2º Era necessário não ceder às exigências legalistas dos judaizantes (Gl 2.3-5).

Uma pequena cirurgia numa parte do corpo era de somenos importância. Mas os fariseus exigiam que os cristãos praticassem essa cerimônia da circuncisão como condição para a salvação (At 15.1-5). Porém, a sentença para os que deixam circuncidar a fim de salvar é: “Cristo de nada vos aproveitará (v.2); “está obrigado a guardar toda lei” (v.3); “separado a guardar lei” (v. 3); “separados estais de Cristo... da graça tendes caídos” (v. 7).

Os gálatas caíram da graça e aceitaram um evangelho anátema espúrio, misturado com a lei.

2. A circuncisão exalta a maneira e práticas religiosas.
O apóstolo refuta os judaizantes usando nomes pejorativos, e por fim, desqualifica a circuncisão da carne, recomendando um novo tipo de circuncisão feita no Espírito e não mais na carne.

“Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne. Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais” (Fl 3.3-4).

[...] Segundo Werner de Boor a palavra “carne” aqui representa toda a religião produzida pessoalmente nas profundezas do coração e do estado de espírito. Essa “carne” pode ser sempre reconhecida no fato de que o ser humano continua voltado sobre si mesmo, confia em si mesmo e se gloria em si mesmo. “Carne” é sua natureza centrada em si mesma. Mesmo quando exerce a moral e a religião, o ser humano fica preso a seu eu, cultiva e gloria-o, até mesmo quando cita o nome de Deus.

“Tentando mostrar o erro de “confiar na carne”, Paulo refere-se a sua própria vida. Se fosse possível obter salvação através do cumprir regras, Paulo certamente teria sido bem sucedido. Deste modo, ele não teria necessitado de Cristo. Enfatizando sua linhagem impressionante, Paulo afirma que ele era “irrepreensível” no que concernia à justiça legalista (Fl 3.6). Mas Paulo chegou à importante conclusão que ele era um pecador sem nenhuma esperança de salvação, até ao momento em que ele renunciou seus próprios esforços para receber a justiça pela fé em Cristo Jesus (Fl 3.7).

Está claro que Paulo no início de sua vida teve somente um motivo para servir a Deus: Egoísmo. Tudo que ele fazia era para preencher um único propósito: o de fazer a si mesmo aceitável aos olhos de Deus. Ele estava preocupado somente consigo próprio e em sua justiça a ponto de consentir na morte de Estevão. Mas, depois de passar anos lutando para se fazer aceitável aos olhos de Deus através de uma obediência egocêntrica, ele desistiu de tudo em troca da justiça que pode vir somente através de um relacionamento com Cristo (Fl 3.8).

3. A circuncisão deve ser no coração.
Primeiro precisamos entender o termo empregado por Paulo. A palavra coração no Hebraico é leh. A raiz verbal significa “ganhar compreensão, criar juízo”. Quando Paulo fala de coração refere-se ao espírito onde está o controle do ser humano e a consciência. Paulo usa esta alegoria “coração” para mostrar que a salvação depende primeiramente da transformação do interior (espírito e mente) do homem.

O coração representa a força espiritual (Lm 3.41), como intimo da pessoa (Jr 17.10). Emprega a palavra para indicar a percepção (Jr 4.9); o pensamento (Ec 2.20); a memória (Sl 31.12) e a consciência (Jó 27.6).

O coração (consciência) é onde o homem toma todas as decisões da vida; o corpo é o invólucro da alma e do espírito, onde Paulo classifica como o “templo do Espírito Santo” (1ª Co 6.19; cf 1ª Co 3.16), e seremos julgados por meio do corpo, bem ou mal (2ª Co 5.10). Porém, nos dias de Jesus os fariseus se preocupavam mais com a exterioridade do que a pureza do coração (Mt 15.8-20). Portanto, exterioridade não é símbolo de salvação.

Esta passagem é uma advertência solene contra os perigos da presunção (soberba), confiança na justiça própria, e contra o formalismo que confia no batismo ou a ceia, nos dízimos como garantia em si mesmo da salvação daqueles que o recebem.

Judeu é aquele que o é interiormente no original grego kruptos ou kruphaios; que significa: (oculto; escondido; secreto; ocultar aquilo que não deve tornar-se conhecido).

Note que a circuncisão na Velha Aliança era no prepúcio do homem, ou seja, era na carne, mas, ficava escondida – era um sinal entre Deus e o homem. Da mesma forma a circuncisão no coração é um sinal entre o servo e o Seu Senhor. Ninguém pode ver por que é no secreto do seu coração.

Os fariseus pensavam que um judeu circuncidado não podia ser condenado ao inferno. A salvação para eles era no exterior e no cumprimento de suas tradições, porém Paulo diz que não a circuncisão é no oculto do coração, ou seja, na mente do cristão. É algo divino é do Espírito e o crente.

“Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus” (Rm 2.28-29).

Existem pregações que a glórias é sempre para o homem. Os seus argumentos são infundados, e sem base bíblica ou pseudo revelação. Isto é perigoso, pois corremos o risco de voltarmos os rudimentos do mundo.

A circuncisão é um ato exterior e traz louvor dos homens e não de Deus. Os judeus que se convertiam a Cristo estavam colocando como meio de salvação a circuncisão e Paulo repreende severamente dizendo que a salvação não é o exterior, mas a circuncisão no coração. Judeu verdadeiro é o que é no interior, circuncisão válida é a que é feita no coração (Rm 2.25-29). Qualquer rito, sinal ou obra que fizemos se não for resultado da operação da graça de Deus em nossa vida, não tem nenhuma validade.

Os judaizantes ensinavam que a salvação era um processo longo e contínuo, dependente da realização de rituais específicos, e cada um deles trazia a pessoa mais perto de Deus. Paulo contradiz esta teoria enfatizando que a salvação é completa em Cristo; uma vez que em Cristo, nada mais é necessário. Paulo ainda usa o exemplo da circuncisão para explicar este ato. Mostrando que ela simboliza a circuncisão mais importante, que é no coração.

A salvação é mérito somente de Jesus: “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.24-25).

“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam” (Is 64.6).

Ninguém nunca alcançará o padrão divino de absoluta perfeição moral e será digno de sua glória. Portanto, se houver alguma salvação, ela deverá acontecer pela graça e não as justiças humanas. Por isto Davi pede a Deus um coração puro: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e remove dentro de mim um espírito inabalável” (Sl 51.10). Enquanto que os fariseus exigiam exterioridade Deus pede o coração. Davi preocupa-se em ter um coração limpo e puro diante de Deus.

O Senhor não se contenta apenas com nossos lábios, mas quer nosso coração e toda a nossa confiança. “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradam dos meus caminhos” (Pv 23.26).

4. A circuncisão e o cristianismo.

O Dr. William Barclay (professor da Universidade de Glasgow, Escócia) nos oferece um bom exemplo para ilustrar o ensino sobre a circuncisão. Ele diz que: se alguém se submete a cumprir alguns requisitos para adquirir a cidadania de um país, significa estar ele disposto a aceitar a demais leis daquele país. O que Paulo está dizendo é, que se alguém se submete à circuncisão, ou algum requisito da lei como meio de salvação, obrigatoriamente está assumindo o compromisso de observar toda lei. Quem pratica tal coisa já tem caído da fé, e a morte de Jesus não significa nada para tal pessoa: “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes”.

IV. A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO

“Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus” (1ª Co 7.18-19).

O que seria importante para um cristão que deseja ter uma vida intima com Deus. Cumprir as regras humanas e secundárias? Não. A circuncisão nada é. O ato exterior não serve para santificar, pois é uma satisfação da carne. Mas guardar as ordenanças (ensinos e princípios) de Deus no coração, leva o homem ter uma comunhão intima com o Senhor.

[...] Alguns dos judeus crentes, havendo interpretado a lei para afirmar que a circuncisão era necessária para a salvação, começaram a dar demais importância a este ato simbólico. Da mesma maneira, hoje necessitamos ser cuidadoso para não permitir que rituais e cerimônias passem a ter valor como agente da salvação. Somente Cristo pode nos dar a salvação [GIBBS P. 74].

1. Paulo tinha todas as credenciais para se gloriar na lei:

a. Segundo a lei e seus direitos de nascimento: “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fl 3.4-6).

b. Segundo a graça ao escolher Cristo: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fl 3.7-12).

Á primeira vista parece que Paulo está se gabando de suas realizações (vv. 4-6). Mas, na verdade, ele está fazendo o oposto quando mostra que as conquistas humanas, por mais surpreendentes que sejam não podem levar uma pessoa à salvação e à vida eterna com Deus. Paulo tinha credenciais impressionantes: origem, nacionalidade, formação familiar, herança, ortodoxia na religião, atividade e moralidade. Entretanto, sua conversão à fé em Cristo (At 9) não estava baseada no que havia feito, mas na graça de Jesus. Paulo não dependia de suas próprias obras para agradar a Deus, porque até as mais notáveis credenciais estão longe de se comparar aos santos padrões divinos. Será que você depende de pais cristãos, filiação à igreja, tutores para levar aos céus, ou apenas de ser bom para tornar-se agradável a Deus. Credenciais, realizações ou reputações, não trazem a salvação como um pagamento. A salvação vem pela fé genuína em Cristo.

Paulo alega em seu discurso, que poderia “confiar na carne”, pois gozava de títulos e privilégios. Paulo não fez. Com isso ele denuncia a fraqueza da lei. Para Paulo Cristo é o fim da lei. Desta oposição apresentada por Paulo, ele exorta a comunidade a ser seus imitadores como ele é de Cristo (Fl 3.17).

Quando Paulo fala de “o que para mim era ganho” (v. 7), está se referindo à suas credenciais, reputação e sucessos. Depois de mostrar que poderia vencer os judaizantes conforme as regras e padrões deles (pois demonstravam orgulho de sua identidade e realizações), Paulo mostrou que estavam errados. Tenha cuidado ao atribuir uma importância excessiva às realizações do passado, pois elas podem intervir em seu relacionamento com Deus.

Depois que Paulo avaliou o que havia conquistado em sua vida, disse que tudo aquilo era “perda” (v. 8) quando comparado à grandeza de conhecer a Cristo. Essa é uma profunda declaração a respeito de valores. Um relacionamento de uma pessoa com Cristo é mais importante do que qualquer outra coisa. Será que você está colocando algumas coisas acima de seu relacionamento com Cristo? Será que você está agradando a Cristo com tuas tradições?

Nenhuma medida de obediência à lei, aperfeiçoamento próprio, disciplina ou esforço religioso poderá nos tornar agradáveis a Deus. A justiça vem somente d’Ele.

Paulo está falando em uma renúncia de valores, renúncia dos odres velhos e dos remendos de panos novos em panos velhos, isto é uma renúncia passada (v. 13), um alvo para o presente (v. 14) A graça é o único valor para Paulo. O homem não deve mais confiar e por sua confiança no esforço humano, mas unicamente no sacrifício de Cristo.

Para herdarmos as promessas de Deus não devemos usar certos tipos de sacrifícios, quer sejas da lei mosaica ou humana. Paulo ao escrever aos Filipenses é claro neste ponto, pois não é a circuncisão literal, mas interior e espiritual.

O primeiro erro doutrinário que se infiltrou na igreja primitiva se chama “legalismo”, que é tentar agradar a Deus pela obediência a lei e as doutrinadas de homens, para deste modo obter a salvação.

“Tentando mostrar o erro de “confiar na carne”, Paulo refere-se a sua própria vida. Se fosse possível obter salvação através do cumprir regras, Paulo certamente teria sido bem sucedido. Deste modo, ele não teria necessitado de Cristo. Enfatizando sua linhagem impressionante, Paulo afirma que ele era “irrepreensível” no que concernia à justiça legalista (v. 6). Mas Paulo chegou à importante conclusão que ele era um pecador sem nenhuma esperança de salvação, até ao momento em que ele renunciou seus próprios esforços para receber a justiça pela fé em Cristo Jesus (v.7).

Está claro que Paulo no início de sua vida teve somente um motivo para servir a Deus: Egoísmo. Tudo que ele fazia era para preencher um único propósito: o de fazer a si mesmo aceitável aos olhos de Deus. Ele estava preocupado somente consigo próprio e em sua justiça a ponto de consentir na morte de Estevão. Mas, depois de passar anos lutando para se fazer aceitável aos olhos de Deus através de uma obediência egocêntrica, ele desistiu de tudo em troca da justiça que pode vir somente através de um relacionamento com Cristo (v.8).

[...] Alguns dos crentes de Filipos, embora salvos através da fé em Cristo, estavam tentando manter sua salvação pelo aperfeiçoamento de suas regras. Esta falta de entendimento resultou numa obediência a Deus baseado no medo, e isso tirou o gozo deles no Senhor. Paulo adiantou-se a explicar mais ainda que a verdadeira perfeição era impossível até para ele mesmo (v.12). Em Cristo o crente já é aceitável aos olhos de Deus; ele não tem que lutar para ser perfeito, de acordo com o padrão dos homens para ganhar o amor de Deus. É claro que Paulo não estava encorajando os crentes a viverem de maneira libertina. Ao contrário, ele os encorajava a serem crentes maduros, a viverem uma vida de obediência aos desejos de Deus, motivados por um profundo amor a Deus, não pelo medo de perder a salvação [CARL B. GIBBS P. 51].

Por preocupação, Paulo revê as noções básicas com estes crentes. A Bíblia é nossa salvaguarda, tanto moral como teologicamente falando. Quando a lemos individualmente ou em público, ela nos alerta para as correções que devem fazer em nossos pensamentos, atitudes e ações.

“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3.17-18).

Paulo nos mostra que aqueles que confiam na salvação pelas suas obras, tornam-se inimigos da Cruz de Cristo.

Os justos são justificados somente através do sangue de Cristo; a lei é para os transgressores citados no versículo 9 e 10, e Paulo acrescenta: “tudo quanto se opõe à sã doutrina”.

1. A circuncisão de Cristo. “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo. Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. E quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos as ofensas. Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. (Cl 2.11-15).

A circuncisão na carne era um rito que tinha alto significado entre os judeus (Gn 17.10-12). A circuncisão física era um sinal do Antigo Testamento, concernente a uma aliança firmada entre Deus e o homem (Rm 4.11-12). Como já vimos em Atos dos Apóstolos, os convertidos ao cristianismo eram pressionados pelo legalismo judaico (At 15.10). Pedro teve de enfrentar a oposição (At 11.2). Paulo exortou-os dizendo: “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo” (v. 11).

A circuncisão de Cristo era (e é) espiritual (Rm 2.28-29). A circuncisão de Cristo (v. 11) não é um sinal corpóreo no crente, mas uma mudança de coração (Rm 2.28-29; Gl 6.15). Uma nova vida em Cristo, ou seja, o novo nascimento.

V. CARACTERISTICA DA RELIGIÃO CRISTÃ

1. A diferença entre a religião verdadeira e a religião falsa.

Nem a circuncisão nem a incircuncisão podem melhor a situação do cristão. A ênfase em Gálatas é o relacionamento pessoal com Cristo e não com a lei. A dinâmica da fé cristã se baseia no amor a Cristo e não na obediência à lei ou a qualquer sistema de regras. Quem se dirige cegamente ao sistema legalista faz a sua religião o seu Deus. Disse Thomas Erskine: “Aquele que fazem de sua religião o seu Deus não terão Deus para sua religião”.

A volta ao judaísmo é uma ruptura com Cristo e a sua obra (5.4), sai-se da graça, da misericórdia, da liberdade e da justificação mediante a fé para uma justificação adquirida mediante o cumprimento de rituais segundo suas própria justiças.

2. Vida cristã na direção do Espírito.

“Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé” (Gl 5.5).

Aqui o apóstolo muda o pronome de vós para vós. Dos que se deixam circuncidar (os judaizantes) para o cristão autêntico.

Os legalistas vivem por meio da carne, dependendo dela, mas nós vivemos por meio do Espírito Santo.

VI. CARACTERISTICA DOS FALSOS MESTRES

1. Corrida cristã.
“Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?” (Gl 5.7).

Paulo, então, cita o Espírito Santo, representante de Cristo e Fiel Testemunha de que Cristo morreu, ressuscitou e deixou um legado: esperança da justiça e fé (5.5). Fé e amor são dois sentimentos de âmbito espiritual. Para os cidadãos dos céus, circuncisão e incircuncisão são aspectos terrenos que Paulo não vai considerar (5.6). A volta ao judaísmo seria um grande impeditivo para o corredor da fé e o apóstolo diz não ter parte nisso (5.7). Sua fala era de total repúdio, apenas o assunto circuncisão era suficiente para levedar a massa do Pão Novo = Cristianismo (5.9). O prejuízo que esses galacionistas causaram ao ensino do apóstolo. Esses baderneiros estariam nas mãos de Deus que julgaria a todos (5.10). Se querem a circuncisão que para nada serve, Paulo recomenda que haja a mutilação (5.12).

“Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chama” (Gl 5.7-8).

Só existe uma verdade, a verdade está na palavra que não está algemada. Você quer conhecer a verdade? Veja na Bíblia. Os mistérios que estiverem ocultos, são as insondáveis riquezas de Cristo. Mas é claro que se eu me ponho a viver nas obras dos sacrifícios eu vou anular toda graça de Deus.

Então ele continua: “Esta persuasão não vem daquele que vos chama”.

Paulo esta falando isto a quem? Aos Gálatas, quer dizer que havia uma persuasão. E Paulo começou a perceber: Mas, vocês estavam correndo bem, quem vos impediu? Esta persuasão não vem daquele que vos chama. Paulo diz vocês são selos do meu Apostolado, vocês são gentios, há uma verdade, há um evangelho, vocês têm que viver a graça de Deus, mas tem alguém persuadindo vocês para outra coisa.

Esta persuasão não vem daquele que vos chama! Deus lhe chamou para viver a verdade, você está aqui para viver a verdade, você não vai ser nunca mais enganado na vida! A graça de Deus está no seu coração! Um pouco de fermento leveda toda massa, então, isso se chama rebelião contra Deus e rebelião é pior que feitiçaria, a pessoa que se mete nas obras da lei que Cristo nos resgatou de lá, mas os altares jogam para a vida das pessoas. Fazer isto, é desprezar a obra de Cristo é anular o que Ele fez na cruz. “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes” (Gl 5.4).

2. Os falsos mestres.
Os Gálatas estavam indo muito bem na sua corrida espiritual, mas alguém persuadiu e impediu essa caminhada; foram os falsos mestres. Paulo está deixando claro que os ensinos destes judaizantes vinham de fontes estranhas, não de Deus: “a persuasão não vem daquele que vos chamou” (v.8). Está persuasão impediu os Gálatas de obedecerem à verdade (v.7).

Basta um pouco de fermento para levedar toda massa. A heresia se alastra de maneira assustadora. Eles estavam levando o povo ao desviou doutrinário. Por isso que o apóstolo amaldiçoou (Gl 1.8-9).

“Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento; mas aquele que vos perturba, seja ele quem for, sofrerá a condenação” (Gl 5.10).

3. O Fim da Lei é o Amor – 5.13-15.
“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos” (Gl 5.13-15).

“No original grego eleuyeria eleutheria, a verdadeira liberdade consiste em viver como devemos, não como queremos.

A “chamada” está associada com eleutheria, a “liberdade” (Gl 5.13). Responder à chamada de Deus é achar, não a escravidão, mas a libertação. O homem que responde ao convite de Deus é liberto do próprio eu, do pecado, e de Satanás.

A discórdia que havia na igreja estava acirrada e as palavras MORDER e DEVORAR não foram usadas por acaso, representavam grande confusão (5.15). O amor é mencionado como o único meio de acabar com facções e findar a preocupação com o cumprimento da lei. Cristo excedeu a lei ao amar a humanidade. Com esse exemplo, quem ama está desobrigado de cumprir a lei (5.14). Lei significa prisão, Amor significa exceder a lei e ampliar o acesso à liberdade em Cristo Jesus (5.13).

[...] A questão da liberdade cristã é muito relevante para nós hoje. A religião cristã pode ser comparada a uma ponte estreita que atravessa um lago onde duas correntes poluídas deságuam. Uma é chamada “legalismo” e a outra, “libertinagem”. O crente não deve perder seu equilíbrio, caindo da ponte e mergulhar no erro das regras e regulamentos anti-bíblicos, ou, por outro lado, nos vícios grosseiros do paganismo. Deve trilhar o caminho seguro e estreito. Paulo sustenta que o cristão é chamado para a liberdade (Gl 5.13), porém sem abusar da liberdade que Cristo nos deu para dar ocasião a carne. Até mesmo hoje, quantas vezes acontecem que más práticas, tais como freqüência a lugares de diversão mundana, vícios de tabagismo, droga, bebedeira, literatura pornográfica, novelas indecentes, a sensualidade, programas e filmes imorais no cinema ou na Tv, são tidos como parte da liberdade cristã. E isto é abusar da liberdade que Cristo nos deu. (Epistolas Paulinas I – EETAD).

Pr. Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com

sábado, 19 de janeiro de 2013

OS FILHOS DE DEUS



I. A LEI ERA TUTORA ATÉ A VINDA DO MESSIAS

“Digo, pois, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que Ele é o Senhor de tudo. Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo Pai. Assim, também nós, quando éramos menores estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo. Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob lei. Para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração, o Espírito de Seu Filho, que clama: – Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus” (Gl 4.1-7).

Essa declaração tem o peso de Lc 23.46 (4.6). Jesus usou essa declaração para expor toda a intimidade que desfrutava com Deus por ser Seu Filho. Paulo nos convida a entender essa intimidade que a filiação com Deus nos proporciona. Entendendo essa filiação e o teor dessa declaração, podemos retornar aos primeiros versículos.

O apóstolo apresenta escravos (4.1) e tutores e curadores (4.2) para dizer que durante a idade tenra de Jesus, Ele foi educado por outros e depois somente Deus educou a Cristo, fazendo Dele o grande galardoador da nossa esperança.

Na plenitude dos tempos (4.4) (quando o tempo de Deus estava maduro), Cristo veio ao mundo humano, nascido de mulher e sob a lei (4.4). A lei foi nos dada primeiramente para que pudéssemos entender o valor e a extensão da graça por intermédio da adoção (4.5). Resultado: Não somos escravos, mas Filhos de Deus e herdeiros de todas as bênçãos celestiais (4.7 = Ef 1.3).

Paulo nos convida a entender essa intimidade que a filiação com Deus nos proporciona. Entendendo essa filiação e o teor dessa declaração; Não são os filhos da carne que são filhos de Deus (Rm 9.8), mas os da promessa, os eleitos, é que são contados como descendência: “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Por quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Rm 11.6-7).

Paulo relembra a seus leitores que um dia, o cristão estava debaixo da lei, mas agora debaixo da graça. Pela redenção, os homens se tornam filhos de Deus, adotados pela família d’Ele e herdeiros das riquezas de Deus na terra e no céu (Rm 8.16-17).

Cristo nasceu se submeteu a lei judaica para resgatar-nos do seu poder. E hoje não vivemos mais sob a lei, mas na lei do Espírito de vida em Cristo Jesus.

Deus nos remiu e depois nos adotou como filhos. Isso significa que a remissão de nossos pecados somos transformados de escravos a condição de filhos. Como escravos éramos apenas criaturas de Deus. O apóstolo ensina que todo o crente em Jesus tem o Espírito Santo (Gl 3.2-5). Esse Espírito desperta em nós a consciência dessa filiação; isso nos leva à um relacionamento mais íntimo com Deus clamando por “Aba Pai” (v.6). “Aba” é uma palavra aramaica que corresponde em nossa cultura à “papai”; a mesma palavra que Jesus usou no Getsêmani (Mc 14.36).

Quando Paulo diz “éramos menores”, quer dizer, quando estávamos debaixo de tutores e curadores, ou seja, debaixo do “aio”, e éramos iguais ao escravo, mas vindo o Filho de Deus nos resgatou da maldição da lei, isto é, nos libertou e nos tirou desse jugo pesado. Paulo refere-se também ao homem sem Deus, sujeito aos rudimentos do mundo; Mas quando o cristão recebe Cristo como seu Salvador, passa a ser filho por adoção, e está liberto dos rudimentos do mundo. A missão do Senhor Jesus neste mundo foi libertar-nos da escravidão de Satanás, dos rudimentos do mundo, de sorte que não somos mais escravos, mas filhos por adoção e sendo filhos herdeiros de Deus Pai. Antes de Cristo, a observância da lei dependia em grande parte do esforço humano. Esta foi à falha que provocou a tristeza de Deus. Ao apresentar Cristo como o fim da lei, o Novo Testamento cumpre a profecia de Jeremias quando diz:

“Vêm dias, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que tomei pela mão, para tirá-los da terra do Egito, porque eles invalidaram a minha aliança, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daquele dias, diz o Senhor. Porei a minha lei no seu interior, e escreverei no seu coração. Eu serei seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor. Pois lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais lembrarei dos seus pecados” (Jr 31.31-34).

Comentado esta profecia, o autor da Epístola de Hebreus registra: “Quando ele diz: Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer” (Hb 8.13). Por isso Jesus afirma: “Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João” (Mt 11.13). O que Jesus está dizendo é que a lei e os profetas acabaram em João Batista, pois João foi o último profeta do velho concerto.

A lei surgiu somente “por causa da transgressão”, longe de ser portadora do Espírito e vida. Ela é uma babá do pecador, devendo vigiá-lo e obrigá-lo a obedecer (3.22, 24; 4.1-3), para que seja possível uma convivência relativamente regulamentada entre os pecadores (Rm 13.3).

A lei oferece um remédio paliativo contra o pecado, porque Deus prevê culto e expiação para os delitos. Mas Paulo não quer nem saber da lei como meio de salvação. Ele ignora, embora a conheça e saiba que seus adversários – com a alusão ao calendário litúrgico – destacam precisamente essa vertente ao calendário da lei. Ele reage em tom polêmico: a lei foi desde o início dada por Deus como uma babá e nada mais.

II. A LEI ERA UM RUDIMENTO FRACO

“Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza, não o são; mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco” (Gl 4.8-11).

Muitos desses gálatas se converteram dos ídolos e do paganismo ao cristianismo. Isso significa que eles foram libertos da escravidão pagã, dos rudimentos desse mundo. Com a intromissão dos judaizantes, eles se submeteram aos rituais judaicos. Saíram da escravidão pagã e agora estavam na escravidão da lei, observando os rituais da lei, crendo assim seriam melhor aceitos por Deus.

O apóstolo Paulo mostra que eles desceram de nível espiritual, deixando a condição de filhos e retornado a condição de escravo. O que pensavam ser um progresso espiritual, era na verdade uma recaída.

Paulo tem a compreensão que o Judaísmo, ainda que tenha vindo de Abraão, passando por Moisés e os Profetas, agora já não tem mais valor. Paulo descreve esse período como “rudimentos fracos e pobres”.

Por isso o apóstolo menciona o valor transitório dos ritos judaicos e diz que se eles agora conhecem a Deus, por que estão voltando outra vez aos rudimentos fracos e pobres da lei, tais como: “Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.10).

Os crentes da Galácia foram conduzidos ao ritualismo dos judaizantes. “Dias” se refere ao sábado bem como aos dias de festa. “Meses” e tempos dizem respeito a observâncias mais longas, como as celebrações entre a Páscoa e o dia de Pentecostes. São uma referência à celebrações como as mencionadas com sarcasmo por Isaías (Is 1.14). “Tempos” indicam as celebrações festivas, e “anos”, provavelmente indicam o Ano do Jubileu, o qüinquagésimo ano no qual os escravos deveriam ser libertos e as terras devolvidas aos seus primeiros proprietários (Lv 23 a 25). Os judeus comemoravam todas essas festas para agradar a Deus. Paulo colocou essa observância ritual na mesma categoria dos festivais pagãos, nos quais a observância de acontecimentos foi distorcida em ritual legalista.

Guardar dias, meses, tempos e anos (4.10) revela a facilidade com que os judeus guardavam a lei e as tradições. Neste cenário saudosista, Paulo questiona se o seu trabalho evangelístico não foi em vão (4.11). O apóstolo, sabiamente percebeu que o judaísmo foi estabelecido para que a compreensão de Cristo fosse mais profunda.

A preocupação de Paulo determinava que o zelo pode ser mal orientado. O zelo que tinham pela lei os estava deixando cegos para a liberdade e a verdade encontradas em Cristo. Mas, considerando o falso ensino que havia no meio deles, o apóstolo tem um bom motivo para estar perplexo com a condição espiritual dos gálatas (Gl 4.17, 18). E esta tem sido a preocupação das lideranças de hoje com suas ovelhas.

Jesus e Seus discípulos foram acusados pelos fariseus de estarem trabalhando no sábado por colherem espigas, entendendo eles que essa atitude era de desrespeito à lei (Êx 31.15). Como defesa, Jesus lembrou-lhes que Davi quando se viu em necessidade e teve fome, comeu os pães da proposição da Casa de Deus, já que este alimento era para os sacerdotes e os que com ele estavam (Mc 2.25,26). Jesus não declarou abertamente a inocência de Davi e de Seus discípulos, mas ao contrário, lembrou aos que O acusavam o significado do sábado para o homem e que Ele, Jesus, estava acima disso. As necessidades humanas, às vezes, podem anular a observância cerimonial do sábado.

Esta é a razão do apóstolo Paulo afirmar que o pecado e a lei mantém as pessoas em escravidão. O propósito da lei era tornar conhecido a nós o modo como poderíamos agradar a Deus e receber d’Ele a vida (Rm 7.7-12). Agora, diz o apóstolo, “não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6.15). E o próprio Jesus acrescentou: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2.27, 28).

Os judaizantes exigem o cumprimento de todos os mandamentos da lei. E isso opõe ao evangelho. Paulo exorta os cristãos, portanto, ao não cumprimento da lei judaica, vendo unicamente a chance de eles se salvarem se crerem independentemente da lei. A observação da lei é inclusive prejudicial para a salvação, porque é algo similar a idolatria.

II. PAULO FICA PERPLEXO

“Sede qual eu sou; pois também eu sou como vós. Irmãos, assim vos suplico. Em nada me ofendestes. E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física. E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto; antes, me recebestes como anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus. Que é feito, pois, da vossa exultação? Pois vos dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar. Tornei-me, porventura, vosso inimigo, por vos dizer a verdade?¶ Os que vos obsequiam não o fazem sinceramente, mas querem afastar-vos de mim, para que o vosso zelo seja em favor deles. É bom ser sempre zeloso pelo bem e não apenas quando estou presente convosco” (4.12-19).

Paulo teve uma enfermidade em sua 2ª Viagem Missionária e passou pela Galácia (4.13; At 16.6). Ele está reconhecendo a maneira carinhosa como foi recepcionado, o cuidado com a sua vida e a amizade que nasceu daquele cuidado (4.14-15). A animosidade presente faz Paulo se sentir um inimigo (4.16) tal qual Cristo disse aos seus discípulos sobre o resultado do evangelho = inimizade (Mt 10.34). Ele alerta os gálatas a que tomem cuidado com “amigos” que querem afastá-los do Evangelho, os que querem trazer o judaísmo para dentro da igreja (4.17).

Os fariseus eram aproveitadores, que procuravam agradar os irmãos da Galácia, na tentativa de persuadi-los a adotar a religião judaica. Eles não estavam preocupados com o bem estar espiritual desses irmãos, antes queriam ser adulados pelos gálatas: “para que vós tenhais zelo por eles”.

Paulo procura mostrar aos Gálatas o verdadeiro sentido do zelo (no gr. zhlo zelos - defender algo), e a responsabilidade que ele tem com Seu Senhor. Pois sua missão como ministro, é de preparar e apresentar a igreja como uma virgem pura a seu marido.

Podemos discernir a procedência ou finalidade de qualquer ensino e prática pesando-os nas Escrituras (2ª Co 13.8). Uma das características das heresias é a apropriação de passagens bíblicas interpretadas erradamente, muitas vezes baseadas em supostas revelações. Nenhuma revelação pode anular a Bíblia Sagrada.

Os falsos mestres podem declarar que a revelação bíblica é verdadeira e, ao mesmo tempo, afirmar que possuem revelação extra-bíblica ou conhecimento de igual autoridade às Escrituras, e válidos para a igreja inteira. Esses falsos ensinos, geralmente envolvem a fé cristã num sincretismo de outras religiões e filosofias. Resulta daí os seguintes erros:

A. A suposta nova “revelação” é colocada no mesmo nível de autoridade que a revelação bíblica apostólica original.

B. Os falsos mestres alegam ter uma compreensão mais profunda ou exclusiva da supostas “revelações ocultas” nas Escrituras. Muitas vezes dizem ter uma grande responsabilidade com Deus e seu trabalho é especial e Deus exige santidade para esse trabalho. E assim colocam a igreja em um jugo de servidão.

O judaísmo nos tempos apostólico foram os que mais atacaram a fé da igreja cristã nos primeiros dois séculos. Mesmo com a riqueza escrita da Palavra de Deus eles preferem seguir suas opiniões em vez da Verdade. Sejamos sóbrios e vigiemos!

IV. COMO AMA QUE CRIA SEUS FILHOS

“Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós; pudera eu estar presente, agora, convosco e falar-vos em outro tom de voz; porque me vejo perplexo a vosso respeito” (Gl 4.19-20).

Paulo se angustia por não estar presente para exortar seus irmãos, mas tem que fazer isso por carta (4.20) e isso o angustia a ponto de sentir dores de parto, no aguardo que Cristo Se forme e nasça, verdadeiramente, na vida deles (4.19).

Muitos cristãos recentes da Galácia retornaram aos falsos ensinamentos e perderam a alegria da salvação. Profundamente angustiado, Paulo chamou os crentes da Galácia de “meus filhos”; comparou o relacionamento dele com os gálatas e uma mãe com dores de parto, que aguarda ansiosamente pelo nascimento do filho – uma experiência de profunda dor, porém íntima. “Pais espirituais” amam as pessoas a quem eles conduziram a Cristo assim como uma mãe ama seu filho.

Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Blumenua - SC


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ



A carta aos Gálatas é o mais antigo testemunho da mensagem da justificação por parte do apóstolo. Por isso, as teses sobre a justificação adquirem uma importância em sua parte central.

É surpreendente que a idéia de justificação, em sua forma tipicamente paulina, tinha como base a teologia, eleição e a teologia da cruz e, em momentos centrais, isso só ocorre, nas cartas anteriores a Gálatas, somente em passagens típica que contenham afirmações tradicionais, e muito esporadicamente.

Na questão sobre a origem da mensagem da justificação, também se deve deixar de considerar que Paulo somente recorre a ela em contextos altamente polêmicos contra os judaizantes, ou seja, em Gálatas e Filipenses, antes de desenvolvê-la aos romanos, também com uma apresentação mais objetiva.
A visão de conjunto de Gálatas mostra que seus textos sobre a justificação se restringe ao discurso contra Pedro em Gl 2.14-21. O discurso contra Pedro, com isso, assume a tarefa de introdução e apresentação dos pontos decisivos contra o legalismo.

O que Paulo afirma sobre a justificação do pecador em concreto? Afirma algo que não pode surpreender o leitor de Gl 3s, a justificação acontece “sem lei” (Rm 3.21). É uma reiteração de Rm 3.20, 28.

1. A lei não justificou o homem diante de Deus.

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não! Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor” (2.16-18).

Paulo descreve o crente justificado como tendo sido crucificado com Cristo (v.20), como sendo espiritualmente vivo (Rm 7.4, 6), como alguém que vive em Cristo (Gl 2.20; Jo 14.20; Cl 1.27), que vive uma vida de fé (Gl 2.20; Rm 1.17); e que sabe quem tornou essa vida possível. Paulo aponta, então, que a justificação pelas obras (“a lei”) é oposta a justificação pela graça mediante a fé. Ele também afirma que demais obras são, no final das contas obras (Gl 4.19-31). Se a salvação pode ser conquistada, então Deus está meramente dando o que é conquistado ou merecido, o que declara a graça nula e invalida; e nesse caso, Cristo teria morrido em vão. Ninguém jamais foi salvo guardando a lei. Paulo, assim como todos os crentes, teve de morrer para si mesmo (Rm 7.6).

2. A justificação precisa ser recebida pela fé.

Assim também, somente pela fé, vive um cristão (Cl 2.6-7; Gl. 3.2-9). A união com Cristo pela fé inicia com aqueles que crêem no domínio do Espírito, onde a verdadeira liberdade reina (2ª Co 3.17). É o espírito que ilumina a lei à luz de Cristo, desse modo, transformando a perversão do legalismo em liberdade genuína. Tornando-se membros do corpo de Cristo, aos crentes é concedida a possibilidade de obedecer às ordens do Mestre.

O legalismo exige que seus seguidores obedeçam a um código externo, mas o perfeccionismo é baseado em uma compreensão deturpada do significado prático da justificação.

De forma realística, a justificação pela fé transforma muito mais do que a condição de culpado do crente diante de Deus. Ela o ressuscitou da morte com Cristo para um compromisso contínuo de fé com o Senhor, que orienta suas decisões pelo Espírito Santo. Pela virtude deste relacionamento, Paulo escapara das limitações da lei para estar sob as exigências legais de Cristo (1ª Co 9.21).

Paulo envereda pelo caminho prático do Evangelho: Obras é o resultado da fé. A vida cristã é dinâmica e cheia de obras e frutos (Gl 5.22-23), o verso 16 está em concordância com Rm 1.17, que, aliás, foi o texto que trouxe Lutero para o Evangelho de Jesus. Se não é pelas obras da Lei que somos justificados (2.17), a circuncisão não pode ser um mandamento de Cristo. O apóstolo tem em mente que o período da dispensação da Graça chegou e que não somos merecedores da salvação. Nada que venha da parte do homem pode ser aproveitado para que se torne merecedor da salvação. A parte que cabe ao homem é somente crer no sacrifício de Cristo e arrepender-se de seus pecados (2.16-17). O homem possuidor desse entendimento não pode, em hipótese alguma, retornar à prática que o tornava escravo da Lei e transgressor da mesma (2.18).

A lei para Paulo foi boa para o levá-lo ao entendimento, mas uma vez que o entendimento o alcançou, a lei não tem mais função para ele, ela foi um “AIO” (Gl 3.24). Cristo, como seu SENHOR, tem primazia sobre as suas vontades, a ponto de confundir se é ele Paulo que vive ou Cristo que vive em seu lugar. O autor desta epístola nos convida a confundir pessoas com o nosso viver santo, como sendo a vida do próprio Cristo (2.20). A Lei veio como aio para compreensão da JUSTIÇA e se a Lei ainda vigorar, a morte de Cristo foi é vã (2.21).

Negar a eterna segurança do crente é desafiar o caráter eterno da grandeza da graça divina, e admitir que o próprio Filho de Deus, no qual nós estamos firmes pudesse cair.

Mas quando você toma a decisão de crer no Senhor Jesus Cristo, você entra em um sistema que depende inteiramente de Deus. É por isso que Ef 2.8-9 diz que é pela graça que você é salvo através da fé e não por você mesmo, é presente de Deus, não por obras para que nenhum homem se gabe.

Graça significa que depende inteiramente de Deus. Graça significa que Deus não está se expondo desnecessariamente quando dá a você algo, independente do seu mérito, independente da sua habilidade, independente de suas obras. Portanto graça se torna a questão principal na doutrina da eterna segurança.

Da mesma forma, vamos considerar Rm 11.6: “Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça”.

A justificação pela fé, que ás assusta até aos crentes em Jesus, pela maneira simples de o homem ser salvo pela graça de Deus, pois a tendência humana é complicar o que Deus simplificou, revela uma entrega total e irrestrita a Deus. Não se trata de uma fé intelectual e superficial, mas algo que torna a pessoa em nova criatura por um milagre de Deus – o novo nascimento (2ª Co 5.17), produzindo frutos de arrependimento como decorrência da salvação (Gl 5.22).

Se não tivéssemos a posição firme do apóstolo Paulo, colocando a lei no seu devido lugar e explicando a superioridade do evangelho, o cristianismo, além de não ser religião distinta do judaísmo, não poderia ensinar a verdade da justificação dos pecados pela graça.

Então, o tema da mensagem é: pelas obras da lei ou pela pregação da fé. Eu estou mostrando que é pela pregação da fé. “O homem não é justificado pelas obras da lei e sim mediante a fé. Também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado”.

“Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não” (Gl 2.17).


Pr. Elias Ribas

Igreja Evangélica Assembléia de Deus

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A VERDADEIRA FUNÇÃO DA LEI


I. DEFINIÇÃO

Do lat. legale + ismo. Tendência a se reduzir à fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das observâncias, práticas e obrigações eclesiásticas. A palavra traduzida lei (gr. nomos; hb. torah) significa ensino ou instrução.

Legalismo: Relativo à lei: pessoa que pugna pela observância da lei, isto é, briga, combate, batalha, luta pelo cumprimento da lei.

O povo de Deus, desde os tempos da criação, é um povo que vive debaixo de normas e orientações divinas. Essas normas foram anotadas e transmitidas oralmente. Com o povo de Israel, o Senhor mandou que Moisés escrevesse os mandamentos, os juízos e os estatutos, que reunissem a lei do Senhor. Os dez mandamentos são um conjunto de normas espirituais, éticas e morais, para o povo que Deus escolheu para representá-lo entre todas as nações do mundo, como Sua propriedade peculiar, reino sacerdotal e povo santo (Êx 19.5-7).

II. O TESTAMENTO

“Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa (Gl 5.15).

Aliança e testamento são palavras que estão muito ligadas. A palavra grega usada aqui é diatheke, no hebraico b’rith, que significa testamento, pacto, aliança.

A idéia primária de “pacto”, num termo bíblico teológico, é uma aliança entre Deus e o homem. O apóstolo lembra que todo mundo honra o testamento feito pelo mais simples dos homens. Jamais ousaria alguém anular, acrescentar ou modificá-lo. Se o testamento ou mesmo aliança confirmado no contexto humano ninguém pode mudar, quanto mais no plano divino? Deus jamais deixaria de honrar esse testamento e jamais permitiria alguém acrescentar o legalismo a essa promessa.

III. A POSTERIDADE DE ABRAÃO

“Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade. Não diz: e às posteridades, como se falando de muitas, porém como de uma só: E a tua posteridade, que é Cristo. E digo isto: Uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa. Porque, se a herança provém da lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão” (Gl 3.16-18).

A lei foi um parêntese (Do Sinai até o Calvário). Abraão está antes do SINAI e seu descendente: JESUS CRISTO conquistou tudo no Calvário (3.16). Israel está entre Abraão e Jesus e a Igreja está depois de Jesus como a grande beneficiária desse ato de amor e espera-se que a IGREJA viva pela Fé. Ente Sinai e o Calvário, período em que a Lei vigorou, a promessa não foi, de forma alguma, revogada (3.17) e Cristo declara isso em Mt 5.17.

Deus deu a promessa da justificação pela fé a Abraão e a lei para uma vida correta a Moisés. A palavra grega “epangelia” (lit. promessa imutável) é usada nove vezes no capítulo 3. As mesmas promessas de aliança feitas a Abraão para justificação dele são feitas a todos das gerações seguintes, que crêem pela fé.

Isaque era em si incapaz de trazer as bênçãos a todos os povos, portanto Cristo é a verdadeira Semente, em que as promessas têm seu cumprimento. A lei dada a Moisés quatrocentos e trinta anos depois da promessa, não pode invalidar a promessa que Deus fez com Abraão, todavia a lei veio depois da promessa.

A primeira afirmação aos Gálatas, Paulo explica que o princípio da fé é mais importante do que a lei Mosaica. A lei mosaica é à sombra da graça de Deus aos homens. Nossa herança, ou seja, nossa salvação vem da graça, e não da lei.

IV. A LEI VEIO POR CAUSA DA TRANSGRESSÃO

1. A lei é pecado? (Rm (7.7). Agora contamos com ajuda do apóstolo Paulo e, com muita alegria, que estamos livre da lei.

Todavia, temos de perguntar: A lei veio de Deus através de Moisés? (Jo 1.17). Ela não condena o pecado?

Antes que se levante conceito errôneo sobre a visão paulina da lei, o apóstolo pergunta: A lei é pecado? A resposta é dada imediatamente: “De modo nenhum!” Então, ele começa a segunda seção.

2. A lei veio revelar o pecado (Rm 7.7). O apóstolo disse que não conheceu pecado senão pela lei. Isso, ele já havia dito antes: “Pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20). O apóstolo afirma ainda que a lei serviu como um holofote para trazer à tona o pecado: “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5.20-21).

Por conseguinte, Paulo atribui a lei uma função terapêutica. Ou seja, a lei serviu para mostrar a causa do pecado e o remédio para curá-lo. Esse remédio, logicamente, não é a lei, mas o sangue de Jesus (Rm 3.24-26).

3. A lei veio provocar o pecado. Paulo declara que a lei despertou nele toda a concupiscência: “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado. Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri” (Rm 7.8-9).

a. Infância. No verso, ele diz: “Outrora, sem a lei, eu vivia”.

b. O bar mizvah. “Mas vindo o mandamento”, uma referência ao bar mitzvah, expressão aramaica que significa “filho do mandamento”. É a maioridade espiritual do judeu, cerimônia religiosa em que o menino faz pela primeira vez a leitura pública da Torah – Lei de Moisés -, ao completar 13 anos. Os judeus dizem que a partir, o menino passa a ser responsável diante de Deus. A passagem de Lucas 2.42 diz respeito ao bar mitzvah de Jesus.

c. O pecado foi ativado. Tendo passado por esse rito judaico confessa o apóstolo “Reviveu o pecado, e eu morri”. A lei provoca o pecado. Todos sabem que as proibições tendem a desperta o desejo (v.8).

4. A lei veio condenar o pecado. Dos dez mandamentos, o apóstolo não tomou o quarto que para os sabatistas é um dos mais importantes, mas sim o último. “Não cobiçaras (Êx 20.17). Esse mandamento era o qu mais incomodava Paulo, pois refletia algo interior; não era meramente uma ação exteriorizada. Ele estava mostrando que o pecado não consiste apenas em atos exteriores, mas no se passa no interior do homem (Mt 5.27-28). Um exemplo é a cobiça.

V. A SANTIDADE DA LEI

1. O problema é o pecado. “E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte. Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou” (Rm 7.10-11).

O apóstolo viveu uma contradição tremenda quando professava o Judaísmo. O mandamento foi ordenado para a vida (Lv 18.5; Rm 10.5), porém, diz ele: “achei eu que era para a morte” (v.10), por causa do pecado. Confessa Paulo “o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou” (v. 11). Essa passagem faz-nos lembrar da queda de Adão: A serpente me enganou (Gn 3.13). Há uma ligação dessa experiência pessoal do apóstolo com o episódio do Éden. Isso portanto representa a experiência de todo o homem.

2. A lei é santa. Paulo responde a pergunta do v. 7: “A lei é pecado?” Depois dessa demonstração até o v. 11, ele conclui: “Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm 7.12).

Neste sentido comentou o Dr. F. F. Bruce: “O vilão da peça é o pecado. O pecado agarrou a oportunidade que teve quando a lei me mostrou o que era certo e o que era errado, sem me dar poder para o primeiro e evitar o último”. A lei não promoveu condições para o homem ser salvo.

Embora o mandamento fosse santo, bom e justo, era inadequado, porque não consegui transmitir vida espiritual nem força moral (Gl 3.21; Rm 3.8; Hb 7.18-19).

3. A queixa dos judeus não é justa.

O criminoso no cárcere, pode culpar o sistema legal que o levou à prisão, mas o culpado de ele estar na cadeia são os seus próprios atos, e não a lei. Essa analogia se aplica com relação à lei e ao pecado. Isso é o que os judeus ainda não entenderam. Por essa razão os judeus não conseguem simpatizar-se com o apóstolo Paulo. Dizem eles que João Batista nasceu judeu e morreu judeu. Jesus nasceu judeu e morreu judeu, porém Paulo, nasceu judeu e morreu cristão.

Estamos casados como o nosso primeiro marido: a lei. O apóstolo porém, trouxe-nos uma noticia céu: o nosso contrato de casamento fora dissolvido, pois morremos com Cristo (Rm 7.4). A lei não tem mais domínio sobre nós. Estamos livres dela para servir na liberdade do Espírito, a outro Senhor – aquEle que morreu por nós. Que cada crente reconheça essa liberdade a fim de produzir frutos para Deus.

VI. O FIM DA LEI

Talvez em nenhuma outra passagem da Escritura o objetivo da lei esteja tão explicado como na carta aos Gálatas. O apóstolo Paulo pergunta:

“Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.” (Gl 3.19-20).

A segunda afirmação de Paulo, limita o tempo em que a lei deveria agir assim, foi adicionada até que Cristo viesse”. O descendente é Cristo, que veio para finalizar a lei; “Porque o fim da lei é Cristo, para a justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).

A lei foi adicionada (interpolada, introduzida, alterada), para que os judeus reconhecessem as transgressões. “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20).

No mesmo capítulo 3 de Gálatas versos 21, 22 Paulo faz a seguinte pergunta:

É porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem” (Gl 3.21-22).

A lei não é contrária às promessas de Deus, mas foi adicionada por Deus devido às transgressões dos homens. A promessa foi feita a Abraão e a lei por Moisés, e a graça por Cristo.

Aqui abrange os textos citados em prol do argumento de que a lei é secundária, dada para encerrar todos sob o pecado e de que a fé é primária porque concede vida.

Se considerarmos que os adversários tenham um conceito tipicamente judaico da lei, sua tese seria que a lei era válida absolutamente antes de existir o mundo e para sempre (cf. 3.2). A lei, contudo foi tardiamente “acrescentada” e não está destinada a permanecer. Deus quer que ela, desde Moisés até à pregação da fé, realize sua função coercitiva dos pecadores. Ela não possui outra incumbência, e esta somente por um tempo determinado.

Segue duas outras afirmações, que devem ser consideradas conjuntamente: A lei foi dada por anjos e pelas mãos de um mediador, Moisés. De qualquer modo, os anjos são espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação (Hb 1.14). Paulo não poderia encontrar as promessas de Deus (como as de Gl 3.6-9) na lei, nem poderia, mais tarde, em Gl 5.14, considerar o amor, num sentido especial, também como cumprimento da lei. O certo é que a mediação dos anjos (próximos a Deus) significa que não se liga diretamente a Deus:

“Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.5-6).

A lei não tem essa proximidade por que tal caso, Deus como testador direto das promessas, teria podido complementar seu primeiro testamento com a lei. Não sendo Deus o autor direto da Torá, também essa não pode complementar a promessa feita a Abraão. Por causa da multiplicidade dos anjos, também se torna necessário um único mediador (3.20). Também aqui a posição da revelação, e Deus, naturalmente, fala diretamente com Moisés (cf. Êx 34).

Paulo confirma essa ausência de proximidade com outro argumento: Deus fala diretamente com Abraão (Gl 3.6-9), e os cristãos, por meio do Espírito, têm proximidade imediata com Deus (Gl 4.6). Essa filiação divina produzida pelo Espírito não necessita mais de babá, provém, para os crentes, unicamente do Espírito de Cristo prometido a Abraão. Diante dessa relação direta com Deus, a lei simplesmente oferece muito pouco aos cristãos. Não é por acaso que Paulo desenvolve essa temática da proximidade evangélica no início, em Gl 3.1-5 e no final, em 4.1-7. Agora esta claro que o evangelho e o Espírito levam a filiação e garantem a salvação dos justos. A lei surgiu diante da pessoa como exigência externa (3.23s; 4.1-3). O evangelho, como suporte do Espírito, leva até o Pai de Jesus Cristo, partindo diretamente de dentro.

VII. FRAQUEZA E INUTILIDADE DA LEI

As leis dadas a Moisés no Antigo Testamento não foram capazes de salvar ninguém, por isso foi invalidada. Note o que Paulo diz aos Gálatas:

“porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei” (Gl 3.21).

Os israelitas, porém, eram incapazes de cumprir a lei, razão pela qual Cristo a cumpriu por eles. Porque a lei estava enferma:

“Portanto o que fora impossível à lei, visto que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado” (Rm 8.3).

Embora concedida por Deus, a lei (o código escrito) era impotente para permitir que as pessoas atingissem suas exigências, pois tinha de depender da natureza pecaminosa para realizá-las.

A semelhança da carne: a natureza humana de Jesus era real, mas sem pecado (ver Fl 2.7-8; Hb 2.17; 4.15; 1ª Pe 2.22).

A carta aos Gálatas é o escrito que para nós hoje constitui a primeira declaração mais ampla do apóstolo sobre a questão da lei. Na polêmica sobre a lei, o apóstolo nega que esta tenha alguma relação com aliança de Abrão e com o Espírito; assim, a lei nunca teve, segundo seu julgamento, o objetivo de proporcionar vida (Gl 3.21; cf. Rm 11.14). Deus estabelece desde o princípio uma diferença entre lei e evangelho. Assim sendo, em Gl 3s a aliança de Abraão, Cristo, o evangelho e o Espírito constituem uma unidade, enquanto a lei não tem absolutamente nada a ver com essas grandezas. Para isso, a lei surge demasiadamente tarde e deve ceder lugar, com Cristo, para a fé. Ela desde o início foi promulgada por Deus aos anjos, para servir de “tutor” para os pecadores.

VIII. A LEI NOS SERVIU DE AIO

“De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo para que pela fé fôssemos justificados. Mas depois que a fé veio já não estamos debaixo do aio. Porque todos são filhos de Deus pela fé em Cristo. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl 3.24-29).

A lei de Deus nunca teve o propósito de justificar pecadores. Como “aio”, (gr. paidagogos), a lei foi dada como padrão para revelar a iniqüidade e a imperfeição humana.

O “aio” representa uma função única nas antigas famílias gregas e romanas. O aio, ou paidagogos, “tutor”, não era mestre, mas o guia e guardião que disciplinava a criança. No mundo romano, um escravo de confiança da família era encarregado de tomar conta do menino entre seis e dezesseis anos; levá-lo á escola e trazê-lo de volta para sua casa, supervisionando sua conduta. Semelhantemente, a Lei exercia apenas um papel disciplinar, servindo de aio para conduzir-nos a Cristo. Isso mostra a sua inferioridade em relação ao Evangelho. Sua função terminou com a vinda do Messias (Gl 3.25). Agora, somos livres da Lei, mas dependentes da graça de Deus.

Paulo descreve o poder do Evangelho em contraste com a lei. A lei conduziu Israel ao Messias, e Ele os tirou dessa maldição. Somos justificados pela fé, ficamos livres da lei, tornamo-nos filhos de Deus, somos um em Cristo, as divisões desaparecem, e somos também herdeiros da promessa, descendentes de Abraão. Depois que a fé veio não estamos mais debaixo do aio, ou seja, debaixo da lei.

A lei mosaica funcionou como tutor do povo de Deus até que viesse a salvação pela fé em Cristo. Agora que Cristo já veio, acabou a função da lei como supervisora. Por isso, já não se deve buscar a salvação através das provisões do Antigo Concerto, nem pela obediência às suas leis ou sistema de sacrifícios.

“E por isso é mediador de um Novo Testamento, para que, intervindo a morte para a remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro Testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento necessário é que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hb 9.15-17).

A salvação agora tem lugar de conformidade com as provisões no Novo Concerto, a saber: a morte expiatória de Cristo, Sua ressurreição gloriosa e o privilégio de sermos chamados filhos de Deus por adoção. Na velha aliança não houve morte, e por isso não deixou de ter valor, mas no Novo Testamento houve morte, por isso tem validade.

A lei continua sendo o mestre, mas somente Cristo é o Salvador. A lei determina as justas exigências de Deus e revela que todas as pessoas são culpadas por serem incapazes de cumprir perfeitamente todas as exigências da lei. Aqueles que crêem em Cristo não são mais considerados culpados, mas são contados como justificados perante de Deus.

A Lei impediu que a Fé fosse vivida na sua plenitude, para Paulo essa fé estava latente e haveria de revelar-se (3.23) em Cristo Jesus. O que nos justifica perante Deus é a Fé (3.24) e não o cumprimento da Lei. AIO significa Pedagogo ou alguém que educa até um determinado momento, após adquirirmos maturidade espiritual (Experimentar a fé) o AIO pode ser dispensado (3.25).

O sacrifício de Jesus e a fé que é contemplada diante do seu ato Vicário transforma todos, exatamente todos “UM EM CRISTO” (3.28). Cristo é o unificador de todas as raças, é aquele que destruiu a muralha da desigualdade tornando todos iguais perante Deus. Paulo finaliza o capítulo lembrando que todos que são descendentes de Deus em Cristo, são participantes naturais da Promessa feita a Abraão (3.29).

IX. O BATISMO EM CRISTO

“Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6.3-5).

A Bíblia fala aqui do batismo espiritual, através do qual somos imersos no corpo de Cristo que é a Igreja (Rm 6.3-5). É um batismo mediante “a fé no poder de Deus (v.12), e não mediante a água. No pecado, o homem é considerado morto para Deus. Na conversão, ele é regenerado (2ª Co 5.17), passa pela “circuncisão de Cristo” e, ao mesmo tempo, é batizado em Cristo. Esse batismo espiritual é confirmado mediante a profissão de fé, quando da realização do batismo em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Esse batismo espiritual é uma representação do novo nascimento espiritual (Jo 3.3-5), em que Deus justifica pela fé o pecador arrependido anulando toda sentença de condenação (2.14) e dando-lhe vitória sobre as forças do mal (2.15).

O apóstolo faz uma analogia: “Sepultados com ele na morte pelo batismo” significa que estamos identificados com Cristo na sua morte. D mesma maneira, fomos ressuscitados com Ele na sua ressurreição (Rm 6.9-10).

Diante disso, vem a conclusão: “considerai-vos como mortos para o pecado; mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.11).

Pr. Elias Ribas
Igreja Ev Assembléia de Deus