TEOLOGIA EM FOCO: janeiro 2016

sábado, 30 de janeiro de 2016

A TRÍPLICE NATUREZA DO HOMEM


Quando passamos a analisar o homem do ponto de vista de sua constituição, a antropologia teológica passa a descrevê-la como um trino, isto é, composto de três partes: corpo, alma, e espírito. Porém, quando o analisamos do ponto de vista de sua natureza, então ele é visto como um ser portador de duas naturezas: a humana (ligada com o corpo) e a divina (ligada com a alma e o espírito). No início, quando Deus criou o homem, Ele o formou do pó da terra e depois soprou o “fôlego de vida” em suas narinas. Tão logo o fôlego de vida, que se tornou o espírito do homem, entrou em contato com o corpo do homem, a alma foi simultaneamente produzida. Portanto, a alma é a combinação do corpo e do espírito do homem.

Segundo está declarado, o homem é formado de corpo, alma, e espírito. Isso significa que, etimologicamente falando, ele se compõe de duas partes: material e imaterial.

A primeira parte, o corpo - fala daquilo que é material; a segunda, porém, composta da alma e do espírito – fala daquilo que é espiritual.

O homem sendo uma criatura de Deus, possui mente, emoções e vontade, para que possa comunicar-se espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo e servi-lo com fé, lealdade e gratidão.

O corpo é o veículo usado pela alma e o espírito. A consciência é o órgão que discernente que distingue entre o certo e o errado. A fé é a crença em um Deus; é o ato de confiar e crer em Deus.

Seria bom reconhecer que, quando necessário, a Bíblia dá aos dois termos um significado distinto e, quando nenhuma diferença especifica está sendo considerada, a Bíblia dá entender tanto a dicotomia (duas partes) como a tricotomia (três partes).

Mas quando há necessidade especifica, a Bíblia define com precisão a distinção de ambos e, evidentemente, o significado do pensamento que se fizer necessário.

Somente a Palavra de Deus estabelece a diferença real entre a alma e espírito: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).

Assim como no início da criação a Palavra de Deus operou na modificação caótica, separando a luz das trevas, assim também agora ela opera dentro de nós, como a espada do Espírito, penetrando até a divisão da alma e do espírito.

Daí, a mais nobre habitação de Deus; nosso espírito. A alma e o espírito, assim distinguidos, não podem se não as duas substâncias imortais da natureza imaterial do homem, entre as quais as Escrituras, ao contrário do que muitos pensam, sempre distingue.

O homem é comparado a um templo, especialmente ao antigo templo judaico. A primeira parte (o corpo) representa o átrio exterior. A segunda parte (a alma) figura o Santo lugar. Enquanto que a terceira parte (o espírito) prefigura o Santo dos Santos.

Para que se tivesse a aproximação dos dois últimos (o Santo e o Santíssimo), se fazia necessário algum sacrifício. O sacerdote dividia o sacrifício, assim também agora o Sumo Sacerdote divide nossa alma e espírito.

A faca sacerdotal era de tal agudeza que fazia com que o sacrifício fosse cortado em dois – sempre no expressivo: “aquelas metades” (Gn 15.10-17).

Essa divisão da alma e do espírito não significa apenas sua separação, mas também uma fenda aberta na própria alma. Visto que o espírito está envolvido pela alma, ele não pode ser alcançado antes que a Palavra da Cruz de Cristo penetre abrindo um caminho (o da obediência) à vontade divina. Quando assim sucede, Deus atravessa as duas camadas anteriores (corpo e alma), alcançando “...com poder, pelo Seu Espírito, no homem interior” (Ef 3.16). Agora, a ação poderosa de Deus opera em nós, não de “fora para dentro” (do corpo para o espírito), e sim, de “dentro para fora” (do espírito para o corpo) e é isso que diz Paulo, por amor de seu argumento: “...todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis...” (1ª Ts 5.23).

O homem é composto, então, de dois elementos: um material e um imaterial. Ao material chamamos corpo. Nele são exercidas as relações do imaterial, tais como intelecto, consciência, alma. Ao imaterial chamamos de alma e espírito. Esta parte imaterial do homem torna-se uma personalidade espiritual. Nesta condição imposta pelo Criador, o homem difere bastante dos outros seres criados.

Sobre o conjunto completo que denominamos ser “o homem”, diz o doutor C.I. Scfield: “sendo o homem espírito, e capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com Ele; sendo alma, ele tem conhecimento de si mesmo; sendo corpo, ele tem através dos sentidos, conhecimento do mundo em que vive”. Portanto, é através do conhecimento do corpo físico que o homem entra em contato com o mundo material. Assim, podemos classificar o corpo como aquela parte que nos dá “consciência do mundo”. A alma inclui o intelecto, que nos ajuda no presente estado de existência e as emoções, que procedem dos sentidos. Visto que a alma pertence ao próprio ego do homem e revela sua personalidade, ela é denominada a parte da “autoconsciência”.


O espírito é aquela parte pela qual nós temos comunhão com Deus e somente pela qual nós podemos compreendê-lo e adorá-lo. Por indicar nosso relacionamento com Deus, o espírito é denominado o elemento da consciência de Deus.

Pr. Elias Ribas

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

ANTROPOLOGIA BÍBLICA




I.         INTRODUÇÃO

Etimologicamente, Antropologia significa ciência do homem; ciência que estuda o homem, suas obras e seu comportamento desde seu aparecimento sobre a Terra.

Homem do heb. Adam, gênero humano; do gr. anthropos, aquele que olha para cima; do lat. homo, originário de humus, chão, terraaquele que veio da terra. Ser racional composto de: espírito, alma e corpo (1ª Ts 5.23).

Essa ciência pode ser examinada de dois ângulos totalmente diferentes, a saber, o da filosofia humana e o mandamento da Bíblia. Razão por que a antropologia meramente humana distingue-se como ciência que estuda o homem do ponto de vista físico-somático e do ponto de vista histórico, sua origem e seus princípios.

Evidentemente, no estudo em foco, vamos destacar o homem segundo a Bíblia, por se tratar da doutrina da salvação. Portanto, iremos estudar cada tema e assunto à luz de cada texto e contexto.


E, neste vasto mundo de ideias, tomamos como fonte principal a Bíblia, a imortal Palavra de Deus.

II. A ORIGEM DO HOMEM
 

Gn 1.26-27: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.

Gn 2.7:E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente”.

A Bíblia nos apresenta um duplo relato da origem do homem, o primeiro relato está em Gênesis capítulo 1, versículos 26 e 27; e o segundo está no capítulo 2, versículos 7, 21-23, do mesmo livro. A primeira narrativa contém o relato da criação de todas as coisas na ordem em que ocorreu, enquanto que a segunda agrupa as coisas em sua relação com o homem, sem nada implicar com respeito à ordem cronológica do aparecimento do homem na obra criadora de Deus, e indica claramente que, tudo que o precedeu, serviu para preparar uma adequada habitação para o homem, como rei da criação. As Sagradas Escrituras nos mostra como o homem foi criado, rodeado pelo mundo animal, vegetal e como iniciou a sua história.

1.      Deus formou o homem do pó da terra.
Para formar o corpo do homem, Deus utilizou de matéria existente. Deus tomou o pó da terra e com ele modelou o ser que chamou de “homem”.

A frase hebraica que traduzimos como “pó da terra” é “apar min-hadamah”. APAR significa “poeira” e MIN-HADAMAH significa “do solo”. APAR é o mesmo nome usado na frase muito conhecida de Gênesis 3.19: “pois tu és pó e ao pó tornarás.

A expressão hebraica significa claramente “terra solta que encontramos no chão”.

O homem foi feito do pó da terra, sendo, portanto, da terra (Salmos 10.18). Seu corpo consiste dos elementos da terra, cujas exatas proporções são conhecidas. Segundo as melhores autoridades, foram encontrados 34 elementos químicos no corpo humano. Os principais são:
Oxigênio: 66,0 %.
Carbono: 17,5 %.
Hidrogênio: 10,2 %.
Nitrogênio: 2,4 %.
Cálcio: 1,6 %.
Fósforo: 0,9 %.
Potássio: 0,4 %.
Sódio: 0,3 %.
Cloro: 0,3 %.
Enxofre: 0,2 %.
Magnésio: 0,105 %.
Ferro: 0,005 %.
Há ainda outros elementos que, apesar de importantes, aparecem em quantidades bastante reduzidas. É o caso do manganês, cobalto, iodo, flúor, cobre, alumínio, níquel, bromo, zinco, silício e outros.

Todos estes elementos estão contidos na terra. É, portanto, estritamente e literalmente verdade que o homem é formado do pó da terra.

2.      O significado de Adão.
“Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará” (Gn 3.19).

Segundo a Bíblia no Livro de Genesis, Adão e Eva foram o primeiro casal criado por Deus.
Adão (do heb. אדם relacionado tanto a adamá, solo vermelho ou do barro vermelho, quanto a adom, “vermelho”, e dam “sangue”) é considerado dentro da tradição judaica-cristã o primeiro ser humanos criado por Deus. Teria sido criado a partir da terra à imagem e semelhança de Deus para domínio sobre a criação terrestre.

3.      O homem como um ser físico.
O físico é o aspecto pelo qual o homem é melhor conhecido.
O homem é composto por: Cabeça; tronco e membros.
O corpo humano possui 13 elementos, sendo 8 sólidos e 5 gasosos.

4.      A criação do homem foi precedida por um solene conselho divino.
Antes de mencionar a criação do homem, Moisés nos leva a conhecer o conselho de Deus, relacionado à criação do homem nas seguintes palavras: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26).

5.      A criação do homem foi um ato imediato de Deus.
Algumas das expressões utilizadas na narrativa da criação do homem indicam que ela acontece de uma forma imediata, ao contrário do que aconteceu na criação dos demais seres e coisas criadas em geral. Observem as seguintes expressões:

Criou Deus a relva. “E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que deem semente, e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim foi...” (Gn 1.11).

Criou Deus a demais coisas. “Disse também Deus: Povoem-se as águas de enxames de seres viventes; e voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus” (Gn 1.20). “Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez” (Gn 1.24-ARA) Compare estas expressões com a simples declaração:

“Criou Deus, pois, o homem” (Gn 1.27). Ele criou as várias espécies e então as deixou para que se desenvolvessem e propagassem segundo as leis do seu ser. Deus planejou a criação do homem, imediatamente o criou.

6.        O home foi criado segundo um tipo divino.
Com respeito aos demais seres vivos, tais como os peixes, aves do céus e dos seres marinhos inexistente na declaração da criação do homem. Isto é, Deus planejou a criação do homem e imediatamente a efetuou.

7.        O homem foi feito coroa da criação.
O homem é mostrado na Bíblia como alguém que está no ponto mais elevado de todas as coisas criadas por Deus. Foi coroado como rei da criação e recebeu o domínio sobre todas as criaturas. Como dominador, foi dever do homem fazer com que toda a natureza e todos os seres criados, que foram colocados sob o seu governo, servissem à sua vontade e ao seu propósito, para que ele e todos os seus gloriosos domínios, magnificassem o Todo-poderoso criador e Senhor do Universo (Gn 1.26-28; Sl 8.4-9).

8.      O s elementos da natureza humana se distingue.
Em Gênesis 2.7, vemos a distinção clara entre a origem da alma. O corpo foi formado do pó da terra, material preexistente. Na criação da alma, no entanto, não foi usado material preexistente, mas sim a formação de uma nova substancia. Isto quer dizer que a alma do homem foi usada uma nova criação de Deus.

A Bíblia diz que o Senhor soprou nas narinas do homem “...o folego de vida e o homem passou a ser alma vivente”. (Gn 2.7).

III.         QUE É O HOMEM

O patriarca Jó foi o primeiro dos homens mencionados na Bíblia a interrogar o homem.
“Que é o homem, para que tanto o engrandeças, e ponhas sobre ele o teu pensamento, 18 e cada manhã o visites, e cada momento o proves”? (Jó 7.17-18).

Depois foi a vez do salmista indagar: “Que é o homem, que dele te lembres?” (SI. 8.4), “Senhor, que é o homem para que dele tomes conhecimento? E o filho do homem para que o estimes?” (Sl. 144.3).

Se quisermos conhecer o homem, temos de ir além do que ensina a filosofia e as demais ciências humanas, temos de tomar posse das Escrituras, pois só elas respondem satisfatoriamente toda e qualquer indagação quanto ao passado, presente e futuro do homem.

Alguém definiu o homem nas seguintes palavras: “O homem é um embrulho postal que a parteira despachou ao coveiro”. A Bíblia fala acerca do homem como um ser cuja a existência física está limitada aos poucos anos que Deus lhe deu na terra.
A. Os dias de um jornaleiro (Jó 7.1).
B.  Uma lançadeira (Jó 7.6).
C. Uma sombra (Jó 8.9).
D. Um corredor rápido (Jó 9.25).
E. A extensão de alguns palmos (Sl 39.5).
F. A urdidura de um tecelão (Is 38.12).
G. A neblina passageira (Tg 4.14).

Pr. Elias Ribas