TEOLOGIA EM FOCO: junho 2015

sexta-feira, 12 de junho de 2015

O TRABALHO DOS ANJOS NA GRANDE TRIBULAÇÃO



O capitulo 14 é a continuação do grande parêntese que começou no capitulo 12 e se encerra no capitulo 14.20, pois o 15 já é a preparação para os anjos derramarem suas taças, o que ocorre em 16.2. A sétima trombeta, que teoricamente introduz a última sequência das pragas que é as sete taças, é tocada em Ap 11.15, e as taças são introduzidas em 16.2, sendo do 12 ao 14 um parêntese de narração, e o 15 a preparação para as taças.

No capítulo 14, João vê uma série de anjos no céu que aparecem de forma harmônica e cada um com uma mensagem especifica. Na verdade, se trata no total de seis anjos, que agora têm a proclamar uma mensagem desde o céu. Eles passam anunciando recados importantes de advertência e de terrível juízo de Deus, porém de outra perspectiva: “a pregação do evangelho eterno”. 

1. O primeiro anjo anuncia o evangelho eterno.

“Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14.6-7). 

A voz, das duas testemunhas e o testemunho dos cento e quarenta e quatro mil calou-se agora sobre a terra, e o evangelho eterno é então anunciado por um anjo, que voa pelo meio do céu. Portanto, quando não houver mais nenhuma língua humana para anunciar o evangelho, o céu fala. Então os anjos, que o Anticristo não pode atingir, pregarão o evangelho e todas as nações, tribos e línguas serão obrigadas a escutar, mesmo que não queiram ouvir. A Palavra de Deus não está algemada, mas eternamente viva e tem que ser ouvida.

A palavra evangelho no hebraico é “besorah” e no grego é “evangelion”. Em ambos os casos significam “Boas Novas” para a humanidade, porém aqui são as boas novas do reino de Deus que acontecerão em breve.

A palavra evangelho é a boa notícia de que Jesus Cristo foi crucificado na Cruz do Calvário pelo pecado do mundo e que aquele que aceita isto pessoalmente na fé, é justificado pela ressurreição de Jesus Cristo. Esse é o chamado “evangelho de Deus” (Rm 1.1) e “evangelho de Cristo” (2ª Co 10.14). Trata-se também do “evangelho da graça de Deus” (At 20.24), porque salva os que são malditos pela lei. Além disto, a Escritura fala também do “evangelho da glória” (1ª Tm 1.11) e do “evangelho da vossa salvação” (Ef 1.13). Mas é também o “evangelho do reino” (vs. 6-7). O próprio Senhor Jesus pregou o evangelho do reino, antes de ir para a cruz: “Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4.23). Antes de subir ao céu, Ele comissionou a Sua Igreja para dar continuidade na pregação do evangelho (At 1.8). Na primeira fase da Tribulação as duas testemunhas anunciaram o evangelho (Ap 11.3-6 e 144 mil Judeus irão se converter mas, no final da Grande Tribulação os anjos darão continuidade à pregação deste evangelho, cumprindo as palavras preditas por Jesus quando declarou: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (Mt 24.14).

O apelo do primeiro anjo contém três ordens: 1. Temer a Deus; 2. Dar-Lhe glória; e 3. adorá-Lo por ser o Criador.

Temer a Deus...”. A palavra temei no grego é phobeo. Ela não é usada aqui com sentido ter medo, mas chagar na presença do Eterno com reverência e respeito.

Dar-Lhe glória...” Dar glória é honrar a Deus. Ele merece toda a glória por causa de quem é e o que fez. Deus nos criou para Sua glória. Nós fomos criados para glorificar a Deus. Todo o universo dá glória a Deus (Sl 66.4). O único ser no céu e na terra que merece toda honra e toda glória é somente Yawwh. É fácil esquecer isso na vida diária e glorificar a criação em vez do Criador. Podemos nos maravilhar com a natureza e com tudo que as pessoas já fizeram, mas não devemos glorificar a natureza, nem as pessoas como deuses, pois caímos no pecado da idolatria.

Adorá-Lo por ser o Criador.” A voz do primeiro anjo, anuncia o evangelho no céu e também convida o mundo à adoração ao Criador. Seu evangelho é: “adorem e temam a Deus”. Isto é o contrário da mensagem da besta, que exige adoração da imagem da besta. Ao mesmo tempo esse primeiro anjo anuncia também o juízo.

“.... é chegada a hora do seu juízo...”. O tempo do verbo nessa passagem indica que começou o juízo. Esse juízo ocorre antes da vinda de Jesus em glória. O juízo precede o advento.

O resultado da pregação do evangelho eterno será então o juízo sobre o mundo das nações, por ocasião da volta do Senhor Jesus Cristo. A respeito o próprio Senhor fala em Suas palavras sobre os tempos finais: “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas” (Mt 25.31-32).

O evangelho do reino é a mensagem que Deus vai estabelecer nesta terra o reino do Cristo, do Filho de Davi, como cumprimento da aliança com Davi. 

2. O segundo anjo anuncia a queda Babilônia. “Um segundo anjo o seguiu, dizendo: Caiu a grande Babilônia que fez todas as nações beberem do vinho da fúria da sua prostituição.” (V. 8).

O profeta Habacuque também emprega os dois sentidos do cálice. “A Babilônia seduziu seus companheiros com o cálice da mão direita do Senhor.”

Precisamos compreender esta mensagem angélica, pois não se trata da Babilônia literal, mas sim da Babilônia espiritual e apostata que se propagou no meio do cristianismo.

Esse anjo anuncia a queda da Babilônia. Aqui se trata de alguém ou algo muito abominável, pois esta Babilônia não é somente objeto da ira de Deus, mas objeto do “furor” da sua ira.

A Babilônia, também é chamada de meretriz e se torna uma das principais personagens nos capítulos 17 18. E sobre este assunto, estudaremos nestes dois capítulos. 

3. O terceiro anjo tem uma mensagem de Juízo. “Seguiu-se a estes, outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome” (Ap 14.9-11). 

No capítulo 13 versos 13 a 16, o Anticristo ordena todos os habitantes da terra a receber a marca do seu nome, ou seja, a marca da besta. “Seriam mortos todos os que se recusassem adorar a Besta e a sua imagem, e não recebessem o sinal na testa e na mão”. Por isso o terceiro anjo traz uma mensagem de condenação e castigo eterno, que nunca acabará, da realidade do inferno. Embora, muitos negam a eternidade do inferno, o apóstolo escreve no verso dizendo: “A fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite.” (V. 11).

A palavra eternidade no grego aion e transmite a ideia de que algo durará para sempre. Portanto, para esses que reformulam o amor Deus, ensinando que um Deus de amor não lançará ninguém no inferno. Por três vezes Jesus falou a Seus discípulos sobre o inferno: “é melhor entra na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se acaba” (Mc 9.43; veja os versículos seguintes, 45,47).

A segunda morte (separação eterna de Deus), “no lago que arde com fogo e enxofre” (Ap 21.8), lugar onde serão atormentados para sempre (sheol), os adoradores da Besta e os pecadores de todas as épocas. Para os russelitas que não creem no inferno será tarde demais. “O fumo do seu tormento sobe para todo sempre”. O fumo produzido pelo fogo e o enxofre daquele lago é eterno, ou seja, dura para sempre (Is 34.10). Seu suplício é sem fim e nunca terão repouso. Só em Cristo está o descanso para a alma aflita (Mt 11.28), graças a Deus. Porém, “horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31).

Esta sentença saiu do Trono, com dura manifestação do juízo de Deus contra os adoradores da Besta. Não haverá desculpa para aqueles que aceitaram a marca da besta e o adoraram o Anticristo, nenhum culpado poderá evitar o juízo de Deus (Sl 75.8; Is 51.17; Nm 14.18; Ne 1.3).

Agora os infiéis “beberão o cálice do vinho da ira de Deus”. O vinho é derramado puro, isto é, o juízo será sem misericórdia. “Serão atormentados com fogo e enxofre” “...para todo o sempre, sem repouso de dia e de noite.”

Este tormento terrível será individual, cada um padecerá eterno sofrimento (Ap 20.10; 21.8). Ao fogo, para tornar-se mais quente, é adicionado enxofre. Em Romanos, Paulo fala sobre a ira de Deus descendo dos céus (Rm 1.18) contra os infiéis. Deus permite que eles recebam justo juízo, pela consequência dos seus pecados. Em Apocalipse 6.17, o grande Dia da sua ira foi anunciado (Ap 11.18). Agora, será experimentado em toda a sua extensão por aqueles que seguiram a besta. 

4. A ceifa da terra. “Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada. (Ap 14.14). 

Cristo o Filho do Homem. A revelação que João vê é extraordinária. Ele vê um semelhante a Filho de Homem sentado sobre uma nuvem branca. A nuvem que o Senhor está assentado não é negra ou cinza, mas branca. Em grego a palavra usada é “leukos”, traduzido por “luminosa” ou “lúcida”. Poderia se dizer: “portanto... uma nuvem luminosa”. João tenta descrever esta nova visão, a beleza que ele vê, a glória shekinah do Senhor.

O que João descreve é o mesmo Filho do Homem que séculos antes, foi visto por Daniel igualmente sobre as nuvens (Dn 7.13). A revelação de Daniel capítulo 7, assim como de João, ambos veem “um semelhante ao Filho do Homem”, são senas da segunda vinda de Jesus como rei e Juiz da terra. As profecias estão coligadas uma a outra. Quando Senhor Jesus falava do Seu retorno a esta terra Ele disse: “Então, aparecerá no céu o sinal do filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. Ele enviará os seus anjos, com grande clamor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (Mt 24.30-31). Jesus diante do julgamento do sacerdote Caifás, Ele declara: Desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.” (Mt 26.64).

João contempla Jesus que vem julgar com juízo a humanidade anticristã e as duas bestas (o Anticristo e o falso profeta). “Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele (Ap 17.14).

“tendo na cabeça uma coroa de ouro”. A palavra coroa no grego é stephanon que significa grinalda da vitória. Não é uma coroa que enfeita a cabeça d’Aquele que vem sobre a nuvem, mas uma coroa de ouro trata-se do rei das nações rei do mundo. O Rei dos reis coroado, que vem em grande poder e glória, tem na mão uma foice. A foice erguida está afiada para realizar a ceifa. Esta expressão nunca é utilizada para descrever o recolhimento de bons frutos. De modo que ela significa algo terrível, Ele vem aqui como Juiz do mundo. A terra tem que ser limpa das más plantas pelo trabalho de juízo da vingança divina. Esta é a razão da foice ser “afiada”. 

O quarto anjo. “Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu! E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada (Vs. 15-16). 

A mensagem do terceiro anjo é: “toma a tua foice e ceifa...”. A ferramenta básica na antiga ceifa de grãos, era usada uma foice aguda de pedra ou de ferro. Juntamente com o grito do anjo começa a ceifa, a seara está madura, e a terra foi ceifada. Agora Jesus vem como um Juiz para os adoradores da besta. O próprio Jesus usou esta analogia para ensinar os Seus discípulos acerca do castigo junto da promessa da redenção.

Jesus Cristo está assentado, portanto sobre esta nuvem luminosa, pronto para executar o juízo. Então “outro anjo grita em alta voz “do santuário” dirigindo-se “Aquele que está assentado sobre a nuvem” (v. 15). O anjo não comanda o Filho do Homem, mas é o mero mensageiro anunciando a vontade de Deus Pai, em cujas mãos são mantidos os quatro ventos (estações). O anjo sai do santuário, ele vem diretamente da presença de Deus para transmitir a ordem para o Filho do Homem (3.12; 7.15; 11.19). Qualquer ordem dada a Jesus teria que vir do Pai, pois somente o Pai tem autoridade sobre o Filho (cf. Jo 14.28; Mt 26.39,42; 28:18; 1ª Co 11.3; 15.27). 

O quinto anjo. “Então, saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo, tendo ele mesmo também uma foice afiada.” (V. 17).

O quarto anjo também sai do santuário, mas, ao invés de trazer uma mensagem, ele tem uma foice aguda, assim como o Filho do Homem que está assentado no Trono. Porém, ele aguarda a ordem d’Aquele que está assentado no Trono, para fazer a colheita.

Vemos aqui o mesmo procedimento que nos versículos 15 e 16, mas referindo-se agora à vindima. O anjo que vem do céu, entretanto, é outro, não com relação à sua natureza, mas quanto à sua missão. Isso significa que João vê a volta do Senhor em diferentes aspectos.

Este anjo também saiu do santuário. Só que, ao invés de trazer uma mensagem, ele trazia uma foice aguda, assim como Jesus. Ou seja, isto indica que, após o arrebatamento da Igreja, chegou o momento determinado pelo Eterno para as uvas da maldade serem ceifadas. 

O sexto anjo. 14.18, 20 “Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o fogo, e falou em grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas! 19- Então, o anjo passou a sua foice na terra, e vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus. 20- E o lagar foi pisado fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios.” 

O sexto anjo, tem autoridade sobre o fogo. O fogo é símbolo de juízo e agora ele clama em grande voz ao que tinha a foice afiada...”. O anjo tem uma foice afiada, mas precisa da autorização de Deus para agir. É Deus quem determina a hora do juízo. Seus anjos são ministros que executam as Suas ordens.

Outro anjo é designado para a colheita dos cachos da vinha que também estão maduros, significando serem merecedores de juízo. O outro anjo, citado como tendo poder sobre o fogo, pode ser o anjo no altar em Apocalipse 8.3-5. Talvez o fogo queime o joio ou a palha separada na colheita (Mt 13.38-43).

Primeiro João viu chegando com a foice afiada, para a ceifa das nações; agora ele vê chegando outro anjo para realizar a vindima, o juízo sobre Israel. Pois a “videira da terra” simboliza Israel. É o que se conclui, por exemplo, do Salmo 80.8: “Trouxeste uma videira do Egito, expulsaste as nações e a plantaste” (outras ref. Is 5.1-7; Os 10.1-2). Mas não disse o Senhor Jesus de si mesmo em João 15.1, que ele é a “videira verdadeira”? Como pode então Israel ser a videira se Jesus Cristo é? Este é justamente o fato maravilhoso, pois exatamente este fato duplo mostra a identificação do Senhor com Seus irmãos segundo a carne.

A figura da ceifa tem duas partes. 1º O Senhor vem para julgar as nações e separar as ovelhas dos bodes (Mt 25.40-45; Jl 3.2; 12.14; Ap 19.15); 2º Ajuntar os cachos da videira da terra (os remanescentes de Israel), e coloca-los no grande lagar da ira de Deus” (vs. 18b-19).

O anjo lança a foice e colhes e colhe os cachos de uvas amadurecidas, ou seja, ajunta os filhos de Israel e lança-os “no grande lagar da cólera de Deus. O lagar é usado para espremer as uvas. Agora as uvas maduras são lanças no lagar sob o peso da ira de Deus.

Um lagar era uma tina na qual os trabalhadores pisavam as uvas com os pés descalços, fazendo com que o suco escoasse para um barril. Esse sinal da ira e juízo de Deus (Is 63.3), comum no Antigo Testamento, aparentemente explica também como o vinho da ira de Deus (v. 10) é produzido. A imagem do lagar é simbólica para uma quantidade inacreditável de sangue derramado. Essa descrição de um rio de sangue indica uma carnificina sem paralelo.

Mil e seiscentos estádios são, aproximadamente, 32 km. Esse grande derramamento de sangue provavelmente é o resultado da vitória de Cristo sobre os exércitos humanos reunidos (Ap 19.17-19), já que Ele retorna antes da ceia do grande Deus (v. 17), que alguns associam à batalha do Armagedom (Ap 16.16).

E o lagar foi pisado fora da cidade, isto é, a batalha do Armagedom acontecerá fora da cidade santa, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estágios aproximadamente, 32 km. (v. 20). Esse grande derramamento de sangue provavelmente é o resultado da vitória de Cristo sobre os exércitos humanos reunidos (Ap 19.17-19). Toda a maldade existente no mundo será espremida fora da cidade de Jerusalém (no vale de Jeosafá), de modo que caia sobre Jerusalém todo o sangue derramado sobre a terra (Mt 23.35; Ap 18.24). 

O que é este terrível juízo que atingirá Israel? Para compreendermos esta pergunta, faz-se necessário ler Isaías 63.1-4: “Quem é este que vem de Edom, de Borza, com vestes de vivas cores, que é glorioso em sua vestidura, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu que falo em justiça, poderoso para salvar. Por que está vermelho o traje, e as tuas vestes, como as daquele que pisa uvas no lagar? O lagar, eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor, as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo. Porque o dia da vingança me estava no coração, e o ano dos meus redimidos é chegado”.

No lagar foram salpicadas as vestes de Cristo. Lá cumpriu-se aquilo que Israel exclamou, quando acusou Jesus diante de Pilatos “Caia sobre nós o seu sangue, e sobre nossos filhos” (Mt 27.25). Quando Israel for lançado no lagar da cólera de Deus, então entrará em contato com o Homem de Gólgota. “Eles verão a quem transpassaram” (Ap 1.7). Então o sangue do Cordeiro terá efeito para eles, para seus próprios irmãos. Vendo que o Senhor está voltando, com Sua foice afiada, eles humilhar-se-ão sob o Seu juízo. “Porque o dia da vingança me estava no coração (vingança contra as nações), e o ano dos meus redimidos é chegado (redenção de Israel)”. Quando Israel estiver no lagar da ira de Deus, eles lamentarão, chorarão e se converterão. O capítulo 14 versos 20, descreve de maneira tão comovente o que acontecerá fora da cidade também para Israel: “E o lagar foi pisado fora da cidade”. Ali foi derramado o sangue do Filho de Deus.

O anjo que tem poder sobre o fogo, isto é, sobre o juízo, exclama: “Senhor, ajunta Israel, lança-o agora no teu grande lagar, lava-o pelo teu precioso sangue”.

Devo dizer que aqui não são os cento e quarenta e quatro mil selados, pois eles são as primícias de Israel e já estarão na glória (Ap 14.1-2).

O restante que não aceitar a pregação das duas Testemunhas e dos 144.000 mil, serão levados para o lagar da ira de Deus (Armagedom). Ali Israel será pisado, oprimido e angustiado pelo Anticristo, mas quando Israel se converter e reconhecer que o Jesus que eles crucificarão é o verdadeiro Messias, aparecerá em glória para socorrer Israel entre o monte das oliveiras. Esta é sua vinda para Israel, que se converterá ao ver Seu Messias e Sumo-Sacerdote. É o que diz o profeta Zacarias. Antes Israel será atingido por duros juízos através da besta e então reconhecerá que o Senhor que está voltando realmente é o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. Estas experiências e conclusões levarão Israel à conversão.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau -SC

terça-feira, 2 de junho de 2015

A QUEDA DA BABILÔNIA - APOCALIPSE 18

A queda da grande meretriz anunciada pelo apóstolo João em Apocalipse 14.8, e ela recebeu o cálice da ira de Deus quando a sétima taça foi derramada (16.19). Agora um dos sete anjos que executavam os juízos das taças mostra com mais detalhes para João o julgamento da meretriz.

[...] Já conhecemos os personagens principais entre os inimigos do povo de Deus. Apareceu o dragão (capítulo 12), seguido pelas duas bestas (capítulo 13) e a grande meretriz (capítulo 17). Já sabemos o destino destes inimigos de Deus, pois o Cordeiro e seus fiéis são os vencedores, e seus adversários serão derrotados. Antes da identificação das características dos inimigos, a sétima trombeta já declarou: “O reino do mundo se tornou do nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (11.15). Antes da descrição da grande meretriz vem a declaração da queda dela (14.8). Este e os subsequentes capítulos enfatizam o que já foi revelado – os verdadeiros vencedores são aqueles que adoram a Deus. Todos os outros adoradores da besta, à própria besta ao dragão que lhe dá poder serão derrotados. A partir deste capítulo, veremos a queda destes inimigos do Senhor. Surgiram numa sequencia (dragão, bestas, meretriz) e cairão na ordem invertida (meretriz, bestas, dragão). [Caiu! Caiu a Grande Babilônia – disponível: http://www.estudosdabiblia.net/b09_29.htm].

No capítulo 17 vimos que o aspecto religioso do império anticristão, a “mãe das meretrizes”, que é ao mesmo tempo a “grande cidade”, que será destruída pelos dez reis da terra e pelo Anticristo (Ap 17.16). Aqui no capítulo 18, a grande Babilônica, ou seja, o império anticristão, em sua grandeza política e econômica, é julgado por Deus mesmo: “Por isto em só dia sobrevirão os seus flagelos, morte pranto e fome, e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus que a julgou” (Ap 18.9).

1. João vê outro anjo. “Depois disso vi outro anjo descendo do céu. Ele tinha um grande poder, e o seu brilho iluminava toda a terra” (v. 1).

Aqui o anjo vem do céu enquanto que a besta surge do abismo (v. 8). O anjo desce do céu e tem grande autoridade para confirmar a sentença contra a Babilônia. Não há dúvida sobre a veracidade de sua mensagem. Quando o anjo desce João vê que o seu brilho iluminou a terra com a Sua glória: Deus é a verdadeira luz, e a sua glória ilumina (21.23; 1ª Jo 1.5). Pelo evangelho revelado, a glória de Deus traz iluminação (2ª Co 4.4-6; Ef 1.17-18). Aqui, então, aguardamos uma declaração de Deus que trará boas notícias aos servos fiéis.

2. A queda da Grande cidade. “Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável” (v.2).

Babilônia é uma forma grega. No hebraico do Antigo Testamento a palavra é simplesmente babel, cujo sentido é confusão em que tem caído a ordem social. Neste sentido é empregada simbolicamente. Nos escritos dos profetas do A.T., a palavra Babilônia quando não refere-se a cidade, no sentido literal, é empregada relativamente ao estado de “confusão” em que tem caído o mundo pagão.

Do modo como foi destruída a Antiga Babilônia (a cabeça de ouro da estátua (Dn 2)), por causa das suas abominações, também é anunciada a queda da Babilônia mística, o grande poder político-religioso liderado pela segunda besta o falso profeta (Ap 13.11).

Babilônia aqui não é apenas a Babilônia escatológica, mas a Babilônia atemporal, ou seja, é o sistema do mundo que se opõe contra Deus em todas as épocas. É um símbolo da rebelião humana contra Deus. No capítulo 17, Babilônia era a grande meretriz, a religião apóstata. No Capítulo 18 João vê a queda da Babilônia, a cidade da luxúria, a morada dos demônios, ‘A GRANDE MERETRIZ’.

Nos capítulos 17 a 18 do Apocalipse, Babilônia aparece em sentido duplo em cada secção: a primeira é vista do sentido político e religioso; enquanto que a segunda é contemplada do ponto de vista literal e comercial.

Um oráculo assombroso profetiza a queda desta cidade onde o poder satânico se congregava. Caiu! Caiu. A declaração repetida, com o verbo no passado, indica a absoluta certeza do cumprimento desta profecia. A antiga capital de Babilônia tornara-se assombrada, habitada por animais nocivos que provocam temor e superstição (cf, Is 13.19-22; 34.11-15; Jr 50.39; 51.37). Assim também acontecerá com esta futura fonte de corrupção diabólica. A besta, sobre a qual está assentada uma mulher (Ap 17), ou seja, o poder político mundial anticristão ligado à religião mundial unificada, a falsa igreja, então caiu.

A grande cidade que estava cheia de atividade e de pessoas poderosas e ricas torna-se uma cidade abandonada e suja (cf. Isaías 13.19-22). Mais uma vez, o contraste entre as duas principais cidades do livro torna-se evidente. A cidade mundana torna-se lugar deserto e imundo, ocupado por demônios e espíritos imundos. A cidade santa, a nova Jerusalém, será habitada por multidões na presença do Senhor, e “Nela, jamais penetrará coisa alguma contaminada” (21.27).

Note que o Senhor exclama duas vezes que a Babilônia caiu, podemos entendê-lo que o primeiro “caiu” refere-se ao mistério da prostituição do capítulo 17, ao falso culto sem Jesus Cristo e o segundo “caiu”, à “grande Babilônia”, onde este sistema é executado na prática.

3. O vinho da ira. “Pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria” (v. 3).

O que diz o presente texto é o que aconteceu no Antigo Império Babilônico: o orgulho e a devassidão foram a causa primordial de sua queda. Daniel nos informa que na noite da invasão Medo-Persa sobre a cidade de Babilônia, todos os grandes do Império babilônico se encontravam embriagados e em extrema orgia (Dn 5). Na babilônia comercial e política, descrita neste capítulo, as mesmas coisas do passado serão praticadas, no que diz respeito a vida dissoluta: prostituição, comércio desonesto feitiçaria e idolatria.

Este versículo repete alguns dos motivos do castigo de Roma: Suas falsas doutrinas constituem o vinho da sua prostituição com o qual embriaga as nações da terra. As falsas doutrinas são comparadas ao vinho porque entorpecem a mente e, assim, afetam a capacidade de discernir e de raciocinar de uma pessoa. Tal como o vinho, as falsas doutrinas retiram da pessoa sua capacidade de discernir o erro. Não fosse pela ação danosa deste vinho que mantém as nações embriagadas, multidões seriam convencidas e convertidas pelas verdades claras contidas na Palavra de Deus. Mas o vinho da Babilônia é chamado de “vinho da ira”. Por quê? O vocábulo grego “thumos” significa ira, ódio, raiva. É uma raiva criada pelas falsas doutrinas. Assim, quando os reis da terra bebem deste vinho, são instigados pela cólera a irem contra os que não concordam com as heresias. Por isto, aquele que se nega a beber o vinho da Babilônia está marcado para pagar por sua ousadia.

Um anjo do céu anuncia a queda da Grande Babilônia. Este epíteto, tomado de Daniel 4.20, está ligado ao nome Babilônia (Ap 17.5), que significa grande confusão ou pandemônio. Babilônia, é uma figura de iniquidade religiosa, ou seja, uma comunhão de credos, igrejas seitas, filosofias, dentro da própria cristandade, liderada, ecumenicamente pelo falso profeta (Ap 17.9 - 1ª Pe 5.13). Sua queda é celebrada por antecipação, de acordo com Isaías 21.9, (caiu, caiu a Grande Babilônia) e está descrita nas visões dos capítulos 17 e 18, onde Babilônia é vista como uma mulher que deu de beber e embriagou a todas as nações com o vinho de sua fornicação, o equivale dizer: arrastou á idolatria (Jr 51.7).

4. Retirai-vos dela.
“Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (v.4).

Antes que as poderosas palavras de juízo do anjo divino, que é o próprio Cristo, se cumpram sobre esta Babilônia, outra voz brada do céu – a voz de Deus.

A expressão “sai dela” é um imperativo, ou seja, uma ordem. Babilônia não pode ser reformada, de acordo com as Escrituras. Só há um remédio: separar-se completamente dela. Assim como Ló foi chamado para fora de Sodoma, antes que ela fosse destruída por fogo e enxofre (Gn 19.14-29), da mesma forma o povo de Deus é dirigido por uma voz que vem do Céu dizendo-lhe para sair de Babilônia, antes que ela caia.

Quando a velha Babilônia do rio Eufrates estava perto de ser destruída pelos juízos de Deus, o Senhor enviou a Seu povo (Israel), que nela ainda estava, um solene aviso através do profeta Jeremias dizendo: “Fugi do meio da Babilônia...” (Jr 51.6).

Retirar-se da Babilônia simboliza evitar toda a comunhão com os pecados do mundo pagão introduzidos no sincretismo religioso da falsa igreja. Mas, literalmente o anjo avisa os cristãos que hoje moram em Babilônia (a falsa igreja) para fugir dela antes de sua destruição, pois aqueles que se recusarem a separar-se de Babilônia e de seus pecados serão destruídos com ela.

Deus tem, e sempre teve, um povo em Babilônia. Quantas criaturas sinceras e boas, cujos sentimentos estão voltados para Deus, estão aprisionadas pelas amaras das tradições e enganos que lhes oferece a “Babilônia” dos nossos dias? Portanto, cabe a nós hoje, trazer um conselho de advertência para aqueles crentes sinceros que estão em babilônia: “Fugi do meio da Babilônia”.

5. O castigo que a Babilônia receberá.
“Dai-lhe em retribuição como ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo suas obras, e no cálice em que ela misturou bebida, misturai dobrado para ela” (v.6).

A cidade usada para corromper as nações e levar ao mundo todo o tipo de falsa religiosidade receberá o castigo de Deus.

Os poderosos que comprometeram-se com as obras do maligno, a idolatria pagã, o materialismo, a luxuria, serão arruinados juntos.
Terrível é o dano produzido pela falsa igreja simbolizado por Babilônia. Incalculável, mais terrível, ainda, é o castigo eterno, com tormento e pranto, reservados para os que servem este sistema religioso.

6. Assentada como rainha. 
“Quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento, pranto, por diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva não sou. Pranto, nunca hei de ver! Por isso, em só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou” (Ap 18.6-8).

No capítulo 17.3, ela está assentada sobre a besta, enquanto que aqui ela está sentada como rainha. Agora ela está sendo julgada pela sentença divina: “pagai-lhe em dobro”.

Ela se orgulha de não ser viúva sem poder e abandonada, mas de ser rainha soberana. Seu desejo é sempre reinar, reinar sobre todas as consciências. Orgulhosa, ela pensa que está assentada não somente em um lugar elevado, mas também seguro. Tem grande capacidade de comando sobre muita gente.

7. O lamento dos poderosos. “Ora, chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram em luxúria, quando virem a fumaceira do seu incêndio, e, conservando-se de longe, pelo medo do seu tormento, dizem: Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo. (v. 9-10). 

Os poderosos que se comprometem com a obra do maligno (a idolatria pagã, o materialismo, a luxuria) serão arruinados juntamente com Babilônia. Lamentam ao contemplar suas enormes perdas.

Os reis lamentar-se-ão não por causa dos seus pecados, e nem lagrimas de arrependimento, mas por causa do seu sofrimento, das consequências e pela perda da sua infra-instrutura. Como Caim, eles não ficam tristes por seus pecados, mas apenas pelo castigo. Lamentar-se-ão por causa de suas perdas.

Aqueles que vivem no luxo e nos prazeres, ignorando a Deus, serão abatidos pela Sua ira. Por isto, ela receberá um juízo, como nunca antes existiu nesta extensão. Duas afirmação mostram a rapidez deste juízo: “... em um só dia” (v. 8) e “... em uma só hora ficou devastada tamanha riqueza” (17). Sua tranquilidade hoje, será transformada em pânico naquele dia por isto eles dizem ai! Ai!

8. Os mercadores da terra lamentarão. “E, sobre ela, choram e pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra a sua mercadoria, mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de púrpura, de seda, de escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, todo gênero de objeto de marfim, toda qualidade de móvel de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore” (v. 11-12).

Da mesma maneira como eram realizados grandes negócios e com excelentes lucros com as mercadorias na Babilônia dos caldeus, assim na Babilônia mística há mercadoria para serem negociadas.

Esta lista de produtos mostra a extrema riqueza da meretriz. Consumia todo tipo de mercadoria de luxo, até escravos. A opulência de Roma levou a cidade ao exagero de um consumismo desenfreado, e as nações exportadoras lucraram com isto. O profeta Ezequiel faz uma lista semelhante, quando Tiro era a grande cidade e enriquecia-se com o materialismo (Ez 26, 27 e 28). Estes versículos reforçam a interpretação da meretriz como símbolo de Roma e sua vida comercial e materialista. O material nobre são transformados em imagens de escultura, cordões, rosário, medalhões e relíquias para o comercio da meretriz.

A Bíblia afirma que os mercadores lamentar-se-ão pela perda: “Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do seu tormento, chorando e pranteando” (v.15).

Entre as coisas que deixam de negociar encontram-se “até almas de homens”. Isto lembra o seu comércio com os cadáveres dos mortos nas chamadas “encomendas dos corpos”, missas de sétimo dia e indulgências para enriquecer a muitos. O que dizer do purgatório inventado para enriquecer este negócio profano e que permite a troca das almas por dinheiro de onde enche os celeiros da meretriz.
A cidade, simbolicamente chamada Babilônia, também será o centro comercial e econômico do mundo durante o reinado do Anticristo. Com o rompimento entre a Babilônia política representada pela besta e os reis confederados, e a Babilônia religiosa, que representa a cristandade apóstata, vai acontecer a destruição deste sistema religioso pelo poder da primeira besta (Ap 13) que meterá fogo sobre a sede deste governo (vvs. 17-19).

9. Haverá grande alegria no céu quando Deus julgar a Babilônia. “Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa” (v.20).

Enquanto que na terra haverá lamentação, choro e pranto, no céu haverá alegria, gozo e júbilo. Os moradores do céu, e em especial os apóstolos e profetas, tem todos os motivos para interromper agora em alto júbilo, pois Deus executou seu juízo contra Babilônia, isto é, em favor dos santos eleitos. A injustiça do mundo anticristão, que por muito tempo ficou sem castigo, foi agora levado a clara luz de Deus e revelado diante de todo mundo. Por isto o céu magnífica e tributa louvores ao Criador.

10. Babilônia (Roma) será exterminada. 
“Então, um anjo forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar, dizendo: Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada” (v.21).
O anjo forte, com seu ato de arrojar, a grande pedra, mostrou que Babilônia (Roma), haverá de cair violentamente, em súbita destruição. A pedra de moinho (em grego millos, onikos), aqui em foco, provavelmente deve ser aquela que somente os animais podiam fazer girar (Mc 9.42).

Afundar uma enorme pedra no mar, antigamente, era símbolo de eterna destruição. Este é o cumprimento daquilo que o profeta Jeremias escreveu (Jr 51.60-64).

Aqui, este juízo é então executado e Babilônia será lançada fora, como uma pedra jogada no fundo do mar. Quando este juízo tiver sido executado sobre a humanidade anticristã, então haverá um silêncio apavorante sobre a face da terra. É o que descreve João:

“E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se ouvirá, nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se achará, e nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho. Também jamais em ti brilhará luz de candeia; nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá, pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria” (v. 22- 23).

Nenhum som e nenhuma luz. Isto é um sinal de uma cidade morta. E nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá: O casamento sempre é um sinal de esperança, de planos para o futuro (Mt 24.38). Mas a Babilônia não tem futuro; não terá nela as vozes de noivos. A Babilônia mundial ficará completamente deserta.

Pois os teus mercadores foram os grandes da terra: A Babilônia foi exaltada e exercia poder e influência sobre os outros. Os motivos do castigo dela são resumidos em dois pontos: Porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria: A meretriz seduziu as nações, que participaram com ela na sua prostituição. Este envolvimento dos povos com a Babilônia foi um dos pontos principais deste capítulo. Babilônia atraiu, enganou e embriagou as multidões com sua feitiçaria e sua prostituição. Aqui ela terá o seu fim.

Com todos os acontecimentos mundiais evidenciados e revelados na Palavra de Deus, os homens não aceitam a verdade como verdadeira. Se o fato de que a terra será aniquilada, fosse a base em que as pessoas edificassem suas vidas, muitas coisas seriam bem diferentes. Mas, até ao dia de hoje foi reprimido na consciência dos homens, que a terra terá um fim. Eles preferem seguir e aceitar os enganos da meretriz do crer nas verdades das Escrituras Sagradas. Embora Deus já tenha revelado as doutrina das últimas coisas na Sua Palavra, o homem continua ignorante. Por quê? Porque é uma escolha do homem de crer no engano no óbvio do que crer na verdade.

11. A justiça de Deus não falha.
“E nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra” (v.24).

Notamos mais uma vez o motivo maior do castigo de Roma. Ela perseguia os santos e embriagou-se com o sangue deles (17.6). Deus castiga a Babilônia como ato de justiça, trazendo a merecida vingança pela perseguição do povo do Senhor. A súplica do quinto selo está sendo respondida!

O Espírito Santo, prevendo todas essas coisas e sendo o guia e o consolador da verdadeira Igreja, já providenciou uma resposta divina para o perigoso, onipresente e renascido Sacro Império Romano. Na Bíblia, o Espírito de Deus expõe a igreja de Roma como sendo bela aos olhos deste mundo perdido, mas deplorável por sua apostasia. Para os que creem, ele quebrou seus encantamentos, arrancou sua máscara e escreveu com letras bem grandes seu nome para todos verem: MISTÉRIO, A GRANDE BABILÔNIA. Os cristãos verdadeiros devem comparar tudo com Palavra do Deus Eterno, Santo, Imutável, Todo-Poderoso, Onisciente e Sábio. Quando confrontados com o leviatã de Roma, os cristãos podem ter no Senhor uma confiança semelhante àquela de Davi quando comparou o poder de Golias ao do Deus Verdadeiro: “Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado” (1º Samuel 17.45). É tarefa do Senhor desfazer o iníquo pelo seu poder: “E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” Até isto acontecer, multidões serão salvas dela “com temor, arrebatadas do fogo” (Jd 1.23). Esta promessa da graça deve-se à palavra da verdade do Evangelho. O Senhor Jesus Cristo, que é a cabeça exaltada da Igreja e o seu Espírito soberano, dão conforto e vitória pois “o evangelho de Cristo é o poder de Deus para a salvação” (Rm 1.16).

Pr. Elias Ribas