TEOLOGIA EM FOCO: A MULHER E O DRAGÃO – Ap 12

quarta-feira, 8 de abril de 2015

A MULHER E O DRAGÃO – Ap 12

O capítulo 12 de Apocalipse descortina a história por trás da história. João conta que “viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. Ela estava grávida e gritava com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz” (Ap 12. 1-2).

I.        UMA MULHER

Nas Escrituras o povo de Israel e também a Igreja são comparados a uma mulher (Jr 4.31; 6.2; 2ª Co 11.2; Gl 4.26; Ef 5.25-27, 32). Aqui porém refere-se precisamente a Israel, porque foi Israel que deu o berço a para a vinda do Messias. O Senhor Jesus veio da genealogia do povo judeu.

1.      A mulher vestida de sol.
Israel na Nova Aliança está na luz do Sol, isto é, Cristo mesmo, como brevemente aparecerá em poder supremo, como o Sol da justiça (Ml 4.2). O povo de Deus serve desde o princípio para iluminar o mundo (Mt 5.14, 16; Fp 2.15).

2.      Tendo debaixo de seus pés.
Israel, na Nova Aliança, está com seus pés firmados na Antiga Aliança. Mesmo na dispensação da Graça, Israel continua a observar a Lei.
3.       Uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.
Naturalmente referem-se às doze tribos de Israel.

4.      Estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar a luz.


“O dar á luz um filho”, sempre traz dores e ânsias, também no sentido espiritual Gl 4.19).


5.      O Filho Varão.
“Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao Seu Trono” (Ap 12.5).

O filho varão é Jesus Cristo, Ele regerá as Nações com vara de ferro, isto acontecerá na implantação do Milênio, o Seu arrebatamento refere-se a sua ascensão, quando ressuscitou na manhã do terceiro dia, voltando ao céu, ficando ao lado do Pai.

“...e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse”.

Vendo Deus que Sua obra estava magnífica após a criação de todos os animais em suas diferentes espécies, criou o homem á Sua imagem, conforme a Sua semelhança (Gn 1.25-27) e deu-lhe toda primazia da criação.

Compreendendo Satanás o plano criativo de Deus, fez tudo o que estava ao seu alcance para destruir a obra da criação. Satanás viu Deus criar o homem (Gn 2.7) e colocar no jardim do Éden (Gn 2.8) sua antiga moradia (Ez 28.13). Porém, não se conformou com isto, procurou tirar de lá os seus moradores (o homem). Na sua astúcia penetrou no jardim, usando a serpente (Gn 3.1) e, por este meio tentou a mulher que facilmente cedeu e levou consigo seu marido (Gn 3.6). Tendo Satanás arruinado o Paraíso e a vida feliz que vivia aquele casal, e conseqüentemente todas as demais criaturas, Deus prometeu que lhe daria uma semente pela qual se vingaria da serpente – o Diabo e Satanás (Gn 3.15). Satanás, depois de haver Deus prometido a liberdade ao homem, reforça as suas hostes, e toma medidas para corromper completamente a humanidade procurando evitar, assim, o cumprimento da promessa de Deus.

Conseguindo dominar as nações com seus ardis, Satanás, em franca guerra contra Deus, oferece toda a resistência, atacando em todos os setores, para conservar o mundo (criaturas humanas) em pecado, sob o seu domínio (Jo 14.30). Deus todavia levanta a nação de Israel (a mulher), a cujo povo reafirma a grande promessa de livramento e, por esse mesmo povo, faz vir o Messias, a semente da mulher, prometida em (Gênesis 3.15). Cumpre-se aqui: “E o dragão parou diante da mulher...”. Satanás usou todas as artimanhas contra Israel, para evitar o cumprimento da promessa de Deus.

No deserto levou o povo para a idolatria (Êx 32), rebelando-se contra Deus (Êx 16.7-9; 17.1-2; Nm 11.1-10; cap. 12, 14, 16; 20.7-13; 21.4-9; 25.1-9). Em Judá, que, por sua própria rebelião contra Deus, sofre trágicos castigos, até ser levado em cativeiro para a Babilônia (2º Rs 24.18-20; cap. 25; 2ª Cr 36.11-12).

Satanás, furioso, permaneceu “parado diante da mulher”, procurando por toda sorte dominar a nação, subjugando, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estão debaixo da Lei, a fim de receberem a adoção de filhos (Gl 4.4-5); “Destarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).

Portanto, em todos os momentos críticos o Diabo perdeu a batalha. Por fim, em uma noite em que os pastores cuidavam de seus rebanhos, os anjos anunciaram o nascimento do Messias. Nascido Jesus (Is 9.6-7), conforme a promessa (Is 7.14; Lc 1.26-38), o Diabo mobilizou todos os seus sequazes para destruir o menino e prejudicar o plano de Deus. Primeiro usou Herodes, o Grande (Mt 2.16); foi levado pelo Espírito Santo ao deserto, para sofrer a tentação do maligno e provar a sua idoneidade para a obra (Mt 4.1-11). Jesus enfrentou Satanás cara a cara e o venceu.

Satanás, muito embora vencido, não se deu por derrotado. Tudo fez (usando os judeus) para tentar Jesus (Mt 21.23-27). Usou até Pedro para dificultar os passos de Jesus (Mt 16.22-23). Também usou Judas Iscariotes para tentar o Senhor e vendê-lo (Mt 26.14-16). Por fim, Cristo foi entregue á morte de cruz, ato que traria vitória para Deus e para a humanidade perdida, e derrota para Satanás. Este vinga-se, impondo a mais bárbara e cruel tortura a Cristo (conf. Sl 22; Sl 129.3; Is 50.6; Is 53). Depois de Jesus morrer e ser sepultado, Satanás inspira os judeus a porem uma guarda escolhida no sepulcro, como o último esforço para evitar a ressurreição do Senhor (Mt 27.63-66).

Como Satanás é um inimigo vencido (Is 14.12; Mt 4.10; Lc 10.18; Ap 12.9-10), e está derrotado (Jo 16.33; Tg 4.7; 1ª Jo 2.13-14), nada pôde fazer para evitar a execução do plano de Deus, quanto á redenção dos homens.

Após a ressurreição de entre os mortos, Jesus Cristo ainda passou quarenta dias e quarenta noites com os seus discípulos (At 1.13), instruindo-os em tudo o que diz respeito ao Reino de Deus, até o momento que Deus o arrebatou para si e para seu trono (At 1.9-11; Hb 1.3).



II.     UM GRANDE DRAGÃO VERMELHO

O dragão é Satanás; É chamada grande, porque pertence a uma das ordens mais altas de todas as criaturas: “Um querubim ungido” (Ez 28.15). Era de uma classe de tão grande honra e poder, que o arcanjo Miguel, quando contendia com ele por causa do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele (Jd 6).

O dragão é vermelho, figura é o autor de toda guerra e homicídio. É visto com sete cabeças, o que domina sua excelente sabedoria (Ez 28.3) e plenitude em astúcia; tem dez chifres, que falam do seu poder para ferir e rasgar, e sete diademas, pleno poder para reinar sobre todo o mundo na Grande Tribulação (Ap 13.1-18).

1.      Sua cauda levou a terça parte das estrelas do céu e lançou sobre a terra.

Isso é revelação da verdadeira personalidade de Satanás (comparando Ez 28.12-19), onde ele aparece como “Luz”, o querubim protetor que habitava no Édem de Deus e entre as pedras afogueadas andava, mas agora é visto furioso por terem sido frustrados os seus primeiros planos (Is 14.13-14) e arrasta após si a terça parte das estrelas dos céus (anjos caídos que lhe foram desobedientes - Daniel 8.10). E lançou-os sobre a terra (na conquista pelo mundo). Isto prova mais o seu orgulho e sua presunção.

O propósito do Dragão era destruir o Filho prometido, porém, foi derrotado e expulso do Céu, ele, o grande acusador. Ficou selada a condenação de Satanás e de seus anjos (Jo 17.4; 19.30 comp. Jo 12.32). Agora Deus tem constituído um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (1ª Ts 2.5). Cristo o justo, o advogado dos pecadores junto ao Pai (1ª Jo 2.1-2). Satanás acusa, mas Jesus intercede. E a Sua intercessão toda poderosa é baseada no Seu sacrifício, e pode manter a nossa posição diante de Deus e inutilizar as acusações do inimigo.

Em Apocalipse somos informados de que a Igreja o venceu, e que os anjos comandados por Miguel o expulsaram dos céus. Tendo em vista esta grandiosa vitória, uma grande voz brada:

“Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo. Pois já o acusador de nossos irmãos foi lançado fora, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; não amaram as suas vidas até à morte. Pelo que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar, porque o diabo desceu a vós com grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12.10-12).

É possível que Satanás acusa aqueles crentes que servem a Deus por interesse ou com desvio de fé e, que na Grande Tribulação serão perseguidos e mortos.

Quem supõe que Satanás ainda nos acusa diante de Deus, ignora a famosa pergunta de Paulo: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?” (Rm 8.33). E mais: “...em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por meio daquele que nos amou” (v. 37). Isto parece ecoar o que a misteriosa voz bradou em Apocalipse: “Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro”.

Diante de tão grande vitória alcançada por Jesus, que culminou com a expulsão de Satanás, o céu se regozija e triunfa. Há, todavia um “aí” de lamentação para os que “habitam na terra”.

“Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12.12).

Esta é a causa da Grande Tribulação e a nação de Israel será a maior vitima. A morte dos seis milhões de judeus na Alemanha, determinada por Hitler foi, apenas, um vislumbre da futura tribulação de Israel.


III.    A MULHER FUGIU

“A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias” (v. 6). “Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão; e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente” (Ap 12.13-14).

Comparando o versículo 5 com o versículo 6, nota-se que não há qualquer intervalo de tempo entre a ascensão de Jesus ao céu e a fuga da mulher para o deserto. A mulher representa Israel quando figura ante a ditadura do Anticristo na Grande Tribulação, durante a tribulação estes fiéis de Israel, judeus tementes a Deus, opor-se-ão contra a religião do Anticristo, assim ele irá declarar guerra contra os santos (Ap 13.7), porém serão socorridos por Deus (Dn 12.1).

Portanto o tempo da Igreja findou a partir do momento em que ela foi arrebatada. Por essa razão nada é dito sobre o intervalo de tempo a ela alusivo.

As primícias de Israel os “cento e quarenta e quatro mil” selados pelo Espírito de Deus, e também guardados por Deus (1º Rs 19.18; Dn 3).

“A mulher, porém, fugiu para o deserto...” (Ap 12.6, 14). Deserto significa lugar de isolamento. “Lugar preparado por Deus”, significa o cuidado de Deus pelo Seu povo (Rm 11.1-4), e terá a duração de três anos e meio, ou seja, os últimos da Grande Tribulação, ou Angustia de Jacó.

Lugar preparado por Deus, no meu entendimento, é o céu onde João vê os 144.000 selados junto ao trono de Deus (Ap 14.1-3), ou seja, eles serão arrebatados (guardados) na metade da Grande Tribulação onde o Anticristo não poderá vencê-los.

“Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar” (Ap 12.17).

Quando Satanás estiver com o completo domínio da terra (Ap 13), então será manifestada toda atitude satânica contra a descendência da mulher, isto é contra o remanescente de Israel, na segunda metade da Grande Tribulação.


O “restante da sua descendência...” são os remanescentes de Israel que creram pelo testemunho dos 144.00 e por fim serão socorridos por Deus no final da Grande Tribulação, pois Israel se convencerá de que Jesus Cristo é realmente o Messias verdadeiro.

Pr. Elias Ribas

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