TEOLOGIA EM FOCO: 2014

sábado, 20 de dezembro de 2014

A DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO




I. O QUE É RESSUREIÇÃO 

A palavra ressuscitar tem origem no termo grego αναστασις anistemis, do latim resuscitare, que por sua vez derivou da palavra resurgere, que literalmente significava levantar-se, despertar dentre os mortos, erguer-se outra vez, retornar a vida. É a junção de duas palavras gregas ανα - ana que significa: para o meio de, no meio de, em meio a, entre (duas coisas), no intervalo de, e a outra palavra sendo ιστημι - histemi que significa causar ou fazer ficar de pé, colocar, pôr, estabelecer. Portanto, a ressurreição é o ato do levantamento daquilo que havia estado no sepulcro.

A doutrina da ressurreição tem sua base essencialmente sobre o fato da ressurreição de Cristo. Ele foi o primeiro a realizar tal obra, teve a primazia nisso, como em todas as coisas. Jesus destruiu esse inimigo, que é chamado na Bíblia de o último inimigo: “O último inimigo a ser destruído é a morte” (1ª Co 15.26).

Cristo ressuscitou, e é esta a base da nossa fé e da nossa pregação (1ª Co 15.14). Ele foi o primeiro a morrer e ser ressuscitado para ter imortalidade no reino celestial de Deus.

A Bíblia afirma que os salvos ressuscitarão com um corpo transformado e glorioso (1ª Co 15.35-53), enquanto que os ímpios ressuscitarão com um corpo desprezível e vergonhoso (Dn 12.2), em que sofrerão pela eternidade (Mt 10.28). Os não salvos farão parte da segunda ressurreição, a qual abrange todos os ímpios mortos, e ocorrerá ao findar o Milênio.

A palavra ressurreição implica em transformação do corpo que morreu e foi sepultado. Se o corpo ressurreto não fosse o mesmo, isto não seria ressurreição. Seria uma nova criação e o termo na Bíblia seria um absurdo.

O apóstolo Paulo afirma que o mesmo Espírito que ressuscitou Cristo (Rm 8.11), de fato ressuscitará também nossos nossos corpos, que doutra sorte, estão destinados a morrer.

O Senhor Jesus é o Primogênito porque ressuscitou para nunca mais morrer (Rm 6.9). Na Sua vinda, os corpos dos santos que jazem em seus sepulcros irão ressuscitar no dia em que ressoar a trombeta de Deus, à semelhança de Cristo, ressuscitarão para nunca mais morrer. É por isso que o Senhor Jesus é o Primogênito.

 “E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.” 

II. RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS E A DOS INJUSTOS 

Daniel 12.2 “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” 

Há na Bíblia, duas ressurreições: a dos justos e a dos injustos, havendo um intervalo de mil anos entre elas (Dn 12.2; Jo 5.28-29; Ap 20.5). A expressão bíblica “ressurreição dentre os mortos”, como em Lucas 20.35 e Filipenses 3.11, implica numa ressurreição em que somente os justos participarão, continuando sepultados os ímpios. Esta expressão é no original “ek ton nekron ressurreição dentre os mortos. Sempre que a Bíblia trata da ressurreição de Jesus ou dos salvos, emprega estas palavras. A expressão nunca é usada em se tratando de não-salvos.

A ressurreição dos mortos é obra exclusiva do poder de Deus. A Bíblia ensina claramente sobre a ressurreição dos salvos e a dos ímpios. Ela é prova de nossa fé, que os que agora morrem não deixam de existir. No livro das revelações, João vê os mortos diante do Grande Trono para serem julgados segundo suas obras (Ap 20.11-15).

Na verdade, os vivos nunca morrem. Atos 24.15 “Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos.” 

A ressureição de Jesus é a base da doutrina.

No Domingo bem cedo as mulheres Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, foram ao túmulo com a intenção de levar especiarias para ungir o corpo de Jesus. Quando chegaram lá viram que a pedra da entrada do túmulo tinha sido removida e entrando viram que o corpo do Senhor não estava ali. Mas de repente lhe apareceram dois anjos que declaram: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galileia, dizendo: convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras. (Lc 24.5,8).

A ressurreição do corpo, como todo o cristianismo, está fundamentada em Cristo, está baseada na Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Senhor Jesus participou da mesma carne e sangue conosco, e prometeu ressuscitar a humanidade dos mortos através de sua ressurreição, se os mortos não ressuscitarem, também Cristo não ressuscitou, e é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” (1ª Co 15.13,14).

Se Cristo não ressuscitou, então a pregação apostólica da ressurreição era vã, a fé dos coríntios era vazia e os apóstolos eram falsas testemunhas. Aqui “fé” se refere ao conteúdo da mensagem do evangelho e equivale a “conjunto de crenças”. 

III. A RESSUREIÇÃO DOS JUSTOS 


Nos dias de Jesus, havia um grupo de religiosos chamados saduceus que não criam na ressurreição mortos, contradizendo essa corrente, o Senhor afirma dizendo: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25).

As palavras de Jesus revelam o poder e a autoridade sobre a morte e a vida. Como a ressurreição, Ele tem o poder de trazer à vida aqueles que estavam mortos espiritualmente, trazendo-os à salvação e ao relacionamento com Deus. 

1. A ressureição dos justos se divide em três grupos. Há uma ideia entre o povo de Deus que a ressurreição dos justos será em um só momento. Mas na realidade não será assim. Segundo a Bíblia, a ressurreição dos justos se divide em três grupos distintos.

A primeira ressurreição ocorre em vários estágios:

1º O primeiro grupo foi inaugurada por Jesus Cristo, que é as primícias dos que dormem (1ª Co 15.20; Cl 1.18), abriu o caminho para a ressurreição de todos os que creem n’Ele. Houve uma ressurreição dos santos de Jerusalém (Mateus 27:52-53), a qual deve ser incluída em nossa consideração da primeira ressurreição.

2º Seguindo a sequência os que são de Cristo por ocasião de Seu retorno (1ª Co 15.23; 1ª Ts 4.16).

3º E sete anos depois os mártires da Grande Tribulação (Ap 6.9-11; 20.4). Portanto a primeira ressurreição abrange da ressurreição de Cristo até os mártires da Grande Tribulação.

As Festas do Senhor se relacionam com o início e o término da colheita dos frutos de Israel. A partir do conhecimento desta relação, se tem a confirmação do Plano Profético apontado pelas Festas do Eterno.

Levítico capítulo 23 é a história da Igreja escrita de antemão. Temos aí entre outras coisas a ressurreição prefigurada. 

1.1. As primícias da primeira ressurreição. 1ª Coríntios 15.20 “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.”

Mas cada um por sua ordem. O termo τάγμα “tagma”, no original grego, significa dispor em ordem, fileira, grupo, turma”, como numa formatura militar ou escolar.

Este grupo é formado por Cristo e os santos que ressuscitaram por ocasião de sua morte na cruz. “E Jesus clamando outra vez com grande voz entregou o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto abaixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras. E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiram foram ressuscitados. E saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mt 27.50-52). Só Mateus narra este acontecimento. Foi um pequeno grupo que ressuscitou com Cristo e representa um sinal da vida eterna para os fiéis. Só depois da ressurreição de Cristo foram vistos estes santos.

Cristo é o princípio dentre os mortos (Cl 1.18). Portanto, à ressurreição de Cristo e de muitos santos do Antigo Testamento, identificados como as “primícias dos mortos” (1ª Co 15.20; Mt 27.52,53).

Este grupo representa as primícias da colheita de grão no Velho Testamento. “Guardarás a Festa da Sega, dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a Festa da Colheita, à saída do ano, quando recolheres do campo o fruto do teu trabalho” (Êxodo 23.16).

A festa das Primícias em Levítico 23.10-12 tipifica isto, quando um molho das primícias era trazido para o sacerdote mover perante o Senhor. Molho implica um grupo, o que de fato aconteceu. Esta festa tipificava Jesus ressuscitando com um pequeno grupo.

Desse modo a ressurreição dos fiéis começou, pois com Cristo, as primícias da ressurreição (At 26.23), isto é, que Cristo devia padecer e sendo o primeiro da ressurreição dos mortos. 

1.2. A colheita geral da ressurreição. 1ª Coríntios 15.23 “Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.”

O primeiro grupo “Cristo as primícias” (1ª Co 15.22), representa as primícias da colheita; “depois os que são de Cristo, na sua vinda”, representa a colheita geral do povo israelita.

Este grupo é formado pelos santos que ressuscitarão no momento do arrebatamento da Igreja (1ª Ts 4.16). São todos os mortos salvos desde o tempo de Adão.

Este grupo representa a colheita geral de cereais do Velho Testamento: “Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara, começarás a contar as sete semanas. Depois, celebrarás a festa das semanas ao Senhor, teu Deus” (Dt 16.9-10).

A festa das semanas era celebrada no fim da colheita de trigo, isto é, da colheita geral, e que durava sete semanas. Mais tarde recebeu o nome grego de pentecostes, visto cair cinquenta dias depois da Páscoa.

O primeiro dia de Tishrei, que é o primeiro dia de Rosh Hashaná, com o primeiro raio da lua nova, o sacerdote ficava em pé no parapeito do Templo e soava o shofar para que fosse ouvido em todo o vale ao redor e assim que o sacerdote tocava o shofar, todos os agricultores israelitas interrompiam imediatamente a colheita, mesmo que ainda ficasse mais para ser colhido. Eles deixavam tudo lá mesmo no campo. Era o fim da colheita de trigo e eles paravam tudo e se dirigiam para o Templo para a adoração do dia de ano novo, a Festa das Trombetas.”

Paulo associa claramente o “soar das trombetas” com a Segunda Vinda de Cristo sobre as nuvens (1ª Ts 4.16-17; 1ª Co 15.51-52). Isaías associou o uso do Shofar com a vinda do Messias (Is 51.9; 60.1). Paulo associou o despertamento estrondoso com o Shofar e com o arrependimento dos pecados e citou Isaías 60.1 em Efésios 5.14-17.

As Escrituras compara o trigo com a Igreja de Cristo, podemos entender que ao tocar a última trombeta, “Senhor descerá do céu... e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (1ª Ts 4.16-17). Com o arrebatamento da Igreja, a colheita do trigo é interrompida, e a Igreja estará reunida no céu para Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9).

A colheita geral do Velho Testamento tipifica o arrebatamento da Igreja quando Cristo voltar: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos” (Ap 20-6). Esta Bem-aventurança é aplicada a “ressurreição dos justos”. O bem-estar e a felicidade dos justos advêm deste acontecimento. 

1.3. Os rabiscos da colheita. Deuteronômio 24.19 “Quando vocês estiverem fazendo a colheita de sua lavoura e deixarem um feixe de trigo para trás, não voltem para apanhá-lo...”.

A terceira fase da primeira ressurreição refere-se àqueles mortos no período da Grande Tribulação, os quais são chamados de “mártires da Grande Tribulação”. São os restolhos da ceifa, isto é, as respigas da colheita (Ap 6.9-11; 7.9-17; 14.1-5; 20.4,5).

“....e deixarem um feixe de trigo para trás...”. A palavra deixarem no original hebraico aponta para o sentido de “deixar por esquecimento”, ou seja, os feixes de trigo que serão deixados para trás.

A prática de respigar (colher as sobras da colheita) também é conhecida como rabiscos. O Eterno determinou, assim, que o segador não deve voltar ao campo para buscar a sobra da colheita do trigo, mas deve deixá-la para o estrangeiro, o órfão e a viúva.

Os remanescentes de Israel também farão parte dos rabiscos da colheita: “Porém ainda ficarão nele alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos seus ramos mais frutíferos, diz o Senhor Deus de Israel.” (Isaías 17.4-6).

Ficarão alguns remanescentes (Is 10.20), ainda que em número muito reduzido. E um erro, portanto, insistir nas tribos perdidas de Israel.

Observou-se, no tópico anterior, que a colheita é interrompida e não encerrada, pois haverá no campo ainda a sobra da colheita. Isto é, ama pequena parte da colheita do trigo é deixada para trás, de forma que esta parte não será colhida pelos segadores, mas por outras pessoas que podem não ter o mesmo cuidado que os segadores ao realizarem a colheita.

Na verdade, enquanto a Igreja estará na festa das trombetas no céu (Bodas do Cordeiro - Ap 19.7-9), os deixados para trás estarão que enfrentar o Anticristo.


Apocalipse 7.9,13-14 “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; 13- E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? 14- E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”

Este último grupo são os rabiscos da colheita formado pelos, mártires da Grande Tribulação (Ap 7.9, 13-14; Ap 20.4), as duas testemunhas (Ap 11.1-12) e os 144 mil selados das 12 tribos de Israel (Ap 7.1-8; Ap 14.1-5), os quais ressuscitarão antes do milênio, isto é, onde Cristo reinará nesta terra por mil anos.

O primeiro grupo que João viu que serão salvos, são os mártires da Grande Tribulação que foram mortos pela besta:

Ap 20.4 “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram decapitados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.”

João vê no céu as almas daqueles que foram decapitados pela besta. Na língua grega a palavra decapitado αποκεφαλίζω é: decapitar, degolar, guilhotina. Eles foram degolados, porque foram fiéis a Jesus e não se curvarão a besta e nem sua imagem, por isso terão o direito de reinar com Cristo no milênio. Esse grupo são os rabiscos da colheita. Os poucos que ficaram para trás. 

IV. A RESSURREIÇÃO DOS INJUSTOS SÓ TERÁ LUGAR DEPOIS DO MILÊNIO 

Apocalipse 20.5 “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição.” 

As Escrituras mostram que há pelo menos um espaço de mil anos entre o fim da ressurreição dos justos, chamada de primeira, e a ressurreição dos ímpios, chamada de segunda ressurreição, isso significa que são dois momentos distintos.

Na verdade, o tempo da segunda ressurreição acontecerá no fim de todas as coisas, após o período do Milênio na Terra, quando haverá o Juízo Final (Hb 4.13).

No evangelho de João, Jesus falou de duas ressureições. A ressurreição da vida e a ressurreição do juízo (Jo 5.28,29). A Daniel também foi revelado acerca destes dois eventos “uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” (Dn 12.2).

Os outros mortos (os homens que desde Adão morreram nos seus delitos e pecados) não reviveram. Eles estão hoje em tormento no estado intermediário, mas ainda não estão no lugar definitivo do castigo final. Mas depois do milênio eles irão ressuscitar (no mesmo corpo) depois do milênio e dela só farão parte os ímpios.

A Bíblia revela que os ímpios ressuscitarão para serem julgados segundo suas obras (Ap 20.12), diante do Grande Trono Branco, e lançados no lago de fogo (Ap 20.12-13), que é a segunda morte. Isso não significa aniquilados, mas banidos da presença de Deus (2ª Ts 1.9). Na verdade, o “Lago de Fogo” (Mt 25.41,46), que arde continuamente com fogo inapagável – o tormento eterno (Ap 14.10,11).


Pr. Elias Ribas
Dr. Em Teologia
Assembleia de Deus
Blumenau - SC

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

VISÃO DO TRONO DA MAJESTADE DIVINA APOCALIPSE - 4

João fora banido para a Ilha de Pátmos, por ordem do imperador Domiciano, “por causa da Palavra de Deus e pelo Testemunho de Jesus Cristo” (Ap 1.9). Na solidão da ilha, foi presenteado com um dos mais altos privilégios que um mortal pode obter. Deus deu a João revelações maravilhosas, que em seu bojo, constituem o clímax do Apocalipse.

Foi nesta Ilha que João teve a estupenda visão do Cristo glorificado (Ap 1.9-20).

“Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas” (Ap 4.1).

Jesus convida o apóstolo João a subir ao Seu Trono para revelar os acontecimentos vindouros. Através das revelações deste livro queremos agora fixar os acontecimentos que ocorrerão após o arrebatamento da Igreja fiel de Jesus Cristo.

João vê uma porta aberta no céu e recebe um convite para que entre por ela, entrando contemplou o Trono do Rei dos reis (comp. 1ª Rs 22.19-23; Jo 1.6; 2.1). Ali é o lugar onde os eventos decretados por Deus, antes de sua execução.

O quarto capítulo começa com “Depois destas coisas, olhei....” Para entendermos este “Depois”, é necessário analisar a revelação dos três primeiros capítulos onde o Senhor Jesus ordena o apóstolo João:

1. Escreve, pois, as coisas que viste (1.19). Onde João vê o Senhor Jesus glorificando e estava voltando (1.20). Esta visão foi tão majestosa que João caiu como morto a Seus pés.

2. Escreve... as que são (1.19). As cartas destinadas as sete igrejas (capítulos 2 e 3).

3. Escreve... as que hão de acontecer depois destas” (1.19c). Ele devia, portanto, escrever também o que aconteceria na terra após o arrebatamento da Igreja.

1.      João é arrebatado ao céu.

[...] João não somente vê, mas também ouve, “...como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo”, dizendo: “sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas”. É interessante que João reconhece a voz, que já havia ouvido uma vez na terra (Ap 1.10). Foi o apóstolo João que em seu evangelho transmitiu as palavras de Jesus: “as ovelhas ouvem a sua voz...., mas de modo nenhum seguirão o estranho” (Jo 10.3-4). Ao ouvir a voz do Seu Senhor como de trombeta, ele é arrebatado da terra em espírito. O seu arrebatamento é uma analogia ao futuro do arrebatamento da Igreja, que acontecerá “num momento... ao ressoar da última trombeta” (1ª Co 15.52), quando o Senhor aparecer com “sua palavra de ordem” (1ª Ts 4.16). Agora João é chamado ao céu com a trombeta de Deus, como ouvirá a Igreja, no arrebatamento. Há poder nesta voz para ressuscitar os mortos (Jo 5.28-29). Ele foi arrebatado ao céu como Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5), a Igreja será arrebatada, invisível, silenciosa e milagrosamente, num abrir e fechar de olhos (1ª Co 15.52) [WIM MALGO. P. 106].

2.      A visão do Trono de Deus.

“Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado” (v. 2).

A primeira coisa que João vê no céu é um Trono. João não pode descrever a pessoa de Deus, mas ele conta o que vê:

“E esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda” (v.4).

Abundância de luz que procede d’Ele, reflete o caráter de Deus, representa o Senhor na Sua glória e poder. O Salmo 104.2 descreve o Senhor assim: “coberto de luz como de um manto”. Com a abundância de luz, ou seja, com o esplendor de cores das pedras preciosas.

A pedra jaspe era resplandecente e representa o Senhor na Sua glória. A pedra de sardônia é igual ao rubi, uma pedra cor de sangue, que representa o Senhor na Sua obra redentora. “Duas pedras preciosas, iguais, havia no peitoral do sumo sacerdote” (Êx 28.17-26). “...ao redor do trono, há um arco semelhante, no aspecto, a esmeralda” (v.3b). A pedra esmeralda revela a Nova Aliança de Deus com o homem através de Seu sacrifício na cruz do Calvário.

3.      Vinte quatro Anciãos.


“Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro” (v. 4).

Os vinte quatro anciãos não são anjos, pois cantavam o cântico de redenção (Ap 5.8-10), estão coroados, já vencedores (1ª Co 9.25), assentados sobre tronos, mostrando um tempo depois da vinda de Jesus (2ª Tm 4.8). Os anciãos representam os remidos, que foram levados ao Tribunal de Cristo e coroados logo após o arrebatamento.

Os doze primeiros anciãos deste turno de vinte quatro, são “os doze patriarcas” de Israel, que estão ao lado de Cristo, representando todos os remidos da “dispensação da lei” focalizada no Antigo Testamento (cf. Nm 13.2-3; 17.1-6; Hb 8.5 e 9.23). Os outros doze, representam “os doze Apóstolos do Cordeiro”, pois em alguns casos eles são chamados de “anciãos (cf. 1ª Pe 5.1; 2ª Jô v.1 e 9; Jo v.1). Estão ao lado de Cristo representando todos os remidos da dispensação da graça no Novo Testamento (cf. Mt 19.29; Ap 21.12, 14) Estes tronos não estavam vazios, mas estavam assentados sobre eles vinte e quatro anciãos, com vestidos brancos que representam as justiças dos santos (Ap 21.12-14), e coroas de ouro em suas cabeças. “...em cujas cabeças estão coroas de ouro”. Está aqui já o início do cumprimento da promessa do Senhor em (Mt 19.28). O Senhor prometeu coroar a Sua Igreja “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10). “Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus” (4.5). Atualmente, Deus está assentado sobre o trono da graça (Hb 4.16). Porém, neste tempo, Deus estará sobre o trono de Juízo. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e diante do trono ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus, pois eles são citados no capítulo 1.4 e 3.1 de Apocalipse, e no capítulo 5.6 os encontramos mais uma vez. Eles também são encontrados no Antigo Testamento, nas sete lâmpadas da Menorá (Zc 4.2). Que procede do trono de Deus uma atividade grandiosa e ininterrupta. Assim João observa as sete lâmpadas diante do Trono, que são interpretadas como a plenitude do Espírito Santo.

“Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Ap 5.6).

O Cordeiro é o mesmo Leão que aparece no verso 5. Ele é na qualidade de um “Cordeiro” na sua mansidão em tratar com Sua Noiva, mas como o Leão, no Seu poder irresistível para executar juízo contra os pecadores. João vê no trono de Deus o Cordeiro que havia sido morto, mas ao terceiro dia ressuscitou. João vê “...sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus”, que simboliza o Espírito Santo em toda Sua plenitude, pois ele convence, ouve, salva, julga, humilha, exalta e governa. O número sete não somente descreve a plenitude da terceira pessoa da divindade, mas é também um sinal da glória completa de Deus, pois sete é o número da plenitude divina.

“Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando. Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4.10).

Sinal de adoração e respeito supremo, a que se segue o lindo cântico de vitória, que mostra o verdadeiro culto no céu ao supremo Criador. Temos a adoração mais profunda da parte dos anciãos, que prostram diante do Trono, e lançam suas coroas, num gesto de submissão e respeito, ao que vive para sempre. É a oração inteligente dos remidos que compreendem a santidade e o amor do Senhor. E num gesto de magnífica adoração prostram-se cantando o lindo hino de louvor: “digno és, Senhor, de receber glórias, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.

4.      O mar de vidro.
“Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal...” (Ap 4.6).

O apóstolo João descreve o que vê “um mar de vidro”, ou seja, um grande espelho diante do trono do Eterno.

O mar representa povos e nações agitadas no tempo do fim. Porém, aqui o mar é tranqüilo e sem ondas. Ele não está agitado, mas sim imóvel diante do trono em contraste com a situação do mar dos povos sobre a terra: “Calai-vos perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as suas forças; cheguem-se e, então, falem; cheguemo-nos e pleiteemos juntos” (Is 41.1).

O mar de vidro, lembra a pia de cobre feita por Moisés (Êx 30.18-21), e o mar de bronze do templo terrestre (1º Rs 7.23-26), que era para purificação. Aqui a purificação está consumada, não há mais necessidade de água. O mar que João vê representa a pureza, pois ali tudo é puro, calmo e de perfeita paz.
 5.      As criaturas viventes.

“... e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4.6-8).

Há várias interpretações, mesmo sem sentido de dogmatizar, referente aos quatro seres viventes. Aos olhos de João, eram criaturas estranhas, porque são desconhecidas dos homens, mas lindas.“Eram cheio de olhos”. Penetração intelectual, vigilância e prudência. Estas criaturas viventes não representam a Igreja nem uma classe especial de santos, mas são os seres sobrenaturais visto no Velho Testamento, que estão sempre em conexão com o Trono de Deus e a presença de Jeová. São os querubins de Ezequiel, capítulo 1 e 10 (cf. Sl 80.1; 99.1; Is 37.16).

Todo o simbolismo dessa passagem é inspirado no profeta do Antigo Testamento. Esses seres vivos são os 4 anjos responsáveis pelo governo do mundo (Ezequiel 1,20). Eles andam em todas as direções, numa perfeita visão, cada um tinha quatro rostos, como também quatro asas, a forma de seus rostos era como o de homem; à direita, os quatro tinham rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e também rosto de águia, todos os quatro. O aspecto dos seres viventes era como carvão em brasa, à semelhança de tochas; tinham quatro rodas em vez de pés, e o aspecto das rodas era brilhante como pedra de berilo e o espírito dos seres viventes estava nas rodas, e, sem cessar glorificam a Deus: Santo, santo, santo (Ez 1.6-21). Lembrando os serafins de Isaías capítulo 6.

João não soubera descrever o que viu, portanto, ele os chama de “quatro animais”, que são os querubins da visão descrita pelo profeta Ezequiel.

Se analisarmos profundamente este assunto veremos que o profeta Elias foi separado do profeta Elizeu, por estes seres (querubins), mas subiu num redemoinho: “Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (2º Rs 2.11).

Eliseu, foi o único a ver o profeta Elias ser arrebatado. Foi elevado ao céu com grande impulsão, portanto, ele também não soube descrever minuciosamente a cena que viu. Os carros de fogo são as rodas dos querubins, cor de brasas, os cavalos de fogo no nosso entendimento é o rosto dos querubins.

João ao ver os quatro seres no céu não descreu com suas minúcias, mas os chama de quatro animais ou quatro seres viventes, conforme o verso 6.

São representados com 4 formas. Cada uma delas tem o seu próprio significado. O leão é símbolo do que há de mais nobre na criação; o touro é símbolo de força; o homem significa sabedoria; a águia simboliza a agilidade.

[...] Na tradição cristã os quatro seres viventes estão no meio do trono, segundo o santo Tomás de Aquino que a doutrina do evangelho de Cristo em Ezequiel nos foi mostrada pelos quatro seres viventes. Ele atribui à aparência quadriforme do viventes um ensinamento simbólico sobre Cristo, que se tornou verdadeiro homem, foi imolado como um boi em sacrifício, ressuscitou com a própria força como um leão e subia ao céu como uma águia, onde se assentou a direita do Pai como Deus e homem. Também João chama Jesus no apocalipse de cordeiro de Deus e leão de Judá [Homiliae in Hiezchielem prophetam, 4].

Pr. Elias Ribas


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE APOCALIPSE


Para compreendermos melhor a Escatologia Bíblica (doutrina das últimas coisas), é necessário fazermos uma introdução apocalíptica, assim entenderemos melhor os acontecimentos a respeito do fim dos tempos.

O termo apocalipse do grego “apokalypsis”; no latim é “Revelatio”, que significa ação de tirar para fora, revelar o que está oculto. (De “Apo”, longe de, e “Kalyptõ”, ocultar).


A Bíblia é um livro cuja interpretação é considerada difícil. Muitos estudiosos a utilizam para edificação; outros, porém, para apresentar teses contraditórias. Esta confusão deve-se em grande parte, ao fato de não se levarem em conta os gêneros literários existentes no Livro Sagrado e também sabermos que ela foi revelada a seres humanos que embora iluminados pelo Espírito Santo, utilizavam os meios de expressão de sua época e de suas regiões. È necessário, portanto, para o interprete contemporâneo retroceder no tempo e procurar ambientar-se com as circunstancias nas quais os autores bíblicos receberam a revelação, ao comporem seus escritos.

O Apocalipse traz a “revelação de Jesus Cristos” para os últimos dias. Portanto Seu verdadeiro autor é o Filho de Deus. Ele é o testemunho apocalíptico. As palavras proféticas (1.3) deste livro (22.7, 18, 19) contêm o testemunho de Jesus, que o “pneuma” (espírito) da profecia (19.10).

Deus é o Senhor de todo espírito de profecia (22.6); sendo assim, Cristo é o possuidor dos sete espíritos de Deus (3.1). Diante deste testemunho do Apocalipse, podemos observar que o instrumento escolhido por Deus para receber a revelação foi o seu servo João, que obteve o testemunho através de anjos (1.1), quando estava na prisão na Ilha de Patmos (1.9).

O Apocalipse, por sua natureza histórico-profética, é dos mais fascinantes livros até hoje divulgados. O fato de tratar-se de uma “revelação de Jesus Cristo” indica que com todos os fatos e acontecimentos ali expostos estão na pessoa de Cristo, como motivo central do livro. Portanto, faz-se necessário o estudo sistemático a fim de conhecerem a linguagem simbólica e as predições de uma catástrofe que alcançará os pecadores, nestes últimos dias, ao mesmo tempo em que descobrirão no plano sobrenatural para os fiéis seguidores de Cristo.

Observemos ainda que cada grupo de sete é precedido por uma introdução. As perícopes do autor (ex. 8.3) devem ser consideradas pelo leitor com trechos intermediários. Notemos ainda que os grupos de sete são homogêneos; somente dois são interrompidos em seu desenvolvimento: precisamente a visão dos selos, num só caso (Ap 7.1-17) e a visão das trombetas duas vezes (8.13; 10.1-11).

O algarismo sete representa o número da perfeição, deparamos ainda com outros registros de sete, como: sete espíritos de Deus, isto é, sete lâmpadas que ardiam diante do trono, representando o Espírito Santo em Sua operação sétupla (4.5), sete cabeças da besta que o autor viu subir do mar e que representam os sete montes, os sete personagens e os sete reis (13.1; 17.9-10); e ainda as sete bem-aventuranças, a primeira das quais está no primeiro capítulo (1.3) e a última no capítulo (22.14). O simples registro do uso do número sete demonstra que Deus tem um plano para cada figura e para cada símbolo que aparece nas páginas do livro de Apocalipse.

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL



“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. 25 - Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 - E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. 27 - E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” (Dn 9.24-27).

Para se fazer um estudo completo da Escatologia, ou qualquer outro assunto que fale sobre o fim (Dn 8.17) é necessário estudar as setenta semanas de Daniel, pois esta é uma profecia indispensável à Escatologia.

A profecia de Daniel acerca das setenta semanas fornece o marco cronológico da predição messiânica de Daniel até o estabelecimento do reino messiânico sobre a terra, constituindo assim a chave para a interpretação do livro.

                    I.             O QUE QUER DIZER AS SETENTA SEMANAS

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo” (Dn 9.24).

Esta profecia de Daniel a respeito de Israel e da cidade santa (Jerusalém) é fundamental para os últimos tempos. Ná referências bíblicas a semanas de anos, como vê-se em Daniel 9.27 “por uma semana” se refere a uma semana de anos, na qual cada dia da semana corresponde a um ano.

Levítico 25.8 “Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos”.

Segundo o livro de Levítico uma semana tem sete anos. Consequentemente, tratando-se de semanas de anos, pode-se depreender que temos designados 490 anos para o cumprimento dessa importante profecia, uma vez que cada uma das 70 semanas corresponde a 7 anos, ou seja, 70 x 7 = 490.

O termo original traduzido por “semana” em Daniel 9.27 é literalmente “setenário”, isto é, sete anos.

E também em Daniel 7.25 e Daniel 12.7- “por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo”, aqui, “um tempo” corresponde a um ano, “tempos” corresponde a dois anos e “metade de um tempo” corresponde a meio ano, totalizando três anos e meio (conf. Ap 12.14).

Sendo que esse período equivale à metade do período final de sete anos e é igualmente o período declarado na expressão “quarenta e dois meses” (conf. Ap 11.2; 13.5) ou “mil e duzentos e sessenta dias” (conf. Ap.12.6).

                 II.             QUANDO COMEÇARÁ AS SETENTA SEMANAS?

Deus revelou a Daniel que sessenta e duas e mais sete, que seriam sessenta e nove períodos de sete anos, somando, portanto, 483 anos, transcorreu entre a data da ordem para reconstruir Jerusalém e a vinda do Messias, o Ungido.
O anjo Gabriel falou a Daniel que 70 semanas estavam determinadas sobre o seu povo (Dn 9.24). O próprio Gabriel, na descrição da visão, organiza as setenta semanas em três subdivisões:
07 Semanas                  Dn 9.25                         49 anos
62 Semanas                  Daniel 9.25                   434 anos
01 Semana                    Daniel 9.26                   7 anos.

1. A Primeira Divisão – Sete Semanas. De acordo com a profecia do profeta Daniel, Jerusalém seria edificada e restaurada da destruição que o império Babilônico causou a santa cidade (Dn 1.1; 2ª Rs 24.1). Esta ordem foi dada pelo Rei Ataxerxes (Ne 2.1-8) a Neemias aproximadamente no ano 445 a.C., e nesta mesma data deu o início da contagem da primeira divisão, e terminou aproximadamente no ano 397 a.C., o que é relativo há 49 anos (7 semanas), onde a santa cidade estava totalmente reconstruída em tempos angustiosos sob a liderança de Neemias. Esta palavra cumpriu literalmente no período previsto (ref. Ed 1.1; Ed 4.11-24).

2. A Segunda Divisão – Sessenta e Duas Semanas. “E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário...” (Dn 9.26).

A segunda divisão tem início aproximadamente no ano 397 a.C. e vai até os dias dos apóstolos de Cristo (Messias), neste período o Cristo iria nascer, morrer, e logo após Jerusalém seria invadida e destruída pelo Império Romano, neste caso, os 483 anos referentes às sessenta e nove semanas terminaram em 27 d.C. que foi aproximadamente o ano em que Jesus começou seu ministério na terra.

Depois das “sete semanas” (v. 25) e mais “sessenta e duas semanas”, um total de sessenta e nove semanas (483), duas coisas aconteceram:

2.1. O Messias seria “tirado” (crucificado) (ref. Is 53.8). Jesus foi rejeitado pelos judeus, condenado e morte na cruz. O povo presente à condenação de Cristo clamou: “O sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos (Mt 27.25).

Israel era o povo especial de Deus, representante do Senhor no mundo, e fazia parte, como os ramos naturais, da boa Oliveira (Rm 11.24). Porém, os judeus rejeitaram Jesus (Jo 1.11). Por isso, foram quebrados da Oliveira, isto é, foram rejeitados pelo Criador (Jr 11.16; Rm 11.19-20), e no seu lugar, foi enxertado a Igreja (Rm 11.17-19). Iniciou-se então, a dispensação da graça, formada por aqueles que o Todo poderoso purificou para si, a fim de serem Seu povo especial, zeloso de boas obras (Tt 2.14). Nós (Igreja) somos agora: “...raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1ª Pe 2.9-10).

2.2. O povo do príncipe, que há de vir, destruiria Jerusalém e o templo. O “povo” refere-se ao exército romano, que destruiu Jerusalém em 70 d.C. O “príncipe” refere-se ao General Tito que comandou a dispersão dos judeus (Dn 9.25-26).

2.3. O período intermediário é o da Era da Graça. O Messias será morto (isso se cumpriu em 3 de abril de 33 d.C.).

Jerusalém e o Templo serão destruídos (isso se cumpriu em 6 de agosto de 70 d.C.).

Deus deu um “pause” no seu cronômetro profético ao final da 69ª semana-ano. Atualmente vivemos nesse período de tempo não definido claramente entre a 69ª e a 70ª semana-ano, na Era da Igreja. Esse período terminará quando Cristo arrebatar Sua Noiva – a Igreja – ao Céu. Como a Igreja não existia durante as primeiras 69 semanas-ano – de 444 a.C. até 33 d.C. – faz sentido que ela não esteja presente na Terra durante a última semana-ano. As 70 semanas-ano se referem a Israel e não à Igreja.

Em seguida de um intervalo de tempo para a dispensação da Igreja de Cristo, um parêntese na história da redenção de Israel, não vista pelos profetas judeus, mas profetizada pelo próprio Senhor da Igreja (Mt.16:18), também chamada de o mistério de Cristo em Efésios 5:32 -; e, por último, 1 Semana, ou 7 anos, para o período de juízo divino chamado de Tribulação (como registrado no livro do Apocalipse), totalizando os 490 anos profetizados pelo profeta Daniel à nação de Israel.

3. A Terceira Divisão – Uma Semana Sete Anos.
A terceira divisão, a última das setenta semanas de Daniel é ainda futura, ainda não se cumpriu, devido ao povo Judeu não estar na cidade santa (Dn 9.24). Como já foi visto na segunda divisão, os Romanos invadiram Jerusalém no ano 70 d.C. e expulsaram os Judeus da cidade e os mesmos foram dispersos para muitas nações (Ez 36.19-20; Lc 21.24) e nesta data a profecia teve de ser interrompida na sua sexagésima nona semana, pois o povo judeu não se encontrava na cidade de Jerusalém, e para que esta profecia se cumpra é necessário que o povo do profeta Daniel esteja em Jerusalém. Mas, no dia 14/05/1948, os Judeus começaram a voltar para a santa cidade, neste mesmo dia cumpriu-se a profecia do profeta Isaias 66.8. Na verdade, os Judeus já residem na cidade santa, porém ainda não tem o domínio total de Jerusalém, eles a dividem com os palestinos que querem ter domínio de toda Jerusalém e em troca darão a paz que os Judeus procuram. Todos os dias ouvimos falar de ataques e terrorismo no Oriente Médio, pois Satanás procura impedir que esta profecia se cumpra.

Para ter início a última semana é necessário Israel voltar e ser restabelecida como Nação. E foi nesta pergunta que os apóstolos fizeram a Cristo, “restauraras tu o reino a Israel neste tempo?” (At 1.16). Pois sabiam os apóstolos que logo após Cristo restaurar o reino de Israel o mesmo Cristo iria reinar no trono de Jerusalém e a paz estaria de vez com o povo israelita (Is 66.8-10).

Esta última semana não pode ter se cumprido em hipótese alguma, pois nesta última semana (sete anos) os Judeus irão fazer um acordo com o assolador (Anticristo), e este assolador irá ser destruído, porém isto ainda não aconteceu, Israel ainda não fez este acordo com ele (Is 28.15-18), muito menos o Anticristo manifestou-se, sendo assim podemos afirmar que esta última semana de Daniel ainda não cumpriu-se, pois a profecia permanece interrompida.

4. Para quem estão determinadas as setenta semanas. As Setenta Semanas de anos dizem respeito a Israel e não à Igreja, pois Deus disse: “Setenta semanas estão determinadas: primeiro sobre o teu povo” (Israel) (v. 24); “segundo sobre a tua santa cidade” (Jerusalém) (v. 24).

“…sete semanas e sessenta e duas semanas…”; têm-se calculado 483 anos após o decreto da reedificação do templo à vinda do “Ungido” (v. 25).

Neste versículo seis coisas específicas seriam realizadas em favor de Israel durante os 490 anos ou as setenta semanas:
1. Primeiro, para extinguir a transgressão (Mt 1.21; 1ª Jo 3.8);
2. Segundo, para dar fim aos pecados (Lm 4.22; Cl.2.14);
3. Terceiro, para expiar a iniquidade;
4. Quarto, para trazer a justiça eterna (Is 51.6,8; Rm 3.21-22; Fp 3.9; Ap 14.6);
5. Quinto, para selar a visão e a profecia (Mt 11.13; Jo 19.28-30);
6. Sexto, para ungir o Santo dos Santos (Sl 2:6; Mc 1.24; At 3.14; Hb 1.8-9; 7.26; 9.11; Ap 3.7).

Esta parte das Escrituras Sagradas afirma que este período de tempo irá cumprir-se sobre o povo Judeu (o teu povo) e sobre a cidade de Jerusalém (a tua cidade). Portanto esta profecia é destinada para Israel, sendo assim, lembramos ao leitor: “Não deve-se confundir Igreja com Israel”.

Na segunda Guerra Mundial, o alemão Hitler tentou exterminar o povo Judeu fazendo um holocausto de seres humanos, matando cerca de 6 milhões de judeus. Os demônios sabendo desta profecia procuraram acabar com os judeus, para que não se cumprisse a profecia do profeta Daniel, sobre a última semana, e o retorno de Israel. Mas, um milagre aconteceu e Deus deu vida ao povo Judeu que havia sido comparado com um vale de ossos secos (Ezequiel 37), e a nação judaica pode ter nova vida.

O assolador de Daniel 9.27 é o Anticristo, que fará um concerto com Israel por sete anos (uma semana), (Jo 5.43 e Is 28.15-18), e na metade da semana (três anos e meio) irá quebrar o concerto com os judeus.

5. Condições para a profecia se cumprirem. Esta profecia de Daniel 9.24-27, está determinada as seguintes condições para seu fiel cumprimento:
Quando Deus rejeitou Israel, por ter desprezado o Messias, parou a contagem do tempo, uma vez que as 70 semanas estavam determinadas para os judeus. Resta, ainda, uma semana, a última. Os judeus necessitam estarem em Jerusalém (cidade Santa), e a Igreja já arrebatada.

              III.             O QUE ACONTECERÁ QUANDO COMPLETAR AS SETENTA SEMANAS

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o santo dos santos” (Dn 9.24).

A última semana de Daniel terá a duração de sete anos, que será dividida em duas partes de três anos e meio (Dn 9.27; Ap 11.1-3; Ap 12.6-14; Ap 13.5).

A primeira metade da semana, cuja duração será de três anos e meio, será ocupada pelo governo do anticristo. A segunda metade da semana, que terá a mesma duração da primeira, caracterizar-se-á pela Grande Tribulação. Por conseguinte, a Septuagésima Semana de Daniel terá, ao todo, a duração de sete anos (Dn 9.27). Logo: a volta triunfal de Cristo em glória, que fará acompanhar por Sua Igreja, ocorrerá sete anos após o arrebatamento.

Finda-se aqui as setenta semanas de Daniel. Israel reconciliar-se-á com Deus. Ter-se-á cumprido o tempo determinado por Deus, para a execução da transgressão, o fim do pecado, a expiação da iniquidade, para que venha a justiça eterna.

Com o fim das setenta semanas, a visão e a profecia estarão seladas (Dn 9.24). Jesus, então, instalará o Milênio. Israel, agora salvo, estará ao lado de Seu Messias, como a nação líder, tanto política como espiritualmente.

Pr. Elias Ribas

terça-feira, 18 de novembro de 2014

OS QUATRO ÚLTIMOS IMPÉRIOS MUNDIAIS - DANIEL CAPÍTULO 7


O sonho do profeta Daniel no capitulo sete, é a mesma profecia do capitulo dois que interpretou ao rei Nabucodonosor; esta se deu 40 anos depois, já no reinado de Belsazar filho de Nabonido (Dn 7.1). No capítulo dois, ele descreve aparência exterior deste império; ao passo que, no capitulo sete, revela sua índole e caráter.

No capítulo 2 os impérios são representados por uma imagem de metais em quatro partes, no presente capítulo, estes mesmos impérios são representados por quatro animais.

A imagem de metais é descendente, começando com metal mais valioso (ouro) para o mais forte (ferro). De forma similar, a hierarquia dos animais move-se do mais honroso (leão, rei dos animais) ao poder mais esmagador (animal indescritível, mais feroz que qualquer um conhecido na natureza). 

I.        O CURSO DOS TEMPOS DOS GENTIOS 

1. O paralelo entre os capítulos 2 e 7 de Daniel. Duas revelações paralelas no livro de Daniel nos dão a descrição completa deste período. No capítulo 2, por meio de Nabucodonosor, Deus revelou o lado político destes últimos impérios mundiais. No capítulo 7, por meio do profeta Daniel, Deus revelou o lado moral e espiritual através de quatro animais. A história política havia sido mostrada a Nabucodonosor, mas a história espiritual foi mostrada a Daniel. Notemos ainda o seguinte: No capitulo 2, as figuras representadas são tomadas da esfera inanimada, materiais como ouro, prata, bronze, ferro e barro. No capítulo 7, as figuras são representadas por seres animados, aqueles animais estranhos. Nos dois, aparecem quatro elementos, que obviamente seguem um ao outro cronologicamente, alcançando o clímax escatológico – o estabelecimento final do reino de Deus sobre a terra. 

2. O Mar agitado. Dn 7.2-3 “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande. “E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar”. 

A palavra “mar” na linguagem escatológica sempre representa as nações gentílicas (Is 17.12,13). O mar agitado representa as nações inquietas (ref. Ap 17.15). A inquietação e perplexidade das nações é uma característica do fim dos tempos, isto pelas crises mundiais cada vez maiores. “Os ventos” podem ser os poderes do mal que incitam e afligem as nações. São poderes usados por Deus para agitar a humanidade e são específicos. Obedecem e cumprem fielmente sua missão, agitando geologicamente mares, rios e a terra com seus vulcões. Açoitam a terra varrendo os continentes, e também sopram brandamente sobre a terra, avisando-a de possíveis catástrofes.

Em seguida é revelado a Daniel quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar (Dn 7.3), isto é, saem do meio dos povos. 

II.     O PODER DOS GENTIOS 

As nações usam imagens de animais como seus representantes, comunicando uma mensagem sobre como eles vêm a si mesmas. Algumas escolheram uma águia, outras um leão e ainda outras um urso ou um antílope.

Em Daniel 7 também encontramos vários animais. Entretanto, estes animais são indefiníveis ou misturas estranhas de bestas e todos eles são ferozes. Este capítulo nos leva para a parte escatológica do livro. 


1. O Leão com asas de águia.
“O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem” (Dn 7.4). 

Era como o leão e tinha asas de águia (Império Babilônico). O leão corresponde a cabeça de ouro da estátua do capítulo 2 (2.32, 37, 38), a Nabucodonosor, rei do Império Babilônico.

O leão é a cabeça de ouro, refere-se ao orgulho, a vaidade e a fineza da Babilônia; leão com duas asas como de águia, nos diz a respeito da força e rapidez nas suas conquistas, como revela a história do nosso mundo. 

1.1. Breve história do Império Babilônico. O império Babilônico teve início no ano 612 a C.539 a.C.

A cidade era extravagante; luxuosa e pomposa além do que se possa imaginar; era sem rival na história do mundo. Isaías diz a respeito de Babilônia: “Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus” (Is 13.19). Jeremias diz que a Babilônia era a “glória de toda terra” (Jr 51.41).

Os antigos historiadores declaram que seu muro alcançava 96 km de extensão (24 km de cada lado da cidade), 90 m de altura e 25 de espessura. O muro tinha ainda 250 torres e 100 portões de cobre. Sob o rio Eufrates, que dividia Babilônia ao meio, passava um túnel. Os diversos muros da cidade e do palácio e fortalezas eram tão espessos e altos, que para qualquer tipo de guerra da Antiguidade, Babilônia era uma cidade simplesmente inconquistável. 

1.2. O orgulho pessoal e político do rei. “A grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e para glória da minha majestade” (Dn 4.30).

O homem mais orgulhoso da época se vã gloria pelos seus feitos; o Senhor Deus diz ao profeta Isaías: “E a minha glória não a darei a outro” (Is 48.11b). Devemos ter o cuidado, pois, com o costume de receber a glória que pertence só a Deus. 

1.3. As profecias referentes à Babilônia. Veremos a seguir algumas profecias bíblicas vaticinadas pelos profetas que se cumpriram em Babilônia.

Nunca mais seria habitada. “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada nem reedificada de geração em geração: nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão os seus rebanhos. Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais” (Is 13.19-21 – outras ref. Jr 50.13, 39; Jr 51.37, 58).

Aos olhos humanos era impossível a Babilônia ser conquistada, mas o que Deus falou por intermédio de Seus profetas cumpriu-se. Diz a história em confirmação com a Bíblia que o rio Eufrates que passava sob a Babilônia secou-se e os Medos e Persas a conquistaram.

“Cairá à seca sobre as suas águas, e secarão” (Jr 50.38). “Quem diz às profundezas: seca-te, e eu secarei os teus rios” (Is 44.27).

Jeremias profetizou 50 anos antes da queda do Império Babilônico e que seria dominado pelo rei da Média. “Alimpai as flechas, preparai perfeitamente os escudos: O Senhor despertou o espírito dos reis da Média: porque o seu intento contra Babilônia é para destruir” (Jr 51.11). Cinquenta anos após Jeremias ter profetizado, o profeta Daniel relata no capítulo 5, a tomada da grande Babilônia.


No ano 538 a.C. o rei Belsazar, filho de Nabonido e neto de Nabucodonosor, rei da Babilônia, estava num grande banquete juntamente com mil convidados, onde bebia muito vinho e davam louvores aos seus deuses. A Bíblia diz que bebiam vinho nas taças de ouro trazidas do templo de Jerusalém quando Nabucodonosor trouxe Israel para o cativeiro Babilônico. Na noite da festa, Belsazar teve uma visão, viu uns dedos de mão de homem que escreviam na parede do palácio real, que dizia: Mene, Mene, Tequel, Ufarsim. Como Daniel já era conhecido pelos seus feitos no palácio, foi comunicado por intermédio da rainha, e então trouxeram o profeta Daniel para fazer a leitura da escrita. No mesmo instante que Daniel viu a escrita a interpretou dizendo: Mene: “Contou Deus o teu reino e o acabou”. Tequel: “Pesado foste na balança, e foste achado em falta”. Peres: “Dividido foi o teu reino, e deu aos medos e aos persas” (Dn 5.26-28). E mais uma vez o profeta Daniel, com a sabedoria divina, trouxe conhecida o enigma divino.

Os Persas formaram uma colisão para derrotar a Babilônia. A Média sob o comando de Dário e a Pérsia sob Ciro. Na mesma noite em que Belsazar teve a visão, os Medos e os Persas invadiram a Babilônia, mataram Belsazar e tomaram o Palácio. Assim terminou o magnífico império babilônico, (a cabeça de ouro da estátua de Dn 2.32, o leão com duas asas de Dn 7.4). 


2. O Urso destruidor.
“Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual levantou-se de um lado, tendo na boca três costelas entre seus dentes; e foi-lhe dito: levanta e come muita carne.” (Dn 7.5). 

Depois do império babilônico viria um império que seria um pouco inferior, representado pela prata (Daniel 2.39).

O urso representa o segundo império mundial dos gentios, Medo-Persa. E corresponde ao peito e os braços da estátua (Dn 2.32-39). Este império teve início no ano de 539 a.C. 331 a.C.

As três costelas na boca do urso aludem à conquista da Babilônia, Lídia e Egito pelo império. 


3. O Leopardo altivo.
“Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas: tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.” (Dn 7.6). 

O leopardo representa o terceiro império mundial o império Grego, que surgiu no período de 331a168 a.C., tendo como Governante Alexandre o Grande e os quatro generais; Este animal leopardo tinha asas em suas costas, que significa que era rápido como foi Alexandre em suas conquistas.

O leopardo corresponde ao ventre e as duas pernas de bronze da estátua do capítulo 2. 

O leopardo tinha “quatro asas e quatro cabeças”. As quatro asas do leopardo, indicam mais rapidez nas conquistas do que Babilônia, pois era um exército relâmpago em suas conquistas na guerra. As quatro cabeças falam da divisão do Império Grego em 4 partes (quatro reinos). Após a morte de Alexandre, o império Grego foi dividido entre os quatro generais: Cassandro (Macedônia), Lisímaco (Trácia), Ptolomeu(Egito) e Seleuco(Síria) isto representa a divisão do império em quatro reis. 


4. O animal terrível e espantoso.
“O quarto monstro que vi naquela visão era terrível, espantoso e muito forte. Tinha enormes dentes de ferro e com eles despedaçavam e devoravam as suas vítimas; o que sobrava ele esmagava com as patas. Esse monstro era diferente dos outros três e tinha dez chifres” Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nessa ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente.” (Dn 7.7-8). 

O quarto animal seria um rei ou um reino, como os demais animais. Ele representa o quarto império mundial o império romano. Esta besta causou espanto em Daniel, por isso o chamou: espantoso, terrível e muito violento. Este animal tinha dentes de ferro, assim como as pernas de ferro e os pés, correspondem à visão de Nabucodonosor de que o quarto reino é forte como ferro, quebrando em pedaços e esmagando todos os outros (Dn 2.40,41), portanto o ferro representa dureza e maldade deste reino. Este reino seria forte, ou seja, um reino da força, da ferocidade, do esmagamento, como foi o império romano, diferente de todos os reinos.

O reino de ferro dominou o mundo numa amplitude que nenhum império dantes o fizera. Com seus dentes de ferro despedaçava e devorava suas vítimas. 

4.1. Os dez chifres da besta. Este animal possui dez chifres (Dn 7.7, 20) e a estátua possui os dez dedos dos pés da estátua (Dn 2.33, 41) que representam as dez nações na grande do Império Romano que irá ressurgir no governo do Anticristo na tribulação (Ap 17.12). 

4.2. Ele abaterá três reis. “E, quanto às dez pontas, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros e abaterá a três reis.” (Dn 7.24). 

A identificação do império pretendido por esta besta tem sido o ponto crucial dos intérpretes.

Os dez chifres são dez reis ou reinos anteriores ao “pequeno chifre” (v. 8), o qual arranca três deles. Aqui está uma nova fase do quarto império. O o pequeno chifre simboliza o aparecimento do anticristo (2ª Ts 2.3-4,8). Também a simbologia usada sugere que esse chifre se refere a um indivíduo e não a um reino. Nesse chifre havia olhos como os de homem e uma boca que proferia palavras insolentes. 


4.3. Pequeno chifre.
Desejo ser sucinto neste quesito, pois no estudo do último Império mundial, desejo elucidar com mais clareza.

Segundo a visão de Daniel a ponta pequeno se eleva após sua ascensão, a princípio “pequeno” (Dn 7.8); mas depois de destruir três dos dez, ele se torna maior que todos (Dn 7.20; Dn 7.21). Para entendermos este mistério precisamos nos reportar para o livro apocalíptico onde o anjo explica para o apóstolo João dizendo: “o mistério da mulher e da besta e tem sete cabeças e dez chifres.” (Ap 17.7); “E a besta, que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição. (Ap 17.11).

Esta visão nos traz ao fim dos tempos dos gentios. Quando a quarta besta com dez chifres e o chifre pequeno, a última coisa falada sobre este império mundial, está em pleno andamento, então chega o fim.

Os três desaparecidos, ele é o oitavo (cf. Ap 17.11); uma cabeça distinta, e ainda “dos sete”. Como os reinos mundiais anteriores tinham suas cabeças representativas, vejamos:

1º O primeiro império mundial na história, conforme a Bíblia foi o Egito, na época de José no Egito, e da fome generalizada sobre a terra; quando também os israelitas permaneceriam escravos no Egito por aproximados 400 anos. (Livro de Êxodos – Bíblia). E o Egito, nessa época chegava a ter sob seu comando mais de um milhão de escravos hebreus a servir-lhe.

2º Segundo império mundial na história conforme a história é a Assíria. No tempo dos reis de Israel e Judá. São exatamente os reis da Assíria que deportam os judeus (do norte em Israel) transportando-os a outras nações, destruindo Israel (reino do norte) em cumprimento ao castigo da lei de Moisés; e, ao mesmo tempo, os reis da Assíria levariam povos estrangeiros p/ habitarem Israel, em lugar dos hebreus (por toda a Galileia e Samaria). (Isaías e 2º Reis e 2º Crônicas).

3º Terceiro império mundial na história – Babilônia – Daniel 1 e 2.

4º Quarto império mundial – Medos e Persas – Daniel 6 – Esdras e Neemias.

5º Quinto império mundial – Grécia –  Daniel 2.32c – Daniel 7.6 – Daniel 11  – Livro de Macabeus.

6º Sexto império mundial na história – Roma – Daniel 2.33a – Daniel 7.7 – os Evangelhos.

7º E o Sétimo e último império mundial. O sétimo reino (ONU), surgira com dez reis e entregarão o poder ao Anticristo no final dos tempos.

8º O oitavo império mundial. O governo único através do Anticristo.

Desde Antíoco Epífanes, o anticristo do terceiro reino em Daniel 8.1 e Daniel 8.27 era o inimigo pessoal de Deus; assim será o anticristo final do quarto reino, seu antítipo.

“O anticristo que já se manifestou na pessoa de Atíoco Epifânio (Dn 8.9,22), reaparecerá em forma ainda mais forte e global”. [Comentário Russel Shedd].

A Igreja sempre sofreu perseguições por vários anticristos no decorrer da história, porém, após seu arrebatamento da terra, levantar-se-á um que receberá poder de satanás no final dos tempos (Ap 13.2); será diferente dos outros reis (Dn 7.24); falará coisas espantosas (Dn 7.7); vai blasfemar contra Deus, caluniar Seu nome, (Dn 7.25; 11.36; Ap 13.5); irá perseguir o povo de Deus (Israel – Ap 12.3), fará guerra contra os santos (Dn 7.21,25; Ap 13.6-7), irá oprimir os santos e será́ bem sucedido por 3 anos e meio (Dn 7.25; Ap 13.7). Ele Mudará os tempos e as leis. Ele vai tentar mudar o calendário, talvez para definir uma “nova era” Nova ordem mundial, relacionada a si mesmo (Dn 7.25).


Pr. Elias Ribas
Dr. Elias Ribas
Assembleia de Deus
Blumenau SC