TEOLOGIA EM FOCO: COMO CONFRONTAR O FARISAÍSMO

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

COMO CONFRONTAR O FARISAÍSMO



A própria Palavra de Deus nos ensina a tomar uma posição, em vez de ficar em cima do muro. Como soldados de Cristo, temos de batalhar pela fé. Não podemos permitir de maneira nenhuma que apatia encontre guarida em nossos corações, como aconteceu aos crentes da igreja de Corinto. O apóstolo Paulo, em 1ª Co 5.1-5, apresenta a indiferença daqueles crentes diante da transgressão e, em seguida, toma posição para o bem da igreja. Da mesma maneira, o erro doutrinário é uma transgressão e, igualmente, devemos tomar posições firmes para proteger a sã doutrina de qualquer adulteração. Um cristão não pode e não deve viver indeciso, em cima do muro. Ele deve sim expor a Verdade do Evangelho corretamente, com firmeza e sem distorções.

No livro de Juízes capítulo seis e sete aprendemos uma lição fundamental para um verdadeiro ministro. Quando os midianitas uma tribo nômade aliado aos amalequitas vindo da região de Nequebe, ao sul da Palestina junto com alguns dos povos do oriente, tornaram-se inimigos e saqueadores do povo de Israel. Mas, dentro desta história encontramos um homem chamado Gideão. Um servo de coragem valente que estava malhando trigo no lagar, para expor a salvo dos midianitas. Mas, ali lhe apareceu o Anjo do Senhor e lhes disse: “O Senhor é contigo homem valente” (Jz 6.12).

O Anjo do Senhor é uma teofania, ou seja, é aparição de Jesus no Velho Testamento. A aparição do Senhor veio para animar a Gideão exortando a formar um exército para livrar o povo da escravidão dos midianitas. Quando Gideão preparou um exército de trinta e dois mil homens para a batalha Deus mandou que os tímidos e os covardes saíssem, ficando apenas dez mil homens. Mas, Deus ainda achou muito e ordenou a Gideão a descer as águas. “Então, o Senhor lhe disse: Todo aquele que lamber a água com a língua como faz o cão, esse porás a parte, como também a todo aquele que se abaixar de joelhos a beber. Foi o número dos que lamberam levando a mão à boca trezentos homens, e todo o restante do povo se abaixou de joelhos a beber a água. Então, disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam a água com a mão eu vos livrarei, e entregarei os midianitas nas tuas mãos” (Jz 7.1-7). E este foi o exército que Gideão usou para derrotar os midianitas.


Neste texto bíblico aprendemos uma grande lição para nosso dia a dia. Aqueles que lamberam a água como cão (nove mil e setecentos homens), estavam desatentos e desapercebidos aos ataques do inimigo, enquanto que apenas trezentos homens que tomaram água de joelhos levando a mão na boca, representam os soldados vigiando e atentos aos ataques do inimigo

Nesta última hora Deus precisa de homens Gideões, valentes e corajosos para livrar o Seu povo das mãos e dos ataques midianitas que vêm para solapar a fé e escravizar o povo de Deus através das heresias.

I.       LEGALISMO

 “Legalismo: preocupação em receber uma recompensa da parte de Deus, em troca de certas observâncias” Willian E. Hordern, Teologia Contemporânea.

O legalismo ensina que o homem tem que obedecer a certas observâncias e regulamentações para que possa alcançar o favor divino.

A palavra “legalismo” não é encontrada na Bíblia; esta palavra é um sinônimo de legalidade ou observância da Lei.

O legalismo tem causado muitos transtornos aos cristãos, principalmente nas doutrinas da Bíblia, exemplo: (Soteriologia).

O legalismo distorce os alicerces da doutrina da salvação: Paulo nos informa que “...pela graça sois salvo, por meio da fé, e isso não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef. 2.8). Quando dizemos que determinado individuo, precisa observar regras e normas para ser salvo estamos anulando o sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário que é o único meio do pecador arrependido alcançar a salvação. È somente em Cristo que temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” (Cl 1.14).

Jesus ao confrontar-se com os lideres religiosos de Israel, usou as palavras de (Isaias 29.13), e assim definiu o legalismo religioso. Ele Disse: “seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens” (Mt 15.9). O legalismo confunde doutrinas Bíblicas com Usos e costumes. Paulo nos informa no livro de Romanos 10.3 que: procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus” [Pereira. Legalismo. http://www.advilasolange.com.br/Legalismo.html - acesso dia 15/09/2009].

O legalismo é uma forma de escravidão. A Bíblia diz em Gálatas 4.8-9 “Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses; agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?”

O legalismo é atrativo mas destrutivo. A Bíblia diz em Colossenses 2.23 “As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne”.

II. A BASE DO LEGALISTA É O ORGULHO

O legalismo é uma atitude, uma mentalidade baseada no orgulho. É uma conformidade obsessiva a um padrão artificial com o propósito de exaltar a si mesmo. O legalista assume o lugar de autoridade e o leva a extremos injustificados. Daniel Taylor afirma muito bem que ele termina em controle ilegítimo, exigindo unanimidade e não unidade.

A grande arma do autoritarismo, secular ou religioso, é o legalismo: a fabricação e manipulação de regras com o propósito de obter controle ilegítimo. Talvez a mais prejudicial de todas as perversões da vontade de Deus e da obra de Cristo, o legalismo se agarra à lei as expensas da graça, a letra em lugar do Espírito.

O legalismo prima pelos preceitos da Velha Aliança. Pelas regras criadas pelo homem através das tradições herdadas pelos pais. Como já disse, se pudermos reforçar vigorosamente as regras criadas pelos homens como meio de santidade e salvação, perderíamos o rumo para o céu.

O autoritarismo farisaico se manifesta na confusão do princípio cristão com insistência em comportamento humano invés de fé e graça. Colocam-se como super espirituais e usam suas experiências e regras similares, e citam frases isoladas para descreverem essas experiências.

O legalista diz na verdade: As coisas que pratico faço para ganhar o favor de Deus. Esquecendo do significado da graça divina “Favor imerecido”.

Devemos compreender que estas coisas não estão expressas nas Escrituras. Elas foram transmitidas ou ditas ao legalista e se tornaram uma obsessão para ele ou ela. Torna-se um cristão papagaio, só diz o que os outros já disseram. O legalismo é austero, exigente e semelhante às leis por natureza. O orgulho que está no âmago do legalismo opera em sintonia com outros elementos motivadores. Como a culpa, medo, vergonha. Ele leva a uma ênfase sobre o que não deve ser, e o que não deve fazer.

Tenho certeza que todos concordam que vale a pena lutar pela liberdade. Essa é, sem dúvidas, a principal razão pela qual os soldados dão a suas vidas pela pátria. Porém há algo que é contraproducente: os cristãos nem sempre estão disposto a lutar! Somo capazes de lutar contra qualquer inimigo que ameace, não somente nossa família, mas também nossa soberania nacional; contudo, como crentes que vivemos debaixo da graça, não nos mostramos tão dispostos e apaixonados a defender nosso direito de ser livres “com a liberdade com que Cristo nos libertou”. Basta que um legalista se uma a nosso grupo, e de imediato lhe entregamos a direção. Temos medo!

Os matadores de cristãos não podem ser apenas indulgentemente ignorados ou bondosamente tolerados. Você não pode permitir que o legalismo continue, da mesma forma que não permitirá que uma cascavel entre sorrateiramente em sua casa. A igreja é a casa de Seu pai, por isso vamos combater o legalismo para que Deus volte a operar maravilhas como foi na igreja primitiva. Você deve saber que a Bíblia é nossa única regra de fé e, se usarmos corretamente, não iremos ferir ninguém a não ser aqueles que não aceitam que ela é a inspiração divina, ou que ela não é completa.

III. A VERDADE É QUE LIBERTA

O termo “cristão” significa conceitos diferentes para pessoas diferentes. Para uns representa estilo de vida rígido, nervoso, inflexível, áspero, descolorido e irredutível. Para outros, significa uma aventura arriscada, cheia de surpresas, vivida na ponta dos pés em expectativa ansiosa. Para outros, representa liberdade para viver em Cristo Jesus. Alegria, prazer, felicidade, amor fraterno, plenitude, lutas e vitórias e benção espiritual.

Um povo que tem no centro da sua experiência a libertação da culpa do pecado e entrada na liberdade do Espírito, um povo que não vive mais sob a tirania das emoções ou opiniões humanas ou de memórias desagradáveis, mas é livre em esperança, fé e amor – deve ficar criticamente atento a qualquer individuo ou qualquer coisa que suprimisse sua recém adquirida liberdade.

Mas, infelizmente, a comunidade de fé, é exatamente o lugar onde deveríamos experimentar a vida de liberdade, é também o lugar onde corremos mais risco de perdê-la. Por quê? Porque cada um ensina ao seu bel prazer, sem a menos conhecer as regras hermenêuticas.

São poucos os cristãos têm uma vida cheia de alegria, de gozo e de paz. Foram libertos, mas não querem sair do cativeiro das tradições e experimentar uma vida em liberdade em Cristo Jesus.

Você já viu alguém ficar anos preso e, receber o alvará de soltura, mas rejeitar a liberdade? Na citação de Peterson ele diz: “O único lugar da terra onde mais esperamos ser libertados é, de fato, justamente o lugar onde seremos mais provavelmente colocados sob jugo: a igreja. Isto deve certamente entristecer o nosso Deus”.

O que aconteceu no primeiro século pode ter certeza que ainda está acontecendo no século XXI. Paulo escreve aos gálatas sobre a sua surpresa: “Corríeis bem; quem vos impediu para que não obedeça a verdade?” (Gl 5.7).

Quero ampliar o seu pensamento – “Quando eu estava com vocês, alguns estavam na faixa dos 100 metros rasos, outros faziam os 440 metros com facilidade. Outros ainda corriam distância bem mais longas... vocês eram maratonistas. A verdade os libertou, e me lembro distintamente quão bem corriam e como pareciam alegres. Quem interferiu nos seus passos? Quem tirou seus sapatos de corridas? Alguns de vós deixaram de correr” (Paráfrase do autor). A verdade é algo imutável e refere-se as doutrinas bíblicas ensinadas por Deus e não pelos homens.

No capitulo 3.1 de Gálatas Paulo diz: “Quando eu estava aí, ensinando a vocês a verdade, apresentei um salvador que todo o castigo pelos seus pecados. A sua morte e, subseqüente, ressurreição já foi o pagamento final de Deus pelos nossos pecados. Pagamento total! Tudo o que tem a fazer é crer que ele morreu e ressuscitou dos mortos por você. Ele foi publicamente exibido para que todos vissem, e agora a verdade pode ser declarada para que todos creiam. Vocês creram nisso certa vez e foram gloriosamente libertados. Mas, não agora. Quem levou a mudar da lealdade à glória de Deus para as opiniões humanas, da obra do Espírito para os efeitos da carne?”.

A Bíblia Viva contém a seguinte leitura deste versículo: “Gálatas insensatos! Quem foi o feiticeiro que os sugestionou e pôs em vocês esse encantamento ruinoso? Em outras palavras: “Vocês enlouqueceram? Quem roubou a sua mente?”. Paulo estava fora de si. Quem havia hipnotizado os gálatas antes completamente despertos?

Em Gálatas 1.6, num trecho anterior, ele admite o seu espanto: “Maravilho-me de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho”.

Isso poderia comparar-se à idéia de você criar seus filhos num ambiente sadio. Eles cresceram na sua casa e, por ser um bom lar, desenvolveu segurança e estabilidade à medida que imitam a sua autenticidade e estilo de vida espontâneo. Eles se comunicam abertamente e livremente. Aprendem como confrontar e tratar os problemas. Em resumo, eles aprendem as coisas básicas da vida como deve ser vivida... o que inclui conhecer a Cristo, amar a Deus e andar como ele, relacionado-se bem com as outras pessoas – todas as coisas que representam integridade, vulnerabilidade e autenticidade.

Uma vez crescidos, eles vão para longe. O tempo passa e você começa a sentir falta deles, indo visitá-los depois de três ou quatro anos. Fica chocado! Descobre que suas vidas são rígidas, fechadas, sujas e emocionalmente mutiladas. Surpreende-se ao vê-los lutando com problemas, evidenciando atitudes negativas; a ponto do suicídio. Naturalmente surge a pergunta: “Quem os prendeu? Quem distorceu a sua mente? O que aconteceu nesses últimos anos?” É com esse mesmo tipo de zelo que Paulo escreve aos seus amigos gálatas sobre as suas preocupações.

Pense um pouco, pelo que ele está lutando? Liberdade! “Vocês eram livres. Mas agora, amigos gálatas, não passam de escravos. Quero saber o que aconteceu de errado”. A resposta não é complicada; os assassinos da graça haviam invadido e vencido.

Tanto nos tempos de Paulo e como agora, um dos problemas mais sérios que afeta a igreja é o legalismo, que arrebata o gozo do Senhor da vida do crente e com o gozo se vai o verdadeiro poder para adorar a Deus “em espírito e em verdade”.

O legalismo é uma atitude carnal que se conforma a um código, com o propósito de exaltar a pessoa. O Código é qualquer modelo objetivo aplicável ao tempo; o motivo é exaltar-se a si mesmo e ganhar méritos, ao invés de glorificar a Deus pelo que Ele tem feito; e o poder é a carne, não o espírito, que produz resultados externos somente similares à verdadeira santidade. Os resultados são, na melhor da hipóteses, falsificações e não podem jamais aproximar a santificação genuína, por motivo da atitude carnal e legalista.

II. AUSÊNCIA DA GRAÇA

Somos salvos pela fé não pelas obras. A Bíblia diz em Efésios 2:8-10 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”

Considero o legalismo, ser o maior e o mais grave dos problemas da religiosidade, onde ela bate de frente com o Cristianismo. Em momento algum os praticantes da religiosidade concebem a atuação divina pela categoria da Graça, como doação e auto-doação divina. Para eles só a graça não basta, tudo tem que ser barganhado e negociado.

Esta concepção legalista anula a Graça, anula o sacrifício de Cristo, anula a redenção proporcionada pela morte de Jesus na cruz. Neste ponto poderíamos traçar um paralelo (ainda que bastante impreciso) com a ação dos judaizantes na Igreja Primitiva, combatida enfaticamente pelo Apóstolo Paulo, na epístola aos Gálatas:

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão”. (Gl 2.16-21).

Dessa forma, anula-se a fé cristã. Este é o argumento que invalida as considerações de quem avalia a religiosidade como um caminho válido para Deus, legítimo e até melhor do que a fé cristã.

O legalismo, como disse, é o maior e o mais grave dos problemas deparados pelo apóstolo Paulo na igreja primitiva e que igreja cristã ortodoxa ainda enfrenta.

“Um dos problemas mais sérios enfrentados hoje pela igreja cristã ortodoxa é o legalismo. Um dos mais sérios problemas deparados pela igreja nos dias de Paulo foi o do legalismo. Isso acontece todos os dias. O legalismo tira do coração do crente a alegria do Senhor e com essa ausência vai-se também o seu poder para um culto de adoração vital e serviço vibrante. Nada resta senão uma confissão rígida, sombria, tediosa e indiferente. A verdade é traída e o nome glorioso do Senhor torna-se sinônimo de “desmancha prazeres”. Os cristãos sob a lei não passam de uma triste paródia da realidade”.

Embora já estamos no século XXI, encontramos grupos de indivíduos “rígidos, sombrios, tediosos e indiferentes, basta visitar algumas das igrejas evangélicas de hoje. É com grande dor no coração e grande desapontamento dizer que as igrejas morrem quando o pastor é legalista, pois são assassinos de almas. Os legalistas, com sua lista inflexível de “faça” e “não faça”, matam o espírito de alegria e espontaneidade daqueles que desejam gozar a sua liberdade em Cristo Jesus. As pessoas estritamente legalistas na liderança tiram toda a vida da igreja, embora afirmem estar prestando um serviço a Deus.

Se você jamais esteve sob o peso do legalismo, é uma pessoa abençoada. Se já foi escravo e libertou-se (como aconteceu comigo), sabe melhor do que ninguém que tesouro privilegiado a liberdade realmente é. Vale a pena lutar por ela!

Na carta Magna da liberdade cristã, Gálatas 5.1, contém um único mandamento que, se crido e obedecido, faria muito para pôr um ponto final no legalismo.

“Estais, pois, firme na liberdade com que cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão”.

Nada perturba mais os fariseus radicais do que a verdade libertadora da graça. Paulo, em data remota no passado, está escrevendo a cristão que sabiam o aconteceria, mas se deixasse cair sob a magia paralisante dos assassinos da graça. J. B. Phillips, numa para frase de Gálatas 5.1, interpreta:

“Não desistam e percam a sua liberdade... Plantem então com firmeza os pés na liberdade que Cristo conquistou para nós e não deixem prender novamente nos grilhões da escravidão”.
Precisamos ter coragem e dizer: “Dêem-me a liberdade por causa de Cristo”. Escravidão é sempre escravidão, quer seja política ou espiritual. Dêem-me a liberdade que ele conquistou no Calvário, caso contrário, continuo escravo. A morte é preferível ao cativeiro... concedam-me então a liberdade obtida por Ele ou morrerei! Viver na escravidão é anular a graça de Deus.

Quando a graça de Cristo estiver plenamente desperta na sua vida, você descobrirá que não está fazendo algo devido ao medo ou à vergonha por causa da culpa, mas age por causa do amor. A terrível tirania do desempenho forçado, a fim de agradar alguém, já passou... para sempre.

III. A GRAÇA TRAZ LIBERDADE

Liberdade para gozar os direitos e privilégios por ter saído da escravidão e permitir a outros tal liberdade.

É liberdade para experimentar e gozar um novo tipo de poder que só Cristo pode dar. É liberdade para tornar-me tudo o que ele quer que eu seja, sem levar em conta como ele orienta a outros. Eu posso ser eu, plenamente livre. É liberdade para conhecê-lo de maneira independente e pessoal. E essa liberdade é então libertadora para outros, a fim de que eles possam ser o que devem ser, de um modo diferente do meu!

Vejam bem, Deus não está fabricando pequenos cristãos com um cortador de biscoito em todo mundo, de modo que todos pensemos do mesmo modo, sejamos parecidos uns com os outros, falemos do mesmo jeito e nossos atos sejam iguais. O corpo é variado. Não fomos criados com o mesmo temperamento, nem usamos o mesmo vocabulário, ou o mesmo sorriso, nem nos vestimos do mesmo modo, ou temos o mesmo ministério. Eu repito: Deus gosta da variedade. Na vida de Jesus Ele curou um cego apenas dizendo: Veja. Outro cuspiu na terra e fez um lodo e passou nos seus olhos e após mandou lavar-se no tanque de Siloé. Jesus quer nos mostrar que nem tudo deve ser da maneira que queremos que seja. A liberdade para sermos o que somos é praticamente magnífica. É liberdade para fazer escolha, para conhecer sua vontade, liberdade para andar nela, liberdade para obedecer à Sua orientação para a minha vida e a sua. Uma vez que você tenha experimentado essa liberdade, de nada mais satisfaz.

Eu, talvez, deva reafirmar que se trata de uma liberdade pela qual você terá de lutar. Por quê? Porque as fileiras do cristianismo estão cheias daqueles que fazem comparações e gostariam de controlar e manipular você de modo que venha a tornar-se tão miserável quanto eles. Afinal de contas, se estão decididos a ser “rígidos, sombrios, tediosos e indiferentes”, esperam então que você também seja assim. “A miséria gosta de companhia”, é lema legalista não mencionado, embora não admitam isso.

IV. AUSÊNCIA DA GRAÇA

Finalmente, apontamos aquele que consideramos ser o maior e o mais grave dos problemas da religiosidade popular, onde ela bate de frente com o Cristianismo: a ausência da Graça. Em momento algum os praticantes da religiosidade popular concebem a atuação divina pela categoria da Graça, como doação e auto-doação divina. Tudo tem que ser barganhado e negociado - em caso de se alcançar o que se pede, o preço combinado tem que ser rigorosamente pago, caso contrário o negócio corre sério risco de ser desfeito ou de, em caso de nova necessidade, não se ser mais atendido. A palavra "graça" tem conotação de "pedido atendido" (podendo ser qualquer coisa: um par de sapatos, a "aquisição" de um marido, a geração de um filho, a cura de uma doença, a "sorte grande" no jogo do bicho). A percepção disto foi muito bem explorada pelo dramaturgo Dias Gomes em sua famosa peça "O Pagador de Promessas". O pagamento de promessas, em função das "graças" recebidas, ocupa assim um lugar central nas práticas e concepções da religiosidade popular, sendo um dos fulcros do relacionamento com o divino. As promessas são, via de regra, feitas sempre aos intermediários - santos, orixás, nossas senhoras, espíritos desencarnados e que tais - para que estes, em sua função de despachantes junto à Deus, agilizem e priorizem a tramitação do "processo" do pedinte. Para cada petição, uma promessa. De modo que ninguém fique devendo nada a ninguém e todos fiquem quites entre si.

V. QUATRO ESTRATÉGIAS PARA VENCER OS LEGALISTAS

Primeiro, mantenha-se firme em sua liberdade. Lembremos do que Paulo escreveu em: “Estais, pois, firme na liberdade com que cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão” (Gl 5.1). Não perca terreno. Peça ao Senhor para dar-lhe coragem e use a Palavra.

A liberdade tem sua motivação primordial no amor incondicional de Deus, que nos elimina com a graça salvadora de Cristo, que nos faze agir por amor e não por temor. Você precisa saber que liberdade é libertar-se da escravidão, entre outras coisas, nada mais é que independência para fazer algo. É livrar-se do poder do pecado e da morte. Cristo nos trouxe uma poderosa liberdade da maldição da lei, o que se traduz em liberdade do temor de ser castigado por Deus e de uma consciência acusadora. È estar livre frente às exigências dos demais.

Segundo deixe de buscar o favor de todos. Este hábito pode ser o mais difícil de quebrar, mas vale a pena o esforço que você fizer. Não procure agradar quem é fariseu, santarrão. Não permaneça em situações que sua consciência lhe diz serem erradas. Isso nada mais é do que servir a homens, e não a Deus. Não importa quão espirituais as coisas pareçam ser, pare de ficar querendo agradar a todos.

Os falsos ministros sempre irão usar versículos como: “Melhor obedecer do que sacrificar”. Mas, isto deve ser aplicado para eles, porque o versículo refere-se a obedecer a Palavra de Deus e não as doutrinas de homens. Ou “obedecei vossos guias que zelam pelas vossas almas” Aqui é uma preocupação dos apóstolos quanto ao ensino herético. Refere-se aos ensinos dos apóstolos que haviam aprendido com o Senhor Jesus. Usar estes versículos isolados para disseminar heresias é acrescentar ou adulterar as Escrituras.

Terceiro, comece a recusar-se a ser escravo. Escravidão é estar sob jugo de alguma coisa. Procure ser servo de Cristo e não do legalismo humano. Procure ser um cristão autêntico e não viva de máscara. Cresça na graça e no conhecimento e não se submeta a escravidão, seja um cristão livre.

Quarto continue sendo sincero quanto à verdade Seja honestamente contigo mesmo e também para com os outros. Seja franco e humilde. Se não concordar com alguém diga isso com bondade e firmeza. Se não souber algo, admita a verdade. Não faz mal se não souber. Não seja hipócrita, mas verdadeiro. Um dos maiores erros por parte das lideranças hoje é não reconhecer o seu erro diante do povo. Há isso, é humilhação. (é o pecado de Saul: Vamos junto Samuel para o povo ver que está tudo bem entre eu e você). Isto é hipocrisia, medo de perder a liderança. Sabe que está errado, mas continua errado. Todavia, os que confessam seus pecados alcançarão misericórdia.

Caso o conceito de lutar pela liberdade pareça demasiado agressivo para você, talvez egoísta demais, pense então nele como lutar a fim de que outros possam ser libertados – a fim de que outros possam ser despertados para as alegrias e os privilégios da liberdade pessoal. Os que fazem isso em campos de batalhas reais são chamados de patriotas ou heróis. De todo o coração, eu creio que aqueles que lutam conta o legalismo também deveriam ser assim considerados.


  
Pr. Elias Ribas

Igreja Ev. Assembléia de Deus
Blumenau - SC

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