TEOLOGIA EM FOCO: A DEFESA DE UM MINISTÉRIO

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A DEFESA DE UM MINISTÉRIO


1ª Ts 2.1-8. “Porque vós mesmos, irmãos, bem sabeis que a nossa entrada (estada) para convosco não foi vã. 2 Mas, havendo primeiro padecido e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate. 3 Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência, 4 mas como fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova nosso coração. 5 Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha. 6 E não buscamos glória dos homens, nem de vós nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados; 7 Antes fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos. 8 Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda a nossa própria alma; porquanto nos éreis muito queridos”.

I. INTRODUÇÃO

Paulo, ao pregar a mensagem sobre seu encontro com Jesus ressuscitado, está mentindo ou falando a verdade. Paulo afrima que a razão para acreditar nele é que ele não tem nada a ganhar com a pregação desta mensagem. Na verdade, ele estava disposto a continuar pregando apesar de ele ter sido espancado na Phillipi (cf. Atos 16.22), encontrou a oposição lá em Tessalônica, não estava ganhando financeiramente, e não ganhando nenhum prestígio. Na verdade, ele afirma estar pregando a mensagem para agradar a Deus e por causa de seu amor pela Tessalonicenses. Estas são razões para acreditar que Paulo foi sincero e dizer a verdade que ele tinha visto e recebido a sua mensagem de Jesus ressuscitado.

Paulo defende-se, agora, dos ataques do Diabo através dos falsos ensinadores que se haviam intrometido no meio da Igreja em Tessalônica, contra ele e seus companheiros de missão. É provável que alguns irmãos, alcançados pelo evangelho, tenham acreditado nas insinuações malévolas contra os servos de Deus.

II. PAULO ESTÁ DEFENDENDO O MINISTÉRIO

1. Uma entrada abençoada (2.1).
Paulo tinha convicção de que o trabalho desenvolvido na capital da Macedônia fora realizado com amor e zelo.

“A nossa entrada não foi vã” (Vã, no gr. kenov – kenos), vazio, vão, destituído de verdade, que nada contém, de homens, de mãos vazias, de esforços, diligências, ações, que resultam em nada, vão, infrutífero, sem efeito, sem propósito, vazia, oca sem fundamento. (Em outra versão, diz: “Não foi infrutífera”. Um ministério que dá fruto contribui para o reino de Deus. E Jesus nos chamou para darmos frutos) (Jo 15.16).

2. Ousadia e determinação na pregação.
Ousado, no gr. parrhesiazomai, usar a liberdade de falar, falar com franqueza. Com sinceridade, falar livremente, tornar-se confiante, ter ousadia, mostrar segurança, assumir um comportamento corajoso.

Tribulações no gr. Propascho: sofrimentos, tribulações, aflições. As tribulações que o apóstolo experimentou, em Filipos (At 16.19-40), quando foi humilhado, espancado e preso, juntamente com Silas, em lugar de causar medo e temor, na jornada missionária, provocaram um efeito positivo em seu favor na busca das almas perdidas.

Paulo, não tinha meras opiniões para se promover. Ele proclamou com profunda convicção a mensagem que o seu Senhor lhe tinha entregue, e isto em face de uma oposição tremenda. Se os incrédulos de uma cidade o perseguiam, ele ia para outra. Não é que ele fosse ousado por natureza. Existe uma dezena de passagens das Escrituras que nos diz o contrário. Antes, como ele mesmo testifica, quando tornamo-nos ousados em nosso Deus. E assim ele exorta os outros crentes: “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef.6:10).

3. Pregar a Verdade bíblica é um combate.
Combate, no gr. agon, uma batalha, luta. Os sofrimentos de Paulo e seus companheiros: “tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate”.

Porque temos o diabo como nosso adversário; Porque temos os falsos apóstolos semeando o joio no meio do trigo. (O joio se parece com o trigo; e quem não conhece e não tem discernimento espiritual, pensa que tudo é trigo).

III. NÃO AGRADANDO A HOMENS (v. 6)

“E não buscamos glória dos homens, nem de vós nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados”.

A obra de Cristo tem enfraquecido, nestes últimos tempos. E as causas disso são várias:

A grande maioria dos obreiros labuta para defender seus cargos, seus interesses, suas tradições. Os ministros foram chamados para uma vocação santa e digna, mas para ministrar as Verdades da Santa Palavra de Deus e defender a Noiva de Cristo contra os ataques do diabo e de seus ministros. Todavia, isto não é priorizado se as mensagens são apenas bajulações de comodismo, deixando de lado a pregação genuína do Evangelho.

Na falta de entendimento do sentido do evangelho, por outro lado, cria-se uma Igreja imatura que dificilmente experimentará um crescimento normal não sendo capaz de transmitir o evangelho de forma que faça sentido ao restante do grupo. Um dos grandes desafios que temos perante nós hoje é aprender com o nosso passado e pregar um evangelho que faça sentido na sociedade.

A falta de critério sadio e benéfico no corpo de Cristo tem trazido sérios prejuízos á igreja, pois estão deixando de lado a Palavra de Deus para seguir suas regras, conceitos pessoais e denominacionais.

Grande parte do clero religioso está sofrendo porque seus líderes não tomam uma posição com respeito às verdades bíblicas. Faltam-lhes coragem, hombridade, temor com as coisas santas do Criador. Agem como se a obra de Deus fosse algo sem importância. Mas não sabem que serão condenados pelo pecado de timidez e da mentira (Ap 21.8).

Tomamos o exemplo de Paulo, que não temia os inimigos da cruz de Cristo que se infiltravam no meio cristão:

1. Pregando sem engano. Paulo disse que sua exortação (no gr. didako – ensino), não foi com “engano”, “imundícia” ou “fraudulência”.

2. Com Engano (no gr. planao). Desencaminhar da verdade, conduzir ao erro, enganar; ser induzido ao erro; desviar-se ou afastar-se da verdade; ensino herético; fazer algo ou alguém se desviar, desviar do caminho reto; perder-se, vagar, perambular; ser conduzido ao erro e pecado. Ser desviado do caminho de virtude, perder-se.

3. Imundícia, Impureza (no gr. akatharsia). Impureza, no sentido moral: impureza proveniente de desejos sexuais, luxúria, vida devassa, de motivos impuro.

4. Fraudulências: (No gr. dolos). De um verbo primário arcaico, dello (provavelmente significando “atrair com engano, astúcia, fraude, malícia”). Era comum na época em que a carta de Paulo aos Tessalonicenses foi escrita, por haver certo tipo de pregadores itinerantes chamados sofistas.

Ef 6.6 -7 “Não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus; 7. servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens”.
Muitos trabalham só quando o chefe está olhando, ou seja, para agradar apenas o chefe e não o dono da obra. O trabalho do Senhor deve ter seriedade, honestidade e acima de tudo, amor pelas almas.

IV. A PREGAÇÃO DE PAULO É SEM SOFISMA

1. O sofisma é um tipo de apostasia.

Vivemos em tempo de apostasia. Apostasia tem aumentado assustadoramente e é um dos grandes sinais da vinda de Jesus.

Existem tem tipos de apostasia:
A. Uma pessoa após apostatar da fé, ou seja , deixar a fé, desviar-se da igreja.
B. Um crente após ter provado da graça, deixa a fé e por fim blasfema contra as coisas sagradas. O autor aos Hebreus escreveu dizendo que impossível à salvação a esta classe de apostata. (Hb 6.4-6; Hb 10.25-30; 2ª Pe 2.20-22).
C. Desviar da doutrina genuína da Palavra de Deus. O apostata desta natureza é aborrecido por Deus. Vede, o justo viverá pela fé, segundo Hb 10.38 e se recuar, Deus não tem prazer nele.

Frequentemente membros da igreja estão se afastando da igreja por coisa banais, outros por coisas insignificantes por exemplo: Tradições impostas pelos homens como meio de salvação.
No original gr. Sofisma, argumentação falsa com aparência de verdade. O sofisma é enganoso e prejudicial por causa do uso indevido que faz da lógica. Esta, como se sabe, leva o pensamento a estar de acordo consigo e não de conformidade com a realidade das coisas (Dicionário Teológico Claudionor Correa de Andrade).

Atividade que resulta em frutos para si. Agradam aos homens, eram bajuladores e avarentos, amavam a si mesmo.

Pregavam com má-fé, “argumentos falsos”, engano, logro, ou tapeação. É preciso ter cuidado com os “lobos” vestidos de “ovelhas”, que andam a enganar os crentes incautos, sob a capa de “muito espiritual”. Acham-se mais santos que os outros.

“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15).

2. Os sofistas anulam a graça de Cristo.
“Porque pela graça (pelo favor imerecido) sois salvos, mediante a fé (confiança); e isto não vem de vós, é dom de Deus (é presente de Deus); não de obras (não de trabalhos e de ação), para que ninguém se glorie...” (Ef 2.8-9).

Nossos méritos são obras. Se a salvação fosse adquirida por elas (tradições, dogmas e certos costumes humanistas), o ensinamento acima estaria incorreto. Nós próprios, nesse caso, teríamos capacidade para se salvar. E se tradições nos purificassem para chegar à presença de Deus, não seria Cristo quem nos purifica. Não haveria necessidade d’Ele ter vindo ao mundo e morrido por nós. As tradições seriam nosso salvador.
Os imaturos ensinam que somos salvos pelos nossos méritos. E este tipo de heresia contraria a ortodoxia Bíblica.

Não somos salvos por nossos próprios esforços nem pelas obras (Ef 2.8-9), as boas obras foram preparadas para nós de antemão (Ef 2.10) .

V. NÃO BUSCANDO A GLÓRIA DOS HOMENS (2.6)

Ele não lisonjeava os homens “para ganhar votos” ou para se tornar popular entre eles. Também não exibia nenhuma fachada para cobrir um espírito cobiçoso. Tão-pouco procurava a glória, embora como Apóstolo de Cristo pudesse ter-lhes sido pesado, impondo toda a sua autoridade, exigindo isto e aquilo e esperando receber atenção especial. Mas “ser importante” não era uma das características de Paulo.

1. O perigo da lisonja.
Paulo disse que ele e seus companheiros não buscavam a glória dos homens, nem deles próprios, nem de outros (2.6).

• Não era do seu feitio moral buscar o louvor dos homens, nem sua glória. Ele mesmo disse aos Coríntios que tudo o que fizessem o fizessem para glória de Deus (1ª Co 10.31).

• Há pessoas que são movidas a elogios, ou mesmo por lisonjas, que é sinônimo de bajulação. Isso é perigoso para o ministério pastoral e para qualquer servo de Deus.

• Há quem busque a glória para si (“por que eu sou mais santo, jejuo três vezes por semana, oro mais que vocês, porque Deus fala muito comigo, porque Deus só revela pra mim, porque eu oro e as pessoas são curadas”, etc).

• Se, de um lado, o lisonjeiro se compraz em “agradar” a quem deseja enganar (e há pessoas que são movidas a lisonjas, e buscam “a glória”, isto é, o louvor, o elogio dos homens), por outro lado o bajulador, na verdade, busca seus interesses egoístas.

• Este tipo de pregador não fala em pequenos auditórios, só se sentem bem diante de platéias numerosas, para ouvir os aplausos, e até os “glórias a mim”.

2. Louvam a si mesmos.
“Praticam, porém, todas suas obras com fim de serem vistos pelos homens; pois alargam seus filactérios e alongam as suas franjas. Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas” (Mt 23.5-7).

3. Não sendo pesado aos irmãos.
“... Ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados”. Paulo defendeu a si e aos outros missionários (2.6). Mesmo Paulo tendo direito, como apóstolo, não se aproveitou da circunstância para extorqui e explorar os irmãos. O apóstolo jamais foi rico. Sempre viveu sem ambições materiais. Era homem humilde e resignado (Fl 4.12). Em lugar de buscar a glória dos homens, em termos de contribuição financeira, ele afirmou que “o meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fl 4.19). 1ª Tm 6.6-8 “Mas é grande ganho a piedade com contentamento. 7 Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. 8 Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes” (RC).

VI. COMO AMA QUE CRIA SEUS FILHOS

“Antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos” (2.7). Quando se tratava da Palavra de Deus ele conseguia, pela graça de Deus, ser tão ousado quanto um leão, mas ao tratar estes novos convertidos ele era suave como um cordeiro. Ele foi ao mesmo tempo pai e mãe para eles.

Na visão de Paulo, o ministro deve ter o comportamento de uma ama que age como uma mãe. Existe a ama-de-leite, que cria os filhos dos alheios, alimentado-os com o próprio seio. Paulo extrapola o conceito de uma ama, que cuida dos filhos de outros, e tem em mente a ama que cuida de seus próprios filhos. Aos filhos é comparada a Igreja.

Esta palavra “ama” (Gr., trophos), ocorre apenas uma vez nas Escrituras, então a pergunta surge se o Apóstolo está a referir-se à ama e aos filhos que estão a seu cuidado, ou a uma mãe que está a amamentar e a seus filhos. Acreditamos que a última hipótese é o verdadeiro sentido por duas razões: 1) A palavra trophos significa aquela que nutre. 2) A palavra “seus” no grego é claramente “seus próprios”.

Mas a quem pertencem os filhos? A Igreja só tem um Pai que é Deus. Os ministros recebem autoridade para pregar a Palavra de modo correto, mas não para serem donos dela e fazerem como lhe apraz!

A afeição de pastor.
Paulo chama a igreja tessalônica de “muito queridos”. Ele e seus companheiros eram tão afeiçoados para os irmãos. Essa deve ser uma característica do obreiro que tem de fato amor pelas almas que se convertem a Cristo.

Como uma mãe não apenas concede todo tipo de bênção a seus filhos, mas até está disposta a dar a sua própria vida por eles, Paulo também não apenas comunicou alegremente o Evangelho aos Tessalonicenses, como ainda estava disposto a dar sua vida por eles, “porquanto”, diz ele, “nos éreis muito queridos” (v.8). Ou como ele escreve no começo do versículo, “sendo-vos tão afeiçoados”.

O ministério de Paulo foi aprovado por Deus. Em Tessalônica, mesmo tendo passado menos de um mês, deixou uma igreja bem doutrinada através do ensino e da exortação sadia, O adversário levantou falsos obreiros para desviar a igreja, porém estes não tiveram êxito, pois a Palavra da Verdade suplantou os argumentos da mentira e da calúnia”.

Pr. Elias Ribas
Assembleia de Deus
Blumenau - SC

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