TEOLOGIA EM FOCO: EM BUSCA DA LIBERDADE

domingo, 29 de abril de 2012

EM BUSCA DA LIBERDADE


O termo “cristão” significa conceitos diferentes para pessoas diferentes. Para uns representa estilo de vida rígido, nervoso, inflexível, áspero, descolorido e irredutível. Para outros, significa uma aventura arriscada, cheia de surpresas, vivida na ponta dos pés em expectativa ansiosa. Para outros, representa liberdade para viver em Cristo Jesus. Alegria, prazer, felicidade, amor fraterno, plenitude, lutas e vitórias e benção espiritual.

“Aquele, porém que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor de boa obra, este tal será bem-aventurado no seu feito” (Tg 1.25).

Se existe algo que Deus deseja que o seu povo tenha é liberdade. Em todos os sentidos. E encontrar o caminho da liberdade e da libertação (nem sempre uma coisa é sinônima da outra, pois há muitos que são livres, mas não são libertos) passa pelo conhecimento da verdade. O Senhor disse: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4.6).

“No original grego eleuyeria eleutheria, a verdadeira liberdade consiste em viver como devemos, não como queremos.

A “chamada” está associada com eleutheria, a “liberdade” (Gl 5.13). Responder à chamada de Deus é achar, não a escravidão, mas a libertação. O homem que responde ao convite de Deus é liberto do próprio eu, do pecado, e de Satanás.

A liberdade e a verdade são duas coisas essenciais que não devem faltar na vida de uma igreja para ela ser próspera. O caos das igrejas cristãs hoje é: falta de liberdade em Cristo Jesus. Quando deixamos de ensinar a verdade para ensinar regras humanas, estamos deixamos a Bíblia em segundo plano para ensinar um engano, uma mentira e com isso o “ministro” passa ser um charlatão. Os fariseus são peritos nesta área. Eles tiram a liberdade que Cristo nos deu, para fazer prezas suas através das vãs sutilezas (Cl 2.8; Mt 23.1-3).

[...] A questão da liberdade cristã é muito relevante para nós hoje. A religião cristã pode ser comparada a uma ponte estreita que atravessa um lago onde duas correntes poluídas deságuam. Uma é chamada “legalismo” e a outra, “libertinagem”. O crente não deve perder seu equilíbrio, caindo da ponte e mergulhar no erro das regras e regulamentos anti-bíblicos, ou, por outro lado, nos vícios grosseiros do paganismo. Deve trilhar o caminho seguro e estreito. Paulo sustenta que o cristão é chamado para a liberdade (Gl 5.13), porém sem abusar da liberdade que Cristo nos deu para dar ocasião a carne. Até mesmo hoje, quantas vezes acontecem que más práticas, tais como freqüência a lugares de diversão mundana, vícios de fumar, usar droga, bebedeira, literatura pornográfica, novelas indecentes, a sensualidade, programas e filmes imorais no cinema ou na Tv, são tidos como parte da liberdade cristã. E isto é abusar da liberdade que Cristo nos deu. (Epistolas Paulinas I – EETAD).

Desligar das amarras do legalismo não significa ter um viver libertino, pois “Deus não nos chamou para vivermos na impureza nem cheios de imoralidade, mas para sermos santos e puros” (1ª Ts 4.7). Diversamente do antinomianismo (doutrina que apregoa ser a salvação divorciada da responsabilidade para com a lei moral), cremos firmemente num cristianismo que sabe fazer perfeito exercício da liberdade cristã.

Devemos caminhar tranqüilo e com cuidado para não cairmos da ponte. A ponte simboliza Jesus; a libertinagem representa o mundo e suas concupiscências; o legalismo representa as tradições humanas usadas como meio de salvação que por vez desprezam a graça de Cristo. O caminhar do cristão deve ser segundo os princípios de Cristo assim ele estará seguro e tranqüilo para chegar ao porto seguro. O crente em Jesus deve saber discernir o que é certo e errado.

É fácil procurar nossa própria vontade em nome da vontade de Deus. Mas quando estamos procurando a orientação do Espírito através da Palavra, da oração e de conselhos piedosos encontraremos nossos desejos convergindo com os d’Ele é o que ele quer.

O Senhor nos salvou para sermos libertos do pecado. “E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum” (Rm 6.15).

Morre-se com Cristo o pecado não tem mais direito sobre nós é o que Paulo nos ensina. Na igreja cristã na Galáxia, alguns perturbadores do Evangelho estavam aproveitando da liberdade de Cristo e dando-se as obras carnais. É por isso que Paulo escreve dizendo: “Porque vós irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis a liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.13); e aos romanos ele diz: “E uma vez libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça. Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação” (Rm 6.18-19). “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado...” (Rm 8.10).

Quando aceitamos a Cristo como nosso salvador e Senhor passamos a viver numa nova dimensão, isto é, morremos para o mundo e suas concupiscências para ser uma nova criatura. Deixamos de ser o servo do pecado e do diabo para sermos servos de Cristo. Portanto o pecado não poderá ter domínio sobre nós e agora oferecemos os nossos corpos para justiça e santificação.

Mas, os falsos ensinadores procuram tirar a liberdade que Cristo nos dá para ser presa de um jugo severo, hipócrita e caduco. Como se eles estivessem no lugar de Deus e o Senhor estivesse revelando o padrão de vida para entrar no céu. Esquecem, muitas vezes, da lei moral e preocupam-se com tradições que são coisas vãs.

A liberdade não significa ausência de lei ou trabalho, ou libertação da fuga à autoridade. Na realidade, a verdadeira liberdade impõe mais lei e mais consciência do que a própria escravidão, pois demanda mais disciplina e autocontrole do que esta.
A maioria das pessoas julga que desfrutar liberdade significa ter licença para fazer o que deseja, sem restrições, limitações, obrigatoriedade ou responsabilidade. Porém, a liberdade requer domínio próprio e auto-disciplina e responsabilidades inerentes.

I.       LIBERTAÇÃO É LIBERDADE


Um povo que tem no centro da sua experiência a libertação da culpa do pecado e entrada na liberdade do Espírito, um povo que não vive mais sob a tirania das emoções ou opiniões humanas ou de memórias desagradáveis, mas é livre em esperança, fé e amor – deve ficar criticamente atento a qualquer individuo ou qualquer coisa que suprimisse sua recém adquirida liberdade.

Mas, infelizmente, a comunidade de fé, é exatamente o lugar onde deveríamos experimentar a vida de liberdade, é também o lugar onde corremos mais risco de perdê-la. Por quê? Porque cada um ensina ao seu bel prazer, sem a menos conhecer as regras hermenêuticas.

“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).

O apóstolo Paulo escreve para várias igrejas na região da Galáxia para adverti-las de sua perda de Cristo.
Se alguém lhe dá alguma coisa, ele quer que você a desfrute e aproveite. O que foi que Cristo fez por nós? O que ele quer que desfrutemos? Ele nos libertou. Quer que aproveitemos ao máximo esta liberdade.
São poucos os cristãos têm uma vida cheia de alegria, de gozo e de paz. Foram libertos, mas não querem sair do cativeiro das tradições e experimentar uma vida em liberdade em Cristo Jesus.

O que seria o “jugo de escravidão”? A tentativa de seguir a lei de Moisés. Liberdade é libertação da escravidão ou cativeiro. É a libertação do poder e da culpa do pecado, da condenação eterna e a libertação da autoridade satânica e demoníaca.

Quando estávamos no mundo éramos escravos do pecado e de Satanás, mas libertos em Cristo Jesus, fomos despertados para a sua graça, ele proveu libertação para este tipo de escravidão ao pecador.
Junto com isto Ele trouxe também uma gloriosa liberdade da maldição da lei do medo da condenação diante de Deus, assim como de uma consciência acusadora. O apóstolo Paulo dá muita ênfase à permanência nesta liberdade, pois até então eles ainda não tinham compreendido a liberdade em Cristo e por isto estavam à mercê da escravidão.

O apelo apostólico é que o cristão liberto do pecado não torne a ser presa dos homens ou qualquer sistema religioso. O apóstolo escreveu essa exortação porque há sempre o risco de o cristão tornar ao legalismo, voltando-se novamente à escravidão, e para que cada um tenha uma vida de comunhão com Cristo ressuscitado (Gl 2.2-6).

A nova vida da ressurreição, a autêntica vida de Cristo, outorgada pelo Espírito Santo, cancela de uma vez por todas a relação com a lei. Se a justiça provém da lei, Cristo morreu em vão, é o que afirma o apóstolo Paulo. Guardar a lei em Cristo é o mesmo que continuar no avião, ao findar a viagem, isto é um absurdo. Partir a lei em duas, ensinar que Cristo cumpriu uma parte e deixou a outra para cumprirmos, é ofender a graça de Deus, entristecer o Espírito Santo, renunciar aos lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 2.6) e meter-se debaixo do jugo da servidão.

Tentar encontrar uma posição de retidão diante de Deus através da lei significa “cair da graça”. “Cristo se tornou totalmente inútil para vós, a vós todos os que sois justificados pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).

Porque a liberdade é tão difícil de ser alcançada? Porque nos tornamos prisioneiros de nossas próprias invenções, e vitimas de nossas criações.

Israel esteve preso durante 430 anos à escravidão do Egito. Então, um dia Deus levantou um homem chamado Moisés para remover a corrente e libertá-los. E ele libertou Israel das mãos do seu opressor. Entretanto, libertá-los do seu modo opressivo de pensar era outra coisa, completamente diferente. Libertar Israel não foi difícil, mas libertá-los da mentalidade de escravos sim.

É interessante ressaltar que o grande desafio de Deus em relação ao povo de Israel não foi tirá-los do Egito, mas libertá-los da mentalidade de escravos. E esta foi a razão pela qual Deus recusou-se a levar a nação diretamente para Canaã, após à libertação. Mesmo havendo sido dele liberto, não eram de modo nenhum livres. Andaram quarenta anos em círculos para poderem chegar a terra prometida. Em razão disto, Deus teve que lidar com a mente deles, apesar de terem o corpo fisicamente liberado da escravidão.

E assim como os israelitas no passado, muitos crentes estão marchando em círculos, sem consciência da liberdade que Cristo nos outorgou.

II.   MULTIDÕES SÃO LIBERTAS, MAS NÃO LIVRES

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. E apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19).

A palavra evangelho no grego significa: “boas novas, boas noticias, relatório bom, arauto bom ou informação boa”.

Quando aceitamos a Cristo nascemos de novo (Jo 3.3.). O Espírito de Deus recria seu homem interior e faz morada nele. Agora somos livres para caminhar fora da nossa cela de prisão, ou somos livres para nela continuar, ou seja, a liberdade está completamente em nossas mãos. “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade...” (Gl 5.13).

Os crentes da galáxia haviam recebido a Cristo, porém os falsos mestres não queriam sua liberdade.
Jesus disse que veio proclamar liberdade aos cativos. Mas os judeus conheceram a verdade, mas rejeitaram o Seu Messias. Ao conhecermos a verdade as portas da prisão se abrem para a liberdade, mas poucos os que saem da prisão. As portas estão abertas, mas os prisioneiros estão sentados lá dentro. Não querem gozar desta liberdade. Por quê? Porque prisões oferecem comida, suas roupas são pagas para você. Você não tem nenhuma responsabilidade.

Na verdade nós podemos de fato renascer e permanecer sem nascer em nossa mente. Precisamos uma transformação e uma renovação para experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1-2).

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1-2).

“Apresenteis” (gr parastesai), é a mesma palavra usado por Paulo em Rm 6.13, 19 e traduzido por “oferecer”. Temos aqui uma descrição mais completa daquilo que está envolvido em nós oferecer os nossos membros a Deus um culto racional. O sentido pode ser culto “espiritual” (gr logokos), em contraste com o formalismo do culto no templo de Jerusalém. O cristão deve saber que a salvação é uma transformação de mente.

O que Paulo quer dizer é que devemos nos apresentar diante do Senhor com um corpo vivo, santo (separado), que é agradável ao Senhor.

Vivo: [No gr. zao]. Que devemos ter vida espiritual e não inanimado, não morto. Gozar de vida real; ter vida verdadeira; ser ativo, abençoado, eterno no reino de Deus. (Viver, passar a vida, no modo de viver e de agir; de mortais ou caráter. Água viva, que tem poder vital em si mesma e aplica suas qualidades a alma; estar em pleno vigor; ser novo, forte, eficiente; ativo, potente, eficaz).

Santo: [No gr. - hagios - de hagos (uma coisa grande, sublime) Separado do pecado.
Agradável: No gr. euarestos, muito agradável, aceitável; algo muito santo; um santo.

“... mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (v. 2). A transformação começa na mente, no interior, no coração do homem, mas os fariseus ensinam que a santidade é as práticas exteriores. O crente que experimentou a nova vida com Cristo é livre para experimentar (conhecer) qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Pura [no gr. katharos]. É usada no sentido de “limpo” quando é usada para pessoas, significando que são aptas para o serviço a Deus e para cultuá-lo, e quando é usada para coisas, no sentido de serem apropriadas ao uso dos cristãos (Jo 13.10; Lc 11.41; Rm 14.20; Tt 1.15).

E usada no sentido de “inocente de qualquer crime” (At 18.6; 20.26). É usada a respeito “do coração e da consciência” serem puros e limpos (lª Tm 1.5; 3.9; 2ª Tm 1.3; 2.22; lª Pe 1.22). É usada a respeito de um culto digno de ser prestado a Deus (Tg 1.27).

Mas a ocorrência no NT com maior significado para nós é o seu uso na bem-aventurança: “Bem-aventurados os katharoi (plural) de coração, porque verão a Deus” (Mt 5.8). Como devemos explicar esta frase, e que significado devemos dar a katharos aqui? Uma palavra e sempre conhecida pela relação que mantém. Há quatro palavras gregas com as quais katharos freqüentemente está bastante relacionada:

aléthinos, que significa “verdadeiro”, “genuíno”, em contraste com aquilo que e irreal e, conforme diríamos, uma falsificação.

Há amimes que significa “puro”, “sem mistura”. Esta palavra é usada, por exemplo, a respeito do prazer puro e genuíno. E é usada para um rolo que contém exclusivamente a obra de um só autor.

É usada com akratos. Esta palavra descreve o vinho ou o leite puros que não foram adulterados com água. É puro no sentido de “não diluído”, completamente isento de falsificação.

É usada com akératos, que é a palavra que descreve o ouro sem liga, um arado onde nunca houve ceifa, uma virgem sobre cuja castidade nunca houve dúvida.

Todas estas palavras, pois, descrevem basicamente algo que é puro de qualquer mancha ou mistura do mal. Como, pois, traduziremos: Bem-aventurados os katharoi de coração? Temos de pensar no caso da seguinte maneira – Bem-aventurados aqueles cujos motivos estão absolutamente livres de mistura, cujas mentes são totalmente sinceras, que são completa e totalmente de um só propósito. Que conclamação ao auto-exame tem aqui! Esta é a mais exigente de todas as bem-aventuranças. Quando examinarmos com honestidade os nossos motivos, ficaremos humilhados, porque um motivo sem mistura de segundas intenções é a coisa mais rara no mundo. Mas a bem-aventurança é para o homem cujo motivo é límpido como a água pura, e com o único propósito de fazer tudo para Deus. Este é o padrão segundo o qual devemos nos medir, de acordo com o significado desta palavra e desta bem-aventurança.

Estas ilustrações são boas para o significado de ser liberto, mas não ser livre. O passado foi bom como os odres velhos, mas não podemos deixar consumir o presente. É claro que é duro de mudar sem uma transformação mental, as ações que assumimos para “mudar” podem tão somente produzir um lugar novo onde continuamos fazendo nossas coisas velhas.

[...] Em outras palavras, Paulo diz: Alguns de nós estamos felizes em ser liberto do opressor (diabo), mas não queremos libertação da opressão (tradições). Estamos ansiosos por ser salvos, mas conhecemos as áreas da nossa mente que precisa ser renovada – e gostamos de nos agarrar a isso. Deus estou tão feliz porque me redimiste! Mas não redimas das tradições (MYLES MUNROE – EM BUSCA DA LIBERDADE - grifo do autor).

Da mesma maneira que Deus chamou os israelitas Ele o está chamando para ser livre. É tempo de crescer. É tempo de cortar tudo aquilo que impede a nossa liberdade em Cristo Jesus. Levante de sua cama de prisão e tome banho no sangue de Jesus. Coloque de lado os velhos odres e segui em direção a terra prometida, e lave-se na verdade fresca da Palavra de Deus.

“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1.13-14).

Quando aceitamos a Cristo como Senhor Paulo diz: “tudo se fez novo”, no entanto, se não buscarmos o conhecimento genuíno da Palavra de Deus, nosso pensamento continua o mesmo. É a mente que deve ser renovada antes de podermos caminhar para fora das cadeias da opressão.

A dificuldade é que, quando renascemos em nosso espírito, muitos que se dizem ministros nos aprisionam na estaca das tradições.

Muitas pessoas estão desperdiçando seu tempo hoje como prisioneiros na sua própria cela. As portas estão bem abertas, entretanto estão ali escravizados ao espírito de opressão que os segura e que os mantêm presos.

Milhões de pessoas são aprisionadas por seu passado. Embora suas correntes tenham sido quebradas, estão tão aprisionadas pelas mentiras do condicionamento tradicional que nunca desfrutam da liberdade que Cristo nos deu no Calvário. O conforto de terem outros controlando seu estilo de vida na escravidão é extremamente atraente para muitos. Elas permanecem na cela e não exercitam a mente, e nunca aprendem sobre o que está fora das portas da prisão confortável.

Uma coisa que Deus não pode fazer com povo no deserto foi lhes mudar a mente. E tampouco pode mudar a sua. Ele o inspira em seus desejos religiosos, mas não mudará a tua mente. Este é o motivo pelo qual o apóstolo Paulo escreveu em sua carta á Igreja em Roma (Rm 12.1-2).

A mudança vem mediante o recondicionamento mental de cada pessoa. Você poderá sair cela velha á qual sua mente está condicionada, ou sair para desfrutar da liberdade em Cristo Jesus. A porta da prisão está aberta, mas você tem que escolher caminhar para fora. Uma vez que você chega ao deserto, tome cuidado com quem está andando. Se você mantém contato com pessoas com pensamento fixo no passado elas poderão contaminá-las. Foi este o motivo que Deus não permitiu que os pais circundassem seus filhos no deserto. Ele não quis que a geração nova carregasse a marca que havia sido feita por seus pais com mente escravizada. Não queria que nenhuma memória do Egito os fizesse lembrar o passado de escravidão (Js 5.6-7).

Quando Deus libertou os israelitas do Egito, lhes deu a oportunidade de ser livres. Porém eles a recusaram. Sendo assim Deus os enterrou no deserto, e em seu lugar usou seus filhos que não haviam nascido no Egito para possuir a terra.

Existem muitas pessoas que hoje foram libertas do pecado, mas se fazem presa das tradições. Já foram livres, mas não saem do lado da cela porque foram condicionadas as regras humanas Aquilo que pode e não pode. Eles estão tão acostumados acreditar nessas mentiras que quando Deus lhes diz que estão livres, não conseguem acreditar que isto é verdade. Eles se sentam na sua cela da prisão e ficam ouvindo as noticias boas a respeito de liberdade no evangelho. No entanto, não acreditam nelas.

Mas, no mundo religioso mesmo Jesus assinando com seu sangue a liberdade para os cativos há pessoas que preferem viver na escravidão de um jugo posto pelos homens e pelo diabo.

Conta-se que ao surgir o rádio um grupo de irmãos zelosos veio até o seu Pastor para pedir exclusão daqueles profanos que havia um aparelho radiofônico. O pastor, então, ouvindo as suas colocações e juntamente com o ministério os excluíram do rol de membros. Passados alguns anos, o rádio deixou de ser pecado e todos os irmãos já possuíam um. Da mesma forma aconteceu quando surgiu o aparelho de televisão. Aquele grupo de zelosos fez o mesmo pedido de exclusão para os irmãos que possuíam este aparelho mundano. E então, o pastor, com muita sabedoria, fez-lhes a seguinte pergunta: Quem de vocês tem rádio em suas casas? E responderam unânimes todos! O pastor tomou a palavra e disse: Quando surgiu o rádio eu excluí vários irmãos e hoje todos possuem um. Mas se disciplinarmos estes irmãos amanhã todos também terão um aparelho de televisão. E fez-lhes mais uma pergunta: Quem irá dar conta das almas que foram excluídas e não voltaram mais? Sou eu! Por isso vou lhes ensinar a usar e não disciplinar, pois somos livres em Cristo Jesus.

Muitas vezes podemos desagradar alguns dos membros do grupo, mas o mais importante é agradar o dono do grupo. Se formos libertos da escravidão no sentido de agradar as pessoas, então, devemos ensinar este caminho a todos, para que possam desfrutar dessa liberdade e das verdadeiras bênçãos de Deus.

Os que permitem que a liberdade lhes seja tirada, não só abraçam a heresia, mas vivem sob o domínio dos matadores da graça que gostam de controlar e intimidar – além de serem malditos.

Para um legalista, ser um crente significa um estilo de vida rígido, duro, inflexível, severo, carente de alegria e gozo. São homens com o espírito liberto, mas com a mesma velha mente oprimida.

Só pessoas maduras, dispostas a lutar a ter responsabilidade em relação ao futuro frutificarão para Deus. Acredito que vamos enterrar algumas pessoas no deserto, visto não estarem preparadas para crescer espiritualmente. Muitos estão murmurando, criticando, julgando, ou sentados e nada fazem para o crescimento do Reino de Deus. E quando ele deixar de responder suas orações como fez com Saul, acreditarão que Ele não responde mais. Então, se porão a murmurar, e morrerão no deserto da mesma maneira que os israelitas. No entanto, alguns deles terão ouvidos espiritualmente surdos. É preciso ter uma mente livre e muita coragem como Josué e Calebe, para enfrentar Jericó.

Algumas pessoas estão tão ocupadas tentando superar seu passado que não tem tempo para viver seu futuro. Paulo nos recomenda esquecer as coisas do passado.

“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá” (Fl 3.13-15).

Precisamos caminhar sob a direção do Espírito, temos que olhar para a nossa vida e tomar a decisão de assumir a responsabilidade de esquecer as coisas anteriores. Não devemos nos preocupar com aquilo que éramos antes ou com o modo em que fomos tratados, pois isto só produz amargura. Temos que considerar qualquer queixa passada de pessoas ignorantes, e então perdoar e seguir em frente. O passado é tão forte quanto você permite que seja. Para os israelitas, o cheiro de cebola e de alho ficou mais forte em sua memória que o desejo de leite e mel.

Deus tem um nível mais alto para sua vida, mas você tem que esquecer o que está atrás, para progredir em seu chamado. Você não pode assumir o novo sem abandonar o odre velho. Quando Jesus o chamou, Ele não fez só para salvá-lo. Ele o chamou para que você pudesse ser livre.

O legalismo distorce os valores e anula o discernimento espiritual. Líderes que ameaçam as pessoas com maldições caso elas deixem a sua igreja transformam a igreja num presídio espiritual.

Pr. Elias Ribas

Igreja Evangélica Assembleia de Deus
Blumenau - SC


FONTE DE PESQUISA

1.       BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
2.       BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
3.       BÍBLIA PENTECOSTAL, Trad. João F. de Almeida, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
4.       BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida.
5.       CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
6.       CARL B. GIBBS. Epistolas Paulinas – II. 2ª Edição, 1990. Escola de Educação Teológica das Assembléia de Deus - EETAD.
7.       CARL GIBBS B., Doutrina da Salvação, 2ª edição – EETAD. GIBBS.
8.       MYLES MUNROE – Em busca da liberdade. Editora Atos. Ano 2001.
9.       STRONG, J. & Sociedade Bíblica do Brasil. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil. 2002, 2005.



2 comentários:

  1. Prezado Pr. Elias parabéns por esse trabalho de imensa relevância e profunda veracidade. Foi de uma contribuição imensa à minha edificação espiritual. Aproveito e o parabenizo também pelo excelente blog. Que Deus o abençoe;

    Pr. Reinaldo Ribeiro

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